quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

TEXTO: O PORTUGUÊS.COM - COM GABARITO

TEXTO: O PORTUGUÊS.COM

    A comunicação expressa das salas de bate-papo e dos blogs está mexendo com o idioma em casa e nas escolas.
    Isso é bom?
   A vida linguística do futuro está por um fio? Há quem suspeite que sim e culpe o pragmatismo dos usuários da internet por sua agonia. Na ânsia de se comunicarem num curto espaço de tempo, eles abreviam palavras ao limite do irreconhecível, traduzem sentimentos por ícones e renunciam às mais elementares regras da gramática. O resultado dessa anarquia comunicativa divide opiniões.
        Linguista respeitado, o inglês David Crystal, autor do livro A Linguagem e a Internet, chama esses defensores da sintaxe de alarmistas e não prevê um futuro desastroso para a gramática por causa da rede.    Lembra que a invenção do telefone provocou a mesma desconfiança dos estudiosos, preocupados com o risco de uma afasia epidêmica entre os usuários. Por incorporarem uma linguagem cheia de “hã, hã” e “alôs”, eles corriam o risco de perder a capacidade de expressão e a sociabilidade. Não foi o que ocorreu, lembra Crystal. Ele faz uma previsão otimista: o jargão dos chats (salas de bate-papo) e dos blogs (diários que se tornam públicos) pode estimular outras formas de literatura e desenvolver o autoconhecimento do jovem, como percebeu ao analisar o conteúdo de blogs ingleses.
       O outro lado da história é contado por psiquiatras. Pais de adolescentes com distúrbios de linguagem estão levando os filhos ao consultório e recebendo um diagnóstico, no mínimo, preocupante: suspeita-se de uma onda de “dislexia discursiva”. O jovem, que até então não apresentava nenhum problema na escola, começa a ter uma avaliação catastrófica dos professores.
       Perde a capacidade de entender o que lê fora do ambiente da rede. Sem entender, não tem condições de julgar, e sem posição crítica fica incapacitado de reflexões profundas sobre a realidade que o cerca. Os pais imaginam que o filho está mentalmente perturbado ou tomando drogas, mas ele apenas renunciou a seu potencial expressivo para adotar a linguagem estereotipada da internet.
       Adolescentes viraram suas vítimas preferenciais.
      Os jovens erguem uma barreira contra seus pais, que não compreendem uma só palavra das mensagens trocadas com os coleguinhas, mas ficam igualmente isolados, incapacitados de escrever segundo os códigos linguísticos formais. O alerta é do médico e neurocientista paulista Cláudio Guimarães dos Santos. “Essa simplificação da linguagem pelos adolescentes não pode ser entendida como alternativa, porque esse código acaba tornando o lugar da escritura convencional”, analisa. “Ninguém escreve um tratado de física com carinhas e usar o código da rede sem dominar o formal gera erros de percepção.” O psiquiatra refere-se aos ícones conhecidos como emoticom, que os internautas usam no correio eletrônico e em seus weblogs para comunicar aos interlocutores que estão tristes, alegres, entediados, eufóricos ou simplesmente indiferentes.
     Os traços sintéticos dessas “carinhas” e a linguagem telegráfica dos blogueiros não são recursos meramente funcionais, adverte o médico. Eles revelam que esses jovens consideram supérflua a escritura formal. “Ao contrário da fala, a comunicação escrita exige aprendizado e ninguém aprende se não tiver interesse genuíno, o que leva o adolescente a optar pelo código anárquico da rede”. O professor de língua portuguesa David Fazzolari, do Colégio Nossa Senhora das Graças, em São Paulo, discorda, argumentando que a curta existência da internet não justifica previsões tão pessimistas. A linguagem usada nas salas de bate-papo e nos blogs, diz, é um simulacro da comunicação oral, dinâmica por natureza.
      “As abreviações, os signos visuais e a ausência de acentuação representam apenas um jeito de se adaptar ao teclado”, observa o professor. Ele não acredita que a norma culta será contaminada pela simplificação. “Os adolescentes sabem que ela deve ficar restrita ao ambiente da rede e não tenho notado um empobrecimento nos textos dos alunos por conta da adoção do código da internet”.
      Mas as redações poderiam ser melhores se a leitura fosse um hábito familiar, admite. O estudante Leandro Rodrigues Gonçalves, de 17 anos, mantém seu blog como um diário para “criticar” religiosos, “polemizar”. Como outros blogueiros, começou a usar “eh” no lugar de “é” e trocar “não” por “naum” até pensar no vestibular e concluir que era melhor render-se à sintaxe convencional. “A rede me estimulou a ler e a escrever poesia”, conta. Já Victor Zellmeister, de 15 anos, acha que a internet não aprimorou seu desempenho. Assim como o colega Gustavo Simon, garante não usar a “língua” da internet na aula. Colega dos dois, Rafael Mielnik não confunde rede com escola. “Só uso a net para inutilidades”.
    Educadores não identificam perigo nessa linguagem eletrônica. “Costumamos ver com desconfiança aquilo que foge ao nosso controle, mas não acho que a rede empobrece a língua”, afirma a orientadora pedagógica Elione Andrade Câmara. Com ela concorda David Crystal, que costuma rir quando alguém diz que a nova tecnologia está sufocando a gramática e matando a cultura: “Sinceramente, acho até que a literatura possa ficar mais rica ao incorporar expressões de blogueiros do meio rural, produzindo outros gêneros e abrindo uma dimensão diversa para a escrita”.
      Assim seja.

