sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

POEMA: TECENDO A MANHÃ - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

POEMA: TECENDO A MANHÃ
                 João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã;
Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
E o lance a outro; de um outro galo
Que apanhe o grito que um galo antes
E o lance a outro; e de outros galos
Que com muitos outros galos se cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã, desde uma teia tênue,
Se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
Se erguendo tenda, onde entrem todos,
Se entretendendo para todos, no toldo
(A manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
Que, tecido, se eleva por si: luz balão.

                          MELO NETO, João Cabral de. Tecendo a manhã. In:_______.
       Poesias completas. 2. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1975. p. 19-20.

Entendendo o texto:

01 – Qual é o assunto do poema?
       É o tecido da manhã, feito por gritos de galos.

02 – Transcreva do poema todas as expressões que designam a manhã.
       Teia tênue, tela, tenda, toldo, toldo de um tecido tão aéreo, luz balão.

03 – Ocorrem no poema várias aliterações em t e d. O que elas podem significar?
       O entrechocar dos fios de um tecido que está sendo feito: a manhã, tecido aéreo.

04 – Quais as conotações possíveis para galo, manhã e o ato de tecer.
       Galo = homem; manhã = futuro. Note que se pode ler no poema “a manhã” = “amanhã”; ato de tecer = a solidariedade, a união entre os homens, de cuja ação (gritos) resulta o futuro.


POEMA: CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

POEMA: CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
                 Carlos Drummond de Andrade

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
Vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
É doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
Este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
Este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
Este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

             ANDRADE, Carlos Drummond de. Confidência do itabirano.
                                In:_____. Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro,
                                                                       Aguilar, 1967. p. 101-2.


Porosidade: caráter do que é poroso; a qualidade de ter poros; permeabilidade.

Entendendo o poema:

 

01 – Como o autor caracteriza Itabira, sua terra natal

       Como uma tranquila e monótona cidade interiorana.

 

02 – Em que verso o poeta manifesta o orgulho de ser itabirano? Transcreva-o.

       “Principalmente nasci em Itabira.”

 

03 – O que o poeta herdou de Itabira?

       Sua tristeza, seu orgulho, sua vontade de amar e seu hábito de sofrer.

 

04 – Houve uma mudança na vida profissional do poeta. Transcreva o verso que comprova essa afirmativa.

       “Hoje sou funcionário público.”

 

05 – “Mas como dói!”. Qual é a causa dessa dor?

 

       O fato de Itabira só existir na lembrança do poeta e ser apenas um retrato na parede.

06 – Tendo em vista que o poema contém referências a aspectos geográficos e históricos determinados, considere as seguintes afirmações:

I – O poeta é “de ferro” na medida em que é nativo da região caracterizada pela existência de importantes jazidas de minério de ferro, intensamente exploradas.

II – O poeta revela conceber sua identidade como tributária não só de uma geografia, mas também de um história, que é, igualmente, a da linhagem familiar a que pertence.

III – A ausência de mulheres de que fala o poeta refere-se à ampla predominância de população masculina, na zona de mineração intensiva de que é originário.

 

Está correto o que se afirma em:

a)   I, somente.

b)   III, somente.

c)   I e II, somente.

d)   II e III, somente.

e)   I, II e III.

 

07 – No poema, o eu lírico:

a)   Considera sua origem itabirana como causadora de deficiências que ele almeja superar.

b)   Revela-se incapaz de efetivamente comunicar-se, dado o caráter férreo de sua gente.

c)   Ironiza a si mesmo e satiriza a rusticidade de seu passado semirrural mineiro.

d)   Dirige-se diretamente ao leitor, tomando assim patente o caráter confidencial do poema.

e)   Crítica, em chave modernista, o bucolismo da poesia árcade mineira.

08 – Na última estrofe, a expressão que justifica o uso da conjunção sublinhada no verso: “Mas como dói!” é:

a)   “Hoje”.

     b) “Funcionário público”.

         c) “Apenas”.

         d) “Fotografia”.

         e) “Parede”.

