domingo, 17 de julho de 2022

FÁBULA: O HOMEM E O LEÃO - ESOPO - COM GABARITO

 Fábula: O HOMEM E O LEÃO

            Esopo 

Viajavam juntos um homem e um leão. O homem disse:

        ─ Eu sou mais forte que você!

        O leão disse:

        ─ Eu sou mais forte que você!

        No meio da discussão, o homem viu uma estátua que representava um homem esganando um leão.

        ─ Olhe lá! – disse ele. – Veja como o homem é mais forte! Aquela estátua prova que eu estou com a razão!

        O leão retrucou:

        ─ Se a estátua tivesse sido feita por um leão, seria o leão quem estaria esganando o homem!

        Moral: O fim de uma história sempre depende de quem a conta.

ESOPO. O homem e o leão. In: FIGUEIREDO, Guilherme (Trad.). Fábulas de Esopo. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 239-240.

Entendendo a fábula:

01 – Ao dizer “Eu sou mais forte que você!”, a intenção do homem era:

    Dar uma ordem.

·        Indicar dúvida, possibilidade ou hipótese de ser o mais forte.

·        Indicar que ele realmente era mais forte do que o leão.

02 – Ao dizer “Olha lá!”, a intenção do homem era:

     Indicar possibilidade, hipótese ou dúvida de que algo iria acontecer.

·        Dar uma ordem ou fazer um pedido.

·        Indicar que algo acontece, aconteceu ou acontecerá certamente.

03 – Ao dizer “Se a estátua tivesse sido feita por um leão [...]”, o leão expressa: 

   Uma ordem ou pedido.

·        Uma hipótese.

·        Uma certeza.

04 – O texto que você leu é uma fábula. A fábula tem origem na Antiguidade.

a)   Sobre qual assunto o homem e o leão conversavam?

Eles viam qual era o mais forte.

b)    Os dois personagens concordaram sobre o assunto que discutiam? Explique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

05 – As fábulas expõem uma lição de moral de onde podemos tirar algum ensinamento. A MORAL da fábula afirma que “O fim de uma história sempre depende de quem a conta.”. Explique, com suas palavras, o que você entendeu desse ensinamento.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Retire do texto dois termos que indicam que os fatos narrados são passados?

      Viajavam e tivesse.                                                                 

07 – Qual é o sentido da palavra RETRUCOU?

      Tem o sentido de revidou.

POEMA: O AMOR, ESSE SUFOCO - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

 Poema: O amor, esse sufoco

                Paulo Leminski

O amor, esse sufoco,
agora a pouco era muito,
agora, apenas um sopro.
Ah, troço de louco,
corações trocando rosas,
e socos.

Paulo Leminski. In: MARINS, Álvaro; GÓES, Fred (Org.). Melhores poemas de Paulo Leminski. 5. ed. São Paulo: Global, 1996.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 178-9.

Entendendo o poema:

01 – O poema se vale de palavras mais ou menos cotidianas?

      Trata de palavras mais corriqueiras, cotidianas.

      Essa escolha de palavras caracteriza uma linguagem mais ou menos formal?

A escolha de palavras cotidianas caracteriza uma linguagem menos formal.

02 – Releia o poema, prestando atenção no par de palavras: sufoco/sopro.

·        O uso dessa palavras sugere que o amor é um sentimento estável ou instável? Por quê?

É um sentimento instável, que muda radicalmente, indo da sensação intensa de um sufoco à de um sopro, que é quase imperceptível.

03 – Nos versos 2 e 3 são trabalhadas duas expressões que marcam o tempo. Transcreva-as no caderno.

·        Discuta: o que elas podem sugerir sobre o tempo em que ocorrem mudanças no amor?

“Agora há pouco” e “Agora”. Essas expressões sugerem o curto intervalo em que o amor se transforma.

04 – A maior parte dos versos tem sete sílabas poéticas, a chamada redondilha maior, e há, ainda, versos menores.

a)   Essa quantidade de sílabas estabelece um ritmo mais ou menos acelerado?

Essa quantidade de sílabas dá ao poema um ritmo mais acelerado, com menor intervalo entre as sílabas tônicas.

b)   Esse ritmo combina com o que se diz sobre o tempo nas mudanças do amor?

O ritmo combina com a ideia de passagem rápida do tempo para as mudanças no amor.

05 – Que outra antítese é usada nos dois últimos versos?

      Rosas e socos.

06 – Quando se refere a corações, o poema fala mesmo do órgão humano? Por quê?

      Não, pois corações não podem trocar rosas e socos.

07 – Que expressão idiomática é usada para falar do amor?

