sexta-feira, 8 de março de 2019

TEXTO: TIGRE-DE-BENGALA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Tigre-de-bengala

 Tigre-de-bengala fêmea maltratada em circo é resgatada e mostra incrível recuperação

        Debilitada, Aasha foi resgatada em 2011 pela veterinária Vicky Keahhey.
        Muitos animais são maltratados e criados em situações precárias nos circos em todo o mundo. Um desses animais é o tigre-de-bengala, que além de ser um dos felinos mais ameaçados de extinção, sofre com esse grave problema.
        Aasha, um filhote de tigre de nove meses, foi achado nessa situação. A fêmea pertencia a um circo itinerante e pesava apenas 13kg, sendo que esse é o normal para um filhote de três meses de idade.
        Aasha sofreu maus tratos pelos seus donos durante muito tempo, mas felizmente, Vicky Keahhey, veterinária e fundadora do Texas ‘In-Sync Exotics Wildlife Rescue and Educational Center, uma organização sem fins lucrativos que se dedica ao resgate de felinos que sofrem maus tratos e abusos, a resgatou. O animal está sob seus cuidados desde 2011.
        Vicky disse ao site The Dodo: “Aasha tinha queda de pelos que cobria quase todo o seu corpo e sua pele estava seca e rachada, com áreas escuras e sangrando”. Quando a fêmea foi encontrada, tinha as patas inchadas e vermelhas, o corpo coberto de micose e a barriga e cabeça quase sem pelos.
        Durante quatro semanas, Aasha tinha de tomar banho com medicamentos e duas vezes por dia tomava dois tipos diferentes de medicamento via oral.
        Tantos meses de cuidado, boa alimentação, esforço e amor fizeram com que o filhote começasse a se curar e ficar cada mais saudável. Eles até trouxeram um amigo, o Smugller, que ficou louco por ela. Hoje, os dois vivem no mesmo recinto e seguem em recuperação.

Disponível em: http://www.pensamentoverde.com.br.   Acesso em: 13/08/16.
Entendendo o texto:
01 – O texto lido é do gênero:
a) artigo científico
b) crônica
c) notícia
d) entrevista

02 – Todos os termos retomam o referente “Aasha”, exceto em:
a) a fêmea
b) ela
c) o filhote
d) esse animal

03 – No segmento “Durante quatro semanas, Aasha tinha de tomar banho com medicamentos e duas vezes por dia tomava dois tipos diferentes de medicamento via oral.”, a forma verbal destacada indica:
a) um desejo
b) uma obrigação
c) uma suposição
d) uma sugestão

04 – No trecho “Aasha, um filhote de tigre de nove meses, foi achado nessa situação.”, a sequência sublinhada funciona sintaticamente como:
a) predicativo do sujeito
b) adjunto adnominal
c) aposto
d) adjunto adverbial

05 – Na passagem “A fêmea pertencia a um circo itinerante e pesava apenas 13kg, sendo que esse é o normal para um filhote de três meses de idade.”, a vírgula introduz:
a) um gerúndio
b) uma inserção
c) uma inversão
d) uma enumeração

06 – No segmento “Aasha sofreu maus tratos pelos seus donos durante muito tempo, mas felizmente, Vicky Keahhey […]”, a conjunção grifada indica uma:
a) conclusão
b) oposição
c) condição
d) explicação

07 – No trecho “Hoje, os dois vivem no mesmo recinto e seguem em recuperação.”, a forma destacada substitui: 
      “Aasha” e “Smugller”.


quarta-feira, 6 de março de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): LUA BRANCA - (CHIQUINHA GONZAGA) - CRISTINA MOTTA - COM GABARITO

Música(Atividades): Lua Branca

                      Chiquinha Gonzaga

Oh, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto

Ai, vem matar essa paixão que anda comigo
Oh, por quem és desce do céu, oh lua branca
Essa amargura do meu peito, oh, vem, arranca

Dá-me o luar de tua compaixão
Oh, vem, por Deus, iluminar meu coração
E quantas vezes lá no céu me aparecias

A brilhar em noite calma e constelada
E em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada

E ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo
Ela partiu, me abandonou assim
Ó, lua branca, por quem és, tem dó de mim

Ai por que és, desce do céu, ó lua branca!
Essa amargura do meu peito, ó, vem, arranca!
Dá-me o luar da tua compaixão
Ó vem, por Deus, iluminar meu coração!
                                                  Composição: Chiquinha Gonzaga
Entendendo a canção:
01 – Qual o título da canção?
      Lua Branca.

