sexta-feira, 24 de julho de 2020

CRÔNICA: TER OU NÃO TER NAMORADO, EIS A QUESTÃO - ARTUR DA TÁVOLA - COM GABARITO

Crônica: Ter ou não ter namorado, eis a questão

                   Artur da Távola

     Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.

    Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

        Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.

        Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

        Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.

        Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.

        Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

        Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

        Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

        Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.

        Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

        Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.

        Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

        Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.

                  (Artur da Távola. In: Joaquim Ferreira dos Santos (Org.) As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 244-245.)

Entendendo a crônica:

01 – Para o autor, só sabe o que é namorar quem:

a)   Cultiva o hábito de fazer poesia.

b)   Entra em sintonia com o outro no plano das sensações.

c)   Distingue o que é concreto do que é abstrato.

d)   Vivencia as sensações do amor sem se entregar.

e)   Sabe teorizar sobre os seus sentimentos.

02 – “Enlou-cresça”. O neologismo em questão sintetiza o seguinte pensamento:

a)   Só é possível crescer se a vida não fizer nenhum sentido.

b)   O sentido da vida se constrói a partir do crescimento intelectual.

c)   O crescimento e loucura são considerados processos incompatíveis.

d)   O sentido da vida se dá pela tensão entre crescimento e loucura.

e)   O sentido da vida é construído por meio da loucura.

03 – Em: “... mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lodo dele a gente treme...”, a conjunção destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por:

a)   Se, já que impõem uma condição para a relação amorosa.

b)   Pois, já que introduziu uma justificativa para a emoção do ser amoroso.

c)   Logo, já que o período demonstra a determinação do ser amoroso.

d)   Entretanto, já que o período mostra uma incoerência do ser amoroso.

e)   Como, já que introduz a descrição do comportamento do ser amoroso.

04 – “Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter namorado”. Segundo as ideias do autor, sobre os termos destacados, não se pode afirmar que:

a)   Os quatro primeiros opõem-se, em significado, ao último.

b)   São vocábulos diferentes para a mesma significação.

c)   Exercem funções sintáticas distintas, de acordo com a posição.

d)   São utilizados por grupos sociais distintos para definir “namorado”.

e)   O último relaciona-se com o verbo da segunda oração na função de sujeito.

05 – No sexto parágrafo, a sequência de formas verbais, no Imperativo, denota um(a):

a)   Treinamento.

b)   Aconselhamento.

c)   Ordem.

d)   Solicitação.

e)   Ponderação.

06 – “Se você não tem um namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário...”. Com o emprego do vocábulo destacado, neste contexto, o narrador sugere que:

a)   No momento, ele está imaturo para amar.

b)   Algumas pessoas não merecem ser amadas.

c)   Qualquer leitor(a) pode vir a ter um namorado.

d)   Todos os momentos da vida são propícios ao amor.

e)   No momento, o leitor(a) não está preparado(a) para namorar.

07 – Marque a alternativa em que a ocorrência da preposição destacada não apresenta valor gramatical.

a)   “... basta um olhar de compreensão...”.

b)   “A proteção dele não precisa...”.

c)   “... mistério do outro dentro dos olhos dele...”.

d)   “... pela lucidez do amor”.

e)   “... ruas de sonho...”.

08 – Em que alternativa um dos termos, se apresenta sintaticamente diferente dos demais?

a)   “... basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição”.

b)   “Não tem namorado quem não gosta de dormir...”.

c)   “... alguém que tirou férias não remuneradas...”.

d)   “... redescobre a criança própria...”.

e)   “... namorado de verdade é muito raro”.

09 – No trecho: “Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo”, o sentido da expressão em destaque só não se aplica a:

a)   Privar-se de férias não pagas.

b)   Abdicar gratuitamente de si mesmo.

c)   Renunciar em vão a si mesmo.

d)   Despojar-se inutilmente de si mesmo.

e)   Esvaziar-se a troco de nada.

10 – De acordo com o texto, para conseguir namorar alguém, é necessário:

a)   Pedir autorização aos pais.

b)   Fazer pactos de amor com a infelicidade.

c)   Temer o afeto e o carinho.

d)   Escovar a alma de leve fricções de esperança e abrir o coração.

e)   Esquecer-se da sua criança própria.

11 – O trecho: “Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho”, aponta um indício para dizer que ter namorado é:

a)   Em tempo algum ter lanchado na padaria.

b)   Jamais ter temido o pai.

c)   Nunca ter ido ao cinema à tarde.

d)   Não ter tomado chuva.

e)   “Decretar feriado” por conta própria.