      Troço de louco.

       Ela pode ser tomada como uma síntese do que o eu lírico acha do amor? Por quê?

Sim, pois essa expressão significa aproximadamente algo que não pode ser compreendido e o amor, na perspectiva do eu lírico, é algo confuso, contraditório, ora intenso, ora quase inexistente, motivando os amantes a agirem com ambiguidade.

08 – Como você declamaria esse poema? Imagine e ensaie bem para depois poder declamar com seus colegas!

      Resposta pessoal do aluno.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): BORBOLETA PEQUENINA - CANTIGAS POPULARES - COM GABARITO

 Música(Atividades): Borboleta pequenina

                Cantigas populares

Borboleta pequenina
Saia fora do rosal.
Venha ver quanta alegria,
Que hoje é noite de Natal.

Eu sou uma borboleta,
Pequenina e feiticeira.
Ando no meio das flores,
Procurando quem me queira.

Borboleta pequenina,
Venha para o meu cordão.
Venha cantar o hino,
Que hoje é noite de Natal.

Domínio popular.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 226.

Entendendo a música:

01 – Localize a metáfora que ocorre no trecho lido e explique por que ela deve ser considerada como tal.

      Ocorre uma metáfora na segunda quadrinha, porque o eu lírico se compara implicitamente a uma borboleta: “Eu sou uma borboleta pequenina e feiticeira”. Assim, uma palavra de certo campo semântico (borboleta, um inseto) é usada em outro campo (seres humanos).

02 – Quais semelhanças entre os seres comparados serviram de base à construção da metáfora?

      O eu lírico sente-se tão “pequenino e feiticeiro” quanto a borboleta e também se imagina, como ela, andando no meio das flores e “paquerando”, procurando quem lhe queira.

03 – Se quisesse criar uma comparação entre você mesmo e um animal, qual animal você escolheria? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Com base na sua resposta ao item anterior, crie, no caderno, uma quadrinha rimada, semelhante à última quadrinha do trecho lido. Ela deve conter uma metáfora envolvendo o animal escolhido. Veja um exemplo:

Eu sou um lindo gavião,

De asa grande e poderosa.

Voo com os meus amigos,

Vivo sempre todo prosa.

·        Quando terminar, leia seus versos para os colegas e ouça os deles também.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “Sou uma ovelhinha / do cabelo enrolado. / Todo o mundo que é bacana / quer estar sempre ao meu lado”.

05 – Como você deve ter percebido neste capítulo, as metáforas são comuns em poemas e letras de canção.

·        Examine seus poemas e letras preferidos e verifique se eles contêm metáforas. Copie três delas no caderno e explique, em cada caso, qual semelhança entre os seres comparados serviu de base à construção da metáfora.

Resposta pessoal do aluno.

 

 

CRÔNICA: EXPERIÊNCIA NOVA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Experiência nova   

               Luís Fernando Veríssimo

        Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e levaram para a delegacia.

        – Que vida mansa, hein, vagabundo? Roubando galinha pra ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai pra cadeia!

        – Não era pra mim não. Era pra vender.

        – Pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!

        – Mas eu vendia mais caro.

        – Mais caro?

        – Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.

        – Mas eram as mesmas galinhas, safado.

        – Os ovos das minhas eu pintava.

        – Que grande pilantra…

        Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.

        – Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega…

        – Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiro a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio.

        – E o que você faz com o lucro do seu negócio?

        – Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui a exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para os programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.

        O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:

        – Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?

        – Trilionário. Sem contar o que eu sonego do Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.

        – E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?

        – Às vezes. Sabe como é.

        – Não sei não, excelência. Me explique.

        – É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. Do risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora. Fui pego, finalmente. Vou para a cadeia. É uma experiência nova.

        – O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.

        – Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!

        – Sim. Mas primário, e com esses antecedentes…

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Todas as comédias. Porto Alegre: L&PM, 1999.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 262-4.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Oligopólio: domínio do mercado por um pequeno número de empresas.

·        Superfaturar: cobrar preço exageradamente alto, geralmente de forma fraudulenta.

·        Iminência: ameaça.

·        Antecedentes: fatos do passado de uma pessoa.

02 – Por que o delegado vai mudando a forma como trata o cara que foi pego roubando galinhas?

      Porque o delegado percebe que ele, apesar de criminoso, é rico e importante.

03 – Ovigopólio é um neologismo (palavra nova) criado pela fusão de duas outras palavras. Quais são elas?

      Ovo e oligopólio.

04 – Deduza: O que seria um ovigopólio?

      É a união dele e outros donos de galinheiro se juntaram para dominar o mercado de ovos.

