quarta-feira, 14 de março de 2018

EXERCÍCIOS: PALAVRAS OXÍTONAS, PAROXÍTONAS, PROPAROXÍTONAS- ARTIGO/NUMERAL - COM GABARITO


PALAVRAS OXÍTONAS, PAROXÍTONAS E PROPAROXÍTONAS


      Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras de duas ou mais sílabas classificam-se em:

OXÍTONAS: Quando a sílaba tônica é a última sílaba da palavra.
Ex.: visitar                       aqui                           alguém

PAROXÍTONAS: Quando a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra.
Ex.:  alta                          chocolate                  tipos

PROPAROXÍTONAS: Quando a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra.
E.:  quina                   mara                       blica

EXERCÍCIOS DE TONICIDADE

1 – Classifique as seguintes palavras em: oxítona, paroxítona ou proparoxítona:
- Perguntei:              oxítona
-Sábado:                   proparoxítona
- Calmaria:                 paroxítona
- Infância:                  paroxítona
- coração:                  oxítona
- Comprar:                 oxítona
- Futebol:                   oxítona
- Médico:                   proparoxítona
- Pastel:                      oxítona
- Semente:                 paroxítona
- Público:                    proparoxítona
- Mágico:                    proparoxítona.

 2 – Separe as sílabas destas palavras e faça um retângulo em cada sílaba tônica.
- Balaústre:         ba-la-ús-tre.
- Colorir:              co-lo-rir.
- Pássaro:            pás-sa-ro
- Embaixo:           em-bai-xo
- Prefeitura:        pre-fei-tu-ra
- Cérebro:            -re-bro.
- Caldeirão:          cal-dei-rão

SÍLABA ÁTONA E SÍLABA TÔNICA

A sílaba átona é a pronunciada com menos intensidade.
A sílaba tônica é a pronunciada com mais intensidade.
Ao ler cada uma das palavras acima, você deve ter pronunciado uma sílaba com mais força do que as outras. Isso ocorre em todas as palavras que têm mais de uma sílaba. De acordo com a maior ou menor intensidade com que são pronunciadas, as sílabas classificam-se em tônicas e átonas.
Ex.: Você                 aquário                   ópera.

    3)    Identifique em cada uma delas a sílaba que foi pronunciada de maneira mais forte.
- Vo                     - Aquário                - Ópera

    4)   Em cada uma dessas palavras, a sílaba que foi pronunciada de maneira mais forte é a última, a penúltima ou a antepenúltima?
- Você: última.
- Aquário: penúltima.
- Ópera: antepenúltima.

UM: ARTIGO OU NUMERAL?

Quando um é artigo, podemos colocar na frase a palavra qualquer após o substantivo que ele acompanha.
Ex.: Folheei um catálogo de remédios enquanto esperava o dentista. – um catálogo qualquer.

Quando um é numeral, podemos colocar na frase, antes dele, as palavras somente ou apenas, sem modificar o sentido.

Ex.: Comprei um livro de aventuras. – somente um livro de aventuras.
Podemos também substituir um por dois, para ver se a palavra um expressa ou não a ideia de quantidade.

Ex.: Comprei um livro / dois livros de aventura.

     5)  “Uma semente de milho! Se eu plantar, posso ter uma espiga”.
Uma é artigo ou numeral?
Numeral.

     6)  “Uma espiga! Se eu plantar, posso ter várias espigas”.
Qual é a função de uma, na frase?
É de artigo.


ANEDOTA: O ALFAIATE - ZIRALDO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


ANEDOTA: O ALFAIATE


O filho do alfaiate chega para o pai lá no fundo da loja e pergunta:
--- O terno marrom encolhe depois de lavado?
--- Por que você quer saber, filho?
--- O freguês é quem quer saber.
--- Ele já experimentou?
--- Já.
--- Ficou largo ou apertado?
--- Largo.
--- Então diz que encolhe.

                                Ziraldo. Novas anedotinhas do bichinho da maçã. 15. Ed.
                                                              São Paulo: Melhoramentos, 2005, p. 22.