02 – Quem a compôs?
     Chiquinha Gonzaga.

03 – Pesquise no dicionário e copie o significado da palavra “pranto”.
      Pranto – ato de chorar, choro.

04 – Para você, o que significa “Vem tirar dos olhos meus o pranto”?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Pesquise no dicionário e copie o significado das palavras: fulgores, compaixão, amargura, constelada e pejo.
      Fulgores: luzes, brilhos, cintilações, clarões, luminâncias, resplendores.

      Compaixão: sentimento de pesar, de tristeza. Causado pela tragédia alheia e que desperta vontade de ajudar, de confortar quem dela padece.

      Constelada: O mesmo que crivada, estrelada, salpicado de estrelas.

      Pejo: pudor, sentimento de vergonha ou de acanhamento diante de amargura; tristeza ou angustia; aflição.

06 – Copie da canção um substantivo próprio.
      Deus.

07 – Que sentimentos a canção despertou em você?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Sublinhe o verso que mostra que a pessoa perdeu o seu amor.
      “Ela partiu, me abandonou assim.”

09 – Para quem a pessoa pede para iluminar o seu coração?
      O eu lírico pede a lua branca para iluminar o seu coração.

POEMA: CARREGO COMIGO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO


Poema: Carrego comigo
              Carlos Drummond de Andrade

Carrego comigo
há dezenas de anos
há centenas de anos
o pequeno embrulho.

Serão duas cartas?
será uma flor?
será um retrato?
um lenço talvez?

Já não me recordo
onde o encontrei.
Se foi um presente
ou se foi furtado.

Se os anjos desceram
trazendo-o nas mãos,
se boiava no rio,
se pairava no ar.

Não ouso entreabri-lo.
Que coisa contém,
ou se algo contém,
nunca saberei.

Como poderia
tentar esse gesto?
O embrulho é tão frio
e também tão quente.

Ele arde nas mãos,
é doce ao meu tato.
Pronto me fascina
e me deixa triste.

Guardar um segredo
em si e consigo,
não querer sabê-lo
ou querer demais.

Guardar um segredo
de seus próprios olhos,
por baixo do sono,
atrás da lembrança.

A boca experiente
saúda os amigos.
Mão aperta mão,
peito se dilata.

Vem do mar o apelo,
vêm das coisas gritos.
O mundo te chama:
Carlos! Não respondes?

Quero responder.
A rua infinita
vai além do mar.
Quero caminhar.

Mas o embrulho pesa.
Vem a tentação
de jogá-lo ao fundo
da primeira vala.

Ou talvez queimá-lo:
cinzas se dispersam
e não fica sombra
sequer, nem remorso.

Ai, fardo sutil
que antes me carregas
do que és carregado,
para onde me levas?

Por que não me dizes
a palavra dura
oculta em teu seio,
carga intolerável?

Seguir-te submisso
por tanto caminho
sem saber de ti
senão que te sigo.

Se agora te abrisses
e te revelasses
mesmo em forma de erro,
que alívio seria!

Mas ficas fechado.
Carrego-te à noite
se vou para o baile.
De manhã te levo
para a escura fábrica

de negro subúrbio.
És, de fato, amigo
secreto e evidente.
Perder-te seria
perder-me a mim próprio.

Sou um homem livre
mas levo uma coisa.
Não sei o que seja.
Eu não a escolhi.

Jamais a fitei.
Mas levo uma coisa.
Não estou vazio,
não estou sozinho,
pois anda comigo
algo indescritível.
                                  Carlos Drummond de Andrade

Entendendo o poema:
01 – O que o poema diz que carrega?
      O poeta diz que carrega um embrulho.

02 – Identifique as várias características ou qualidades dadas ao embrulho.
      Ardido, doce, fascinante, triste e pesado.

03 – Você notou que algumas das qualidades do embrulho não são coisas concretas? Do que elas tratam?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Tratam de sensações e sentimentos que cada um carrega dentro de si.

04 – Em sua opinião, podemos dizer que o embrulho não é somente um pacote que alguém pode carregar consigo?
      Sim, o embrulho pode significar diversas coisas que trazemos conosco, não apenas as coisas concretas, que se podem pegar e ver, mas sentimentos, ideias e sensações.

05 – Que significado você acha que o embrulho tem no poema?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: significa a essência do ser humano ou do poeta, o que as pessoas carregam dentro de si, como: alegrias, medos, angustias, dúvidas, ou seja, tudo que faz um ser humano único.