05 – Quais são o sujeito e o núcleo do sujeito na oração “O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso”?

      Sujeito: O delegado; Núcleo: delegado.

06 – De que tipo é esse sujeito: simples ou composto? Justifique.

      Sujeito simples, pois tem apenas um núcleo.

07 – Releia este trecho:

        “O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:”

I – Na oração destacada, quem foi que perguntou?

      O delegado.

II – O que você observou na oração para responder à pergunta anterior?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O sentido do texto e a terminação do verbo.

08 – Fizemos algumas modificações nesse trecho que você releu. Leia.

        “O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e o delegado perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois o delegado perguntou:

I – O que foi modificado nesse trecho?

      Foi colocado o substantivo “delegado” antes do verbo “perguntou”.

II – O que você achou da modificação? Justifique sua opinião.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O texto ficou repetitivo.

III – Em sua opinião, por que o autor optou por não escrever todos os sujeitos de todos os verbos desse trecho?

      Provavelmente, para o texto não ficar repetitivo.

 

CONTO: O VEADO E A ONÇA - PARTE 2 - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

 Conto: O veado e a onça – Parte 2 

              Ana Maria Machado

        O veado bem que ficou com medo, afinal onça é onça... Mas ele tinha trabalhado muito para fazer aquela casa e não ia entregar assim, para a primeira valentona que aparecesse:

        – Desculpe, Dona Onça, mas deve haver algum engano. Essa casa é minha, fui eu que fiz. Quem sabe a senhora não se enganou de lugar, assim, no escuro?

        Primeiro, a onça ficou ainda mais furiosa ao ouvir aquilo. Rosnou e berrou:

        – Está achando que eu sou idiota, é? Que não sei onde foi que eu mesma trabalhei tantas noites?

        Mas o veado ficou firme:

        – A senhora me desculpe, mas quem trabalhou aqui fui eu, muitos dias. Limpei o terreno, finquei os esteios, levantei as paredes, preparei o telhado, o encanamento, as portas e as janelas...

        A onça foi desconfiando de alguma coisa e respondeu, já berrando menos:

        – E eu cortei as varas e as taquaras, completei as paredes, botei a palha no telhado, fiz o encanamento, fechei as portas e as janelas...

        Ouvindo isso, o veado entendeu alguma coisa. Os dois se olharam ressabiados, cada um deu um sorriso sem graça...

        – E o tempo todo eu achava que era o deus da mata me ajudando... – disse o veado.

        – Pois é... Eu também achava – confessou ela.

        – Então eu trabalhava de dia e a senhora trabalhava de noite...

        Os dois entenderam tudo. Mais havia um problema: de quem era a casa, agora que estava pronta?

        Todos os dois achavam que eram donos da casa, e não queriam desistir.

        – Tenho uma ideia! – exclamou a Onça – Se nós fizemos a casa juntos, podemos morar juntos. Somos sócios.

        “Morar com uma onça?”, pensou o veado. “Não pode dar certo...”

        – Acho até que vai ser muito bom – insistiu ela – Você sai de dia para pastar, eu saio de noite para caçar. Nós não vamos nos encontrar nunca. E vai ter sempre alguém na casa, ela vai estar sempre bem cuidadinha...".

        “Vai ser perfeito”, pensava a onça. “Fico com uma casa ótima, que nem deu muito trabalho, e ainda guardo uma reserva de comida dentro dela. Se algum dia não encontrar caça, créu! É só comer o sócio!”

        O veado acabou concordando, porque não queria entregar a casa que lhe dera tanto trabalho. Mas sabia que aquela sociedade era muito arriscada e tratou de ficar atento ao perigo.

        Durante alguns dias, a combinação deles funcionou. Mas a onça não aguentava mais de vontade de comer o veado e resolveu começar a assustá-lo, pensando que se ele tivesse medo dela, não ia lutar quando ela avançasse nele um dia. E para mostrar que era forte e sabia matar, passou a trazer para casa os restos da caçada da noite.

        O veado acordava cedo, ia saindo, e lá vinha a onça com um coelho, uma paca ou um quati que ela mesma tinha caçado.

        O Veado foi ficando cada dia mais preocupado e acabou contando para os amigos o que tinha acontecido. Todos resolveram ajudar. Um deles disse:

        – Eu vi lá na aldeia do homens uma pele de onça esticada para secar no sol. Podíamos pedir emprestada...

        – Isso mesmo! – concordou o veado – Vou dizer que é um tapete novo para a casa.

        E assim fizeram.