12 – Em: “Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de curar”, o conectivo em destaque expressa ideia de:

a)   Condição.

b)   Concessão.

c)   Comparação.

d)   Causa.

e)   Consequência.

13 – Em: “Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques (...)”, as palavras sublinhadas no período referem-se ao antecedente:

a)   “Mistério”.

b)   “Criança”.

c)   “Namorado”.

d)   “Amado”.

e)   “Parques”.

14 – No trecho: “Se você ainda não tem namorado, é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido”, a “loucura” é associada a:

a)   Paixão.

b)   Coragem.

c)   Esquisitice.

d)   Desequilíbrio.

e)   Alegria.

 

 


TEXTO: O AUDAZ POETA DOS MUNDOS SUBMERSOS - JACQUES COUSTEAU - COM GABARITO

Texto: O audaz poeta dos mundos submersos

            Jacques Cousteau

 Intuição para negócios e boas relações

   Ele tinha paixão, inteligência, perseverança, ousadia e tino comercial. Além disso, Jacques Yves Cousteau era romântico: “Não sei por que amo o mar. É físico. Quando você mergulha, começa a sentir-se um anjo. É a liberação do peso”, explicou. Com a primeira mulher, Simone (1919-1990), filha de empresário, Cousteau teve dois filhos, que criou meio peixes: Philippe (1940-1979), morto em acidente aéreo, a quem deu emocionado sepulcro no mar. E Jean-Michel (58). Graças ao sogro, Cousteau pôde, em 1943, criar o Aqualung com o engenheiro Emile Gagnan. Era uma válvula que permitia ao mergulhador respirar com um cilindro de ar comprimido às costas. A invenção, simples, abriu a rota para o novo universo. Mais tarde, desenvolveu o propulsor a jato para um homem. Após a Segunda Guerra Mundial, Cousteau recebeu a Legião de Honra: fora espião da Resistência, ao contrário do irmão Pierre, condenado como colaborador dos nazistas. E já filmara debaixo d’água, proeza inédita. Mas a carreira de aventuras e defesa do meio ambiente decolou quando o estúdio de cinema Universal Pictures comprou filmes seus. Cousteau sabia que precisava de patrocinadores. Em 1950, contatou o milionário inglês Loel Guiness para que lhe comprasse um velho caça-minas, que batizou de Calypso. Tornou-o um laboratório de última geração, equipado com a primeira filmadora submarina do mundo, construída para ele pelo Massachusetts Institute of Technology, dos EUA. E, quando precisou de uma base de operações, procurou Rainier e a princesa Grace Kelly de Mônaco. Obteve a chefia do instituto oceanográfico do principado.

          Novas núpcias com namorada oculta

        Cousteau nasceu em 1910 em Saint-André-de-Cubzac, na França, filho de advogado rico. Com 17 anos foi expulso da escola: quebrara dezessete vidraças. Um acidente de carro lesou seus braços; para recuperá-los, nadava. Um dia, pôs óculos contra o sal. “Meus olhos abriram-se para o mar. Às vezes temos a sorte de sentir que nossa vida mudou, de nos abrir à nova vida. Sucedeu comigo”, disse.

        O primeiro documentário, O Mundo do Silêncio, de 1951, com peixes de inigualável colorido, foi no mar Vermelho. O livro vendeu 5 milhões de cópias. O filme levou três Oscar. Em 1968, a série O Mundo Submarino de Jacques Cousteau foi ao ar. Seus oitenta livros, as enciclopédias, os milhões de dólares das TVs americanas, os mais de 600 filmes deram-lhe dinheiro; fundou centros de pesquisa e divulgação marinha e foi muito homenageado. No início dos anos 90, casou-se com Francine Triplet (40). Tiveram a filha Diane (17) e o filho Pierre-Yves (15) enquanto ele ainda era casado com Simone. Aos cuidados dela fica a Equipe Cousteau, em Paris, que substituiu a Fundação Cousteau; e o término do navio Calypso 2, movido a turbo-velas – o Calypso, no qual percorreu o rio Amazonas em 1984, foi abalroado por um barco em Cingapura. O explorador teve críticos severos. Comprou lagostas em mercado e filmou-as como se estivessem no mar Vermelho, maltratou animais para filmá-los, emitiu insanidades do ponto de vista da ciência, era megalomaníaco, comportou-se mal com Simone. Mas sua ação como defensor do meio ambiente e o sonho de aproveitar a força das marés como energia permanecem. “O futuro da civilização depende da água. Imploro a todos, compreendam isso”, reiterou em janeiro.

 Revista Caras, ano IV, n. 27, 4 jul. 1997.

                           Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 154/5.

Entendendo o texto:

01 – O que Jacques Cousteau sentia em relação ao mar? Por quê?

