terça-feira, 11 de maio de 2021

CONTO: O CÚMPLICE - MODESTO CARONE - COM GABARITO

 CONTO: O CÚMPLICE

               Modesto Carone

Ele estava sabendo que eu tinha um dente podre e dolorido, por isso passei a evitá-lo. Pode parecer estranho que alguém fuja de outro por causa de um dente estragado. Neste caso porém os motivos são específicos. Em primeiro lugar porque ele vive à minha sombra; em segundo porque as semelhanças entre eu e ele são tantas que anulam os contrastes mais notórios. De fato quem olha de fora imagina que somos a mesma pessoa. É claro que isso não passa de uma ilusão: basta ver a euforia que o acomete quando meu dente dói. Nessas ocasiões tenho a sensação de que o olho requintado de uma fera fica cruzando o caminho. Evidentemente ele desaparece logo que a dor some; mas ressurge com ímpeto dobrado assim que a gengiva começa a formigar.

Foi prevendo um incidente mais grave que decidi agir em causa própria. Devo dizer que o resultado não se fez esperar: pressentindo à tarde que a dor não chegaria ao anoitecer, vasculhei a casa à procura de um instrumento adequado de defesa. Acaso ou não, topei na escada do quintal com a velha espingarda de repetição. Ela estava enterrada no pó, mas lá do fundo o metal emitia o brilho hipnótico de sempre. Nesse lance eu a revi na mão direita de meu pai comandando de longe o trabalho dos homens. Quando o velho morreu ela entrou no inventário da família e veio parar nas minhas mãos. Por insensibilidade ou falta de visão deixei-a de lado e nunca mais a vi. Suponho que só a malícia do tempo explique a sequência de gestos que me levaram a reavê-la na hora do perigo.

Foi estimulado por essa autoconfiança tardia que me postei no centro da sala à espera de que ele aparecesse. Meu batismo de fogo foi dobrar a impaciência: a noite já ia alta quando ele deu os primeiros sinais de vida. Mesmo assim tive que desferir um soco na cara, à altura do dente lesado, para que a dor o chamasse à minha presença. Sem dúvida o baque foi forte demais — ele só faltou pular de gozo no meu pescoço. Eu percebia nitidamente que minha única chance era a agilidade mental. Foi o que aconteceu: acuado pelo pavor apertei os dois gatilhos de uma só vez, a mira voltada para o meio da testa. Confesso que nem de longe imaginava a potência da arma: o duplo disparo espatifou os espelhos e eu caí no chão com o coice do recuo. Quando superei o susto vistoriei o espaço aberto à minha frente: nada que não fosse a fumaça expelida pelos canos. Mas continuei a busca com minúcia neurótica, a ponto de verificar se havia alguma coisa nas franjas do tapete. Obviamente ali não se mexia viva alma — e pela primeira vez em muitos meses pude respirar aliviado.

A verdade é que o sossego não durou mais que algumas horas: ao sair do êxtase notei que após a caçada eu não tinha sentido a menor dor de dente. Isso poderia significar que ele voltaria caso ela também voltasse. Quero crer que esse dilema seja frequente. Quem convive com os seres da sombra sabe muito bem que eles se apegam à vida assim que nós os tornamos necessários.

CARONE, Modesto. O cúmplice. Em: POE, Edgar Allan e outros. Histórias fantásticas. Coordenação geral e seleção de textos de José Paulo Paes; ilustrações de Júlio Minervino. São Paulo: Ática, 2002. p. 143-144. (Para Gostar de Ler, 21).

Fonte: Livro - APROVA BRASIL - Língua Portuguesa, 7º ano, 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2019, p.44-47.


Entendendo o Conto

1. O que é narrado no conto?

A aflição de uma personagem que evita o seu “outro” por causa do dente podre e dolorido.

2.O que há de incomum no conto lido?

O fato de a personagem ser atormentada por alguém que aparece quando seu dente começa a doer. De modo geral, quando uma pessoa sente dor, outras tentam ajudá-la e não se divertem com essa dor.

3. Releia este trecho do conto.

“Acaso ou não, topei na escada do quintal com a velha espingarda de repetição. Ela estava enterrada no pó, mas lá do fundo o metal emitia o brilho hipnótico de sempre. Nesse lance eu a revi na mão direita de meu pai comandando de longe o trabalho dos homens. Quando o velho morreu ela entrou no inventário da família e veio parar nas minhas mãos. Por insensibilidade ou falta de visão deixei-a de lado e nunca mais a vi. Suponho que só a malícia do tempo explique a sequência de gestos que me levaram a reavê-la na hora do perigo.”