        Quando vinham voltando com a pele de onça, aí, sim, foi que o deus da mata ajudou. Porque encontraram no caminho o cadáver de uma onça que tinha despencado de uma ribanceira e morrido. Resolveram levar também.

        Era pesadíssima! Precisavam juntar quatro veados forte para conseguir levar, e toda hora ela escorregava, eles tinham que aparar com a ajuda dos chifres, e ela foi ficando toda espetada. Finalmente, quando já estava anoitecendo, chegaram perto da casa.

        O dono da casa foi na frente, com a pele da onça. Os quatros amigos vinham mais atrás, devagar.

        Chegando no quintal, com a pele enrolada, ele viu duas onças, e a que dividia a casa com ele foi dizendo:

        – Você não se incomoda, não é? Chamei uma amiga para vir jantar comigo hoje...

        Ele levou um susto, ficou com o coração batendo apressado. Mas aguentou firme, e respondeu como se não ligasse:

        – Me incomodar? Por quê? Acho ótimo! Eu estava mesmo querendo dar uma festa hoje, para inaugurar este tapete novo que eu trouxe para nossa casa...

        E desenrolou a pele

        As duas onças esperavam por tudo, menos por aquilo. A dona da casa engoliu em seco e perguntou:

        – Onde foi que o senhor conseguiu isso, compadre?

        E o veado reparou que, pela primeira vez na vida, ela o chamava de senhor... Sinal de respeito. Respondeu, com um ar distraído, aproveitando para chamar a onça de você:

        – Cacei lá para as bandas da figueira-brava... Como você deve saber, nós, os veados, temos um jeito secreto de dar chifradas em onça, que é tiro e queda. Ela morre na hora. Por isso é que casa de veado é sempre quentinha, toda forrada de pele de onça, bem macia. Você não sabia?

        As duas se entreolharam. Ele continuou:

        – Mas vocês não precisam ficar com medo. Acho que com estas duas peles já dá para forrar quase todo chão da casa...

        – O senhor disse duas? Mas é uma só...

        – Uma aqui na minha mão, já pronta... A outra onça eu larguei ali no terreiro, e os meus amigos me ajudar a esfolar... – disse ele, apontando para o cadáver todo marcado de chifradas, no chão do quintal, com quatro veados enormes ao lado.

        As duas onças começaram tremer, e um dos veados olhou para elas e exclamou:

        – Oba! Mais dois tapetes!

        O dono as casa se adiantou, com um ar protetor, e disse:

        – Não, nestas aqui ninguém toca. Uma é minha sócia, outra é minha hóspede...

        Mas as onças foram recuando, meio sem graça, e a dona da casa disse:

        – Na verdade, compadre, eu estava só esperando o senhor chegar para me despedir. Eu estou de mudança, sabe?

        – É... – confirmou a outra. – Ela vai morar comigo. Eu tenho uma caverna muito jeitosa, fresquinha, com bastante espaço, e ando querendo companhia...

        Na mesma hora, o veado aprovou a ideia:

        – Bom, se é assim, seja feliz! E não me leve a mal, mas confesso que até acho bom, porque meus amigos podem vir morar comigo, e num instante vamos conseguir as outras peles que faltam para forrar as paredes e o resto do chão...

        Fez uma pausa e perguntou:

        – Aliás, você não quer deixar o endereço novo, explicar bem explicado onde fica essa caverna?

        A onça foi s afastando com a amiga. Já saindo da clareira, se virou para trás e disse:

        – É muito longe, compadre, muito longe. O senhor não ia achar... Muito longe!

        Deve ser. Porque elas nunca mais voltaram. Nunca mais mesmo.

     MACHADO, Ana Maria. Histórias à brasileira. A moura torta e outras. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002, p. 39-42.

           Fonte: Língua portuguesa – Coleção Brasiliana – 5° ano – Ensino Fundamental – IBEP – 2ª ed. São Paulo – 2011. p. 43-9.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bandas: lados.

·        Inaugurar: usar pela primeira vez, estrear.

·        Ressabiados: desconfiado, assustado.

02 – Você gostou da forma como a onça e o veado resolveram a situação? As suas expectativas foram confirmadas ou você imaginou um desfecho trágico?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – No começo da conversa com a onça, o veado tinha um motivo para fugir e outro para não desistir da casa. Explique esses dois motivos.

      Motivo para fugir da onça: Medo. Porque onça é onça.

·        Motivo para não desistir da casa: Porque ele trabalhou muito na construção da casa, sem contar que foi ele quem achou o local.