1 – O diálogo entre o alfaiate e o filho é um bom exemplo de como a produção dos discursos está vinculada à situação.
     a)     Caso o filho respondesse não à pergunta do freguês, o que você acha que iria acontecer?
Resposta pessoal.

     b)    Nesse caso, o que ocorreria com o alfaiate?
Não precisaria dar nenhuma resposta.

2 – Imagine que o terno tivesse ficado justo ao corpo do freguês. O que o pai recomendaria ao filho que dissesse ao cliente?
       Que ao lavar não iria encolher.


terça-feira, 13 de março de 2018

FILME(ATIVIDADES): A ODISSÉIA - FRANCIS FORD COPPOLA - COM GABARITO


FILME(ATIVIDADES): A ODISSÉIA

Sugestão de atividades após exibição do filme A Odisseia, de Francis Ford Coppola

Entendendo o filme:

01 – De que, basicamente, trata o filme (enredo)?
      Filme, baseado no poema homônimo de Homero, retrata as aventuras de Ulisses (ou Odisseu) após a Guerra de Tróia. Depois de desafiar o Deus dos mares Poseidon, Ulisses se vê obrigado a vagar por terras e mares, se vendo afastado de sua família. A partir de então, vive uma série de aventuras, enfrentando Deuses e diversos monstros para poder voltar a sua casa.
02 – Destacar os personagens principais.
Ulisses (Odisseu, Rei de Itaca)
Telêmaco (Filho de Odisseu)
Penélope (Esposa de Odisseu)
Polifemo (Ciclope filho de Poseidon)
Calypso (Ninfa do Mar)
Athena (Deusa da sabedoria)
Aeolos (Deus dos Ventos)
Poseidon (Deus do Mar)
Hermes (Deus Mensageiro)
Agamemnon (Rei de Micenas)
Menelau (Rei de Esparta)
Circe (Feiticeira)
03 – Explicar porque o filme tem aspecto mitológico.
      Por que   muitas de suas passagens utilizam o mito para explicar fenômenos naturais, variações de cultura, inimizades e amizades. Além disso, a mitologia serviu como fonte de orgulho para se traçar ascendência de grandes líderes e heróis mitológicos ou até mesmo Deuses. O filme faz menção a lendas, heróis, Deuses e monstros da mitologia, como por exemplo: Aquiles, Poseidon, Palas Athena, Ciclopes, Serpentes do Mar, etc.
04 – Que lições podem ser abstraídas?
01 - Odisseu ofendeu e dispensou a ajuda do Deus Poseidon.  Extrai-se que o ser humano não deve se achar melhor do que seu próximo, muitas pessoas chegam ao ponto de dispensar a ajuda de terceiros por se achar melhor do que eles.
02 - Mesmo com tantas dificuldades Odisseu não desistiu de tentar chegar à ilha de Itaca. Extrai-se que o ser humano deve-se persistir em suas batalhas diárias até atingir seus objetivos.
03 - Ação no tempo certo, como quando Odisseu teve calma na caverna do Ciclope Polifemo:  Extrai-se que o ser humano deve agir no tempo certo, saber aplacar sua ira ou ter qualquer atitude em vista de um objetivo.
04 - A Ilha de Circe representa tentação e infidelidade. Extrai-se que o ser humano deve manter fidelidade para com seu cônjuge.
05 - Ida   a   terra   dos   mortos.  Extrai-se   que o ser humano deve ser corajoso o suficiente para enfrentar a morte antes mesmo que as pessoas estejam realmente prontas para morrer. Odisseu viajou para o submundo e voltou, mostrando aceitação do inevitável e uma vontade de mudar a sua vida com base em novas informações, além de mostrar respeito pelo passado e por aqueles que perderam suas vidas, especialmente a de amigos e a de sua mãe.
06 - A ilha da ninfa Calypso. Extrai-se que o ser humano não deve ser complacente em sua jornada pela vida, esquecendo seus sonhos de infância   e   desistir   porque   eles   estão   cansados.   Odisseu   poderia facilmente ficar na ilha de Calypso para sempre e tornar-se imortal. Se Odisseu permanecesse complacente ele nunca chegaria a sua meta de voltar para casa.







