sexta-feira, 23 de julho de 2021

REPORTAGEM: VOLUNTÁRIAS BRASILEIRAS DÃO ASSISTÊNCIA A REFUGIADOS VENEZUELANOS EM RORAIMA - ONU NEWS - COM GABARITO

 Reportagem: Voluntárias brasileiras dão assistência a refugiados venezuelanos em Roraima

Por ONU News – publicado às 09:55 de 12/03/2018, modificado às 09:56 de 12/03/2018

        Na cidade de Boa Vista, capital do estado de Roraima que abriga milhares de venezuelanos forçados a deixar seu país em busca de proteção, duas brasileiras decidiram fazer a diferença na vida de quem está vivendo em condições extrema vulnerabilidade. Basta observar a movimentação na praça Simon Bolívar, onde centenas de pessoas estão acampadas e recebem alimentos e doações arrecadados por elas. O relato é da agência da ONU para refugiados (Acnur).

        A advogada Ana Lucíola Franco, de 56 anos, e a médica Eugênia Moura, de 60, vivem na cidade e realizam trabalhos sociais desde que eram adolescentes. Já ajudaram indígenas, haitianos e outras populações vulneráveis que passaram pela capital de Roraima.

        Quando começou a aumentar o fluxo de venezuelanos no estado, no final de 2015, elas decidiram que era hora de voltar sua solidariedade para essas pessoas, e iniciaram o movimento “SOS Hermanos”. Atualmente, as doações são entregues duas ou três vezes por semana na praça Simon Bolívar.

        O movimento tem recebido móveis, eletrodomésticos, roupas e alimentos que são distribuídos com a ajuda de outros voluntários àqueles que deixaram a Venezuela para recomeçar a vida no Brasil. A iniciativa atua em outras frentes, inclusive laboral, para promover a integração dessas pessoas.

        As duas amigas formaram uma rede composta por profissionais de diversas áreas que articulam essa inserção. “Um dos nossos principais propósitos é ajudá-los a se inserir no mercado de trabalho”, diz Ana Lucíola, destacando que a maioria dos venezuelanos é qualificada profissionalmente e tem muito potencial para contribuir com a economia local.

        Em breve, Ana Lucíola e Eugênia inaugurarão um abrigo para cerca de 40 pessoas, em um edifício na zona central de Boa Vista. O abrigo tem cerca de 900 metros quadrados e foi estruturado para receber famílias com crianças, sendo mantido por meio de doações.

        Segundo Ana Lucíola, o momento não poderia ser mais apropriado, já que o período de chuvas se aproxima. “A maioria das pessoas chega com poucas roupas e não está preparada para o frio. Precisamos fazer o que estiver ao nosso alcance para protegê-las e tirá-las das ruas”, afirma.

        Em apoio às idealizadoras do projeto, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) implementa um projeto para melhorar as instalações, como acesso aos banheiros, aumento do número de quartos e uma cozinha multifuncional. Será criado ainda um espaço especial para que as crianças possam brincar com segurança. O espaço será monitorado pelo ACNUR e pela ONG Fraternidade, e a ideia é que os refugiados possam viver e gerir o local de forma independente.

        Segundo Bertrand Blanc, oficial de emergências do ACNUR, as conexões estabelecidas entre a sociedade civil, o setor privado e a resposta humanitária são fundamentais para assegurar uma rápida e eficiente integração urbana local de refugiados em Boa Vista.

        “Essa importante iniciativa oferece alimentos para 500 refugiados por dia, acolhe em sua casa famílias vulneráveis e coloca à disposição abrigos adicionais, permitindo ao ACNUR e aos seus parceiros mitigar condições extremamente difíceis de muitas famílias e crianças.”

        Entretanto, estes atos de solidariedade nem sempre são bem recebidos pela comunidade local. A advogada afirma que já testemunhou inúmeras cenas de intolerância em relação aos venezuelanos, e que ela e os voluntários também são hostilizados e agredidos verbalmente. Mesmo assim, apesar das hostilidades, ela e sua equipe seguem firmes no propósito humanitário.

        Ela afirma que o impacto positivo da assistência oferecida ainda é predominante e pode ser percebido diariamente. Segundo Ana Lucíola, quando as pessoas vencem a resistência inicial e se permitem ter contato com a causa, acabam modificando suas perspectivas. “Toda ação solidária, de uma forma ou de outra, sensibiliza quem está do lado”, afirma, deixando clara a real dimensão da solidariedade que pode fazer a diferença na vida de cada vez mais pessoas.

VOLUNTÁRIAS brasileiras dão assistência a refugiados venezuelanos em Roraima. ONU Brasil, 9 mar. 2018. Disponível em: https://bit.ly/2OUB6QA. Acesso em: 28 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 62-5.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual fato originou a reportagem?

      O movimento de duas voluntárias brasileiras para prestar auxílio aos venezuelanos refugiados na cidade de Boa Vista, Roraima.

02 – Em sua opinião, por que o trabalho voluntário de duas amigas com os refugiados venezuelanos em Boa Vista tornou-se tema de uma reportagem?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Releia o primeiro parágrafo da reportagem no qual há o lide e responda às perguntas abaixo.

a)   Qual foi o acontecimento?