• Copie do trecho todos os termos que se referem ao objeto encontrado, evitando a repetição da palavra espingarda.

Ela; a; ela; -a, a, -la.

 

4. Ao usar o pronome ele para referir-se à personagem, o narrador consegue torná-la mais

a) verídica.

b) misteriosa.

c) perigosa.

d) solitária.

5 A personagem “ele” é real ou pode ser uma alucinação do narrador? Por quê?

A personagem “ele” é real, pois pode ser um inimigo que vive na mesma casa que o narrador, ou que é uma alucinação, já que o narrador diz que “ele” surge do nada, sempre que a dor de dente começa.

6. Releia este trecho do conto.

“Ele estava sabendo que eu tinha um dente podre e dolorido, por isso passei a evitá-lo. Pode parecer estranho que alguém fuja de outro por causa de um dente estragado. Neste caso porém os motivos são específicos.

Em primeiro lugar porque ele vive à minha sombra; em segundo porque as semelhanças entre eu e ele são tantas que anulam os contrastes mais notórios. De fato quem olha de fora imagina que somos a mesma pessoa.

É claro que isso não passa de uma ilusão: basta ver a euforia que o acomete quando meu dente dói. Nessas ocasiões tenho a sensação de que o olho requintado de uma fera fica cruzando o caminho. Evidentemente ele desaparece logo que a dor some; mas ressurge com ímpeto dobrado assim que a gengiva começa a formigar.”

• O trecho que revela uma opinião sobre o fato “[...] quem olha de fora imagina que somos a mesma pessoa.” é

a) “Pode parecer estranho que alguém fuja de outro por causa de um dente estragado.”.

b) “[...] ele vive à minha sombra [...]”.

c) “[...] É claro que isso não passa de uma ilusão [...]”.

d) “Evidentemente ele desaparece logo que a dor some [...]”.

 

7. Narrado em primeira pessoa, o conto

a) contribui para que duvidemos dos fatos narrados.

b) ajuda a tornar a narrativa mais leve e descontraída.

c) faz com que tenhamos certeza de que os fatos ocorreram.

d) indica que os fatos se passaram em um passado distante.

 

8. Por que a história se passa à noite?

Os fatos se passam nesse período para tornar a história mais misteriosa.

9. Considerando as características do texto “O cúmplice”, por que podemos afirmar que se trata de um conto de mistério?

Porque a história provoca suspense, acontece à noite, seduz pelo desconhecido, apresenta um final inesperado, tem personagens em número reduzido e com comportamentos inusitados.

10. Releia o conto prestando atenção aos verbos.

• A maioria dos verbos empregados no texto está flexionada no presente, no pretérito ou no futuro?

A maioria dos verbos está flexionada no pretérito do indicativo (ou no passado).

11. A maior parte dos verbos está flexionada nesse tempo verbal porque os acontecimentos supostamente

a) já ocorreram.

b) ainda vão ocorrer.

c) são fictícios.

d) são misteriosos.

12. Releia este trecho do último parágrafo do conto.

“A verdade é que o sossego não durou mais que algumas horas: ao sair do êxtase notei que após a caçada eu não tinha sentido a menor dor de dente. Isso poderia significar que ele voltaria caso ela também voltasse.”

• Que sentido o uso das formas verbais destacadas, flexionadas no futuro do pretérito, dá ao texto?

As formas verbais flexionadas no futuro do pretérito expressam dúvida, hipótese, incerteza.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

FÁBULA: BURRICE - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 FÁBULA: BURRICE

              Monteiro Lobato

Caminhavam dois burros, um com carga de açúcar, outro com carga de esponjas.

Dizia o primeiro:

— Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa.

O outro redarguiu*:

— Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que hoje passaram por aqui.

— Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar outro.

— Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha ciência toda se resume em só imitar o que os outros fazem.

— Nem sempre é assim, nem sempre é assim… continuou a filosofar o primeiro.

Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera.

— E agora?

— Agora é passar a vau*.

O burro do açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga se ia dissolvendo ao contato da água, conseguiu sem dificuldade pôr pé na margem oposta.

O burro da esponja, fiel às suas ideias, pensou consigo:

— Se ele passou, passarei também — e lançou-se ao rio.

(Mas sua carga, em vez de esvair-se como a do primeiro, cresceu de peso a tal ponto que o pobre tolo foi ao fundo.)