09 – Tendo em vista que o poema contém referências a aspectos geográficos e históricos determinados, considere as seguintes afirmações:

I – O poeta é “de ferro” na medida em que é nativo da região caracterizada pela existência de importantes jazidas de minério de ferro, intensamente exploradas.

II – O poeta revela conceber sua identidade como tributária não só de uma geografia, mas também de um história, que é, igualmente, a da linhagem familiar a que pertence.

III – A ausência de mulheres de que fala o poeta refere-se à ampla predominância de população masculina, na zona de mineração intensiva de que é originário.

Está correto o que se afirma em:

a)   I, somente.

b)   III, somente.

c)   I e II, somente.

d)   II e III, somente.

e)   I, II e III.

10 – No poema, o eu lírico:

a)   Considera sua origem itabirana como causadora de deficiências que ele almeja superar.

b)   Revela-se incapaz de efetivamente comunicar-se, dado o caráter férreo de sua gente.

c)   Ironiza a si mesmo e satiriza a rusticidade de seu passado semi -rural mineiro.

d)   Dirige-se diretamente ao leitor, tomando assim patente o caráter confidencial do poema.

e)   Crítica, em chave modernista, o bucolismo da poesia árcade mineira.

11 – Na última estrofe, a expressão que justifica o uso da conjunção sublinhada no verso: “Mas como dói!” é:

a)   “Hoje”.

b)   “Funcionário público”.

c)   “Apenas”.

d)   “Fotografia”.

e)   “Parede”.

12 – Assinale o verso que melhor o explica o título do poema:

a)   “Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro”.

b)   “Noventa por cento de ferro nas calçadas”.

c)   “Este São Benedito do Velho Santeiro Alfredo Duval”.

d)   “De suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes”.

13 – Assinale a alternativa que melhor expressa uma relação de causa e consequência:

a)   “Alguns anos Alguns anos vivi em Itabira. / Principalmente nasci em Itabira.”

b)   “Itabira é apenas uma fotografia na parede. / Mas como dói!”

c)   “Oitenta por cento de ferro nas almas. / E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.”

d)   “Tive ouro, tive gado, tive fazendas. / Hoje sou funcionário público.”

14 – Assinale a única alternativa correta:

a)   No poema, delineia-se o impulsivo erótico que é, no entanto, reprimido.

b)   O orgulhoso faz com que o poeta renegue sua terra natal.

c)   O poeta, ao se tornar funcionário público, abandona a postura crítica.

d)   O poeta expressa seu entusiasmo por ser Itabirano.

 

 

 

 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

POEMA: TOADA DO AMOR - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

POEMA: TOADA DO AMOR
                 Carlos Drummond de Andrade

E o amor sempre nessa toada:
Briga perdoa, perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,
A gente vive, depois esquece.
Só o amor volta para brigar,
Para perdoar,
Amor cachorro bandido trem.
Mas, se não fosse ele, também
Que graça que a vida tinha?

Mariquita, dá cá o pito,
No teu pito está o infinito.


                                     ANDRADE, Carlos Drummond de. Toada do amor.
      In: _____. Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967. p. 55-6.

Toada: qualquer cantiga de melodia simples e monótona.

Entendendo o texto:

01 – Já no título e no primeiro verso, o poeta refere-se à monotonia das relações amorosas por meio do emprego de uma palavra. Que palavra é essa?
        Toada.

02 – Essa ideia da monotonia e da rotina aparece enfatizada pela repetição de alguns verbos. Que verbos são esses?
        Brigar e perdoar.

03 – Apesar dessa rotina, não devemos lamentar a nossa sorte. Por quê?
        Porque esquecemos tudo aquilo que acontece na nossa vida.

04 – O amor aparece caracterizado pelo emprego de três substantivos. Quais são eles?
        Cachorro, bandido, trem.

05 – Apesar d o amor ter uma série de inconvenientes, é ele que dá sentido à vida. Transcreva os versos do poema que comprovam essa afirmativa.
        “Mas, se não fosse ele, também que graça que a vida tinha”.

06 – O amor não só dá sentido à vida como pode ser de uma duração, extensão ou intensidade extremas. Que versos do poema podem ter essa conotação?