Duas brasileiras decidiram fazer a diferença na vida de venezuelanos refugiados em situação de vulnerabilidade.

b)   Onde ocorreu?

Na praça Simón Bolivar, cidade de Boa Vista, capital de Roraima.

c)   Quando ocorreu?

Em março de 2018.

d)   Por que aconteceu?

Porque elas resolveram ajudar centenas de venezuelanos, acampados na praça, que foram forçados a deixar seu país em busca de proteção.

e)   Como aconteceu?

Venezuelanos recebem alimentos e doações arrecadados por duas brasileiras voluntárias.

04 – Releia o trecho da reportagem.

        A advogada Ana Lucíola Franco, de 56 anos, e a médica Eugênia Moura, de 60, vivem na cidade e realizam trabalhos sociais desde que eram adolescentes. Já ajudaram indígenas, haitianos e outras populações vulneráveis que passaram pela capital de Roraima.

        Quando começou a aumentar o fluxo de venezuelanos no estado, no final de 2015, elas decidiram que era hora de voltar sua solidariedade para essas pessoas, e iniciaram o movimento “SOS Hermanos”. Atualmente, as doações são entregues duas ou três vezes por semana na praça Simon Bolívar.”

a)   Nesse trecho, são apresentadas informações como os nomes completos, idade e profissão das voluntárias. Por que essas informações são relevantes numa reportagem?

São importantes para caracterizar as pessoas envolvidas no acontecimento/tema apresentado na reportagem.

b)   Além dos dados pessoais, são apresentadas informações sobre outros trabalhos humanitários que fizeram? Que trabalhos são esses? Por que essa informação é relevante na reportagem?

Já ajudaram indígenas, haitianos e outras populações vulneráveis que passaram pela capital de Roraima. Essa informação é relevante, pois enfatiza e valida para os leitores a iniciativa das duas voluntárias.

05 – No que consiste o movimento “SOS Hermanos”? Quais são seus principais propósitos?

      O movimento “SOS Hermanos”, criado pelas duas voluntárias, recebe móveis, eletrodomésticos, roupas e alimentos que são distribuídos com a ajuda de outros voluntários àqueles que deixaram a Venezuela para recomeçar a vida no Brasil. Além disso, as duas amigas formaram uma rede para integração dos refugiados no mercado de trabalho.

06 – Releia o trecho a seguir:

        “Na cidade de Boa Vista, capital do estado de Roraima que abriga milhares de venezuelanos forçados a deixar seu país em busca de proteção, duas brasileiras decidiram fazer a diferença na vida de quem está vivendo em condições extrema vulnerabilidade.”

Pesquise na internet ou em um dicionário os significados de vulnerabilidade e transcreva o sentido aplicado ao contexto da reportagem.

      As pessoas em situação de vulnerabilidade são aquelas que têm diminuída sua capacidade de enfrentar violações de direitos humanos básicos, como comer, morar e trabalhar.

07 – Na reportagem lida, são apresentados fatos e opiniões sobre a ajuda aos refugiados venezuelanos. Assinale F para fato e O para opinião:

(F) Em Boa Vista, Ana Lucíola e outros voluntários entregam marmitas para mulheres venezuelanas em situação de vulnerabilidade.

(O) Segundo Bertrand Blanc, oficial de emergências do Acnur, as conexões estabelecidas entre a sociedade civil, o setor privado e a resposta humanitária são fundamentais para assegurar uma rápida e eficiente integração urbana local de refugiados em Boa Vista.

(F) O movimento tem recebido móveis, eletrodomésticos, roupas e alimentos que são distribuídos com a ajuda de outros voluntários àqueles que deixaram a Venezuela para recomeçar a vida no Brasil.

(F) Entretanto, estes atos de solidariedade nem sempre são bem recebidos pela comunidade local. A advogada afirma que já testemunhou inúmeras cenas de intolerância em relação aos venezuelanos, e que ela e os voluntários também são hostilizados e agredidos verbalmente.

(O) Ela afirma que o impacto positivo da assistência oferecida ainda é predominante e pode ser percebido diariamente.

08 – Releia os trechos abaixo, nos quais são reportados os depoimentos das pessoas ouvidas na reportagem:

        “Um dos nossos principais propósitos é ajudá-los a se inserir no mercado de trabalho”, diz Ana Lucíola, destacando que a maioria dos venezuelanos é qualificada profissionalmente e tem muito potencial para contribuir com a economia local.

        “Essa importante iniciativa oferece alimentos para 500 refugiados por dia, acolhe em sua casa famílias vulneráveis e coloca à disposição abrigos adicionais, permitindo ao ACNUR e aos seus parceiros mitigar condições extremamente difíceis de muitas famílias e crianças.”

a)   Quem são as pessoas ouvidas nesses depoimentos? Quais cargos ocupam?

Ana Lucíola, uma das voluntárias do movimento “SOS Hermanos”, e Bertrand Blanc, oficial de emergência da Acnur.

b)   Por que essas pessoas foram ouvidas e seus depoimentos integrados à reportagem?

Lucíola foi ouvida, pois é uma das voluntárias cujas ações são relatadas na reportagem. Blanc é o representante da Acnur que apoia os refugiados e foi ouvido para falar do papel dos voluntários parceiros.

c)   Transcreva a fala dos entrevistados em discurso indireto.