04 – De que forma os dois animais entenderam o que havia acontecido durante a construção da casa?

a)   Um vizinho que viu tudo apareceu e explicou para eles que cada um havia feito uma parte da casa.

b)   O deus da mata apareceu e contou como ajudou a ambos.

c)   Eles foram conversando e puderam esclarecer tudo.

05 – Em seus pensamentos, de que modo a onça se refere ao veado?

a)   Reserva de comida.

b)   Deus da mata.

c)   Caça.

d)   Compadre.

e)   Sócio.

f)    Amigo.

06 – Explique as expressões destacadas:

a)   “A dona da casa engoliu em seco...”.

Porque foi um susto, as onças jamais esperariam que os veados pudessem matar uma onça.

b)   “... temos um jeito secreto de dar chifradas em onça, que é tiro e queda”.

Quer dizer que as chifradas seriam certeira sem chance de vida para onças.

07 – Por que a onça disse ao veado que convidou uma amiga para o jantar?

      Porque tinham a intensão de jantar o veado.

08 – O que fez a onça decidir ir embora de vez com a amiga e deixar a casa para o veado?

      Medo de ser atacadas pelos veados, depois de tudo o que elas viram.

09 – Os contos populares podem ser classificados de acordo com o tema da história ou com a mensagem que eles transmitem. Como você classificaria o conto “O veado e a onça”? Explique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

a)   Conto de esperteza.

b)   Conto de travessura.

c)   Conto de amizade.

d)   Conto da origem das coisas.

e)   Conto de assombramento / assombração.

10 – Ao perceber que não seria fácil decidir a quem pertencia a casa que ambos construíram, a onça teve uma ideia.

a)   Que ideia foi essa?

Se nós fizemos a casa juntos, podemos morar juntos. Somos sócios.

b)   Quais foram os dois argumentos que ela usou para convencer o veado a aceitar sua proposta?

Você sai de dia para pastar, eu saio à noite para caçar.

E vai ter sempre alguém na casa, ela vai estar sempre bem cuidadinha.

c)   Qual era a verdadeira intenção da onça?

“Vai ser perfeito”, pensava a onça. “Fico com uma casa ótima, que nem deu muito trabalho, e ainda guardo uma reserva de comida dentro dela. Se algum dia não encontrar caça, créu! É só comer o sócio!”

11 – Durante alguns dias, o acordo entre a onça e o veado funcionou, mas a onça começou a ter dificuldades para cumprir o combinado. As informações abaixo resumem o que aconteceu a partir desse momento de tensão, mas estão fora de ordem. Sua tarefa será a de indicar a sequência correta delas. Dica: a 1ª é a letra “C”.

a)   Ela começou a trazer para casa os restos da caçada da noite. 2.

b)   Ele acabou contando para os amigos o que tinha acontecido. 4.

c)   A onça resolveu assustar o veado para que ele ficasse com medo dela. 1.

d)   Os amigos do veado resolveram ajuda-lo e elaboraram um plano para assustar a onça. 5.

e)   O veado foi ficando cada dia mais preocupado. 3.

f)    No caminho, os amigos encontraram o cadáver de uma onça que tinha despencado de uma ribanceira. 7.

g)   Ao ser carregada pelos veados, a pele da onça foi ficando toda espetada. 8.

h)   Eles pediram uma pele de onça emprestada aos homens da aldeia. 6.

12 – Os trechos seguintes são do conto lido. Copie apenas a fala do narrador de cada trecho e observe os verbos destacados.

a)   – Quer dizer que era você... – disse a onça.

b)   – Pois é... Eu também achava – confessou ela.

c)   – Tenho uma ideia! – exclamou a onça. – Se nós fizemos a casa juntos, podemos morar juntos. Somos sócios.

d)   – Isso mesmo! – concordou o veado. – Vou dizer que é um tapete novo para a casa.

e)   As duas começaram a temer, e um dos veados olhou para elas e exclamou:

Resposta pessoal do aluno.

13 – Junto com os colegas e com a ajuda do professor, analise o exercício anterior e relacione os itens referentes aos trechos em que ocorre:

·        A fala do narrador aparece antes da fala da personagem.

·        A fala do narrador aparece no meio da fala da personagem.

·        A fala do narrador aparece depois da fala da personagem.

Resposta pessoal do aluno.

14 – Copie os verbos destacados nos trechos do exercício 12, explique para que servem esses verbos no texto.

        Os verbos que indicam a fala de personagens são chamados verbos dicendi, ou verbos de dizer.

      Resposta pessoal do aluno.

15 – Quanto ao tipo de narrador, copie a afirmação correta.

a)   Nesse conto, o narrador participa da história, é narrador personagem.

b)   Nesse conto, o narrador não participa da história, é narrador observador.