CONTO: A ZEBRINHA PREOCUPADA - LÚCIA REIS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: A Zebrinha Preocupada

        Era uma vez uma Zebrinha listrada que vivia muito preocupada em uma savana africana. Como todas as outras zebras que viviam por lá, esta Zebrinha também tinha listras pretas e listras brancas que pareciam um belo pijama. Se não fosse por um pequeno detalhe, a Zebrinha não teria nenhum problema: suas listras eram deitadas. A Zebrinha ficava muito chateada. Por onde passava todo mundo comentava:
        – Lá vai ela, a Zebra de listras deitadas!
        A Zebrinha ficava tão triste que chorava. Até que um dia, a Zebrinha, no meio de um passeio, conheceu uma Girafa muito estranha. Como todas as outras girafas que viviam por lá, esta também era amarela com pintas marrons. Se não fosse um pequeno detalhe, a Girafa não seria estranha: suas pintas eram quadradas. Conversa vai, conversa vem, e a Zebrinha disse para a amiga nova o que a incomodava:
        – São todas estas listras deitadas!!! – Tremenda besteira! Tremenda bobagem! – respondeu a Girafa. – Eu gosto muito de ser quadriculada! – Ora bolas! Quer saber de uma coisa? Cansei de andar estressada. É isso mesmo, grande amiga Girafa! Em pé ou deitada, a posição da listra não é o que realmente interessa!
        – Então, Zebrinha, vamos acabar logo com esta história e vamos brincar depressa! E assim a Zebrinha nunca mais viveu preocupada!

                                                                                    Lúcia Reis
Entendendo o conto:
01 – De que fala o conto?
      Fala de uma zebrinha que vivia nas savanas Africanas.

02 – Qual o título do texto?
      A Zebrinha preocupada.

03 – Onde vivia a Zebrinha listrada?
      Na savanas Africanas.

04 – Por que a Zebrinha ficava muito chateada?
      Por que suas listras eram deitadas e por onde passava todo mundo comentava.

05 – Quem a Zebrinha conheceu certo dia?
      Uma girafa muito estranha.

06 – O que a girafa tinha de diferente?
      Suas pintas eram quadradas.

07 – Por que a Zebrinha deixou de ser preocupada?
      Porque conheceu uma girafa que não se importava de ter suas listras diferentes das outras.


CRÔNICA: PÉ DE GUERRA - DIRCEU QUINTANILHA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Crônica: Pé de guerra

        Zezinho gostaria que os soldados de brinquedo tivessem vida. Lutassem. Gostaria, sim. Até que um dia, no quintal, depois de cavar pequenas trincheiras, conforme vira no cinema do bairro, arrumou-os em posição de combate. Os canhões ficaram atrás.
        A imaginação trabalhou, violenta. As tropas inimigas, frente ao seu pequeno exército, foram vencidas de forma violenta em pouco tempo. Mas a sua vitória lhe trouxe imensa tristeza. Como consertar os inimigos quebrados? Zezinho sentiu que podia destruir: mas estava muito triste. Nem sequer comeu, naquele dia, o jantar que sua mãe preparara.
        -- Só um pouquinho.
        – Não quero.
        – Por que, menino?
        – Mãe…eu matei gente, hoje. Uma porção de soldados.
        – Quê?
        – Soldados sem perna. Sem cabeça. Sem braço. Foi horrível. Tenho vontade de chorar.
        – Que bobagem é essa?
        – Mãe…Você compra aquela ambulância na venda do Onofre? A que tem a cruz vermelha?
        – Para quê?
        – Para tratar deles. Vou fazer muletas de pau-de-fósforos.
        Zezinho teve febre. Chamaram o doutor. Ninguém entendia. Mas a guerra continuava na febre do menino.
        – Avançar! Primeiro canhão, fogo! Continuava a loucura bélica. (…) O médico falou:
        – Não entendo. Ele comeu alguma coisa na rua?
        – Não doutor. Brincou o dia todo no quintal. Foi examinado dos pés à cabeça. Nada.
        – Vou receitar calmante. Ele está muito agitado. Não entendo, mesmo.
        No dia seguinte, Zezinho resolveu enterrar seus mortos. Generais e soldados. Lado a lado. Maneco pulou a cerca e perguntou o que era aquilo.
        – Nada.
        – E esse negócio aí, com a bandeirinha?
        – Nada, vá embora! Já disse.
        Maneco foi. Ele arrumou alguns sobreviventes inimigos. Estava com raiva. Sem tristeza. Arrumou seu exército. Poucos existiam do outro lado. Mas eram inimigos.
        (…) A devastação foi geral. Conferiu: nada mais restava. Olha, depois, suas tropas. Perdera a noção das coisas: destruiu seu próprio exército. Nada mais restava dos brinquedos. Marchou sozinho pelo quadrado de terra, limitado pelas cercas de bambus. Com a corneta, presente do tio Anselmo, tentou atirar alguns sons. Corneta rouca de plástico. Apanhou pedras e foi atirando. Quebrou vidraças. Só então, lembrou-se que os pais brigavam dia e noite. Discutiam. Certa vez, o pai bateu na mãe. Tentou socorrê-la, mas foi atirado contra a parede esburacada. Sangrou.
        Brigavam muito. Principalmente quando o pai chegava bêbado.
        Os soldadinhos eram comprados com as economias da mãe: costurava para fora.
        Chegou em casa e apanhou a caixa de sapatos, vazia. Desenterrou os sepultados mutilados. No tanque, lavou-os com amor: pernas, braços, cabeças.
        Ressuscitava-os na sua imaginação. Arrumou-os na caixa e jogou fora os armamentos. Lamentava aquela guerra inútil, tentando consertar os estragos. Naquele instante, sentiu-se feliz: havia paz.