Resposta pessoal do aluno.

09 – O trecho abaixo refere-se ao depoimento de Bertrand Blanc escrito em discurso indireto. Transforme-o em discurso direto.

        Segundo Bertrand Blanc, oficial de emergências do ACNUR, as conexões estabelecidas entre a sociedade civil, o setor privado e a resposta humanitária são fundamentais para assegurar uma rápida e eficiente integração urbana local de refugiados em Boa Vista.

      “As conexões estabelecidas entre a sociedade civil, o setor privado e a resposta humanitária são fundamentais para assegurar uma rápida e eficiente integração urbana local de refugiados em Boa Vista”, afirma Bertrand Blanc, oficial de emergências do Acnur.

10 – Que palavras e sinal de pontuação indicam as falas dos entrevistados em discurso direto e indireto na reportagem?

      As falas dos entrevistados em discurso direto são indicadas entre aspas. Depois da fala do entrevistado, pode haver vírgula e um verbo de dizer. As falas dos entrevistados em discurso indireto ocorrem em terceira pessoa e são usados os verbos de dizer.

11 – O relato dessa reportagem foi realizado pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur). Com base na informação sobre autoria e divulgação da reportagem, pesquise na internet e responda:

a)   Qual é o papel (missão) da Agência da ONU para Refugiados (Acnur)?

Proteção de refugiados ou de populações deslocadas por guerras, conflitos e perseguições.

b)   Relacione a missão da Acnur à abordagem dada pelo autor do texto sobre o fato e tema na reportagem.

A abordagem do tema é divulgar e enfatizar a importância de iniciativas de apoio e ajuda aos refugiados, em consonância com a missão dessa agência da ONU.

c)   Transcreva um trecho do texto que justifique sua resposta ao item anterior.

“Essa importante iniciativa oferece alimentos para 500 refugiados por dia, acolhe em sua casa famílias vulneráveis e coloca à disposição abrigos adicionais, permitindo ao ACNUR e aos seus parceiros mitigar condições extremamente difíceis de muitas famílias e crianças.”

12 – Segundo a reportagem, os voluntários presenciaram atos de intolerância em relação aos venezuelanos por parte da comunidade local, sendo agredidos e hostilizados verbalmente. Responda:

a)   Em sua opinião, por que parte da comunidade local apresenta intolerância em relação aos refugiados venezuelanos?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Em sua opinião, o posicionamento da comunidade local sobre a chegada de refugiados ou imigrantes estrangeiros pode ser considerado opinião ou discurso de ódio?

Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

 

 

NOTÍCIA: 500 IMIGRANTES REFUGIADOS SÃO RESGATADOS EM UM ÚNICO DIA NO MEDITERRÂNEO - COM GABARITO

 Notícia: 500 imigrantes e refugiados são resgatados em um único dia no Mediterrâneo

             Nos três primeiros meses de 2018, um de cada 14 imigrantes que cruzou o Mediterrâneo morreu

Por EFE

13 abr. 2018, 21h44

Refugiados aguardam resgate no Mar Mediterrâneo – 12/07/2016

        Cerca de 500 imigrantes e refugiados foram resgatados nesta sexta-feira no mar Mediterrâneo em três operações de socorro nas quais trabalharam diversas embarcações que navegavam na região, informou a Guarda Litorânea da Itália.

        As operações aconteceram em coordenação com a Central Operacional da Guarda Litorânea em Roma, dependente do Ministério de Infraestruturas e Transportes italiano, segundo um comunicado.

        Nas operações participaram embarcações do Eunavfor-Med, uma operação da União Europeia no Mar Mediterrâneo, e da ONG SeaWatch.

        A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) assegurou recentemente em relatório que nos três primeiros meses de 2018 um de cada 14 migrantes que cruzou o Mediterrâneo rumo à Itália morreu.

        Além disso, advertiu que o trajeto para a Itália, principalmente a partir da Líbia, está "cada vez mais perigoso", levando em conta que o número de chegadas diminuiu drasticamente desde julho de 2017, mas a taxa de mortalidade é mais elevada.

AGÊNCIA EFE. 500 imigrantes e refugiados são resgatados em um único dia no Mediterrâneo. Veja, São Paulo, 13 abr. 2018. Disponível em: https://abr.ai/2OYnK5N. Acesso em: 28 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 60-1.

Entendendo a notícia:

01 – Que fato originou a notícia?

      Três operações de socorro resgatam em um único dia 500 imigrantes e refugiados no mar Mediterrâneo.

02 – Releia acima o título e o subtítulo da notícia.

a)   Quais informações chamam mais atenção no título?

A quantidade de imigrantes e refugiados resgatados em um único dia.

b)   Que informações do subtítulo complementam as do título?

Um de cada 14 imigrantes morreu cruzando o Mediterrâneo, nos três primeiros meses de 2018.

c)   Que tempos verbais são usados no título e no subtítulo? Por que é feito esse uso?

No título, é usado o presente do indicativo e, no subtítulo, são empregados verbos no pretérito perfeito do indicativo. É feito esse uso para provocar o efeito de atualidade ou de situação ocorrida há pouco tempo.

d)   Pesquise no dicionário e na internet a diferença entre refugiados e imigrantes.

