sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

CONTO: PAUSA - MOACYR SCLIAR - In, ALFREDO BOSI - COM GABARITO

CONTO: PAUSA

   Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. E sem ruído estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
  --- Vais sair de novo, Samuel?
  Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
       --- Todos os domingos tu sais cedo --- observou a mulher com azedume na voz.
       --- Temos muito trabalho no escritório --- disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduiches:
       --- Por que não vens almoçar?
      --- Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
      --- Volto a noite.
      As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
      Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduiches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com a chave do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
      --- Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
      --- Estou com pressa, seu Raul --- atalhou Samuel.
      --- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. --- Estendeu a chave.
      Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
      --- Aqui, meu bem! --- uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
      Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d`água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
      Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduiches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
      Dormir.
      Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
      Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
      Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito noturno de um vapor. Depois, silêncio.
      Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
      Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
      --- Já vai, seu Isidoro?
      --- Já --- disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
      --- Até domingo que vem, seu Isidoro --- disse o gerente.
      --- Não sei se virei --- respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
      --- O senhor diz isso, mas volta sempre --- observou o homem, rindo.
      Samuel saiu.
      Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado.
     Depois, seguiu. Para casa.   
                                             
MOACYR SCLIAR -In; Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo.
São Paulo: Cultrix, 1977.p.275.

Entendendo o texto:
01 – Nesse conto, o narrador é o observador. Ele narra o que acontece na vida da personagem Samuel/Isidoro.
           a) Quanto tempo transcorre entre o início e o final do conto?
      Um pouco mais de doze horas:  das sete da manhã às sete e pouco da noite.

           b) Como o narrador informa o leitor sobre o tempo decorrido?
      O texto se inicia com uma frase que se repete no trecho final: “As sete horas o despertador tocou”.

02 – O tempo e o espaço são elementos importantes para a construção do sentido das narrativas. No conto “Pausa”:
           a) Onde ocorrem os fatos?
      Em três locais: a casa do personagem, o hotel e a rua, ao longo do cais.

           b) Qual deles é mais destacado? Justifique sua resposta.
      O hotel, porque é descrito em detalhes.

           c) Como se caracteriza esse lugar?
      O hotel era pequeno e sujo, de baixa categoria; a poltrona do porteiro era rasgada; a escada que conduzia aos quartos era vacilante; o quarto era pequeno, com uma cama de casal e um guarda-roupa de pinho, a um canto, havia uma bacia cheia de água, sobre um tripé; as cortinas eram esfarrapadas e a colcha e os lençóis, ruins; o chão era carcomido.

03 – Dê uma interpretação para o sonho da personagem Samuel.
       Resposta pessoal.


quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

MÚSICA-RAP(ATIVIDADES): QUEM SOU EU - ORIENTE - COM GABARITO

Música(Atividades): Quem Sou Eu

                                                Oriente

Eu sou destino incerto, sou estrada, sou andarilho
Sou gente, sou Deus, animal, ser humano, sou pai, filho
Sou o que eu vejo, o que tu vê, sou gota d'água, estopim
Eu sou pavio, sou a bomba, sou início, sou o meio e o fim
Eu sou a cor, sou o cinza, sou predicado e sujeito
Eu sou a cena do crime, sou testemunha e suspeito
Eu sou a luz, sou o escuro, sou criador, sou criatura
Sou a praga, sou a salvação, eu sou a doença e a cura
Sou o que foi feito, o que eu faço, sou futuro do que eu fiz
Sou professor, sou aluno, perfeito eterno aprendiz
Sou cicatriz, sou ferida, sou mágoa, sou vida e morte
Sou um trevo, sou um duende, sou jogo de azar e sorte
Sou a órbita irregular, gira e volta que o mundo dá
Os quatro elementos, sou terra, sou fogo, sou água e ar
Eu sou Alah, Krishna, Shiva, sou trevas e sou luz
Eu sou Buda, sou Lutero, sou Lúcifer e Jesus

Sigo procurando quem eu sou, sou o que quero ser
Sou ser humano, permita-se ser
Voltas do mundo de um tempo que não passou
Não tento ser o que querem, simplesmente sou o que eu sou