— Bem dizia eu! Não basta querer imitar, é preciso poder imitar — comentou o outro.

MONTEIRO, Lobato. Burrice. Em ______. Fábulas. São Paulo:

Universo dos Livros, 2019.

Fonte: Livro - APROVA BRASIL - Língua Portuguesa, 7º ano, 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2019, p.42-3.


Glossário

* redarguiu: respondeu argumentando.

* vau: parte rasa do rio.

1. A fábula “Burrice” tem como tema principal

( A ) os perigos encontrados na estrada pela qual os burros precisavam passar.

( B ) a teimosia de um dos burros, que acreditava poder sempre imitar os outros.

( C ) o fato de o açúcar se dissolver quando entra em contato com a água.

( D ) o fato de as esponjas aumentarem de peso quando estão cheias de água.

2. No trecho “Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar outro.”, o termo destacado indica

( A ) lugar.

( B ) tempo.

( C ) modo.

( D ) causa.

domingo, 9 de maio de 2021

CRÔNICA: A IDADE DA PEDRA - CARLOS EDUARDO NOVAES - COM GABARITO

 CRÔNICA: A IDADE DA PEDRA 

     Carlos Eduardo Novaes

         A juventude parece ter descoberto algo de que sempre desconfiei: a vida é um recreio. Como disse uma gatinha de 17 anos entrevistada por um semanário: "só há duas coisas na vida: som e patins". Sendo assim, a juventude Zona sul vai em frente exibindo o seu invejável realce existencial. "O mundo seria muito mais saudável", afirma outra gatinha, "se os nossos governantes andassem de tênis e camiseta". Infelizmente, porém, a terra dos adultos continua sendo aquela coisa árida, sinistra e plúmbea. E é nesta praia que a garotada vai acabar desembarcando quando terminar a pilha da juventude. Tenho certeza de que esse é o momento mais difícil na vida de um jovem de hoje: atravessar a fronteira da juventude para a idade adulta, duas terras que nunca estiveram tão distantes. Sei que a experiência é traumatizante porque tenho um amigo que a viveu com seu filho de 20 anos. O garotão, Otávio, tinha trancado matrícula na faculdade havia dois anos e não queria nem saber: vivia na dele, curtindo adoidado um rock, praia, windsurf, patinação, gatinha, invariavelmente metido dentro do uniforme oficial dos gatões, jeans, camisetas e tênis. O mundo para ele era do tamanho de uma lantejoula. No dia em que fez 21 anos, o pai o chamou para uma conversa.

-- Escuta, filho, nós precisamos conversar. 

O garotão deslizava na sala de um lado para o outro experimentando seus novos patins. Nem era com ele. 

-- Escuta, filho -- repetia o pai, falando como se assistisse a um jogo de tênis: cabeça pra lá, cabeça pra cá --, nós precisamos ter uma conversinha. Você afinal está fazendo 21 anos e....

Otávio continuava patinando como se estivesse sozinho na sala. 

-- Filho, eu já estou ficando tonto. Quer fazer o favor de...

O garotão parou a um canto, fechou os olhos e começou a se contorcer, como se acompanhasse alguma música. O pai olhou à volta, apurou o ouvido e não escutou nada. A mulher entrou na sala. 

-- Cristina, ou o teu filho tá maluco ou eu tô ficando surdo. Olha só o jeitão dele...

A mãe foi ao filho, determinada, e tirou-lhe o headphone dos ouvidos. 

-- Tatá. escuta o  seu pai que ele tem uma coisa muito importante para lhe dizer.

O garotão deu um muxoxo e fez uma expressão de "que saco!"

-- Escuta, filho, eu não sei como lhe dizer... você está fazendo 21 anos... sei que é duro, mas... mas a vida é assim mesmo e...

-- Desembucha logo, coroa. Qual é? Hiiiiii...

-- O que quero lhe dizer, meu filho, é que agora... agora você já é um... como direi?... um adulto! 

A face de Otávio se contraiu como se tivesse recebido a pior notícia do mundo. Seus lábios ficaram brancos, os olhos arregalaram. Botou as mãos na cabeça e caiu num pranto convulso.

-- Não! Não! -- berrava. -- Um adulto, não! Eu não quero ser adulto. Eu não quero! Mamãe, eu não quero.

Correu para os braços da mãe e começou a chorar em seu ombro.

-- Eu lhe disse, Alfredo -- resmungou a mãe acariciando o filho soluçante. -- Você tinha que dar a notícia com cuidado... você traumatizou o garoto. 