        “Mariquita, dá cá o pito, no teu pito está o infinito”.

ARTIGO DE OPINIÃO: A ETIQUETA NAS REDES SOCIAIS - RYANA GONÇALVES - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: A etiqueta nas redes sociais

                            Ryana Gonçalves

        Ultimamente, temos passado mais tempo no convívio social cibernético do que no convívio social pessoal. Aqui adivinhamos emoções, não há toque, não há olhares silenciosos cheios de significados, não há presença, não há corpo. Há apenas o teclado, o mouse, a tela, o curtir, o compartilhar, o tweetar, retweetar, participar, excluir, bloquear, responder, perguntar.
        Apesar de serem espaços sociais diferentes, igualmente vale a etiqueta que aprendemos em casa antes de sair para o mundo.
Todos têm suas manias, receios, ideias, caráter, costumes e essa coisa toda, mas todos devem ser, acima de tudo, RESPEITADOS.
        Assim como tem aquele cara que nunca posta nada, existe a menina que se expõe demais. Pra ela, pode não ser exagero, mas pros outros sim. Vale o mesmo para caso inverso, existem pessoas sem noção de ambos os sexos, ignorem as estatísticas. Não tem essa de mulher trai menos, homem é mais cafajeste. Aqui é todo mundo igual. Junta a quantidade de gente sem noção, de puritanos, de revolucionários, revoltados, ignorantes e ignorados. Cada um tem algo a dizer, sempre. 
        Na realidade, o chato começa quando um começa a reclamar de tal coisa, daí aparece o fulano reclamando do que o ciclano tá reclamando, e aí um monte de gente começa a reclamar dos dois que estão reclamando, e uns começam a reclamar dos outros, e daí já aparecem outros status reclamando... e eu estou reclamando dessa gente que como eu só reclama e não faz nada.
        Vamos trocar ideias? Porque reclamar não acrescenta em nada, só desabafa e daqui a pouco o vazio do desabafo vira mais reclamação, chateação e falta do que fazer.
        Mas daí aparece um ser reclamando daquele que posta algo produtivo, que reclama daquele que não posta algo produtivo, segue reclamando, e assim por diante.
        Ah, a etiqueta das redes sociais! Que coisa complicada de se entender. Quanto mais a gente tenta colaborar, parece que mais piora. Pedir perguntas no Ask não significa se expor totalmente, compartilhar no Facebook não significa que concorda plena e totalmente com o que está escrito (todos têm o direito de achar legal, simplesmente), curtir não significa "dar em cima" e assim por diante. Temos que entender que assim como temos nossas preferências quanto à comida, e manias quanto as nossas coisas, também tem pessoas com suas particularidades, e ter uma rede social não significa mostrar sua intimidade para o mundo. Ninguém é obrigado a nada.
        E sabe o que é uma boa etiqueta, um comportamento muito refinado? Educação. Sim, aprecia-se a boa educação, o respeito, a igualdade. Isso faz falta. Assim como faz falta um bom diálogo frente-a-frente e sair pra dar uma pedalada num dia de sol pra entorpecer o corpo de vitamina D. Pense nisso!

Entendendo o texto:
01-O texto classifica-se em:
(  ) narrativo.
(X) argumentativo.
(  ) informativo.
(  ) descritivo.

02 – A autora usa a expressão de lugar “aqui” para fazer referência a quê?
        Ela se refere ao convívio social cibernético.

03 – No primeiro parágrafo, separe os elementos e ações que são distinguidas para cada ambiente social.
      Ambiente social cibernético, virtual: “teclado, mouse, tela, o curtir, o compartilhar, o tweetar, retweetar, participar, excluir, bloquear, responder, perguntar.”
      Ambiente social físico, real: “toque, olhares silenciosos cheios de significados, presença, corpo.”

04 – Por que a palavra "respeitados" foi escrita de forma diferente?
      Para destacar o que a autora considera importante, mostrando a relação entre esta palavra e o tema “etiqueta”, “educação”.

05 – Qual é o problema apresentado no texto?
      A falta de educação e de bom-senso por parte de algumas pessoas na convivência pela Internet, sobretudo em sites de relacionamento. 