Eu sou o que Freud não explica, o que Nostradamus previu
A descoberta do século que Einstein não descobriu
Sou um anjo de asa quebrada o cuja auréola caiu
Sou mundo inteiro, mistura, sou caboclo, sou Brasil
Sou cigarro depois do almoço, o primeiro reet do dia
Sou uma taça de um bom vinho com uma boa companhia
Eu sou fogueira na serra, sou acampamento em Martins
Sou tênis velho, skate no pé, blusão e calça jeans
Sou tarde chuvosa de terça, metamorfose ambulante
Sou o agora, sou o depois, e tudo que já fui antes
Sou cachoeira, nascente, sou uma vida a brotar
Sou água que percorre um rio, só pra poder ver o mar
Sou uma cantiga de roda, o sol nascendo no inverno
Sou Capeta indo pro céu, um anjo queimando no inferno
Sou a cidade turbulenta, sou uma praia deserta
Eu sou a estrada pro abismo indo na direção certa

Sigo procurando quem eu sou, sou o que quero ser
Sou ser humano, permita-se ser
Voltas do mundo de um tempo que não passou
Não tento ser o que querem, simplesmente sou o que eu sou.

Interpretação do texto:

01 – Quem sou eu em relação ao mundo em que vivo e o que posso fazer para mudar aquilo que não concordo?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Como você vê a realidade de seu convívio social, na escola, na comunidade e no trabalho?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Os grupos sociais tem por objetivo:
a)   Substituir o papel da família;
b)   Complementar o papel da família;
c)   Ocupar o espaço da polícia;
d)   Ofertar empregos públicos;
e)   Destruir as regras estabelecidas.

04 – Qual dos elementos abaixo não representa a solidariedade orgânica dos grupos sociais?
a)   Pluralidade de indivíduos;
b)   Organização;
c)   Interação social;
d)   Objetividade e exterioridade;
e)   Conflito.

05 – Sendo a Sociologia uma área da ciências humanas que estuda o comportamento humano em relação ao meio. Partindo deste princípio, podemos utilizar esta música – rap para quê?
      Trabalhar a construção da identidade pessoal e social (Socialização).

06 – Paradoxo é uma figura de pensamento que indica uma construção de ideias que se encontra em uma só frase ou pensamento. Na letra desta música podemos encontrar muitos. Cite três versos que tenha paradoxo.
      “Eu sou a luz, sou o escuro, sou o criador, sou criatura”.
      “Sou professor, sou aluno, perfeito, eterno aprendiz.”
      “Sou um trevo, sou um duende, sou jogo de azar e sorte.”

07 – Vivemos em sociedade, submetidos a regras, modelos de comportamentos, devemos dar respostas conforme as expectativas gerais, buscamos satisfazer amigos, família, colegas de trabalho e onde ficamos? Onde o verdadeiro EU fica nisto tudo?
      Resposta pessoal do aluno.



CRÔNICA: A DANÇA DAS GERAÇÕES - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Texto: A dança das gerações

  De repente, pais jovens, que sempre se consideraram modernos e liberais, já não conseguem compreender a filha. As ideias, os valores, a linguagem, as roupas, o cabelo... tudo parece estar tão distante... Conflito de gerações?

                     PAIS

       Por casualidade, os três ficaram lado a lado na igreja. Tinham mais ou menos a mesma idade do pai da noiva. Que acabava de passar por eles, radiante com a filha pelo braço, a caminho do altar.
       --- É --- disse um deles ---, esse deu sorte.
      Os outros dois concordaram, com ruídos indefinidos.
       --- A minha se juntou.
       --- A minha á declarou, textualmente, que casamento não tá com nada.
       --- Pior é a minha.
       --- Ah, é?
       Casou num ritual novo aí. Nem sei que religião é. No meio do campo. Eu me recusei a ir. A mulher foi e voltou com urticária.
       --- A minha avisou que tinha se juntado quando já estavam juntos. Achou que eu gostaria de saber. Não gostei.
       --- Eu estou tentando convencer a minha a casar. Não importa com quem. Desde que tenha cerimônia. Á disse até que eu forneço o noivo. Pago o vestido, pago a igreja, pago o coro, pago a festa e a lua de mel e ainda entro com o noivo. Sabe o que ela me diz?
       --- Sei.
       --- “Burguesão”.
       --- É. A minha disse que talvez até case um dia, quando os filhos tiverem idade para carregar a cauda do vestido. Quer dizer, ainda nos gozam.
       --- Querem nos matar. Querem nos matar.
       --- E eu que sonhava com essa cena?
       --- Nem me fala.
       --- Sou capaz até de alugar uma igreja, contratar a música, botar uma fatiota e desfilar sozinho pelo corredor. Só para ter a sensação.
       --- Acho que a gente devia fazer um trato. O primeiro da nossa geração que tivesse uma filha disposta a casar em igreja, com vestido e tudo, convidaria os outros para entrar junto com ela na igreja. Cada um desfilaria uma determinada distância de braço com a noiva, depois passaria para outro, e assim até o altar.