Imigrante: indivíduo que vem a se estabelecer em um país que não é o seu de origem.

Refugiado: pessoa que se desloca para outra região ou país em decorrência de problemas como guerras, violência, conflitos diversos ou crises humanitárias.

e)   Em sua opinião, por que foi feita essa distinção no título e não no subtítulo?

Resposta pessoal do aluno.

03 – Releia o primeiro parágrafo da notícia e responda as perguntas:

a)   Qual foi o acontecimento?

Cerca de 500 imigrantes e refugiados foram resgatados no mar.

b)   Onde ocorreu?

No mar Mediterrâneo.

c)   Quando ocorreu?

Em 13 de abril de 2018.

d)   Por que aconteceu?

Imigrantes pretendiam entrar na Europa pelo mar Mediterrâneo de forma clandestina.

e)   Como aconteceu?

A Guarda Litorânea da Itália resgatou os imigrantes que estavam à deriva no mar.

04 – Explique a relação entre a foto e a notícia, observando sua legenda e data.

      A foto apresenta imigrantes/refugiados num bote à deriva no Mediterrâneo em 12/07/2016, aguardando resgate. Essa situação é bem semelhante à relatada na notícia, porém não é o mesmo fato. Na notícia, ocorreu uma megaoperação para resgatar 500 imigrantes / refugiados.

05 – Releia o trecho da notícia:

        Além disso, [Acnur] advertiu que o trajeto para a Itália, principalmente a partir da Líbia, está "cada vez mais perigoso", levando em conta que o número de chegadas diminuiu drasticamente desde julho de 2017, mas a taxa de mortalidade é mais elevada.”

a)   Qual é o fato apresentado nesse trecho?

O número de chegadas diminuiu drasticamente desde julho de 2017, mas a taxa de mortalidade é mais elevada.

b)   Qual é a opinião apresentada nesse trecho?

“[Acnur] advertiu que o trajeto para a Itália, principalmente a partir da Líbia, está "cada vez mais perigoso" [...]”.

 

 

 

domingo, 18 de julho de 2021

ARTIGO DE OPINIÃO- COTAS: O JUSTO E O INJUSTO - LYA LUFT - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: COTAS: O JUSTO E O INJUSTO 

                                                   Lya Luft

O medo do diferente causa conflitos por toda parte, em circunstâncias as mais variadas. Alguns são embates espantosos, outros são mal-entendidos sutis, mas em tudo existe sofrimento, maldade explícita ou silenciosa perfídia, mágoa, frustração e injustiça.

Cresci numa cidadezinha onde as pessoas (as famílias, sobretudo) se dividiam entre católicos e protestantes.

Muita dor nasceu disso.

Casamentos foram proibidos, convívios prejudicados, vidas podadas.

Hoje, essa diferença nem entra em cogitação quando se formam pares amorosos ou círculos de amigos. Mas, como o mundo anda em círculos ou elipses, neste momento, neste nosso país, muito se fala em uma questão que estimula tristemente a diferença racial e social: as cotas de ingresso em universidades para estudantes negros e/ou saídos de escolas públicas. O tema libera muita verborragia populista e burra, produz frustração e hostilidade. Instiga o preconceito racial e social.

Todas as “bondades” dirigidas aos integrantes de alguma minoria, seja de gênero, raça ou condição social, realçam o fato de que eles estão em desvantagem, precisam desse destaque especial porque, devido a algum fator que pode ser de raça, gênero, escolaridade ou outros, não estão no desejado patamar de autonomia e valorização. Que pena.

Nas universidades inicia-se a batalha pelas cotas. Alunos que se saíram bem no vestibular — só quem já teve filhos e netos nessa situação conhece o sacrifício, a disciplina, o estudo e os gastos implicados nisso — são rejeitados em troca de quem se saiu menos bem mas é de origem africana ou vem de escola pública. E os outros? Os pobres brancos, os remediados de origem portuguesa, italiana, polonesa, alemã, ou o que for, cujos pais lutaram duramente para lhes dar casa, saúde, educação?

A ideia das cotas reforça dois conceitos nefastos: o de que negros são menos capazes, e por isso precisam desse empurrão, e o de que a escola pública é péssima e não tem salvação. É uma ideia esquisita, mal pensada e mal executada. Teremos agora famílias brancas e pobres para as quais perderá o sentido lutar para que seus filhos tenham boa escolaridade e consigam entrar numa universidade, porque o lugar deles será concedido a outro. Mais uma vez, relega-se o estudo a qualquer coisa de menor importância.

Lembro-me da fase, há talvez vinte anos ou mais, em que filhos de agricultores que quisessem entrar nas faculdades de agronomia (e veterinária?) ali chegavam através de cotas, pela chamada “lei do boi”. Constatou-se, porém, que verdadeiros filhos de agricultores eram em número reduzido.

Os beneficiados eram em geral filhos de pais ricos, donos de algum sítio próximo, que com esse recurso acabaram ocupando o lugar de alunos que mereciam, pelo esforço, aplicação, estudo e nota, aquela oportunidade. Muita injustiça assim se cometeu, até que os pais, entrando na Justiça, conseguiram por liminares que seus filhos recebessem o lugar que lhes era devido por direito.

Finalmente a lei do boi foi para o brejo.

