domingo, 25 de março de 2018

PROJETO VIVENCIANDO VALORES NA ESCOLA

Projeto Vivenciando valores na Escola
   
 
Público Alvo:
        O projeto será aplicado em toda a escola (turmas do 1° ao 9° ano) com alunos entre 06 e 16 anos, na escola ..............................
        Duração: 08 meses (fevereiro à outubro).

Apresentação:

        Este projeto tem por finalidade promover a construção de uma cidadania sadia, crítica, comparativa e consciente em seu educando, tornando-se participativos como cidadãos no desempenho do seu papel, frente aos seus direitos e deveres, e respeitosos perante os direitos e deveres, dos seus semelhantes na sociedade em que vivem.
        Sabemos que implementar valores autênticos numa cultura consumista não é tarefa simples. Introduzir novos hábitos nas salas de aula pressupõe uma mudança de comportamento, que exige um acompanhamento sistemático nosso, como educadores que somos.

Por que vivenciar Valores?
        Os valores motivam o comportamento e a atividade humana. São a fonte de energia que mantém a autoconfiança e a objetividade. Hoje, na maioria dos países, os povos são influenciados pela ideologia materialista que cria uma cultura de acúmulo, posse, egoísmo e ganância.

        Consequência: os autênticos perdem o brilho da verdade e a força para sustentar e preservar uma cultura digna do ser humano. Essa distorção de princípios é uma das causas da crise em que vivemos no mundo moderno, marcado pela inquietação, insegurança e, obviamente, ausência de paz.
        A violência, os comportamentos negativos, estimulados pelos meios de comunicação, a desagregação da família, as desigualdades sociais são alguns dos resultados visíveis de uma época contaminada pela inversão de valores.
        Este quadro indica a necessidade de reformarmos nosso comportamento e, para que isso aconteça, temos que resgatar e vivenciar os momentos de verdade e harmonia no planeta terra.

Justificativa:
        Resgatar e vivenciar os valores morais e culturais que parecem adormecidos ou esquecidos em prol de uma modernidade sem limites, materialista, que tira da criança, do jovem o direito de sonhar, ter esperança e acreditar em uma perspectiva de vida, onde haja uma convivência pacífica e harmoniosa, começando pela relação família, comunidade e escola.
        Nós (professoras) que fazemos o Centro de Multimeios da EEEF Professora Francisca Silveira Gomes, cientes dos efeitos nocivos de uma sociedade desestruturada sobre crianças e jovens, resolvemos desenvolver o projeto-Vivenciando Valores na Escola que levará à comunidade estudantil possibilidades de começar e recomeçar, refletir e praticar valores básicos como a paz, o amor, o respeito, a solidariedade, etc.
        O projeto será desenvolvido de tal forma que, a cada mês, haja um novo valor a ser trabalhado com os alunos. Isso implicará numa série de atividades direcionadas e desenvolvidas dentro e fora do estabelecimento de ensino. Desta maneira, toda a comunidade escolar acabará sensibilizada e estimulada a refletir e trabalhar sobre uma nova perspectiva na vida diária.

Objetivo Geral:
        Apresentar as crianças e o jovem que, ao despertar os valores que existem no seu íntimo, inicia-se o processo de transformação da realidade social ao qual está inserido.

Objetivos Específicos:
·        Incentivar a comunidade escolar a pesquisar e a vivenciar valores de ordem superior, como qualidades inerentes a cada pessoas, independentemente da classe econômica, social ou cultural que a instituição está inserida.
·        Criar um ambiente seguro para que todos explorem e expressem estes valores, individual e coletivo, desenvolvendo maior entendimento, motivação e responsabilidade em fazer escolhas positivas.
·        Direcionar os valores como fonte geradora de paz, segurança, dignidade e evolução social.
·        Realizar palestras e oficinas com temas direcionadas aos alunos, pais e funcionários.
        Este projeto abrangerá toda a comunidade escolar, com participação efetiva dos alunos e professores do Ensino Fundamental I e II, divididos e organizados por tópicos; os quais; se dá no período de um ano letivo, com cada valor sendo trabalhado, mensalmente, ou de meio ano, com um valor quinzenal.
        Fevereiro / Março – Organização.
        Março / Abril – União.
        Abril / Maio – Amor.
        Junho / Julho – Férias.
        Julho / Agosto – Responsabilidade.
        Agosto / Setembro – Respeito.
        Setembro / Outubro – Obediência e Disciplina.
        Novembro – Amizade.