                                       (Luís Fernando Veríssimo. Zoeira. Porto Alegre:L&PM,1996. P. 16-17.)
Entendendo o texto:
01 – O texto retrata uma situação relativamente comum no dia a dia.
           a) Em que espaço e em que ocasião ela ocorre?
      Numa igreja, durante uma cerimônia de casamento.

           b) Em quanto tempo ela se passa?
      Durante alguns minutos.

         c) As personagens são construídas psicologicamente de modo aprofundado ou são tratadas de modo ligeiro?
      De modo ligeiro.

           d) Como você caracterizaria essas personagens?
      Como pessoas não totalmente conservadoras, mas que mantêm o sentimento de romantismo em relação à cerimônia de casamento, por isso, desejam ver as filhas se casarem de modo convencional.

02 – Suas respostas anteriores indicam características importantes de um determinado gênero textual. Que gênero é esse?
       A crônica.

03 – De acordo com o narrador, três pais se encontram “por casualidade” e se lamentam do procedimento de suas filhas. De que reclamam?
       Reclamam da falta de interesse de suas filhas em se casar ou em se casar na igreja.

04 – Compare a posição das três filhas a respeito do casamento.
            a) O que há de comum entre elas?
       As três se negam a participar de um casamento tradicional.

            b) O que há de diferente?
       Uma aceitou se casar, mas com um ritual diferente, no campo; outra resolveu se juntar em vez de casar; e a outra se nega a casar.

05 – A filha de um desses pais chegou a se casar entretanto, ele não se mostra satisfeito.
            a) Por quê?
        Porque ele gostaria que a cerimônia de casamento tivesse sido a tradicional, realizada na igreja, e não no campo.

            b) O que conota a expressão “num ritual novo aí”?
       Conota desinteresse ou descrença do pai em relação à religião à qual supostamente a filha está ligada.

06 – Diz um dos pais: “---A minha avisou que tinha se juntado quando já estavam juntos. Achou que eu gostaria de saber. Não gostei”. Levante hipóteses:
            a) Por que a filha achou que o pai gostaria de saber da novidade?
       Porque ela estava dando um passo importante na vida, o de sair de casa e ir morar com outra pessoa.

            b) Por que o pai não gostou?
       Porque certamente esperava que a filha se casasse de modo convencional.

07 – Um dos pais diz: “Eu estou tentando convencer a minha a casar. Não importa com quem. Desde que tenha cerimônia”. E ainda se dispõe a arcar com todas as despesas, mas é chamado de “burguesão” pela filha.
a)   Do casamento, o que parece ser mais importante para esse pai?
        A cerimônia, o ritual da igreja.

            b) Ao chama-lo de “burguesão”, que tipo de crítica a filha faz ao pai?
        Ela dá a entender que, ao se propor a pagar tudo, o pai só se preocupa com os aspectos exteriores do casamento e se esquece do principal: respeitar o desejo dela de se casar ou não, respeitar o modo como ela pensa em ser feliz.



  

POEMA: BEM-QUERER BENQUERENDO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Poema: Bem-querer benquerendo


Nem em pé-d`água
Em pé de atleta
Em pé de cabra
Em pé de boi ou de galinha
Em pé-de-meia
Ou de moleque
Nem se quer em pé de pato
Não, não entra o sapatinho
Vermelho-sangue
Todo lindo
De rubi
Feito só pra os pezinhos
Delicados de meu bem.
Pés de moça tão dileta
Digna do meu bem-querer.
Breque!
Ora escrevo diferente:
Bem te quero
Assim sem hífen
Benquerer assim pertinho
Pra aquecer o amor da gente
Benquerer assim sem hífen
Pra que sempre
Ele esquente
O meu coração pé-frio!

        Felipe Stucchi de Souza, aluno do 3º ano do ensino médio.

Entendendo o texto:

01 – No poema há uma série de palavras em cuja composição entra a palavra pé.
     Observe-as e responda:
          a) Como essas palavras se classificam?
     Como substantivos compostos ou locuções substantivas.

          b) Como se faz o plural dessas palavras?
     Pluralizando-se o 1º elemento: pés-d`água, pés-de-meia, pés de atleta, etc.