Nem todos os envolvidos nessa nova lei discriminatória e injusta são responsáveis por esse desmando. Os alunos beneficiados têm todo o direito de reivindicar uma possibilidade que se lhes oferece. Mas o triste é serem massa de manobra para um populismo interesseiro, vítimas de desinformação e de uma visão estreita, que os deixa em má posição. Não entram na universidade por mérito pessoal e pelo apoio da família, mas pelo que o governo, melancolicamente, considera deficiência: a raça ou a escola de onde vieram — esta, aliás, oferecida pelo próprio governo.

Lamento essa trapalhada que prejudica a todos: os que são oficialmente considerados menos capacitados, e por isso recebem o pirulito do favorecimento, e os que ficam chupando o dedo da frustração, não importando os anos de estudo, a batalha dos pais e seu mérito pessoal. Meus pêsames, mais uma vez, à educação brasileira.

(Veja, nº 2046.)

Fonte da imagem-https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbr.blastingnews.com%2Fsociedade-opiniao%2F2017%2F09%2Flei-de-cotas-quais-os-beneficios-e-os-motivos-que-levaram-a-sua-definicao-001988603.html&psig=AOvVaw3P_dABg7K_HiTipbR3VjyZ&ust=1626739132105000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCIDHzuDp7fECFQAAAAAdAAAAABAD

Fonte: Livro- Português: Linguagens, 1/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.310/11.


ENTENDENDO O TEXTO

1. A autora introduz o tema e seu ponto de vista sobre ele por meio de uma ampla apresentação.

a) Qual é o tema do artigo de opinião lido?

As cotas de ingresso em universidades para estudantes negros e/ou saídos de escolas públicas.

b) Identifique, no 2º parágrafo, o ponto de vista da autora.

Segundo ela, o sistema de cotas estimula o preconceito racial e social.

 2. A articulista, ao apresentar sua opinião sobre o tema, mostra que a implementação do sistema de cotas fere um princípio fundamental das sociedades democráticas.

a) Qual é esse princípio?

O princípio de que todo cidadão deve ter direitos iguais.

b) Qual é a posição da articulista em relação ao sistema de cotas?

Ela não concorda com aqueles que acreditam que os estudantes negros e/ou saídos de escolas públicas precisam de cotas para ter acesso à universidade. Ela defende o ingresso por mérito na universidade.

3. Num texto de opinião, o autor normalmente fundamenta seu ponto de vista em verdades e opiniões

a) Identifique no texto verdades, isto é, dados objetivos que podem ser comprovados.

A proibição de casamento entre protestantes e católicos e a “lei do boi”.

b) Com que objetivo a autora cita essas verdades?

Para compará-las com o sistema de cotas e defender sua opinião de que medidas desse tipo são injustas e discriminatórias.

c) Afirmações como:

“uma questão que estimula tristemente a diferença racial e social: as cotas de ingresso em universidades para estudantes negros e/ou saídos de escolas públicas”

“A ideia das cotas reforça dois conceitos nefastos: o de que negros são menos capazes, e por isso precisam desse empurrão, e o de que a escola pública é péssima e não tem salvação. É uma ideia esquisita, mal pensada e mal executada.”

são verdades ou opiniões?

Opiniões.

4. Num texto de opinião, a ideia principal defendida pelo autor precisa ser fundamentada com bons argumentos, isto é, com razões ou explicações.

A ideia principal do texto lido é fundamentada por dois argumentos básicos, contrários à implementação do sistema de cotas. Quais são eles?

Os alunos que se saem bem no vestibular são rejeitados em troca de quem se saiu menos bem mas é de origem africana ou vem de escolas públicas; a ideia das cotas reforça dois conceitos nefastos: o de que negros são menos capazes, e o de que a escola pública não apresenta boa qualidade.

 5. No 6º parágrafo, a autora faz referência aos envolvidos na lei: os alunos beneficiados e os responsáveis pela lei das cotas.

a) Ela exime de responsabilidade os alunos beneficiados pelo sistema de cotas? Justifique sua resposta.

Não; considera que beneficiarem-se do sistema é um direito que assiste a eles, mas acha que são massa de manobra de um populismo interesseiro, vítimas de desinformação e de uma visão estreita.

b) Que opinião ela expressa sobre os responsáveis pela lei das cotas?

Considera-os populistas e, além disso, incoerentes, pois oferecem cotas a alunos de uma escola pela qual são responsáveis.

Verdade × opinião

Nos gêneros argumentativos em geral, o autor sempre tem a intenção de convencer seus interlocutores. Para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões.

Consideram-se verdades tanto as afirmações universalmente aceitas (por exemplo, o fato de a Terra girar em torno do Sol, a poluição prejudicar o meio ambiente) quanto dados científicos em geral, como estatísticas, resultados de pesquisas sociais ou de laboratório, entre outras. Já as opiniões são fundamentadas em impressões pessoais

do autor do texto e, por isso, são mais fáceis de contestar.

Os bons textos argumentativos geralmente fazem um uso equilibrado dos dois tipos de argumento

CRÔNICA(FRAGMENTO): CAMELOS E BEIJA-FLORES... RUBEM ALVES - COM GABARITO

 CRÔNICA(Fragmento): Camelos e beija-flores...