Recursos:
        Serão utilizados todas as fontes de pesquisas possíveis:
·        Vídeos e filmes (Mãos Talentosas, A corrente do Bem, Desafiando Gigante, A virada, entre outros);
·        Revistas;
·        Músicas;
·        Jornais;
·        Materiais recicláveis;
·        Entrevistas;
·        Palestras;
·        Aulas extraclasses para pesquisa e levantamento de dados;
·        Multimídia.

Desenvolvimento:
      Os temas abordados dentro da proposta dos Valores serão trabalhados com as turmas divididas em equipes ou individual com as seguintes sugestões de atividades.
·        Murais inspirando as crianças a trazerem fotos, poesias, músicas, histórias, etc., relacionadas ao tema.
·        Criação de frases sugestivas pelos alunos e professores que, depois de selecionadas, podem ser lidas e comentadas com a turma.
·        Algumas histórias selecionadas de contos de fadas e fábulas, histórias bíblicas e verídicas, notícias de jornal entre outras podem ser trabalhadas como ponto de apoio e ponto de referência para reflexão sobre o valor em exposição na sala.
·        Todos os fatos que as crianças trouxerem para a sala de aula, fatos que ocorrerem na escola, em casa ou até mesmo na própria sala de aula e na comunidade em que mora, deverão ser apresentados como fontes de aprendizado na área dos valores, mesmo que o fato não esteja ligado ao valor do mês.

        O professor sempre deverá estar atento para aproveitar todas as chances em que a própria vida se torna uma lição.

·        Músicas que falem do tema podem ser ouvidas, cantadas ou criadas com os alunos. As letras também podem ser exploradas.
·        Passeios a lugares escolhidos, procurando travar uma relação entre o local e o valor.
·        Peças de teatro escritas e encenadas pelos alunos, com apresentação para toda escola.
·        Uma pesquisa e seleção de filmes desenhos animados, conduzindo-se a uma reflexão antes e depois.
·        Profissionais de diversas áreas podem ser convidados para uma visita, sugerindo uma exposição de suas experiências específicas, inspirando a vivencia do valor, mostrando através da prática profissional a relação do valor com a vida. Por exemplo, no mês do amor, da paz, convidar um padre ou uma pessoa que domine o assunto em questão.

·        Murais com nomes das crianças e espaços para serem preenchidos com estrelas coloridas, na medida em que elas apresentam comportamentos positivos. Cada cor de estrela representa uma qualidade, por exemplo: estrelas azuis – capricho. Vermelhas – obediência e assim por diante. Para os menores isto surtirá um efeito estimulante; eles vão querer ter seus nomes cheios de todas as cores de estrelas.
·        Realização de paródia com as turmas maiores.
·        Trabalhar com dramatizações.
·        Atividades de expressão corporal.
·        Desenhos, pinturas.
·        Redação: Amar é ...
·        Trabalhar com alunos denominando-os de “Guardiões da Escola” – grupo do aluno que serão responsáveis em monitorar, fiscalizar, conscientizar quanto aos cuidados com a escola e a manutenção de um ambiente de convívio agradável.

Ação dos professores:
        Além de trabalhar os valores dentro de sua disciplina, cada professor, todos os dias, lerá mensagens, com temas relacionados a valores, para as turmas, onde serão feitos comentários, geração de opiniões e produção de textos.

O Projeto será desenvolvido nas seguintes disciplinas:

    Língua Portuguesa: Conceito do valor exposto e dramatização da realidade desse valor e produções textuais.

     Matemática: Dados e gráficos estatísticos das consequências de violência na cidade, no estado e no país para mostrar aos alunos o quanto é necessário o resgate desse valor em estudo.

     Inglês: Música e tradução de letras de músicas, elaboração de histórias em quadrinhos e uso do dicionário de inglês de acordo com o tema selecionado.