02 – Por que, de acordo com o eu lírico, o sapatinho não entra em nenhum dos “pés” citados?
       Porque o sapatinho foi feito especialmente para os pés delicados da moça que ele ama.

03 – Justifique o título do poema.
       A partir do verso “Breque!”, o eu lírico passa a escrever “diferente”; ele elimina o hífen do substantivo composto bem-querer para falar da proximidade que deseja ter com a amada.

04 – Há no poema dois adjetivos compostos.
           a) Identifique-os.
      Vermelho-sangue, pé-frio.

a)   Como eles ficariam se o substantivo que eles acompanham estivesse no plural?
      Vermelho-sangue, pés-frios.

05 – O poema tem um ritmo bem marcado. No último verso, entretanto, houve uma quebra no ritmo. Relacione essa quebra rítmica ao sentido do verso.
      O coração pé-frio do eu lírico desarmoniza o ritmo.





TEXTO: O CARTEIRO E O POETA - PABLO NERUDA - COM GABARITO

Texto: O carteiro e o poeta
             Pablo Neruda

  Que ninguém deixe de ver este extraordinário O carteiro e o poeta. Insisto porque o filme ganhou a Mostra Internacional de São Paulo (prêmio do público) e concorreu aos Oscars de melhor filme um fato raro, uma vez que até aqui apenas quatro vezes aconteceu de uma fita estrangeira ser indicada na categoria especial), direção, ator (o falecido Massimo Troisi), roteiro, trilha musical para filme dramático. Ou seja, a Academia se curvou à sua qualidade. Além de ser bonito e emocionante.
         O filme não concorreu ao Oscar de produção estrangeira porque a Itália preferiu indicar oficialmente O homem das estrelas, de Giuseppe Tornatore (que ficou entre os finalistas contra o brasileiro O Quatrilho), mas principalmente porque a fita aqui é dirigida por um inglês. Mas quem assistir vai gostar, garanto.
         A história por trás das filmagens é perturbadora: Massimo Troisi é um comediante napolitano que foi visto no Brasil em Splendor e As aventuras do Capitão Tornado, ambos de Ettore Scola.
         Trosi estava muito doente, necessitando de um transplante de coração, quando finalmente surgiu a possibilidade de rodar este filme, que era seu sonho e pelo qual tinha lutado durante anos. Não podia dirigir, então chamou o amigo Radford (que fez 1984, baseado em George Orwell). Estava tão doente que só podia trabalhar duas ou três horas por dia.
          E morreu horas depois de concluído seu trabalho.
          Parece que feliz. É a história incrível de alguém que deu a vida pelo cinema, literalmente. Por sorte, já que em cinema nunca se sabe, o filme resultou impressionante e formidável. Troisi faz um modesto carteiro do sul da Itália que descobre que está exilado ali perto o famoso poeta esquerdista Pablo Neruda (Philippe Noiret, de Cinema Paradiso). Está disposto a tudo para ficar amigo dele e, pouco a pouco, vão se aproximando, trocando experiências, até poesias, num resultado realmente delicado, sensível e diferente de tudo o que você viu antes. Para americano reconhecer a qualidade de uma fita estrangeira é muito difícil. Prova de que você não pode perder a fita.
                                   E-Pipoca. O carteiro e o poeta. Disponível em:
              www.epipoca.com.br/filmes ficha/4395/o-carteiro-e-o-poeta.
                                                                    Acesso em: 22 jan. 2015.
Entendendo o texto:
01 – Qual é o título do texto?
       É “O carteiro e o poeta”.

02 – Pela leitura da resenha, é possível identificar alguma personagem do filme?
       Sim, é possível identificar duas personagens: um modesto carteiro do sul da Itália e o famoso poeta Pablo Neruda.

03 – É possível determinar o tempo no qual ocorre a história?
       Não, somente pela leitura da resenha não é possível determinar o tempo em que ocorre a história. Pode-se inferir que se passa na época em que Pablo Neruda morou no sul da Itália.

04 – Com base nos dados da resenha, descreva o cenário do filme.
       O filme se passa no sul da Itália, pois o autor comenta que “[...] Troisi faz um modesto carteiro do sul da Itália que descobre que está exilado ali perto o famoso poeta esquerdista Pablo Neruda [...]”.

05 – Segundo o autor da resenha, as personagens citadas têm algum tipo de relacionamento?
       Segundo o autor, o carteiro deseja tornar-se amigo do poeta e, então, essas personagens, aos poucos, se aproximam e passam a trocar experiências.