                           Rubem Alves

 A revisora informou delicadamente que era norma do jornal que todas as “estórias” deveriam ser grafadas como “histórias”. É assim que os gramáticos decidiram e escreveram nos dicionários.

Respondi também delicadamente: “Comigo não. Quando escrevo ‘estória’ eu quero dizer ‘estória’. Quando escrevo ‘história’ eu quero dizer ‘história’. Estória e história são tão diferentes quanto camelos e beija-flores...”

Escrevi um livro baseado na diferença entre “história” e “estória”. O revisor, obediente o dicionário, corrigiu minhas “estórias” para “história”. Confiando no rigor do revisor, não li o texto corrigido. Aí, um livro que era para falar de camelos e beija-flores, só falou de camelos.

Foram-se os beija-flores engolidos pelo camelo...

Escoro-me no Guimarães Rosa. Ele começa o Tutameia com esta afirmação: “A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve

ser contra a história”.

Qual é a diferença? É simples. Quando minha filha era pequena eu lhe inventava estórias. Ela, ao final, me perguntava: “Papai, isso aconteceu de verdade?” E eu ficava sem lhe poder responder porque a resposta seria de difícil compreensão para ela. A resposta que lhe daria seria: “Essa estória não aconteceu nunca para que aconteça sempre...”

A história é o reino das coisas que aconteceram de verdade, no tempo, e que estão definitivamente enterradas no passado. Mortas para sempre. [...]

Mas as estórias não aconteceram nunca. São invenções, mentiras. O mito de Narciso é uma invenção. O jovem que se apaixonou por sua própria imagem nunca existiu. Aí, ao ler o mito que nunca existiu eu me vejo hoje debruçado sobre a fonte que me reflete nos olhos dos outros. Toda estória é um espelho. [...]

[...]

A história nos leva para o tempo do “nunca mais”, tempo da morte. As estórias nos levam para o tempo da ressurreição. Se elas sempre começam como o “era uma vez, há muito tempo” é só para nos arrancar da banalidade do presente e nos levar para o tempo mágico da alma.

Assim, por favor, revisora: quando eu escrever “estória” não corrija para “história”. Não quero confundir camelos e beija-flores...

(Folha de S. Paulo, 14/11/2006.)

Fonte da imagem -https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbrasilescola.uol.com.br%2Fanimais%2Fcamelo.htm&psig=AOvVaw3YTR5ne04U-Fk-idVNsEL8&ust=1626737151036000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCLCvmqbi7fECFQAAAAAdAAAAABAD

Fonte: Livro- Português: Linguagens, 1/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.249/50.

 ENTENDENDO O TEXTO

 1. O texto comenta uma oposição de natureza ortográfica que, ao ser desconsiderada, resulta, na opinião do autor, em perdas de sentido. De acordo com o texto:

a) Por que a revisora corrigiu a palavra estória, mudando-a para história?

Porque esse procedimento era norma do jornal, uma vez que a forma estória é considerada anacronismo pelos dicionários, isto é, uma forma fora de uso.

b) Por que o autor da crônica não concorda com o procedimento da revisora?

Porque, para ele, estória e história são palavras que têm sentidos bastante diferentes.

2. Associe os termos história e estória às palavras e expressões da coluna da direita, de acordo com o texto:

a) história       b) estória

1. invenções, mentiras

2. reino das coisas que aconteceram de verdade

3. tempo do “nunca mais”

4. tempo da ressurreição

5. tempo mágico da alma

6. tempo da banalidade do presente

1b, 2a, 3a, 4b, 5b, 6a.

3. Conclua: Para o autor do texto, qual é a diferença de sentido entre história e estória?

Para ele, história é o relato de fatos reais, e estória é um relato  ficcional, poético.

4. O autor conta que escreveu um livro baseado na diferença entre história e estória. Segundo ele:

a) Por que, quando publicado, o livro falava só de camelos?

Porque todas as palavras estória foram trocadas por história.

 b) O que esse fato revela sobre a compreensão do texto pela revisora?

Revela que ela não compreendeu o que leu, tendo feito apenas uma leitura técnica.

c) Levando em conta a analogia estabelecida pelo autor do texto entre história/estória, de um lado, e beija-flor/camelo, de outro lado, interprete a afirmação: “Foram-se os beija-flores, engolidos pelos camelos”.

Toda a poesia do texto desapareceu; ele virou uma história banal.

5. O autor do texto diz escorar-se na afirmação de Guimarães Rosa: “A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a história”. Os argumentos apresentados por Rubem Alves acerca da diferença de sentido entre história e estória confirmam o ponto de vista de Guimarães Rosa? Por quê?

Sim, pois para ambos os autores os dois mundos estão em oposição, isto é, o mundo ficcional é o oposto do mundo real.

 

 

ANÚNCIO: INTERTEXTUALIDADE - COM GABARITO

 ANÚNCIO: INTERTEXTUALIDADE

Leia o anúncio a seguir e responda às questões de 1 a 3.


 ENTENDENDO O TEXTO

1.    Identifique a intertextualidade que há no anúncio. Depois responda: De que modo ela é indicada no anúncio?

A intertextualidade está na citação explícita de uma frase de Benjamin Franklin. Ela é indicada pelo uso de aspas e pela citação da autoria.