-- Algum dia ele teria que saber, Cristina. 

-- Mas não é assim. Você tinha que ir preparando o garoto aos poucos. Você pensa que é fácil para um jovem que vê o mundo de um ringue de patinação, de cima de uma prancha de windsurf, de repente ouvir que já é um adulto? Saber que vai ter de votar? Preencher declaração de Imposto de Renda? Trabalhar? É duro, Alfredo, é duro... 

-- Mãe, eu não quero -- disse Otávio enxugando as lágrimas --, eu ainda não tô preparado para ser um adulto... deixa eu ficar mais uns cinco anos com a minha juventude... aos 26 eu prometo que serei um adulto... juro que serei um adulto... e dos bons. 

O pai foi inflexível.

-- Não, filho. Você tem que conhecer o outro lado da vida... A vida não é só som e patins. Eu arranjei um emprego. 

-- Um emprego? Mas pra quê, pai? Você ainda está trabalhando... Você ainda goza de boa saúde. Nós temos sido tão felizes assim: você e mamãe trabalhando e eu me divertindo. Alguém precisa se divertir nessa casa. 

-- Sinto muito, filho, mas não vou ficar sustentando um marmanjo de 21 anos. 

-- Por que não? -- esbravejou o garotão. -- Você me botou no mundo. Eu não tive escolha. Agora aguenta. Além do mais, você devia se sentir orgulhoso de financiar a minha vida: sou o melhor patinador que tem no Roller. 

O pai, um economista influente, disse que ele iria trabalhar no gabinete da presidência da Petrobrás. Acrescentou que começaria hoje no trabalho, portanto deveria tirar o calção e vestir uma roupa para se apresentar ao chefe do gabinete. Otávio, sem conseguir esconder o pânico por ter virado adulto, foi ao quarto e voltou de jeans, camiseta e um tênis todo sujo. 

-- É assim que você tá pensando em se apresentar na Petrobrás?

-- Por que não? Vou assim a todos os lugares. Nunca usei outra roupa.

-- Escuta, filho -- disse o pai tentando manter a calma --, você ia assim a todos os lugares quando era jovem. Agora você é um adulto...

-- Não precisa me lembrar isso toda hora, pai -- respondeu Otávio ameaçando chorar novamente. 

-- O mundo dos adultos é diferente -- prosseguiu o pai explicativo. -- Para você poder entrar, ele exige traje passeio completo. Vai lá dentro e bota o terno que sua mãe comprou. 

Mas eu nunca botei um terno... Por quê? Por que tem que ser de terno? Eu não entendo... por quê? 

-- Porque é assim que os adultos andam, filho. Os adultos são pessoas sérias, honestas, incorruptíveis, democráticas, pacifistas... devem usar roupas adequadas...

-- Ou será que os adultos usam essas roupas exatamente para dar a impressão de que eles são tudo aquilo que não são?

-- Vai, vai, filho. Depois nós conversamos sobre isso. Vamos ter muito que conversar. Você é um recém-chegado no mundo dos adultos. Está confuso, ainda tem muito que aprender. Vá botar o terno.

Novamente o filho foi e voltou. Finalmente estava tudo no seu lugar, apesar de o garotão andar todo torto. 

-- Excelente, filho. Agora estou orgulhoso de você, você tá com cara de adulto. Pode ir para o seu trabalho... e boa sorte. 

O garotão saiu caminhando todo duro. O pai foi ao seu quarto, colocou um tênis, uma camiseta, um jeans, pegou os patins de Otávio e foi saindo de mansinho. A mulher flagrou-o da porta da cozinha. 

-- Que é isso, Alfredo? Aonde é que você vai assim? 

-- Cristina, alguém precisa se divertir nessa casa. 

                                                                 (Carlos Eduardo Novaes)

 Entendendo o texto

1)   Numere as colunas de acordo com os significados das palavras destacadas nas frases:

(1)”...a terra dos adultos continua sendo aquela coisa árida, sinistra e plúmbea.”

(2)”Sei que a experiência é traumatizante porque tenho um amigo que a viveu com seu filho de 20 anos”.

(3)”A face de Otávio se contraiu como se tivesse recebido a pior notícia do mundo”.

(4)”Botou as mãos na cabeça e caiu num pranto convulso.”

(5)”O pai foi inflexível”.

(  5   )    resistente                    ( 1  ) perturbadora

(   2  )    apertou                       (  4  ) cinzenta

(   3  )    nervoso

2)   Segundo o autor, existem algumas diferenças entre o mundo dos jovens e dos adultos: Identifique três delas.