MÚSICA: O TROCO - MARIA CECÍLIA E RODOLFO - EXALTASAMBA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Música: O Troco
Compositor: Maria Cecília e Rodolfo Com Part. Exaltasamba

[refrão]
Todo o tanto que você chorar, pra mim é pouco,
Você tá tendo o troco, falei que ia ter troco
Pode rastejar, implorar, pedir perdão,
eu vou olhar na tua cara e ficar repetindo não...

O que aconteceu, cadê seu novo amor?
Me trocou por ele, agora você se ferrou
Esperou dar tudo errado, pra vim me procurar
Mas, quebrou a cara, porque eu não vou voltar...

Perdi as contas de tanto que eu te liguei,
Chorei, implorei, pedi perdão,
Você foi embora, mas eu te avisei
Que nunca mais voltaria pro meu coração

[refrão]
Todo o tanto que você chorar pra mim é pouco,
Você tá tendo o troco, falei que ia ter troco
Pode rastejar, implorar, pedir perdão,
eu vou olhar na tua cara e ficar repetindo não... (2x)

O que aconteceu, cadê seu novo amor?
Me trocou por ela, agora você se ferrou
Esperou dar tudo errado, pra vim me procurar
Mas, quebrou a cara, porque eu não vou voltar...

Perdi as contas de quanto eu te liguei,
Chorei, implorei, pedi perdão,
Você foi embora, mas eu te avisei
Que nunca mais voltaria pro meu coração

[refrão]
Todo o tanto que você chorar pra mim é pouco,
Você tá tendo o troco, falei que ia ter troco
Pode rastejar, implorar, pedir perdão,
eu vou olhar na tua cara e ficar repetindo não...

Entendendo a canção:
01 – Qual o nome da música?
      O troco.

02 – Quem são os cantores que interpretam a música?
      Maria Cecília e Rodolfo.

03 – Qual o significado das expressões: “se ferrou” e “quebrou a cara”?
      “Se ferrou” significa se deu mal. Já “quebrou a cara” significa esperava uma coisa e aconteceu outra.

04 – Sobre o que fala a letra da música?
      Fala em vingança, em retribuir da mesma forma.

05 – Se você estivesse no lugar dela também daria o troco? Justifique.
      Resposta pessoal.

06 – Na sua opinião, dentro de um relacionamento, a sinceridade e lealdade são importantes? Comente.
      Resposta pessoal.


CRÔNICA: O DA FOTO - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: O da foto
                                         Luís Fernando Veríssimo 
Fonte da imagem -https://www.blogger.com/blog/post/edit/7220443075447643666/7111534935535087722# 
                                                      07/06/2009 05:10

         Pequena história para ser catalogada sob "Gerações - abismo entre".

        Ela com 18 anos, ele bem mais velho. Mas no seu chat pela internet os dois tinham mentido. Ela dissera "mais de 20", ele "menos de 35". Ela se descrevera como romântica, carinhosa e um pouco teimosa. Ou, como dizia a sua mãe, "cabeça dura". Ele fora mais vago: era sincero, amigo dos amigos, talvez um pouco obsessivo. Ela gostava de frutos do mar, rock e algumas novelas. Ele Chico e Caetano, e só ligava a TV para ver as notícias e o futebol.
        Depois de algumas semanas, em que tinham descoberto alguns gostos e desgostos em comum, marcaram um encontro num bar. E trocaram fotografias.
     Ela chegou no bar primeiro. Olhou em volta, procurando um rosto que correspondesse ao da fotografia que ele mandara. Ele ainda não estava lá. Ela pediu uma Coca Dieta e ficou olhando para a fotografia.
       Pensando: tirei a sorte grande. Gostamos das mesmas coisas. Rimos das mesmas coisas. E ele, ainda por cima, tem esses olhos azuis.
        Um homem parou ao lado da mesa e disse:
        - Olá.
        Ela levantou os olhos. Não era ele. Disse:
        - Alô...
        - Sou eu - disse o homem.
        Não era ele. Ou não era o da fotografia.
        - Desculpe - disse ela. - Estou esperando alguém que...
        - Sou eu - repetiu o homem. E disse seu nome.
        - Mas esta fotografia... - mostrou ela.
        - É do James Dean.
        - Quem?
        - James Dean. O ator.
        O homem não era feio. Ou pelo menos não era repugnante. Mas era mais velho do que o da foto. E não tinha olhos azuis.
        - Pensei que você fosse achar engraçado - disse ele.
        - Achar o que engraçado?
        - Eu mandar uma foto do James Dean em vez da minha.
        - Por que eu acharia engraçado?
        - Era uma brincadeira. Você logo ia ver que não era eu, que eu estava me auto ironizando e ...
        O homem desistiu no meio da frase. Viu pela expressão no rosto dela que ela não estava entendendo nada. Perguntou:
        - Você não reconheceu o James Dean, é isso?
        - Eu não sei quem é o James Dean.
        - Tá - disse o homem.
        E sentou-se. Ainda conversaram um pouco, sem muito entusiasmo. Ela tentando esconder a decepção porque ele nem se parecia com o da foto. Ele pensando: que futuro eu posso ter com alguém que não sabe quem foi o James Dean? Com alguém do outro lado do abismo?
        Ele pagou pela Coca, apesar dos protestos dela, se despediram e nunca mais se viram.