REPORTAGEM: TECNOLOGIA PARECE ALTERAR CARÁTER DE AMIZADES JUVENIS - HILARY STOUT - COM GABARITO

REPORTAGEM: TECNOLOGIA PARECE ALTERAR CARÁTER DE AMIZADES JUVENIS

        HILARY STOUT 
 THE NEW YORK TIMES

   Antigamente, as crianças conversavam fisicamente com seus amigos. Aquelas horas passadas no telefone da família ou na companhia de amigos do bairro desapareceram muito tempo atrás. Hoje, porém, até mesmo trocar ideias por celular ou e-mail está ultrapassado. Para os adolescentes e pré-adolescentes atuais, a amizade parecesse desenrolar cada vez mais por meio de minitextos, SMSs ou nos fóruns muito públicos de Facebook ou MySpace.
        Boa parte das preocupações com esse uso da tecnologia tem sido voltada, até agora, a suas implicações no desenvolvimento intelectual das crianças. Mas especialistas começam a estudar um fenômeno profundo: a possibilidade de a tecnologia estar mudando a própria natureza das amizades das crianças
         “De modo geral, os temores suscitados pelo ciberbullying e o sexting (troca de mensagens com textos e imagens de teor sexual) têm ocupado o primeiro plano, deixando em segundo plano um olhar sobre coisas realmente nuançadas, como a maneira como a tecnologia está afetando o caráter de proximidade da amizade”, disse Jeffrey G. Parker, professor-associado de psicologia na Universidade do Alabama, que estuda as amizades infantis desde a década de 1980. “Estamos apenas começando a analisar essas modificações sutis”.
          A dúvida é se todo esse envio de mensagens e a participação em redes sociais online permite aos adolescentes e crianças ficar mais em contato com seus amigos e lhe dar mais apoio --- ou se a qualidade de suas interações está sendo prejudicada pela ausência de intimidade e da troca emocional dadas pelo tempo passado fisicamente juntos.
          Ainda é muito cedo para saber a resposta. Escrevendo no periódico “The Future of Children”, Kaveri Subrahmanyam e Patrícia M. Greenfield, psicólogos, [...] observaram: “Evidências qualitativas iniciais indicam que a facilidade das comunicações eletrônicas pode estar fazendo os `teens` terem menos interesse em comunicação cara a cara com seus amigos. São necessárias mais pesquisas para avaliar até que ponto esse fenômeno está presente e quais seus efeitos sobre a qualidade emocional de um relacionamento”.
          Mas a questão é importante, acreditam estudiosos, porque as amizades infantis estreitas ajudam as crianças a ganhar a confiança em pessoas de fora de seu círculo familiar e a deitar as bases para relacionamentos adultos saudáveis. “Não podemos deixar que os relacionamentos bons e estreitos desapareçam. Eles são essenciais para permitir que as crianças brinquem com suas emoções, expressem suas emoções --- todas as funções de apoio que acompanham os relacionamentos adultos”, disse Parker.
          O que veem muitos profissionais que trabalham com crianças são intercâmbios mais superficiais e mais públicos eu no passado. Um dos receios é que a criança e os adolescentes de hoje possam estar deixando de viver experiências que ajudam a desenvolver empatia, compreender nuances emocionais e interpretar indicações como as expressões faciais e a linguagem corporal. Com as obsessões tecnológicas das crianças começando em idade cada vez mais precoce, é possível que seus cérebros acabem sofrendo modificações e que essas habilidades se enfraqueçam mais, pensam alguns pesquisadores.
          Mas outros estudiosos da amizade argumentam que a tecnologia está aproximando as crianças mais do que nunca. Elizabeth Hartley-Brewer, autora do livro “Making Friends: A Guide to Undestanding and Nurturing Your Child´s Friendships”, [...] acredita que a tecnologia permite a adolescentes e crianças ficar conectados com seus amigos 24 horas por dia[...]
          [...]
          Para algumas crianças ou adolescentes, a tecnologia é um instrumento que facilita uma vida social ativa. Hannah Kliot, 15, [...] diz que usa o SMS para fazer planos e para transmitir que coisas que acha engraçadas ou interessantes. Mas também o uso para saber como estão suas amigas que podem estar chateadas com alguma coisa --- e, nesses casos, procura conversar realmente com elas. “Mas acho que a nova forma de conversar com uma pessoa é o bate-papo por vídeo, no qual você realmente vê a outra pessoa”, disse. “Já dei telefonemas, mas telefonar é considerado antiquado”.