No mundo adulto, tem-se que votar, preencher declarações de imposto de renda e trabalhar duro.

3)   O “uniforme oficial” do jovem simboliza para a juventude...

·        Marque (x) as alternativas CORRETAS:

(A)   a liberdade de ser o que quer;

(B)   uma convenção social;

(C)    o desejo de ser diferente;

(D)    a descontração necessária às suas ações;

(E)   uma forma de rebeldia.

4)   A crônica apresenta certos exageros que a tornam um texto humorístico. Relacione três fatos que justifiquem a afirmativa.

O filho afirma que o pai deveria sentir orgulho em financiá-lo; o filho se arruma de jeans e tênis para se apresentar no trabalho; o pai resolve se divertir nos patins do filho.

5)   Explique a dificuldade do Otávio de atender ao pedido do pai em relação à sua aparência na hora de ir à Petrobrás para ser entrevistado.

Otávio, até então, nunca havia vestido um terno na vida e não conseguia entender o motivo de ter que se apresentar assim para o trabalho.

6)   “Novamente o filho foi e voltou. Finalmente estava tudo no seu lugar”.

·        Marque (x) nas respostas CORRETAS:

Em relação à mudança sofrida pelo jovem...

(A) Ele já estava preparado para o novo emprego;

(B) Ele parecia um peixe fora d’água;

( C)Ele apenas correspondia aos interesses do mundo adulto;

     (D)Ele necessitava de um tempo para se adaptar.

     (E)Ele já estava pronto para enfrentar a vida adulta.

  7) Marque a melhor resposta.

·        O comportamento do pai no final do texto demonstra:

(A)O cansaço do pai em ser tão responsável e adulto;

(B)Os adultos gostariam de viver como os jovens sem grandes obrigações;

(C)                Trocou-se para ir ao supermercado;

(D)                Usou uma roupa descontraída porque ficaria em casa mesmo;

(E)O quanto a vida adulta exige responsabilidades.

 

8)Explique a metáfora contida na primeira frase do texto: “a vida é um recreio”.

A vida é vista como um período de diversão, lazer.

 

REPORTAGEM: ÊXODO MILLENNIAL- JOVENS BRASILEIROS QUEREM ABANDONAR O PAÍS - JULIANA CONTAIFER - COM GABARITO

 Reportagem: Êxodo millennial: jovens brasileiros querem abandonar o país

Pesquisa revela ainda que entre adultos, o desejo atinge 43% da população

Juliana Contaifer

23/06/2018 5:12, Atualizado 23/06/2018 14:52

        Em busca de uma nova realidade e com o passaporte em mãos. É isso que boa parte da juventude brasileira idealiza em 2018. De acordo com pesquisa feita pelo Datafolha divulgada no dia 17 de junho, o Brasil vive um verdadeiro êxodo de talentos.

        O movimento de jovens que pretendem deixar o país e tentar a vida fora das fronteiras vem aumentando há anos, mas agora atinge um nível alarmante. Entre os entrevistados com idades entre 16 e 24 anos, 62% afirma que trocaria a nação se tivesse condições. Quando consideram-se apenas pessoas com mais de 16 anos, a porcentagem é de 43%, o que significaria cerca de 70 milhões de brasileiros prontos para deixar tudo para trás.

        A falta de esperança no cenário político, a crise econômica que, desde 2014, não mostra sinais de melhora e o baixo incentivo em educação e pesquisa são algumas das razões que têm levado o jovem brasileiro a desistir do próprio país. E a vontade não fica apenas no campo das intenções: em 2017, foram entregues 21,7 mil declarações de saída definitiva do Brasil à Receita Federal (em 2011, o número foi de 8,1 mil pessoas). [...]

        Em primeiro lugar na lista de locais preferidos, estão os Estados Unidos. Daniel Resenthal, diretor da InvestUS360 (plataforma que oferece ajuda a quem quer morar ou investir nos Estados Unidos), firma que as famílias de jovens com filhos são os que mais procuram a empresa por querer estabilidade, tranquilidade e esperança em um futuro mais promissor.

        “Nossos clientes não suportam mais a crise política e suas anuências, como corrupção, carga tributária e insegurança jurídica. Esses pontos têm gerado uma instabilidade econômica que, por sua vez, causa falta de perspectivas de dias melhores a curto prazo. O brasileiro está cansado e jogando a toalha”, afirma. Rosenthal explica ainda que a maioria das pessoas quer ir embora em definitivo, mas ainda planeja muito mal a mudança. E sua empresa encaminha as demandas para parceiros especializados.