                                             QUINTANILHA, Dirceu. Pé de Guerra.
Entendendo a crônica:
01 – Pesquise o significado das palavras: agressivo e calmo.
      Agressivo: aquele que perde a calma com facilidade, é explosivo, age com agressividade.
      Calmo: tem domínio próprio, é tranquilo.

02 – Você acha que a guerra é uma forma de violência. Que outros tipos de violência você conhece ou presenciou? Comente.
      Sim, a guerra é uma forma de violência. Assaltos, roubos, mortes, brigas, discussões são outras formas de violência. Resposta pessoal caso o aluno tenha presenciado algum tipo de violência. 

03 – Que resposta você daria para Zezinho, se ele perguntasse: “_ A guerra é boa?”
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A guerra destrói, causa danos comuns e pessoais.   
    
04 – Será que ganhamos algo quando ficamos nervosos ou sempre que ficamos nesse estado as coisas se complicam? Comente.
     O aluno deve entender que não ganhamos nada quando ficamos nervosos e muitas vezes as coisas se complicam. Estando nervosos podemos falar ou fazer coisas que magoam as pessoas de nossa convivência. 

05 – Às vezes é difícil evitar uma atitude nervosa. No entanto, quando nos depararmos com esse sentimento qual é o melhor caminho, como devemos proceder?
      É importante ter em mente que o nervosismo só piora as situações, portanto quando estivermos nos sentindo nervosos devemos nos isolar e procurar manter a calma. 

06 – Comente a frase: “Olhou, depois, suas tropas, perdera a noção das coisas: destruiu seu próprio exército.”
      Zezinho sentiu que foi também uma vítima da sua própria violência.  
      
07 – Você concorda que sempre que ficamos nervosos perdemos a noção das coisas? Comente.
      Resposta pessoal do aluno.

08 – O que os seres humanos podem fazer para viver em paz e não serem agressivos?
      Dialogar, cultivar o respeito mútuo, ter bons hábitos e com coisas sadias são alguns exemplos para que haja harmonia.      

09 – Para cada palavra com valor negativo abaixo encontre outra com valor positivo:
Tristeza: Alegria.

Maldade: Bondade.

Ódio: Amor.

Guerra: Paz. 

Falsidade: Sinceridade.

Nervoso: Calmo.

Solitário: Acompanhado.

Arrogante: Humilde.

TEXTO: SELFIES - MARCELO COELHO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Selfies        