     Geografia: Valorização das relações entre as pessoas e textos sobre valores.

     História: Relatórios escritos ou verbais sobre filmes assistidos.

     Ciências: Valores ambientais.

     Artes: Confecção e pinturas de artigos referente ao valor trabalhado onde os mesmos serviram de decoração da sala de aula até mesmo da escola visando o trabalho em equipe.

     Ensino Religioso: Mensagens bíblicas, estudos de passagens bíblicas, orações, músicas e reflexões referentes ao tema em estudo.

     Educação Física: Danças, músicas, expressão corporal.

Culminância do Projeto:
        O Projeto culminará sempre ao final de cada mês, com alunos e professores numa exposição cultural a qual será realizada por cada turma.
        Os alunos poderão apresenta-los em forma de teatro, paródia, jograis, poesias, músicas, danças e ações representadas através de painéis fotográficos dos trabalhos realizados no chão da sala com o auxílio do multimídia.

Avaliação:
        Os alunos serão avaliados por seu desempenho nas atividades. Serão também avaliados pela sua postura nas diferentes situações e locais, sua capacidade de trabalho em pequenos e grandes grupos.

Mês               Dia/Culminância         Valores                 Horário  

Fevereiro/    -                                   -   Organização     -  Depois do
Março                                                                                Intervalo

Março /        -                                     -  União                -   Depois do
Abril                                                                                    Intervalo

Abril /           -                                   -  Amor                  -  Depois do
Maio                                                                                     Intervalo

Junho/Julho -                                    -   Férias

Julho /         -       .......................        -    Responsa- 
                                                                bilidade.        -   Depois do
Agosto                                                                          -   Intervalo     
   
Agosto /      -       ......................           -   Respeito    -   Depois do
Setembro                                                                    -   Intervalo   

Setembro /  -                                       -  Obediência    -   Depois do
Outubro                                              -  e Disciplina    -   Intervalo 

Novembro   -                                      -  Amizade        -   Depois do
                                                                                    -   Intervalo

Abertura do Projeto: ...............
Local: No pátio da escola.

sábado, 24 de março de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): JOÃO E MARIA - CHICO BUARQUE E SIVUCA - COM GABARITO

Música(Atividades): João E Maria

                                      Chico Buarque
                                      Compositor: Sivuca - Chico Buarque

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três

Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz

E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país


Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido

Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem era nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim

Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim.

Entendendo a canção:

01 – Na letra da canção o autor critica o quê?
      Critica a ditadura, mas alega que é uma música para crianças, para enganar a censura dos militares.

02 – Por que logo na primeira frase “Agora eu era o herói”, o autor se mostra insatisfeito?
      Ele sente saudade daquilo que fazia bem, nesse caso o “herói”, pois “eu era” já é pretérito.

03 – Por que ele se apropria da linguagem infantil? Cite alguns termos que confirme sua resposta.
      Para criticar governos autoritários. Os termos são: “Agora” eu “era” é assim que crianças fantasiam em suas brincadeiras.

04 – No verso: “Era o bedel e era também juiz”, faz referência a quem?
      Refere-se ao “dedos duros” (bedel, que eram infiltrados nas universidades para vigiar ações subversivas de professores ou alunos e os juízes que eram grandes servidores da ditadura, nem todos, é lógicos).

05 – Na estrofe:
        “Pois você sumiu no mundo
         Sem me avisar
         E agora eu era um louco a perguntar
         O que é que a vida vai fazer de mim.”

Há uma clara demonstração de quê?
      De saudade, mas na realidade, essa é uma saudade de liberdade que havia acabado.

06 – Em que versos existe a figura de linguagem PARADOXO?
      “E pela minha lei
       A gente era obrigado a ser feliz.”

07 – Que análise podemos fazer deste verso: “Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês.”?
       Logo após a 2ª Guerra Mundial, com a participação ao lado dos norte-americanos, pracinhas são vitoriosos e portanto voltam como heróis.

08 – “A noiva do cowboy era você além das outras três.” Que significa?
      Cowboy = EUA e Noiva = Ditadura; além do apoio oficial aos três poderes brasileiros, existiria o extraoficial que sustentava o poder dos militares.