Fuga de cérebros

        A pesquisa do Datafolha afirma que 56% das pessoas com ensino superior e 48% das que têm nível médio também optariam por morar fora do país. E, segundo Rosenthal, alguns de seus clientes são executivos, pesquisadores e profissionais qualificados. “Há falta de investimento na área de pesquisa e desenvolvimento e, consequentemente, os profissionais não conseguem realizar projetos, se frustram e acabam desistindo ou do Brasil ou da carreira”, alerta.

        Para ele, uma das preocupações mais latentes é a de que até jovens que ainda não têm curso superior estão sem esperança e querendo ir embora (o que ajuda a justificar a alta porcentagem da pesquisa entre 16 e 24 anos). “Teremos uma perda irreparável de fuga de cérebros que são importantes para o desenvolvimento e a reestruturação de um novo Brasil”, diz. [...]

CONTAIFER, Juliana. Êxodo millennial: jovens brasileiros querem abandonar o país. Metrópoles, 23 jun. 2018. Disponível em: https://bit.ly/2DQSBQN. Acesso em: 29 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 73-4.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o assunto central da reportagem?

      A vontade de boa parte da juventude brasileira tem de sair do país, em busca de melhores condições de vida.

02 – Releia a fala de um dos entrevistados:

        “Nossos clientes não suportam mais a crise política e suas anuências, como corrupção, carga tributária e insegurança jurídica. Esses pontos têm gerado uma instabilidade econômica que, por sua vez, causa falta de perspectivas de dias melhores a curto prazo.”

a)   Houve alguma mudança no cenário político, econômico e social brasileiro de 2018, ano em que a reportagem foi escrita, até hoje? Dê sua opinião.

Resposta pessoal do aluno.

b)   A perspectiva dos jovens de dias melhores a curto prazo aumentou ou diminuiu de lá para cá?

Resposta pessoal do aluno.

03 – Que relação o subtítulo “Fuga de cérebros” estabelece com o assunto que é desenvolvido nos parágrafos que vêm depois dele?

      Conforme o que se coloca nesses parágrafos, a falta de investimentos em educação e também a falta de esperança fazem com que 56% das pessoas com ensino superior, 48% das que tem nível médio e até jovens que ainda não têm curso superior queriam morar fora do país. Essas pessoas, segundo o entrevistado Daniel Rosenthal, “são importantes para o desenvolvimento e a reestruturação de um novo Brasil.”

04 – De que modo o assunto dessa reportagem se relaciona com o tema Adolescer desse capítulo?

      A preocupação com o futuro profissional, um dos assuntos abordados na reportagem, faz parte das questões que surgem na adolescência.

05 – Releia a oração: “[...] o Brasil vive um verdadeiro êxodo de talentos.”

a)   O verbo viver, nessa oração, é transitivo direto ou indireto?

Transitivo direto.

b)   Como se classifica o complemento verbal um verdadeiro êxodo de talentos?

Classifica-se como objeto direto.

06 – Releia esta oração: “Esses pontos têm gerado uma instabilidade econômica [...]”.

a)   Qual é o predicado dessa oração e como se classifica?

O predicado verbal é têm gerado uma instabilidade econômica.

b)   Qual é o núcleo do predicado?

O núcleo do predicado é têm gerado.

c)   Esse núcleo constitui-se de uma perífrase verbal? Explique.

Sim. A forma verbal têm gerado é formada pelo verbo auxiliar ter e pelo verbo principal gerar no particípio. Trata-se de uma perífrase verbal ou locução verbal.

d)   O que a locução verbal têm gerado expressa?

I – Uma ação passada concluída.

II – Uma ação passada e constante.

III – Uma ação presente e constante.

e)   Para expressar uma ação acontecida no passado, de que modo a locução têm gerado deve ser escrita? Como ficará a oração destacada?

Tinham gerado – Esses pontos tinham gerado uma instabilidade econômica [...].

 

       

 

REPORTAGEM: HIPERCONECTIVIDADE PODE AFETAR CONVÍVIO SOCIAL NA ADOLESCÊNCIA - DIÁRIO DO NORDESTE

 Reportagem: Hiperconectividade pode afetar convívio social na adolescência

          Adolescentes lideram o ranking no uso de celulares e internet, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Diário do Nordeste – 16:00 – 08/08/2018

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os adolescentes lideram o ranking no uso de celulares e internet. Porém, a hiperconectividade em uma idade tão precoce, em que o cérebro ainda está em desenvolvimento, pode ser mais perigoso do que se imagina. Segundo a neuropsicóloga Thaís Quaranta, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), um dos aspectos mais prejudicados relacionados ao uso excessivo do celular na adolescência é o desenvolvimento das habilidades sociais e afetivas.