06 – O que a autora propõe como forma de amenizar esse problema?
      Entender que todos têm suas diferenças, agir com educação e respeito.

07 – Apesar da argumentação se desenvolver acerca das redes sociais, no fim do texto a autora revela sua opinião sobre a importância de nos desprendermos do mundo virtual. O que ela sugere?
      A autora sugere “um bom diálogo frente-a-frente, sair pra dar uma pedalada num dia de sol pra entorpecer o corpo de vitamina D”, ou seja, não ficar preso às redes sociais.

08 – Elabore um comentário sobre o conteúdo. Lembre-se de que o gênero textual comentário serve para expormos uma curta análise de um determinado assunto, permitindo que manifestemos a nossa opinião, concordando ou discordando.
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Você já se sentiu incomodado ao ler algo desagradável nas redes sociais? Ou já postou algo e depois se arrependeu?
     Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A charge se relaciona com o texto à medida que mostra o quanto algumas pessoas expõem sua vida nos sites de relacionamento. Sem ponderar, exibem todo o tipo de conteúdo, que é instantaneamente visualizado, compartilhado, podendo se estender até aos desconhecidos.
  

  

TEXTO: O SOFISMA DA ESPECIALIZAÇÃO - CLÁUDIO DE MOURA CASTRO - COM GABARITO

Texto: O SOFISMA DA ESPECIALIZAÇÃO


     Alguém disse que um especialista é uma pessoa que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. A frase é engraçadinha, porém errada. Cadê o especialista que só sabe de um assunto? Certamente, não está nos empregos mais cobiçados.
     Pensemos no caso dos cientistas. Noventa e nove vírgula nove por cento dos mortais não entendem suas publicações, sobretudo nas ciências naturais. Mas um cientista fez um primário e um secundário genérico, uma faculdade pouco especializada e os cursos de doutorado são bastante amplos e, quase sempre, multidisciplinares. Portanto, em seus vinte anos de estudos, relativamente pouco tempo foi concentrado em áreas especializadas. E mesmo estudando áreas especializadas, muito do proveito foi afiar a capacidade de manipular ideias. No fundo, o bom cientista é um grande generalista que, além disso, domina uma área específica. Os russos tinham um curso para engenheiros especializados em tintas com pigmento orgânico e outro para inorgânico. Mas se são bons engenheiros é porque passaram muitos anos adquirindo uma competência mais ampla para analisar problemas e pensar claro.
        É a maior capacidade de pensar de forma abrangente que faz de alguém um grande cientista e não um reles operador de laboratório. Robert Merton demonstrou que a diferença entre um prêmio Nobel e outros cientistas é sua capacidade de escolher o problema certo na hora certa. Portanto, não é o conhecimento especializado – por certo necessário na pesquisa e em muitas outras áreas – que conta, mas a combinação deste com sua série de competências generalizadas. Ou seja, todo especialista de primeira linha é também um generalista.
        Dentre as ocupações valorizadas e mais bem remuneradas, há duas categorias. A primeira é a dos cientistas, engenheiros e muitos outros profissionais cuja preparação requer o domínio de técnicas complexas e especializadas – além das competências “genéricas”. Ninguém vira engenheiro eletrônico sem longos anos de estudo. Mas pelo menos a metade das ocupações que requerem diploma superior exige conhecimentos específicos limitados. Essas ocupações envolvem administrar, negociar, coordenar, comunicar-se e por aí afora. Pode-se aprendê-las por experiência ou em cursos curtos. Mas somente quem dominou as competências genéricas trazidas por uma boa educação tem a cabeça arrumada de forma a aprendê-las rapidamente. Por isso, nessas ocupações há gente com todos os tipos de diploma. Nelas estão os graduados em economia, direito e dezenas de outras áreas. É tolo pensar que estão fora de lugar ou mal aproveitados, ou que se frustrou sua profissionalização, pois não a exercem. É interessante notar que as grandes multinacionais contratam “especialistas” para posições subalternas e, para boa parte das posições mais elevadas, pessoas com a melhor educação disponível, qualquer que seja o diploma.
        A profissionalização mais duradoura e valiosa tende a vir mais do lado genérico que do especializado. Entender bem o que leu, escrever claro e comunicar-se, inclusive em outras línguas, são os conhecimentos profissionais mais valiosos. Trabalhar em grupo e usar números para resolver problemas, pela mesma forma, é profissionalização. E quem suou a camisa escrevendo ensaios sobre existencialismo, decifrando Camões ou Shakespeare pode estar mais bem preparado para uma empresa moderna do que quem aprendeu meia dúzia de técnicas, mas não sabe escrever.
        A lição é muito clara: o profissional de primeira linha pode ou não ser um especialista, dependendo da área. Pode ou não ter a necessidade de conhecer as últimas teorias da moda. Mas não pode prescindir dessa “profissionalização genérica”, sem a qual será um idiota, cuspindo regras, princípios e números que não refletem um julgamento maduro do problema. Portanto, lembremo-nos: especialista não é quem sabe só de um assunto, e ser profissional não é apenas conhecer técnicas específicas. O profissionalismo mais universal é saber pensar, interpretar a regra e conviver com a exceção.