      Cousteau era romântico. Disse não saber por que amava o mar. “É físico. Quando você mergulha, começa a sentir-se um anjo”.

02 – O que fez Jacques Cousteau de mais importante para a humanidade? Justifique.

      Criou o Aqualung, que permitia ao mergulhador respirar no fundo do mar, com um cilindro de ar comprimido às costas.

03 – Comente duas frases de Jacques Cousteau:

a)   “Não sei por que amo o mar. É físico. Quando você mergulha, começa a sentir-se um anjo. É a liberação do peso”.

b)   “O futuro da civilização depende da água. Imploro a todos, compreendam isso”.

Resposta pessoal do aluno.

 


TEXTO: GRAFIA ERA DIFERENTE MESMO! PASQUALE CIPRO NETO - COM GABARITO

Texto: Grafia era diferente mesmo!

            Pasquale Cipro Neto

    Você já leu algum texto escrito há muito, muito tempo, muito tempo, algo como um jornal de 1935?

      Seu avô já lhe disse que no tempo dele a grafia era diferente? Pois acredite, era mesmo!

     As pessoas mais velhas têm uma certa dificuldade para escrever porque na década de 40 houve uma profunda modificação na grafia das palavras da língua portuguesa.

        Adjetivos que indicam nacionalidade, como francês, inglês, eram escritos com z, sem acento: francez, inglez. Isso explica por que até hoje se veem restaurantes que servem "comida" chineza". Chinesa se escreve com s.

        Palavras terminadas em al, como jornal, geral, faziam o plural em aes: jornaes, geraes. Hoje se escrevem com i. (jornais, gerais).

        Era interessante o emprego das consoantes duplas, em palavras como elle, sabbado, annular, occasião, apparelho, etc. As sequências em ct e oç também existiam, em palavras como omnibus, activo, funcção.

        Quer mais? O ph era usado em telephone, physica, pharmacia. O grupo ph tinha o mesmo som do f.

        Usava-se a letra h entre as vogais, em palavras como comprehender, Jundiahy, que hoje se escrevem: compreender, Jundiaí, respectivamente.

        Bahia ficou com o h, para manter a tradição.

        Tenha paciência com o vovô e a vovó. E nada de arrumar desculpas.

        Desde que você nasceu, não houve nenhuma mudança ortográfica.

        Trate de aprender a grafar corretamente as palavras da nossa querida língua portuguesa.


Compare as diferenças:

attenção      -    atenção
machina      -    máquina
francez        -    francês
excellencia  -    excelência
sabbado      -    sábado
alumno        -    aluno
anno            -    ano
prompta       -    pronta.

Pasquale Cipro Neto. Folha de S. Paulo, 13 de set. 1997 (Folhinha).

                              Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 217/8-223.

Entendendo o texto:

01 – Você observou a propaganda do guaraná espumante? Ela traz alguma diferença com relação às dos dias de hoje? Em quê?

      Sim. As propagandas, a cada dia, tornam-se, por vezes, mais coloridas, chamativas e, acima de tudo, massificantes a ponto de o telespectador passar a ser um consumidor assíduo do produto.

02 – Você já teve oportunidade de folhear jornais antigos na biblioteca de sua casa, na da escola ou na de amigos? O que reparou?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Você entendeu por que certas pessoas têm dificuldade na grafia de determinadas palavras? Dê exemplos de acordo com o texto. Procure, no lugar em que você mora, se ainda há nomes de bares, casas de comércio, etc. Com grafia antiga. Pesquise e comente.

      “As pessoas mais velhas têm uma certa dificuldade para escrever porque na década de 40 houve uma profunda modificação na grafia das palavras da língua portuguesa.”

04 – A grafia facilitou sua vida? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

     

 

      


terça-feira, 21 de julho de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): OS MOLEQUE É LISO - MC RODOLFINHO - COM GABARITO

Música(Atividades): Os Moleque É Liso

            Mc Rodolfinho

Paparazzi ta de olho em nós
Boa fase, pré, ao vivo e pós
Tumultuou tudo e de novo passou batido
Ah os moleque é liso
[2x]

A história começou assim
Vi os vida louca contando dindim
Um rapper gringo embrasar no plim plim
Vou escrever uma história pra mim assim
Vou visitar esse shopping, adquirir umas peças da Oakley
Lançar um carro nome Amarok, um tênis Nike de modelo
Shok

Adquirir Calvin Klein, a Tommy, a Lacoste e as nota que vai
E antes que o bronze sai, o ouro e a prata e a benção do
pai
Anota aí, pode escrever, os humilhados sempre vão
vencer
E se você paga pra ver, estou ao vivo aqui pra te dizer