09 – No faz-de-conta o que o eu lírico faz?
      Destrói esses inimigos (alemães, ditadura) que tanto impedem o povo de ser feliz.
      Mas que o faz de conta acaba e ele percebe que a maldade humana nunca terá fim...

10 – A canção João e Maria, de Chico Buarque, usa o tempo linguístico como uma construção da linguagem. [...] Agora eu era o rei o bedel e era também juiz. E pela minha lei. A gente era obrigado a ser feliz. E você era a princesa que eu fiz correr. E era tão linda de se admirar. Que andava nua pelo meu país.
Assinale a alternativa CORRETA quanto ao emprego dos tempos verbais:
a)   Utiliza-se em lugar do presente o pretérito imperfeito.
b)   Tem-se no lugar do presente o pretérito perfeito.
c)   Aparece no lugar do presente o pretérito mais que perfeito.
d)   Usa-se no lugar do presente o pretérito do subjuntivo.
Tem-se no lugar do presente o imperativo negativo

FILME(ATIVIDADES): A BAILARINA - ERIC SUMMER, ERIC WARIN - COM SINOPSE E INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Filme(ATIVIDADES): A BAILARINA


Data de lançamento: 26 de janeiro de 2017 (1h 30min)
Direção: Eric SummerEric Warin
Gênero: Animação
Nacionalidades: FrançaCanadá

SINOPSE E DETALHES
Livre
        Paris, 1869. Uma sonhadora menina órfã toma uma atitude arriscada para conseguir o que quer: foge para Paris para realizar o sonho de ser uma grande bailarina. Lá ela decide se passar por outra pessoa, e consegue uma vaga no Grand Opera, onde vai aprontar muitas aventuras.
Entendendo o filme:
01 – Qual era o grande sonho de Félicie?
      Ser bailarina.

02 – Após Félicie e Victor quebrarem os pratos do orfanato o que acontece com ambos?
a) Victor fica de castigo e Felicie ouve um sermão da Madre Superiora sobre sonhos.
b) Félicie fica de castigo e Victor ouve um sermão da Madre Superiora.

03 – Explique quem planeja a fuga do orfanato? E o que acontece quando eles chegam em Paris?
      Victor planeja a fuga e ao chegar em Paris ele cai em um barco e ambos ficam sozinhos.

04 – Escreva abaixo os nomes das personagens de acordo com suas falas:
a)   “Félicie eu sei que você tem um sonho. O mundo todo tem um sonho, mas enfie uma coisa na cabeça: sonhos não são realidade, sonhos devem ser enterrados, porque a vida é dura, brutal e sem piedade.”
Madre Superiora.

b)   “Para com essa cara emburrada!”
Félicie.

c)   “Você ia fugir daqui sem mim!”
Victor.

d)   “Eu não estava roubando. Eu estava olhando a bailarina.”
Félicie.

e)   “Boa tentativa, mas odeio crianças, principalmente órfãs.”
Odette.

f)    “Estava admirando a maior bailarina que você já viu. Não é mesmo ratinha?
Camille.

g)   “Não devemos desistir de nossos sonhos.”
Victor.

05 – Como Félicie faz para realizar seu sonho, ou seja, entrar para a escola de balé?
      Félicie pega uma carta da Ópera direcionada para Camille Le Haut dizendo que ela conseguiu uma vaga na escola de balé. Nesse momento Félicie tem a ideia de fingir ser a menina rica e com a identidade falsa começa os ensaios.

06 – Após entrar para a escola de balé, Félicie não demonstra ser uma boa bailarina, porém, ela desiste do seu sonho? Explique.
      Félicie nunca desiste do sonho de ser bailarina e treina cada vez mais.

07 – O que acontece quando descobrem a identidade falsa de Félicie?
a) Félicie tem uma chance de continuar nas audições, porque se mostrou uma grande promessa e trabalhou muito duro mostrando dedicação.
b) Apesar de ter se dedicado bastante, por ter mentido Félicie é expulsa das audições no Ópera.