2. Observe a frase que há na traseira do caminhão.

a) Quais os sentidos do verbo tomar nessa frase?

1) receber, acolher; 2) beber, ingerir

b) Que tipo de sabedoria a frase pretende transmitir?

A sabedoria de que é preciso tomar decisões importantes com serenidade e total consciência.

c) O consumo de bebidas alcoólicas é proibido para quem dirige. Considerando se esse dado, que outro sentido a frase apresenta?

O de que motoristas inteligentes não devem ingerir bebidas alcoólicas quando estão trabalhando.

 3. Para promover a imagem do produto, o anunciante utiliza como argumento um valor.

a) Qual é esse valor?

O valor da inteligência.

b) Por que a imagem do produto anunciado supostamente melhora quando agregada a esse valor?

O anúncio dá a entender que a escolha de seu produto é sinal de inteligência; logo, os consumidores desse produto apreciam frases como a de Benjamin Franklin.



POEMA: OSSOS DO OFÍCIO - CHACAL. IN. - COM GABARITO

 POEMA: OSSOS DO OFÍCIO


Sempre deixei as barbas de molho

porque barbeiro nenhum me ensinou

como manejar o fio da navalha

 

sempre tive a pulga atrás da orelha

porque nenhum otorrino disse

como se fala aos ouvidos das pessoas

 

sou um cara grilado

um péssimo marido

nove anos de poesia

me renderam apenas

um circo de pulgas

e as barbas mais límpidas da Turquia

 

(Chacal. In: Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2006. p. 72.)

Fonte da imagem -https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fsegredosdomundo.r7.com%2Fossos-do-oficio%2F&psig=AOvVaw3kj3vXJ31d_K7bGS3MoXvp&ust=1626735065494000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCPjjp83a7fECFQAAAAAdAAAAABAP

Fonte: Livro- Português: Linguagens, 1/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.107.


ENTENDENDO O POEMA

1. Responda:

a) Que sentido tem, no contexto, a expressão deixar as barbas de molho?

Ficar na espera, aguardar para ver como vão ficar as coisas.

b) E a expressão ter a pulga atrás da orelha?

Ficar preocupado ou atento em relação a alguma coisa.

2. “Ossos do ofício”, o título do poema, também é uma expressão metafórica.

a) Que sentido essa expressão normalmente tem?

O sentido de “dificuldades ou problemas que existem em qualquer atividade”.

 b) Considerando que o ofício do poeta é fazer poesia, quais seriam os ossos desse ofício no contexto do poema?

As dificuldades normais no exercício do fazer poético, já que ninguém ensinou ao poeta como fazer poesia; ele até então tem aprendido sozinho, na prática.

CARTAZ: PIPOCAS E DIAMANTES - COM GABARITO

O anúncio abaixo divulga a inauguração de salas de cinema em um luxuoso shopping center de

São Paulo.

Leia-o e responda às questões.

 

Fonte: Livro- Português: Linguagens, 1/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.106.

ENTENDENDO O TEXTO

1. Há duas figuras em destaque no anúncio: pipocas e diamantes.

a) Que relação existe entre pipoca e cinema?

Muitas pessoas costumam comer pipoca no cinema; por isso, pipoca normalmente é associada a cinema.

b) Logo, que figura de linguagem corresponde a essa relação?

Pipoca associa-se a cinema, ou está contida nas salas de cinema. Logo, a figura de linguagem correspondente a essa relação é a metonímia.

2. No enunciado verbal se lê: “Nesse filme, você é o convidado principal”.

a) No meio cinematográfico, o que é normalmente um “convidado especial”?

Um ator renomado, a quem se dá um destaque especial.

b) Que relação existe entre os diamantes, o perfil do shopping e a expressão “convidado especial”?

Como se trata de uma sala especial de cinema, em um shopping luxuoso, os diamantes remetem à ideia de que o leitor (no caso, o “convidado especial”) vai se sentir uma estrela de cinema ao entrar no ambiente.

c) A que figura de linguagem os diamantes correspondem, visualmente?

Eles podem ser metáfora da ideia de luxo, requinte, riqueza.


TIRINHA: QUINO - LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL - COM GABARITO

 TIRINHA: QUINO – LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL

Fonte: Livro- Português: Linguagens, 1/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.37.

Fonte da imagem- https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6dGZyRXbbD-6oZJ-Dm-LJjyVMfPQqMy-4YSl-MFTMqhC1QhMb6onkD1mjUtw3BaGR5mrSxBefCrpXm9BNRxSrFBdsSQ4q4dwsBvvZSQy7kIRw9SdqlrawDuoiaQ84ieVY2UFGeuUZCg4/s1000/QUINO.png

Entendendo a Tirinha

1. A mãe de Mafalda encontra uma amiga na rua.

Observe as falas e os gestos da mulher nos dois primeiros quadrinhos. O que sugerem expressões como filhinha, gracinha, querida e meu bem? E os gestos da mulher em relação a Mafalda?

Sugerem educação, cortesia, gentileza, amabilidade.

 2. A mulher faz uma pergunta a Mafalda.

a) O que expressa o gesto de Mafalda no 3¼ quadrinho?