          Marcelo Coelho

       Muita gente se irrita, e tem razão, com o uso indiscriminado dos celulares. Fossem só para falar, já seria ruim. Mas servem também para tirar fotografias, e com isso somos invadidos no Facebook com imagens de gatos subindo na cortina, focinhos de cachorro farejando a câmera, pratos de torresmo, brownie e feijoada.
        Se depender do que vejo com meus filhos — dez e 12 anos —, o tempo dos “selfies” está de todo modo chegando ao fim. Eles já começam a achar ridícula a mania de tirar retratos de si mesmo em qualquer ocasião. Torna-se até um motivo de preconceito para com os colegas.
        “Fulaninha? Tira fotos na frente do espelho.” Hábito que pode ser compreensível, contudo. Imagino alguém dedicado a melhorar sua forma física, registrando seus progressos semanais. Ou apenas entregue, no início da adolescência, à descoberta de si mesmo.
        A bobeira se revela em outras situações: é o caso de quem tira um “selfie” tendo ao fundo a torre Eiffel, ou (pior) ao lado de, sei lá, Tony Ramos ou Cauã Reymond.
        Seria apenas o registro de algo importante que nos acontece — e tudo bem. O problema fica mais complicado se pensarmos no caso das fotos de comida. Em primeiro lugar, vejo em tudo isso uma espécie de degradação da experiência.
        Ou seja, é como se aquilo que vivemos de fato — uma estadia em Paris, o jantar num restaurante — não pudesse ser vivido e sentido como aquilo que é.
        Se me entrego a tirar fotos de mim mesmo na viagem, em vez de simplesmente viajar, posso estar fugindo das minhas próprias sensações. Desdobro o meu “self” (cabe bem a palavra) em duas entidades distintas: aquela pessoa que está em Paris, e aquela que tira a foto de quem está em Paris.
        Pode ser narcisismo, é claro. Mas o narcisismo não precisa viajar para lugar nenhum. A complicação não surge do sujeito, surge do objeto. O que me incomoda é a torre Eiffel; o que fazer com ela? O que fazer de minha relação com a torre Eiffel?
        Poderia unir-me à paisagem, sentir como respiro diante daquela triunfal elevação de ferro e nuvem, deixar que meu olhar atravesse o seu duro rendilhado que fosforesce ao sol, fazer-me diminuir entre as quatro vigas curvas daquela catedral sem clero e sem paredes.
        Perco tempo no centro imóvel desse mecanismo, que é como o ponteiro único de um relógio que tem seu mostrador na circunferência do horizonte. Grupos de turistas se fazem e desfazem, há ruídos e crianças.
        Pego, entretanto, o meu celular: tiro uma foto de mim mesmo na torre Eiffel. O mundo se fechou no visor do aparelho. Não por acaso eu brinco, fazendo uma careta idiota; dou de costas para o monumento, mas estou na verdade dando as costas para a vida.
        Não digo que quem tira a foto da cerveja deixe de tomá-la logo depois. Mas intervém aí um segundo aspecto desse “empobrecimento da experiência”. Tomar cerveja não é o bastante. Preciso tirar foto da cerveja. Por quê?
        Talvez porque nada exista de verdade, no mundo contemporâneo, se não for na forma de anúncio, de publicidade. Não estou apenas contando aos meus seguidores do Facebook que às 18h42 de sábado estava num bar tomando umas. Estou dizendo isso a mim mesmo. Afinal, os meus seguidores do Facebook, sei disso, não estão assim tão interessados no fato.
        Não basta a sede, não basta o prazer, não basta a vontade de beber. Tenho de constituí-la como objeto publicitário. Preciso criar a mediação, a barreira, o intervalo entre o copo e a boca.
Vejam, pergunto a meus seguidores inexistentes, “não é sensacional?”. Eis uma cerveja, a da foto, que nunca poderá ser tomada. A foto do celular imortaliza o banal, morrerá ela mesma em algum arquivo que apagarei logo depois.
        Não importa; fiz meu anúncio ao mundo. Beber a cerveja continua sendo bom. Mas talvez nem seja tão bom assim, porque de alguma forma a realidade não me contenta.
        A imagem engoliu minha experiência de beber; já não estou sozinho. Mesmo que ninguém me veja, o celular roubou minha privacidade; é o meu segundo eu, é a minha consciência, não posso andar sem ele, sabe mais do que nunca saberei, estará ligado quando eu morrer.
        Talvez as coisas não sejam tão desesperadoras. Imagine-se que daqui a cem anos, depois de uma guerra atômica e de uma catástrofe climática que destruam o mundo civilizado, um pesquisador recupere os “selfies” e as fotos de batata frita.
        “Como as pessoas eram felizes naquela época!” A alternativa seria dizer: “Como eram tontas!”. Dependerá, por certo, dos humores do pesquisador.
                                                                      coelhofsp@uol.com.br
Entendendo o texto:

01 – No texto, o autor, Marcelo Coelho, aborda o uso do telefone celular.
a) Ele vê esse uso de maneira positiva ou negativa? Por quê?
      Conforme o texto, entendemos que o autor vê o uso de maneira negativa, já que as pessoas querem tirara "selfie" de tudo, em todas as ocasiões, e com isso, vão perdendo a interação e a privacidade.

b) Das múltiplas funções do celular, qual é a que mais o incomoda?
      A função que mais incomoda para o autor, sem dúvidas, é a de tirar fotos.

c) O que ele pensa de fotos banais, como “gatos subindo na cortina, focinhos de cachorro farejando a câmera, pratos de torresmo, brownie e feijoada”?
      Ele faz uma crítica sobre essas fotos, já que para ele, a pessoa perde a experiência, não vive o momento.