08 – Quem ajuda Félicie a realizar seus sonhos? Comente sobre a história dessa personagem.
        Odette que é uma faxineira que um dia foi uma grande bailarina.

09 – Coloque (F) para falso e (V) para verdadeiro.
a) (V) Félicie consegue realizar o sonho de dançar o “Quebra Nozes”. 
b) (V) Camille demonstra ser uma menina honesta, apesar de viver humilhando Félicie.
c) (V) Victor consegue arrumar um emprego e tem a chance de lutar para conseguir realizar o sonho de ser um grande inventor.
d) (F) Camille é expulsa das audições.  
e) (F) Apesar de lutar para realizar seu sonho, Félicie não é uma menina corajosa e destemida.  

10 – Comente qual parte do filme você mais gostou?
      Resposta Pessoal do aluno.

11 – Qual é a grande lição que o filme transmite?
      A grande lição é que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, porém, é possível também discutir sobre ter perseverança, e acima de tudo persistir. Nunca desistir na primeira queda. Lutar sempre, pois só assim é possível vencer.

12 – Elabore frases utilizando os adjetivos ao lado: corajosa, destemida, sonhadora, vencedora, esnobe, talentosa.
      Resposta pessoal do aluno.


TEXTO: HISTÓRIA DE TODOS OS DIAS - ORÍGENES LESSA - COM GABARITO

Texto: HISTÓRIA DE TODOS OS DIAS


        Ariovaldo Mendes curtira por ela, desde que a conhecera, uma fulminante e desesperada paixão. Anos correram, sofreu ele as mais radicais mudanças na vida, com desastres íntimos e mortes na família, mas o amor, apesar da indiferença com que era recebido, não se lhe extinguiu. Era uma verdadeira obsessão, constante, única, eterna. Muitas vezes lutou Ariovaldo Mendes contra si mesmo. Era preciso acabar. Seria uma tolice, uma loucura sem nome, entregar-se desvairadamente àquele amor inútil, que não seria jamais correspondido. Mas em vão raciocinava e se debatia. O amor era superior às suas forças. Tomara-o de improviso aos quinze anos e seguiria com ele vida em fora, sem lhe dar trégua nem descanso. Já datava de dez anos. Tinham sido dez anos de martírio. E o martírio – ele estava certo disso – o seguiria até à morte!
        Maria Amália nunca lhe dera a entender nada, sabendo da paixão que o devorava. Tratava-o com simpatia, com uma simpatia feroz que o punha doido. Tratava-o como aos demais frequentadores da casa, sem diferença alguma. Era a amiguinha, a camaradinha, mas a mulher perfeitamente insensível, estranha ao seu amor.
        Mais de uma ocasião Ariovaldo procurou abrir-se, dizer-lhe tudo, falar dos seus sentimentos, do seu martírio, do seu amor. Mas no momento decisivo desfalecia lhe o ânimo. Que lhe adiantava falar? Amontoaria apenas motivos novos para o seu ridículo, porque a sua inútil paixão era universalmente conhecida. Falar dela seria contar a mais velha e tola de todas as novidades. E seria melhor antes permanecer naquela meia incerteza que, quando nada, lhe dava lugar a uma fugitiva sombra de esperança.
        Um dia, porém, ele se resolveu. Falaria! Viesse o que viesse, falaria, liquidaria tudo! Ou sim, ou não, mas terminante, final! Se fosse repelido, voltaria para o seu povoado longínquo do Nordeste, onde acabaria em silêncio, aniquilado e fracassado, porque de nada lhe valia o seu talento, a sua cultura, o seu renome social, se lhe faltava tudo, aquele amor.
        Havia um baile em casa de Maria Amália. Grande acontecimento social, muito decote e pouquíssimo cabelo. Ariovaldo lá foi. Estava decidido.
        Como que providencialmente, encontrou-a no jardim, sozinha, a fugir da balbúrdia e do calor das danças, verdadeiro suplício naquela noite escaldante de dezembro carioca. Chegou-se e falou. Sem frases pontilhadas dos grandes adjetivos sentimentais, sem citações poéticas nem lirismo de algibeira, declarou lhe francamente o seu amor, que ela não poderia ignorar, e pediu-lhe em sim ou não, mas definitivo e formal.