                                 CASTRO, Cláudio de Moura. Veja, 4 abr. 2001.

Entendendo o texto:

01 – A grande tese defendida pelo autor poderia ser resumida por qualquer uma das seguintes afirmações:
      - Quem não pensa de modo mais abrangente não é bom profissional;
      - Todo especialista de primeira linha é também um generalista.

02 – Ele apresenta ao leitor alguns argumentos para sustentar sua tese. Por exemplo:
a)   Discute as características da formação de um cientista e, afirma: “No fundo, o bom cientista é um grande generalista que, além disso, domina uma área específica”. Para sustentar essa afirmação, ele apresenta um argumento empírico. Qual?
       No 2º parágrafo, ele traz como argumento empírico a formação altamente técnica de engenheiros russos especializados em tintas (havia um curso para tintas com pigmentos orgânicos e outro para tintas com pigmentos inorgânicos). Mas, se eram bons engenheiros, isso se devia à formação ampla que recebiam.

b)   Em seguida, ele afirma: “É a maior capacidade de pensar de forma abrangente que faz de alguém um grande cientista e não um reles operador de laboratório”. E sustenta sua afirmação com um argumento de autoridade. Qual?
       No 3º parágrafo, o autor se sustenta na autoridade de Robert Merton, que demonstrou que a diferença entre um prêmio Nobel e outros cientistas é sua capacidade de escolher o problema certo na hora certa.

c)   Em alguns pontos do texto, ele faz referência a “empregos mais cobiçados” e “ocupações valorizadas”. Por que esses elementos tem força argumentativa no conjunto do texto?
       Porque é com o que as pessoas sonham.

03 – Cláudio de Moura Castro adota um tópico comum, mas, ao mesmo tempo, faz críticas a outros. Diz, por exemplo, que é tola uma certa crença social (pensar que está necessariamente fora de lugar ou mal aproveitado um profissional que está ocupando uma posição diretamente correlacionada ao diploma que tem).
a)   Que função argumentativa essa crítica tem no raciocínio que o autor desenvolve no seu texto?
      Ela reforça a tese do texto: o sabor genérico é indispensável para o bom profissional e não apenas uma especialização muito restrita.

b)   De que modo vai na mesma direção argumentativa a afirmação: “E quem suou a camisa escrevendo ensaios sobre existencialismo, decifrando Camões ou Shakespeare pode estar mais bem preparado para uma empresa moderna do que quem aprendeu meia dúzia de técnicas, mas não sabe escrever”?
      O domínio das técnicas só é de fato produtivo se o profissional tiver uma formação genérica que envolve, como fator básico, o domínio da escrita.

04 – Quais capacidades o autor menciona como componentes de uma formação generalista?
       Ele apresenta estas capacidades em vários parágrafos: competência mais ampla para analisar problemas e pensar claro (2º parágrafo), entender bem o que leu, escrever claro e comunicar-se, conhecer outras línguas, saber trabalhar em grupo e usar números para resolver problemas (5º parágrafo).