        “A tecnologia tem seus benefícios. Entretanto, o uso excessivo, em uma idade em que o indivíduo ainda está em formação, pode acarretar em problemas na interação social, aumentar a solidão, o risco de desenvolver depressão, além de outras condições, como a dependência da internet, reconhecida com um Transtorno do Controle de Impulsos”.

Um mundo paralelo

        “O que vemos no dia a dia são adolescentes que trocam encontros pessoais e deixam de sair para usar as redes sociais. Acabam até mesmo se isolando do próprio convívio familiar para viver numa espécie de mundo “paralelo”. O mundo real se confunde com o mundo virtual. Procuram lidar com os sentimentos, típicos dessa fase da vida, com os amigos ‘virtuais’ ou ainda com recursos que encontram na internet, que, infelizmente, nem sempre são confiáveis ou os mais indicados”, comenta a neuropsicóloga.

        A verdade é que o uso sem moderação da tecnologia só reforça ainda mais o isolamento social, além de interferir no desenvolvimento das habilidades sociais, que são cruciais para a vida adulta.

        Thaís lembra que é justamente na adolescência que o convívio social se amplia. “Os adolescentes que trocam a vida real pela virtual têm sua capacidade de socialização comprometida e isso irá se refletir, por exemplo, na vida profissional e nos relacionamentos afetivos quando chegarem na vida adulta”.

Riscos

        Uma pessoa que na adolescência teve oportunidades de construir relacionamentos sociais reais e usou a tecnologia dentro dos limites, certamente irá levar essas habilidades para a fase adulta.

        “Por outro lado, o uso excessivo da tecnologia por adolescentes pode levar ao desenvolvimento de características como comportamento antissocial, agressividade, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, problemas de aprendizagem e dependência da internet”, ressalta a psicóloga.

        Thaís lembra ainda que o uso desmedido da tecnologia e sem controle dos pais, pode incentivar o bullying e o acesso a conteúdos inapropriados para menores de idade.

Porto Seguro

        A família é e sempre deve ser o porto seguro para o adolescente. Ao contrário do que se possa pensar, é justamente nessa fase da vida que os pais devem prestar mais atenção aos comportamentos dos filhos e impor limites e regras.

        “Muitos pais trabalham fora de casa e não conseguem acompanhar o que o filho adolescente faz durante o dia. Entretanto, é preciso encontrar maneiras de estabelecer limites para tudo, não só para o uso das tecnologias. Os pais também precisam dar o exemplo, ou seja, não adianta exigir que o adolescente não use o celular o tempo todo se os pais não largam o aparelho nem para comer”, reflete Thaís.

        Veja algumas dicas da neuropsicóloga para os pais:

        Idade: A maioria das redes sociais exige que a pessoa tenha mais de 18 anos para entrar. Porém, se seu (sua) filho (a) tem um perfil e é menor de idade, lembre-se que você é responsável. Assim, tenha acesso ao login e senha e monitore o acontece por lá.

        Tempo: Estabeleça um tempo por dia para usar o celular, jogar videogame, etc. Lembre-se de não abrir exceções. Se for o caso, retire o dispositivo do adolescente se as regras não forem respeitadas.

        Controle: Procure pelo histórico de acessos aos sites que tipo de conteúdo o adolescente acessa. Hoje, há alguns aplicativos que ajudam a bloquear certos conteúdos. Além disso, é bom entender que tipo de informação é procurada.

        A melhor estratégia é você manter com o adolescente uma relação de confiança, respeito e autoridade. Converse, entenda as dificuldades do momento, procure ajudar como puder.

        Incentivo: Procure incentivar os encontros pessoais com os amigos, com familiares, etc. Planeje programas que possibilitem conhecer pessoas novas para que o adolescente possa treinar sua socialização fora do ambiente virtual.

        Fale com a escola: Não espere as reuniões para saber se está tudo bem na escola. Ligue, mande e-mail, procure os coordenadores para verificar o andamento escolar, o comportamento, as amizades. Inclusive, várias escolas usam aplicativos que facilitam essa comunicação.