                                                       (Folha de São Paulo, 10/5/2010.)
Entendendo o texto:

01 – O texto apresenta nove parágrafos.
a)   Os dois primeiros formam a introdução. Identifique, no 2º parágrafo, a ideia principal do texto.
      A tecnologia pode estar mudando a própria natureza das amizades das crianças.

           b) Quais são os parágrafos do desenvolvimento?
      Do 3º ao 8º parágrafo.

           c) Que parágrafo forma a conclusão?
      O último.

02 – Há no texto palavras e expressões responsáveis pela continuidade, ou seja, pela retomada de palavras e ideias expressas anteriormente. No início do texto, por exemplo, a autora refere-se ao uso da tecnologia nos relacionamentos sociais dos jovens. Que palavra do 2º parágrafo retoma essa ideia e da continuidade ao texto?
      O pronome demonstrativo esse (“com esse uso da tecnologia”) remete aos usos da    tecnologia mencionados no parágrafo anterior.

03 – No 5º parágrafo, a que se refere a frase “Ainda e muito cedo para saber a resposta?
       Refere-se a qualidade das relações dos jovens nas redes sociais.

04 – No início do 6º parágrafo, há uma pergunta que estabelece uma ideia de retificação em relação ao que foi dito no parágrafo anterior.
             a) Qual é essa palavra?
        É a conjunção coordenativa mas.

             b) Qual é a afirmação que essa palavra retifica?
        Ela retifica a afirmação anterior da 5º parágrafo: “Ainda é muito cedo para saber a resposta”.


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): NO BATE PAPO - BANDA CALYPSO - COM GABARITO

Música(Atividades): No Bate Papo

                                                 Banda Calypso
Todas as noites no computador
Vou te buscar
Me conecta no teu coração
Vou acessando até te encontrar
Prá te dizer, te quero mais
Sentir o teu corpo no meu...

Como eu queria
Olhar teus olhos
Sentir tua respiração
Beijar teu corpo
O tempo inteiro
Mas me contento
Com o mouse na mão...

No bate papo!
A gente vai fazer amor
No bate papo!
Vou teclando
Se colar colou
No bate papo!
Online vou te dá prazer
Pela internet
Quero amar você...(2x)

Como eu queria
Olhar teus olhos
Sentir tua respiração
Beijar teu corpo
O tempo inteiro
Mas me contento
Com o mouse na mão...

No bate papo!
A gente vai fazer amor
No bate papo!
Vou teclando
Se colar colou
No bate papo!
Online vou te dá prazer
Pela internet
Quero amar você... (3x)

Entendendo a canção:

01 – A música “Bate papo” nos fornece elementos importantes para discutirmos sobre o quê?
      As relações sociais virtuais, especialmente diferenciando os conceitos de contato social e contato físico.

02 – Quais são as principais características de um ambiente virtual (bate-papo)?
      Anonimato e autonomia exacerbada que facilitam e potencializam a comunicação no chat e o transformam em um excelente lugar para sanar a solidão afetiva, amorosa.

03 – Quais as palavras ou expressões escritas na música te levaram a descobrir o assunto tratado?
      Computador, conecta, acessando, mouse, bate papo, teclado, online, internet e outros.

04 – Onde se encontra o eu lírico?
      Numa sala de bate papo.

05 – Por ter um alto caráter de interatividade, as salas de bate papos se tornaram uma verdadeira mania na internet. Como elas escolhem seus nomes? Por quê?
      Usam apelidos (Nicks) que reflete algo do momento deles. Porque não querem ser reconhecidos.

06 – Nas salas de bate papo percebe-se mudanças na língua de forma que essa se adapte às necessidades dos seus usuários. Cite alguns exemplos:
      Emoticons, alterações ortográficas, abreviações de palavras, uso de letra maiúscula como ênfase entonacional, neologismos, pontuação para ênfase, não emprego de acentos e outros.

07 – Segundo Freud “o sujeito se serve da palavra para representar-se” a si mesmo, quando o sujeito entra numa sala de bate-papo ao escrever faz escolhas e que essas escolhas refletidas através da linguagem revelam seus desejos de reconhecimento, como se veem e querem ser vistos, mesmo inconscientemente. Que versos da música nos mostra isto?
      “Todas as noites no computador
       Vou te buscar
       Me conecta no teu coração
       Vou acessando até te encontrar.”