(FRANZOIA, Ana Paula e FILHO, Antônio Gonçalves. In:
Revista Época. Pág. 54-55, 09/09/2002).

ENTENDENDO O TEXTO:

01 – “A vida linguística do futuro está por um fio?” A respeito deste questionamento, o texto afirma que:
A ( ) Está, e é por exclusiva culpa do pragmatismo de todos os usuários da internet, por abreviarem palavras ao limite do irreconhecível.
B ( ) Para David Crystal, respeitado linguista, a invenção do telefone provocou a mesma desconfiança, no sentido de seus usuários perderem a capacidade de expressão oral e escrita.
C ( ) Os psiquiatras suspeitam de uma onda de “dislexia discursiva” que acometeu os adolescentes, os quais perderam não só a capacidade de julgar, mas também de conviver fora da rede.
D ( ) Os pais imaginam que o filho esteja mentalmente perturbado ou tomando drogas, porque a internet considera os adolescentes suas vítimas preferenciais.
E (x) Pode estimular outras formas de literatura e desenvolvimento do autoconhecimento do jovem que faz uso de chats e blogs.

02 – “Pais de adolescentes com distúrbios de linguagem estão levando seus filhos ao consultório”.
        O fragmento acima é ambíguo, por apresentar duplo sentido. Tal ambiguidade decorre do fato de que:
A ( ) O sujeito é simples, apresentando dois adjuntos adnominais introduzidos por preposições diferentes, porém de mesmo valor semântico.
B (x) Há dois adjuntos adnominais, um dos quais pode estar se referindo tanto ao outro adjunto adnominal quanto ao restante do segmento destacado.
C ( ) O sujeito é simples e plural, acarretando, por ter dois adjuntos adnominais também no plural, dupla possibilidade de entendimento.
D ( ) As preposições que introduzem os adjuntos adnominais são diferentes e introduzem noções diferentes, ainda que o sujeito seja composto.
E ( ) Um adjunto adnominal refere-se a “distúrbios” e o outro, à “linguagem”.

03 – “Na ânsia de se comunicarem num curto espaço de tempo, eles abreviam palavras ao limite do irreconhecível.” O termo destacado acima, por referir-se a outro mencionado anteriormente
(“usuários da internet”) tem função anafórica. Assinale a opção na qual ocorre um termo com função textual diferente:
A ( ) ”O jovem, que até então não apresentava nenhum problema na escola...”
B ( ) “Perde a capacidade de entender o que lê fora do ambiente da rede.”
C ( ) “Os adolescentes sabem que ela deve ficar restrita ao ambiente da rede...”
D ( ) “Há quem suspeite que sim e culpe o pragmatismo dos usuários da internet por sua agonia”.
E (X) “... produzindo outros gêneros e abrindo uma dimensão diversa para a escrita”.

04 – Assinale a opção em que o termo destacado exerce função sintática diferente dos demais:
A ( ) “... chama esses defensores da sintaxe de alarmistas...”
B ( ) “Lembra que a invenção do telefone provocou...”
C (X) “... a mesma desconfiança dos estudiosos...”
D ( ) “Essa simplificação da linguagem pelos adolescentes não pode ser entendida...”
E ( ) “... um empobrecimento nos textos dos alunos por conta da adoção do código da internet.”

05 – Assinale a opção em que a afirmação feita a respeito da sentença e/ou de seus termos é verdadeira:
 A (X) “suspeita-se de uma onda de ‘dislexia discursiva’.” (O sujeito desta oração é indeterminado).
B ( ) “O outro lado da história é contado por psiquiatras.” (A oração está na voz ativa).
 C ( ) “Adolescentes viraram suas vítimas preferenciais.” (O segmento “suas vítimas preferenciais” exerce a função de objeto direto).
 D ( ) “Ninguém escreve um tratado de física com carinhas...” (o sujeito da oração é indeterminado). 
E ( ) “... eles corriam o risco de perder a capacidade de expressão e a sociabilidade.” (a oração destacada exerce a função de objeto indireto).