        Ajuda especializada: Como dizem por aí, os pais não nascem com manual de como serem pais. Então, se você percebeu que a situação está fora do controle, procure um psicólogo. O profissional está qualificado para orientar os pais, assim como para trabalhar as dificuldades junto ao adolescente.

        “A tecnologia existe e pode ser usada de forma positiva. Proibir não é o caminho. É preciso ensinar o adolescente a usar de forma consciente e responsável, com limites e regras bem delimitados”, conclui Thaís.

HIPERCONECTIVIDADE pode afetar convívio social na adolescência. Diário do Nordeste, Fortaleza, 8 ago. 2018. Disponível em: https://bit.ly/2Fgth7z. Acesso em: 29 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 49-52.

Entendendo a reportagem:

01 – Leia o título do texto. O termo hiperconectividade está associado a que tipo de comportamento?

      O termo está associado ao uso constante da internet, quando a pessoa passa a maior parte do dia ou mesmo o dia todo conectado.

02 – Nesse título, o termo está relacionado à adolescência. A hiperconectividade nessa fase da vida é positiva ou negativa?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Qual é o assunto principal dessa reportagem?

      O uso exagerado de celulares e internet pelos adolescentes e os prejuízos desse comportamento ao desenvolvimento das habilidades sociais e afetivas.

04 – De acordo com o texto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam a liderança dos adolescentes no ranking de uso de celulares e internet. A realidade apontada pela pesquisa lhe surpreende? Explique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – De acordo com a neuropsicóloga Thaís Quaranta, de que modo a tecnologia pode levar ao desenvolvimento de comportamento antissocial, agressividade, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, etc.?

      Quando usada de forma excessiva.

06 – No texto há uma afirmação de que há adolescentes que confundem o mundo real com o mundo virtual vivendo numa espécie de mundo “paralelo”. Como isso acontece?

      Os adolescentes se isolam do convívio familiar e buscam amigos virtuais ou recursos que encontram na internet para lidar com seus sentimentos.

07 – Releia o trecho a seguir:

        Uma pessoa que na adolescência teve oportunidades de construir relacionamentos sociais reais e usou a tecnologia dentro dos limites, certamente irá levar essas habilidades para a fase adulta.”. Você se vê capaz de exercitar ou já exercita as habilidades destacadas nesse trecho?

      Resposta pessoal do aluno.

08 – Ainda que no texto a neuropsicóloga aponte algumas dicas para os pais, o que está em foco nessa orientação é seu comportamento diante do uso da tecnologia. Observe a dica relacionada ao tempo de uso do celular, jogos, entre outros:

        Tempo: Estabeleça um tempo por dia para usar o celular, jogar videogame, etc. Lembre-se de não abrir exceções. Se for o caso, retire o dispositivo do adolescente se as regras não forem respeitadas.”. Em sua opinião, esse limite é necessário? Justifique.

      Resposta pessoal do aluno.

09 – Leia as informações do quadro a seguir sobre o gênero textual reportagem:

        A reportagem é um gênero textual do campo jornalístico e mediático que traz informações sobre fatos de interesse público, podendo incluir depoimentos, dados estatísticos, análises de dados e pesquisa, opiniões e interpretações do autor, entrevistas, relação de causa e consequência, entre outros, com vista a aprofundar as informações que compõem o texto.

        O que difere uma reportagem de uma notícia é o fato de que, na reportagem, o texto não visa necessariamente abordar um assunto pontual, algo que esteja acontecendo no momento em que está sendo noticiado, podendo ser lida vários anos depois e mesmo assim continuar interessante.

Considerando que a reportagem lida foi escrita em 2018 e que a pesquisa do IBGE a que faz referência foi realizada em 2016, responda:

a)   O tema abordado no texto lido é de interesse público? Explique.

Sim. O tema é de interesse público porque aborda um assunto que envolve os adolescentes e pais de maneira geral. É uma espécie de alerta contra o uso sem moderação da tecnologia.

b)   Mesmo decorrido esse tempo, o assunto desenvolvido na reportagem continua a despertar interesse?

Resposta pessoal do aluno.

c)   Em sua opinião, a informação de que os adolescentes lideram o ranking no uso de celulares e internet ainda prevalece? Houve alterações no perfil do jovem brasileiro desde então? Pesquise se, nesse intervalo, alguma outra pesquisa com a mesma abrangência sobre esse perfil chegou a ser publicada. Se sim, compare com os colegas e o professor os dados apresentados na reportagem lida com os dados divulgados nessa investigação mais recente.

Resposta pessoal do aluno.