        Maria Amélia não se surpreendeu. Há muitos anos esperava aquele momento, que tanto e tão absurdamente demorara. Mas infelizmente ela não o amava. Muita amizade, muita simpatia, muito respeito, mas não havia amor.
        Ariovaldo sorriu com tristeza e despediu-se. Bastava-lhe aquilo.
        Seguiu a pé, acabrunhado, como um sonâmbulo, alheio e indiferente a tudo. Tinha impressão de que um vácuo infinito e insanável se formara na sua alma. Fracassara toda a sua vida. Desaparecera tudo. Ruíra tudo. Sonhos, ideais, aspirações, nada mais lhe restava. E absorto como estava, esmagado e vencido, ao atravessar uma rua, foi colhido pelo prosaísmo de um Ford em disparada.
        Era um desfecho banal de “notícias de última hora”. Gritos, tropelia, assistência, retratos nos jornais visitas cerimoniosas de amigos compungidos.
        Ao receber a nova, Maria Amélia sentiu um profundo abalo e correu a vê-lo. Ele estava entre a vida e a morte, tal o choque recebido. Não a reconheceu quando, dizendo-se sua noiva, obteve dificilmente permissão para o cuidar. E tratou-o com desvelo apaixonado, passando insone dias e noites, como se daquilo dependesse a sua própria existência. Os médicos e parentes iam ao ponto de censurar aquela dedicação absurda, inexplicável, absoluta. Mas ela não se moveu de ao pé da cama senão quando o viu perfeitamente salvo.
        Foram dias de angustiosa espera, até que o doente começou a voltar a si, como um ressuscitado. Ariovaldo mal tinha ideia do que se passara e só muito lentamente foi reconstituindo os acontecimentos anteriores. Via Maria Amália ao seu lado, com uma expressão amiga e uma grande alegria no olhar macerado, mas não soube precisar bem a sensação recebida. Voltava de um outro mundo. Parecia-lhe tudo novo.
        Dias depois, ainda pálido, Ariovaldo Mendes bateu à porta do palacete de Maria Amália, num recanto delicioso de Copacabana. Maria Amália correu a recebe-lo com uma alegria que não podia dominar. Mas o semblante anuviou-se lhe quando o viu, com sua voz arrastada e triste, dar um tom cerimonioso à palestra. Vinha agradecer-lhe do fundo d`alma a dedicação, o desinteresse com que o tratara, com que se sacrificara quase pela sua vida. Ele não o merecia, não saberia nunca pagar-lhe a bondade com que o desvelara.
        Maria Amália quis protestar. Ariovaldo interrompeu-a. Ninguém, mulher alguma faria o mesmo, ninguém!
        Olharam-se ambos como se não se compreendessem. Houve uma ligeira pausa.
        --- E, por último, eu vinha me despedir...
        --- Vai viajar?
        --- Sigo amanhã para o norte...
        --- Sim? Por muito tempo?
        --- Definitivamente. Já liquidei todos os meus negócios e nada mais me resta no Rio. Levo até nomeação para um lugarejo da Paraíba.
        --- Mas parte assim, sem me ter dito nada?
        --- E que poderia lhe dizer, senão vir trazer-lhe as minhas despedidas?
        Maria Amália não respondeu. Tinha os olhos cheios d`água.
        --- Que tem, Maria Amália?
        --- Mas o nosso amor? Você não compreende quanto o amo, Ariovaldo?
        Ariovaldo não podia mais compreender. Já era demasiado tarde. Muita gratidão, muita amizade, mas o amor morrera...

               LESSA, Orígenes. História de todos os dias. Ed. O escritor proibido.
                                                                   Rio de Janeiro. Nórdica. s.d. p. 59-63.

Desfalecer: enfraquecer.
Lirismo de algibeira: palavras poéticas de gosto.
Acabrunhado: abatido, prostrado.
Absorto: concentrado em seu pensamentos.
Prosaísmo: falta de poesia. No contexto, significa fato comum.
Desvelo: grande cuidado, dedicação.
Macerado: abatido, macilento.