Entendendo a crônica:
01 – Quem o escreveu a crônica “O da foto”?
      Luís Fernando Veríssimo.

02 – Quem seriam os possíveis destinatários deste texto?
      Leitores de jornal.

03 – Que fato deu origem ao texto que você leu?
      Os “bate papos” da internet.

04 – Qual é o suporte desta crônica?
      Jornal o Globo.

05 – A crônica é quase sempre um texto curto, com poucas personagens, que se inicia quando os fatos principais da narrativa estão por acontecer. Por essa razão, o tempo e o espaço são limitados. Na crônica: “O da foto”
a)   Quais são as personagens envolvidas na história?
Um homem e uma mulher.

b)   Onde acontecem os fatos narrados?
A princípio cada um em sua casa e depois em um bar.

c)   Qual é o tempo de duração desses fatos?
Algumas semanas.

06 – Na crônica, os fatos podem ser narrados por um narrador-observador ou por um narrador-personagem. Qual é o tipo de narrador na crônica lida? Justifique com um trecho do texto.
      Narrador observador. “Depois de algumas semanas, em que tinham descoberto alguns gostos e desgostos em comum, marcaram um encontro num bar”.

07. Os dois personagens da crônica mentiram durante o relacionamento on-line. Quais as características que a moça atribuía a si mesma?
      Ela disse que tinha 20 anos, romântica, carinhosa e um pouco teimosa; gostava de frutos do mar, rock e algumas novelas.

08 – O homem se diz “sincero”. Na sua opinião, ao mandar uma foto que não era a dele, o homem teria sido sincero? Justifique.
      Resposta pessoal.

09 – Partindo de notícias veiculadas em jornais falados ou escritos ou em situações do dia-a-dia, o cronista pode representá-las com humor, reflexão crítica e sensibilidade.

a)   Existe uma relação entre a situação vivida pelas personagens da crônica e a de nosso dia-a-dia? Justifique.
Resposta pessoal.

b)   Que objetivos o autor tem em vista:
( ) Criar humor e divertir.
(x) levar o leitor a refletir criticamente sobre a vida e comportamentos humanos.

10 – Observe a linguagem empregada na crônica em estudo.
a)   Os fatos são narrados:
(x) de forma pessoal, subjetiva de acordo com a visão do cronista.
( ) são narrados de forma impessoal, objetiva

b)   Que tipo de variedade linguística é adotado na crônica:
( ) a variedade padrão formal
(x) variedade padrão informal.

11 – Sabendo que a crônica fotografa um momento e a sensibilidade do cronista funciona como um “filtro”, que imprime singularidade ao retrato do fato. Se você tivesse de escolher um sentimento predominante nesta crônica, qual seria ele?
      Resposta pessoal.

12 – O encontro pessoal provocou em ambos uma decepção. Por que a moça se decepcionou? E o homem por que se decepcionou?
      Ela porque ele não se parecia com a foto; ele porque percebeu que pertenciam a gerações muito diferentes.