Paparazzi ta de olho em nós
Boa fase, pré, ao vivo e pós
Tumultuou tudo e de novo passou batido
Ah os moleque é liso
[2x]

A história começou assim
Vi os vida louca nadar no dindim
Um rapper gringo embrasar no plim plim
Vou escrever uma história pra mim assim
Vou visitar esse shopping, adquirir umas peças da Oakley
Lançar um carro nome Amarok, um tênis Nike de modelo
Shok


Adquirir Calvin Klein, a Tommy, a Lacoste é as nota que vai
Quando o dj soltar no akai, rebola gatona no colo do pai
Anota aí, pode escrever, onde nós cola faz o fuzuê
E no final eu e você, do baile funk lá pro meu apê

Paparazzi tá de olho em nós
Boa fase, pré, ao vivo e pós
Tumultuou tudo e de novo passou batido
Ah, os moleque é liso
[2x]

Entendendo a canção:

Depois de ouvir a canção, responda:

01 – Há ostentação nessa canção? De quê?

      Ostentação de carros, tênis, roupas e joias.

a)   Qual a marca de carro você reconhece nessa letra? Por que ele menciona essa marca?

Amarok. Porque é um carro caro.

b)   Na canção o que quer dizer “Os mlk é liso?

Os moleque é liso.

c)   Pela linguagem usada na canção:

·        Qual a idade aproximada de quem fala?

Dezesseis ou dezessete anos.

·        De que região do Brasil ele parece ser?

Osasco, zona oeste de São Paulo.

02 – Nesta canção são utilizadas várias gírias e expressões. Escolha três delas e apresente o que elas significam.

      Passou batido – passou sem perceber.

      Vida louca – viver uma vida sem regras, sem limites, cheia de aventuras e perigos.

      Apê – apartamento.

03 – Na canção há uma referência a mulher, marque na letra essa referência e responda:

·        Que tipo de mulher é citado na canção?

Uma mulher bonita, pois ele a chama de “gatona”.

04 – O que é valor para os homens na canção? Todos os homens pensam assim?

      Carro, óculos, Oakley, tênis Nike, roupas Calvin Klein, Tommy, Lacoste, joias (ouro e prata). Não. Não devemos generalizar.

05 – Encontre na canção. “Os mlk é liso” elementos que podemos identificar como sendo “ostentação”.

      Shopping, peças da Oakley, carro Amarok, tênis Nike de modelo Shok, roupas da Calvin Klein, Tommy e Lacoste.

06 – Você conhece outras canções que são funk ostentação? O que é falado nelas?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Pesquise e responda qual o significado de:

a)   Ostentar:

- Mostrar (-se) ou exibir (-se) como aparato, alardear.

- Apresentar (algo) (a outrem) de modo intencionalmente hostil; estampar, pavonear, vangloriar.

b)   Funk ostentação:

É um estilo musical brasileiro, criado no ano de 2008, na cidade de São Paulo. Considerado como uma vertente do funk carioca, o gênero desenvolveu-se primeiramente na Região Metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista, antes de alcançar proporções nacionais a partir de 2011. Os temas centrais abordados nas músicas referem-se ao consumo e a propriamente dita ostentação, onde grande parte dos representantes procura cantar sobre carros, motocicletas, bebidas e outros objetos de valor, além de fazerem frequentemente citações à mulheres e ao modo de como alcançaram um maior poderio de bens materiais exaltando a ambição de sair da favela e conquistar os objetivos.

 


POEMA: BIBLIOTECA VERDE - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: BIBLIOTECA VERDE

              Carlos Drummond de Andrade

– Papai, me compra a Biblioteca Internacional de Obras Célebres.

 São só 24 volumes encadernados em percalina verde.

– Meu filho, é livro demais para uma criança!...

– Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.

– Quando crescer, eu compro. Agora não.

– Papai, me compra agora. É em percalina verde, 

Só 24 volumes. Compra, compra, compra!...

– Fica quieto, menino, eu vou comprar.

 

– Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel.

Me mande urgente sua Biblioteca

bem acondicionada, não quero defeito.

Se vier com um arranhão, recuso. Já sabe:

Quero a devolução de meu dinheiro.

– Está bem, Coronel, ordens são ordens.

 

  

Segue a Biblioteca pelo trem-de-ferro,

 

fino caixote de alumínio e pinho.

Termina o ramal, o burro de carga

vai levando tamanho universo.

 

Chega cheirando a papel novo, mata

de pinheiros toda verde.

 

Sou o mais rico menino destas redondezas.