Entendendo o texto:
01 – Transcreva em seu caderno a afirmativa correta:
     a) O texto lido é uma história para ser representada num palco.
     b) O texto lido é uma narrativa.
c) O texto resume-se às confissões dos sentimentos íntimos de um poeta.
Justifique sua resposta.
      Trata-se de uma narrativa, pois há um narrador que conta a história de duas personagens.

02 – O narrador preocupa-se em registrar seu mundo interior ou apresenta-nos um fato situado no mundo exterior a ele?
       O narrador apresenta um fato situado no mundo exterior a ele.

03 – No texto aparecem duas personagens. Quais?
       Maria Amália e Ariovaldo.

04 – Entre os dois ocorre uma situação de equilíbrio. Identifique-a.
       Ariovaldo ama Maria Amália mas não é correspondido. Depois, dá-se o inverso.

05 – Como nós, leitores, tomamos conhecimento dessa situação: diretamente ou através da fala de um narrador?
       Através da fala do narrador.

06 – Todo fato acontece num determinado lugar. Portanto, em qualquer narrativa é possível identificar um espaço. Em que espaço acontece:
     a) A declaração de amor de Ariovaldo?
      No jardim da casa de Maria Amália.

     b) O acidente que vitimou Ariovaldo?
      Na rua.

     c) O desenlace da história?
      Na porta da casa de Maria Amália.

07 – O narrador utiliza-se de determinados recursos para identificar as personagens. Quais são eles?
       Atribuição de nomes, descrição física, descrição de gestos, falas das personagens.

08 – À medida que a narrativa vai se desenvolvendo, existe interesse do leitor em saber “como acabará a história”?
       SIM.


POEMA: TRISTEZA DO INFINITO - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO


Poema: TRISTEZA DO INFINITO


Anda em mim, soturnamente,
Uma tristeza ociosa,
Sem objetivo, latente,
Vaga, indecisa, medrosa.

Como ave torva e sem rumo,
Ondula, vagueia, oscila
E sobe em nuvens de fumo
E na minh`alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
Fico nela meditando
E meditando, por tudo
E em toda a parte sonhando.



Tristeza de não sei onde,
De não sei quando nem como...
Flor mortal, que dentro esconde
Sementes de um mago pomo.

Certa tristeza indizível,
Abstrata, como se fosse
A grande alma do Sensível
Magoada, mística, doce.

Ah! Tristeza imponderável,
Abismo, mistério aflito,
Torturante, formidável...
Ah! Tristeza do infinito?

                                                                                CRUZ E SOUSA

Entendendo o poema:
01 – Um dos temas mais constantes da poética simbolista é a dor existencial. O texto realiza essa temática. Explique por quê.
       O texto aborda a temática da existencial, desde o momento em que o eu lírico expressa o seu pessimismo, a sua profunda tristeza de viver, e que não sabe explica-los.

02 – Há nos estilos de época de tendência subjetiva o interesse pelas abstrações, no qual se insere a busca do infinito. Transcreva do poema vocábulos que, semanticamente, projetam essa manifestação poética.
       Vagueia / Sobe / Sonhando / Mística.

03 – Na terceira estrofe ocorre a expressão de momento continuado da postura do eu lírico. De que recurso se utilizou o poema para projetar essa situação?
       Repetição de palavra.





CONTO: A ANÃ PRÉ-FABRICADA E SEU PAI, O AMBICIOSO MARRETADOR - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO - COM GABARITO

CONTO– A ANÃ PRÉ-FABRICADA E SEU PAI, o ambicioso marretador
                 Ignácio de Loyola Brandão