TEXTO: CONTA DE NOVO A HISTÓRIA DA NOITE EM QUE EU NASCI - JAMIE-LEE CURTIS - COM GABARITO

Texto: Conta de novo a história da noite em que eu nasci

        Conta de novo a história da noite em que eu nasci.
     Conta de novo que vocês estavam dormindo encaixadinhos feito duas colheres e como o pai roncava!
        Conta de novo que o telefone tocou no meio da noite e eles disseram que eu nasci.
     Conta de novo como você começou a gritar!
        Conta de novo que você ligou logo para a vovó e o vovô, mas eles não atenderam o telefone porque dormiam como uma pedra.
        Conta de novo que vocês foram me buscar de avião, levando uma sacola de fraldas e mamadeiras, e que no avião só tinha amendoim para comer e nem um filmezinho pra ver.
        Conta de novo que você não podia ter um neném na sua barriga e por isso eu saí da barriga de uma outra moça que não podia cuidar de nenhuma criança. E eu vim para ser sua filhinha e vocês serem meus pais.
        Conta de novo que vocês chegaram de mãos dadas ao hospital, morrendo de curiosidade de me conhecer.
        Conta de novo a primeira vez que vocês me viram pelo vidro do berçário: eu berrava de fome e vocês riam que nem bobos.
        Conta de novo como eu era picurrucha e perfeitinha.
        Conta de novo a primeira vez em que você me abraçou e me chamou de filhinha querida. Conta de novo que você chorou de tanta felicidade!
        Conta de novo como vocês me levaram toda embrulhadinha pra casa e ficaram furiosos se alguém espirrasse perto de mim.
        Conta de novo como eu adorei a minha primeira mamadeira.
        Conta de novo como eu detestei trocar de fralda.
        Pai, conta de novo a primeira noite em que você cuidou de mim e ficou me contando que o beisebol é um jogo que os americanos adoram.
        Mãe, conta de novo a primeira noite em que você me ninou, cantando a mesma música que a vovó cantava pra você.
        Contem de novo a história da nossa família.
        Mãe, pai, contem de novo a história da noite em que eu nasci.

 CURTIS, Jamie-Lee. Conta de novo a história da noite em que eu nasci.
São Paulo: Salamandra, 1998.

Entendendo o texto:
01 – Você gostou ou não da história? Justifique sua opinião.
      Resposta pessoal. De todo modo, procure entender por que gostou ou não gostou: sua opinião foi formada pelo assunto, pela estrutura repetitiva?

02 – O pedido “Conta de novo”, repetido a cada novo detalhe a ser lembrado, traz para você um efeito agradável ou desagradável? Justifique.
      Resposta pessoal. Mas a repetição é que, diferentemente da nossa experiência, possibilita contar a história pedindo que seja contada. Além disso, a repetição dá um ritmo embalador ao texto, como nas histórias para fazer dormir.

03 – Em que momento você percebe que tanto pai como mãe contam a história?
      Primeiro, pede à mãe (“você não podia ter neném na sua barriga”). Depois, ora ela pede ao pai, ora à mãe. No fim, pede aos dois.

04 – Que pormenores sugerem para você o companheirismo do casal?
      Eles dormiam encaixadinhos como duas colheres; entraram no hospital de mãos dadas; ambos contam a mesma história para a menina.

    05 – Teóricos da literatura infantil costumam criticar o uso de diminutivos nas histórias para crianças, achando que o recurso “picurrucha” para criança, seria um tentativa ilusória de se aproximar do público infantil. Assinale os diminutivos do texto. Neste caso, você acha que o efeito foi bom ou ruim?
      Aqui, o diminutivo é muito bem empregado. Ela era, então, pequenininha. E ela apenas repete a linguagem dos pais.

 06 – Que conceito de família você percebeu, a partir do texto? A questão da adoção lhe pareceu bem posta?
      Resposta pessoal. Em todo caso, percebemos que a menina é filha dos dois, e que constituem os três uma família. (Na ilustração, ainda temos o cachorro como membro dessa família.