Dúvida. Professor: Se quiser, pergunte aos alunos “Dúvida sobre o quê?”, pois a pergunta de Mafalda, no último quadrinho, quebra a expectativa inicial.

 b) Por que a resposta de Mafalda surpreende a mulher?

Porque ela não esperava uma pergunta tão inteligente vinda de uma criança tão pequena.

 3.Quando duas pessoas se comunicam, elas levam em conta não apenas o que é dito, mas também outros elementos da situação. Tais elementos são, por exemplo, o contexto, quem fala e com quem se fala, a imagem de si própria que cada uma das pessoas tem ou deseja transmitir para a outra, etc. Esses vários elementos da situação fazem parte do jogo social da linguagem.

a) Que tipo de imagem de si mesma a mulher deseja transmitir para Mafalda e sua mãe? Justifique sua resposta.

A imagem de uma mulher simpática, educada, gentil, amável, etc.

 b) Ao se comunicar com Mafalda, que imagem ela parece fazer da menina e das crianças em geral?

Ela faz uma imagem de que Mafalda e as crianças em geral não pensam, não têm senso crítico e não são capazes de perceber o jogo social da linguagem

 c) E Mafalda? Ela está disposta a participar do tipo de jogo social da linguagem iniciado pela mulher? Por quê?

Não, pois, ao explicitar sua verdadeira dúvida (que é sobre o que deve dizer, e não se gosta mais do pai ou da mãe), rompe com o jogo.

 

4.Mafalda faz referência a dois tipos de resposta que poderia dar à mulher: uma resposta-padrão e outra não padrão.

 a)   Levante hipóteses: Qual seria a resposta padrão?

Provavelmente a de que gosta dos dois, pai e mãe, igualmente.

 b)   Na pergunta-resposta de Mafalda, a menina acaba revelando a imagem que construiu da mulher. Qual é essa imagem?

A imagem de uma pessoa superficial, que está mais preocupada com aparências do que com uma interação verdadeira com uma criança.

  c) Que função da linguagem se nota na pergunta de Mafalda?

         A função metalinguística.

 



sábado, 17 de julho de 2021

TEXTO: O PEQUENO PRÍNCIPE(FRAGMENTO) - ANTONIE DE SAINT-EXUPÉRY - COM GABARITO

 TEXTO: O pequeno príncipe (Fragmento)

          Antonie de Saint-Exupéry

 [...]

- Bom dia - disse a raposa.

- Bom dia - respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui - disse a voz -, debaixo da macieira...

- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa - disse a raposa.

- Vem brincar comigo - propôs o principezinho. - Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não me cativaram ainda.

- Ah! desculpa - disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui - disse a raposa. - Que procuras?

- Procuro os homens - disse o principezinho. - Que quer dizer "cativar"?

- Os homens - disse a raposa - têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?

- Não - disse o principezinho. - Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida - disse a raposa. - Significa "criar laços"...

- Criar laços?

- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim.

Não passo, a teus olhos, de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo.

- Começo a compreender - disse o principezinho. - Existe uma flor... eu creio que ela me cativou.

- É possível - disse a raposa. - Vê-se tanta coisa na Terra...

- Oh! não foi na Terra - disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?

- Sim.

- Há caçadores nesse planeta?

-Não.

- Que bom! E galinhas?

- Também não.

- Nada é perfeito - suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua ideia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se me cativares, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me! - disse ela.

- Bem quisera - disse o principezinho -, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. - Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora - disse a raposa.

- Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.

Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.

Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas, se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito? - perguntou o principezinho.

- É uma coisa muito esquecida também - disse a raposa. - É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. [...]

 

SAINT-EXUPÉRY, Antonie de. O pequeno príncipe. Tradução de Dom Marcos Barbosa. 41. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1994.

 QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1. Quais são as personagens da história?

As personagens da narrativa são o principezinho e a raposa.

 2. O narrador da história é também uma personagem? Como você chegou a essa conclusão?

O narrador não é personagem. Ele não participa da história, que está narrada em terceira pessoa.

 3. Na história do pequeno príncipe, a raposa é um animal personificado: sente, pensa e fala como ser humano. Você já havia lido algum texto cujas personagens também eram personificadas?

As fábulas geralmente têm, como personagens, animais que pensam e agem como os seres humanos, sempre procurando transmitir algum ensinamento moral.

 4. Como a raposa definia a amizade?

Como um entendimento mútuo, amigo é aquele que desperta no outro a necessidade de sua presença. Os amigos se cativam uns aos outros.

 5. Releia o trecho em que aparecem as palavras "cativar" e "rito".

     Procure as palavras no dicionário.

     Cativar - ganhar a simpatia, a estima; seduzir, atrair.

    Rito - regras que se devem observar numa cerimônia religiosa.   

 6. Segundo a raposa, o que é preciso para cativar um amigo?

Para cativar um amigo, é preciso ser paciente e estar com o amigo com certa frequência, passar a fazer parte de sua vida, aos poucos, inicialmente sem nada dizer.

 7. A raposa valoriza o silêncio nos primeiros encontros entre os amigos. E justifica seu ponto de vista com a afirmação: "A linguagem é fonte de mal-entendidos". O que você entendeu dessa afirmação da raposa?

Muitas vezes, os interlocutores não se compreendem bem, gerando situações de conflito e desentendimento entre eles.