(Orgulho, não; inveja de mim mesmo)

Ninguém mais aqui possui a coleção das Obras Célebres.

Tenho de ler tudo. Antes de ler,

que bom passar a mão no som da percalina,

 

esse cristal de fluida transparência: verde, verde...

Amanhã começo a ler. Agora não.

Agora quero ver figuras. Todas.

Templo de Tebas, Osíris, Medusa, Apolo nu, Vênus nua...



Nossa Senhora, tem disso nos livros?!...

 

Depressa, as letras. Careço ler tudo.

A mãe se queixa: Não dorme este menino.

O irmão reclama: Apaga a luz, cretino! Espermacete cai na cama, queima a perna, o sono.

Olha que eu tomo e rasgo essa Biblioteca

antes que pegue fogo na casa.

Vai dormir, menino, antes que eu perca a paciência e te dê uma sova.

Dorme, filhinho meu, tão doido, tão fraquinho.

Mas leio, leio... Em filosofias tropeço e caio,

cavalgo de novo meu verde livro,

em cavalarias me perco, medievo;

em contos, poemas me vejo viver.

Como te devoro, verde pastagem!...

Ou antes carruagem de fugir de mim

e me trazer de volta à casa

a qualquer hora num fechar de páginas?

 

Tudo que sei é ela que me ensina.

O que saberei, o que não saberei nunca,

está na Biblioteca em verde murmúrio

de flauta-percalina eternamente.

                               (Carlos Drummond de Andrade)

Entendendo o poema:

01 – No texto deparamo-nos com um leitor que “devora” os livros que lê. Mas se a biblioteca é para esse eu lírico um manancial de saber, por outro lado, decifrar o que nela está escrito não assegura a seu leitor um conhecimento de tudo o que ela traduz. A leitura não está unicamente inscrita no texto, pois ela depende da capacidade do leitor de atribuir sentidos ao que lê. O(s) verso(s) que melhor traduz(em) esta afirmação é(são):

a)   “– Meu filho, é livro demais para uma criança! ... / – Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.”.

b)   “... Antes de ler, / que bom passar a mão no som da percalina, / esse cristal...”.

c)   “Tudo que sei é ela que me ensina. / O que saberei, o que não saberei nunca, / está na Biblioteca em verde murmúrio”.

d)   “Amanhã começo a ler. / Agora não”.

02 – A expressão que se refere à Biblioteca Verde no plano denotativo é:

a)   “Mata / de pinheiros toda verde”.

b)   “Coleção / de Obras Célebres”.

c)   “Cristal / de fluida transparência”.

d)   “Verde pastagem”.

e)   “Carruagem / de fugir de mim”.

03 – O recurso gramatical utilizado pelo autor para reproduzir um diálogo pode ser demonstrado através:

a)   Do emprego de verbos irregulares.

b)   Das construções com uso de vocativos.

c)   Da predominância de orações coordenadas.

d)   Do emprego de verbos no modo imperativo.

e)   Do uso do pronome oblíquo na primeira pessoa do singular.

04 – Que crítica o poeta faz?

      Critica a leitura que o mandaram fazer na escola.

05 – Por que o menino estava motivado a ler a coleção de livros?

      Porque era relato de aventuras pelo narrador viajante, o que despertava o interesse do menino leitor.

 

 

 


POEMA: A AUSENTE - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

Poema: A AUSENTE

             Vinícius de Moraes

Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à ideia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranquilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...

Vinícius de Moraes

Entendendo o poema:

01 – No poema, o eu lírico:

a)   Queixa-se de um amor não correspondido.

b)   Demonstra sentimento de possessividade amorosa.

c)   Assemelha-se à “amiga”, como um espelho e sua imagem.

d)   Invoca a mulher pra compartilhar de seus apelos sensuais.

e)   Vê a figura feminina sob uma perspectiva dualista: angelical e sensual.

02 – Sobre o poema, é correto afirmar:

a)   O amor físico revela-se isento de sofrimento.

b)   A realidade focalizada é vista de uma forma objetiva.

c)   A mulher, na visão do eu lírico, aparece envolta em sensualidade e erotismo.

d)   A voz poético não encontra eco no coração do ser desejado.

e)   O sujeito poético – com a lembrança do mar – reprime a intensidade de seu desejo.

03 – Do ponto de vista estético, trata-se de um texto modernista porque:

a)   Apresenta uma linguagem aproximada a da prosa, livre de rima e de métrica.

b)   Adota uma atitude combativa a valores considerados falsos.

c)   Tenta conciliar o presente com o passado.

d)   Busca a originalidade a qualquer preço.

e)   Valoriza fatos e coisas do cotidiano.