02 – De acordo com o texto, apesar do uso quase ilimitado do celular nos dias de hoje para tirar fotos, o selfie é uma unanimidade entre os adolescentes? Por quê?
      Para ele, o uso das fotos é utilizada mais pelos adolescentes, uma vez que os mesmos são os que mais usam os aparelhos, são mais narcisistas, estão se descobrindo, etc.

03 – O autor se posiciona claramente sobre os selfies.
a) Em que situação ele acha que haveria sentido alguém fotografar a si mesmo?
      Para ele haveria sentido fotografar a si mesmo caso de questões de publicidade.

b) Em que tipo de situação ele rejeita os selfies?
      Ele rejeita as selfies no sentido de não aproveitar o momento, em tirar foto com a comida, do cachorro, de uma viagem, ao invés de aproveitar a experiência.

04 – Segundo o autor, a onda dos selfies provocou uma “espécie de degradação da experiência”. Explique o que ele quer dizer com isso.
      Isto quer dizer que, quando as pessoas estão no local, elas não aproveitam a experiência, aquele momento vivido, elas se limitam apenas a fazer registros. E nem sempre quer dizer que aquilo que foi fotografado foi algo legal, é apenas aparência.

05 – Para ilustrar seu ponto de vista, o autor cita uma viagem a Paris.
a) Em tese, o que uma pessoa procura quando vai a Paris?
      Em tese, a pessoa procura os monumentos como a Torre Eiffel, ponto turístico que atrai diversas pessoas do mundo todo.

b) O que muda quando ela fotografa a si mesma em Paris?
      Muda que ela não consegue aproveitar a paisagem, é como se ela estivesse tirando foto de alguém que está em Paris, como afirma o autor.

c) Por que o autor vê narcisismo nesse tipo de atitude?
      Vê um narcismo, uma vez que a pessoa se preocupa apenas com a própria imagem.

06 – O texto tem como objetivo:
a) Descrever as múltiplas funções do celular.
b) Relatar situações corriqueiras e desinteressantes do uso ilimitado do celular.
c) Instruir os leitores sobre o uso adequado dos selfies.
d) Ilustrar o ponto de vista do autor sobre o uso dos selfies.

07 – Por suas características formais, por sua função e uso, o texto pertence ao gênero:
a) Artigo de opinião por se tratar de um posicionamento do autor diante de um tema atual.
b) Depoimento, pela apresentação de experiências pessoais.
c) Relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.
d) Reportagem, pelo registro impessoal de situações reais.

08 – No trecho “Se depender do que vejo com meus filhos – dez e 12 anos –, o tempo dos “selfies” está de todo modo chegando ao fim”, o travessão:
a) Destaca um esclarecimento.
b) Substitui os dois-pontos.
c) Indica a fala no discurso direto.
d) Isola um chamamento.







quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): A CURA - LULU SANTOS - COM GABARITO

Música(Atividades): A Cura

                      Lulu Santos
Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal, a cura

Existirá
Em todo porto se hastiará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal, a cura.
                                            Composição: Lulu Santos
Entendendo a canção:
01 – De que trata a canção?
      O eu lírico fala sobre a única cura para todos os males da humanidade, “a velha bandeira da vida” (Jesus Cristo).

02 – O eu lírico usa um único tempo verbal. Qual? Por que? Cite alguns verbos.
      O tempo é o futuro do presente no indicativo. Porque se refere a um fato que acontecerá num momento posterior ao discurso.
      Existirá, tremulará, acenderá, iluminará, virá, demolirá, sobrará, etc.

03 – Nos versos: “Todo farol iluminará / Uma ponta de esperança”. De que farol ele se refere?
      Ao farol que ilumina e indica o caminho (... Eu sou o caminho, e a verdade e a vida... João 14:6).

04 – Em que versos o eu lírico retrata a vida e a morte?
      “Será quando menos se esperar / Da onde ninguém imagina”.

05 – Os versos: “Não sobrará / Pedra sobre pedra”, te lembra uma passagem bíblica, qual?
      Quando Jesus diz que: “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Se referindo ao templo, que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas (voto).