    Era uma vez uma anã pré-fabricada. Tinha cinquenta centímetros de altura. Os pais eram pessoas normais. A anã era anã porque desde pequena o pai batia com a marreta na cabeça dela. Ele batia e dizia: “Diminua, filhinha”. O sonho do pai era ter uma filha que trabalhasse no circo. E se ele conseguisse uma anã, o circo aceitaria.
        Assim, a menina não cresceu. Tinha as pernas tortas, a cabeça plana como mesa, os olhos esbugalhados. Um globo, com as marretadas, chegara a sair. E deste modo o olho andava dependurado pelos nervos. Com o olho caído, a menina enxergava o chão – e enxergava bem. Por isso, nunca deu topadas.
        A menina diminuiu, entrou para a escola, se diplomou. E o pai esperando que o circo viesse para a cidade. A anã teve poucos namorados em sua vida. Os moços da cidade não gostavam de sua cabeça plana como mesa. Um dos namorados foi um mudo; o outro, um cego.
        Com o passar do tempo, o pai ia ensinando à filha anã os truques do circo: andar na corda bamba, atirar facas, equilibrar pratos na ponta de varas, equilibrar bolas, andar sobre roletes, fazer exercícios na barra, pular através de um arco de fogo, cair ao chão (fazendo graça) sem se machucar, ficar de pé no dorso de cavalos.
        De vez em quando, o pai emprestava a filha ao padre, por causa da quermesse. Ela substituía o coelho nos jogos de sorteio. Havia uma porção d casinhas dispostas em círculo. Cada casinha tinha um número. A um sinal do quermesseiro, a menina entrava na casinha. Quem tivesse aquele número ganhava a prenda. A anã não gostava de quermesse porque se cansava muito e também porque no dia seguinte ficava triste, com o pessoal que tinha perdido. Eles a seguiam pela rua, gritando: “Aí, baixinha..., por que não entrou no meu número?”.
        Um dia, o circo chegou à cidade, com lona colorida, um elefante inteirinho rosa, uma onça pintada, palhaços, cartazes e uma trapezista gorda que vivia caindo na rede. O pai mandou fazer para a anã um vestido de cetim vermelho, com cinto verde. Comprou um sapato preto e meias três-quartos. Levou a filha ao circo. Ela mostrou tudo que sabia, mas o diretor disse que faziam aquilo: andavam no arame, na corda bamba, equilibravam coisas, pulavam através de arcos de fogo, andavam no dorso de cavalos. Só havia uma vaga, mas esta ele não queria dar para a menina, porque estava achando a anã muito bonitinha. Mas o pai insistiu e a anã também. Ela estava cansada da vida da cidadezinha, onde o povo só via televisão o tempo inteiro. E o dono do circo disse que o lugar era dela: a anã seria comida pelo leão, porque andava uma falta de carne tremenda. E, assim, no dia seguinte, às seis horas, a menina tomou banho, passou perfume Royal Briar, jantou, colocou seu vestido vermelho, de cinto verde, uma rosa na cabeça e partiu contente para o emprego.

                        BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Os melhores contos. São Paulo:
                                                      Global, 1993. (Seleção de Deonísio da Silva).

Entendendo o texto:
01 – Os contos do Realismo Fantástico mesclam elementos reais e fatos absurdos ou inexplicáveis no mundo real. O que, no conto de Ignácio de Loyola Brandão, faz parte da realidade que conhecemos? O que pode ser considerado fato absurdo?
     A menina e o pai, o circo, a escola, a igreja, o leão de circo, etc. são elementos reconhecíveis no mundo real. O fato de o pai bater com a marreta na cabeça da filha para ela não crescer (e ela não cresce!) faz parte do fantástico.

02 – Observe que o conto é bastante visual, é possível imaginar, por exemplo, a aparência da anã.
     a) Que técnica permite que a imagem da anã se forme para o leitor?
      A descrição minuciosa.
     b) Que impressão causa a imagem da anã?
      Desconforto, a descrição é impactante.

03 – Note que o início do conto, “era uma vez uma anã pré-fabricada”, cria uma certa expectativa no leitor. A que remete a expressão “era uma vez”?
     Remete aos contos de fada, contos da carochinha.

04 – O final do conto cumpre a expectativa inicial? Explique.
     Não. O final dos contos de fadas são “finais felizes”, o que não ocorre no final desse conto. Professor, comente que a quebra de expectativa causa insatisfação, frustação no leitor.

05 – É possível que o conto fantástico constitua uma alegoria? Ao falar do pai que marreta a filha, pode-se estar dizendo outra coisa, defendendo-se uma ideia do mundo real. Que ideia pode ser essa? Levante algumas hipóteses.
     Resposta pessoal.