CONTO: CIÚME - LYGIA BOJUNGA NUNES - COM GABARITO

Conto: Ciúme
          Lygia Bojunga Nunes

        Eu tinha 9 anos quando a gente se encontrou: o Ciúme e eu.
        Era verão. Eu dormia no mesmo quarto que a minha irmã. A janela estava aberta.
      De repente, sem nem saber direito se eu estava acordada ou dormindo, eu senti direitinho que ele estava ali: entre a cama da minha irmã e a minha. A noite não tinha lua nem tinha estrela; e quando eu fui estender o braço para acender a luz, ele não quis:
        “Me deixa assim no escuro.”
        Que medo que me deu.
        Senti ele chegando cada vez mais perto. Fui me encolhendo.
        “Pega a minha irmã” eu falei. “Ali, ó, na outra cama. Eu sou pequena e ela já fez 14 anos, pega ela. Ela é bonita e eu sou feia; o meu pai, a minha mãe, a minha tia, todo o mundo prefere ela: por que você não prefere também?”
        Mas o Ciúme não queria saber da minha irmã, e eu já estava tão espremida no canto (a minha cama era contra a parede) que eu não tinha mais pra onde fugir, então eu pedia e pedia de novo:
        “Ela é a primeira da turma e eu tenho horror de estudar, olha, ela tá logo ali; e ela é tão inteligente pra conversar! Ela diz poesia, ela sabe dançar, o meu pai tá ensinando inglês e francês pra ela e diz que pra mim não vale a pena porque eu não presto atenção, então você pensa que eu não vejo o jeito que o meu pai olha pra ela quando todo o mundo diz que encanto de moça que é a sua filha mais velha? Pega, pega, PEGA ela!”
        “Não. Eu quero é você.”
        E o Ciúme disse aquilo com uma voz tão calma que eu fui me acalmando. E o medo meio que foi passando.
        “Bom” eu acabei suspirando “pelo menos tem alguém que gosta mais de mim do que dela.”
        E aí o vento do mar entrou pela janela, soprou o Ciúme e apagou ele feito vela.

NUNES, Lygia Bojunga. A troca e a tarefa. In Tchau.
Rio de Janeiro: Agir, 1985. p.51.

Entendendo o conto:
01 – Pela leitura do texto, o que leva você a garantir que a narração não é relato de uma “história verdadeira”, um relato de vida?
      Mesmo sem considerar as características do objeto livro, o título do livro e do conto indicariam mais ficção. A personificação do sentimento – Ciúme, com maiúscula é decisiva.

02 – O narrador pode ser ou não personagem da história. Qual é o caso, na narrativa anterior?
      O narrador é a personagem principal.

03 – A opção por um ou outro tipo de narrador traz procedimentos e resultados diferentes para a história.
a)   Em que pessoa a história é narrada?
A narrativa se faz em 1ª pessoa: ...a gente se encontrou: o Ciúme e eu.

     b) Essa escolha torna a narrativa mais ou menos subjetiva? Justifique sua resposta, com passagens do texto.
        Torna o texto mais subjetivo, com os fatos trabalhados do ponto de vista da personagem. O que ocorre tem de ser filtrado por ela.

04 – Indique que outras personagens aparecem nesse trecho e qual a sua importância para a narrativa.
      Aparecem os familiares: irmão, mãe, tia, e principalmente o pai. E o Ciúme.

05 – Por meio de que argumento ou expressões a narradora cria um ambiente indefinido, propício ao aparecimento do Ciúme?
      Estava escuro (como se ela não pudesse “ver” com clareza, e ela não sabia se estava dormindo ou não. É como se ela antecipasse a possibilidade de um sonho.

06 – Indiquem os elementos que marcam a passagem do tempo.
      De repente; quando eu quis acender a luz; então eu pedia e pedia de novo. E o vento disse aquilo...; E o medo foi passando; E aí. (A própria repetição da conjunção aditiva e cria um desdobramento temporal.)

07 – Por que o Ciúme aparece entre as duas camas?
      O sentimento era uma ligação entre a menina e a irmã.

08 – Por que, quanto mais a narradora fala, mais o Ciúme quer ficar com ela, e não com a irmã?
      As falas todas da menina eram representações do Ciúme.

 09 – Por meio de que recursos, usados pelo autor, você sente o medo da menina?
      O uso dos verbos/adjetivos (tão espremida no canto). Mas também pela repetição do “pega ela”. Um deles está todo em maiúsculas.