06 – Assinale a opção em que está corretamente caracterizada a ideia ou circunstância expressa entre parênteses:
A ( ) "Ninguém escreve um tratado de física com carinhas... " (modo) 
B ( ) "Sinceramente, acho até que a literatura possa ficar mais rica ao incorporar expressos de blogueiros do meio rural... " (tempo) 
C ( ) “... a curta existência da internet não justifica previsões tão pessimistas.” (Exclusividade) 
D ( ) “Ao contrário da fala, a comunicação escrita exige aprendizado ...” (oposição) 
E ( ) “As abreviações, os signos visuais e a ausência de acentuação representam apenas um jeito de se adaptar ao teclado”. (Intensidade)

07 - Assinale a opção na qual se fez o correto comentário a respeito do verbo/locução verbal destacado(a) nas orações seguintes: 
A ( ) “Adolescentes viraram suas vítimas preferenciais.” (O verbo exprime ação). 
B ( ) “O jovem, que até então não apresentava nenhum problema na escola, começa a ter uma avaliação catastrófica dos professores”. (A locução verbal exprime mudança de estado). 
C ( ) “... e sem posição crítica fica incapacitado de reflexões profundas sobre a realidade que o cerca.” (O verbo exprime localização). 
D ( ) “... para comunicar aos interlocutores que estão tristes, alegres, entediados, eufóricos ou simplesmente indiferentes.” (O verbo exprime estado permanente). 
E ( ) “... o jargão dos chats (salas de bate-papo) e dos blogs (diários que se tornam públicos)...” (o verbo indica início de ação). 

08 - “Costumamos ver com desconfiança aquilo que foge ao nosso controle, mas não acho que a rede empobrece a língua”. “Os adolescentes sabem que ela deve ficar restrita ao ambiente da rede e não tenho notado um empobrecimento nos textos dos alunos por conta da adoção do código da internet.” Acerca das palavras destacadas nos fragmentos acima, assinale a alternativa correta: 
A ( ) Ambas as palavras são derivadas por prefixação. 
B ( ) Ambas as palavras são derivadas por sufixação. 
C ( ) Ambas as palavras são formadas por derivação prefixal-sufixal. 
D ( ) Ambas as palavras são derivadas de um mesmo verbo. 
E (X) Ambas as palavras são formadas por derivação parassintética.





                             


terça-feira, 2 de janeiro de 2018

TEXTO: A SOLUÇÃO - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO:A SOLUÇÃO


   O Sr. Lobo encontrou o Sr. Cordeiro numa reunião do Rotary e se queixou de que a fábrica do Sr. Cordeiro estava poluindo o rio que passava pelas terras do Sr. Lobo, matando os peixes, espantando os pássaros e, ainda por cima, cheirando mal.
   O Sr. Cordeiro argumentou que, em primeiro lugar, a fábrica não era sua, era de seu pai, e, em segundo lugar não podia fechá-la, pois isto agravaria o problema do desemprego na região, e o Sr. Lobo certamente não ia querer bandos de desempregados nas suas terras, pescando seu peixe, matando seus pássaros para assar e comer e ainda por cima cheirando mal.
        - Instale equipamento antipoluente, insistiu o Sr. Lobo.
        - Ora, meu caro, retrucou o Sr. Cordeiro, isso custa dinheiro, e para onde iria meu lucro? Você certamente não é contra o lucro, Sr. Lobo! disse o cordeiro, preocupado, examinando o Sr. Lobo atrás de algum sinal de socialismo latente.
        - Não, não! disse o Sr. Lobo. Mas isto não pode continuar. É uma agressão à Natureza e, o que é mais grave, à minha Natureza. Se fosse à Natureza do vizinho…
        - E se eu não parar? perguntou o Sr. Cordeiro.
        - Então, respondeu o Sr. Lobo, mastigando um salgadinho com seus caninos reluzentes, eu serei obrigado a devorá-lo, meu caro.
        Ao que o Sr. Cordeiro retrucou que havia uma solução:
        - Por que o senhor não entra de sócio na fábrica Cordeiro e Filho?
        -  Ótimo, disse o Sr. Lobo.
        E desse dia em diante não houve mais poluição no rio que passava pelas terras do Sr. Lobo. Ou pelo menos, o Sr. Lobo nunca mais se queixou.

(Luís Fernando Veríssimo. Santinho. Porto Alegre, L&PM.)

Vocabulário:

Rotary – organização filantrópica internacional espalhada em mais de 150 países. Fundada nos Estados Unidos em 1905, seus associados, inicialmente se reuniam em suas próprias casas, num sistema de rotatividade, derivando daí o nome de Rotary.

Socialismo – doutrina que visa melhorar o bem comum pela transformação da sociedade.

Latente – oculto, disfarçado.

01 – Lendo o texto podemos concluir que:
a. (   ) O lobo age simplesmente como um animal selvagem.
b. (   ) O cordeiro é apenas um animal doméstico.
c. (X) O lobo e o cordeiro agem, falam e raciocinam como se fossem pessoas. Ambos são animais personalizados na história.

02 – Este texto nos sugere que:
a. (   ) os fracos sempre têm uma saída contra os poderosos.
b. (X) o homem sempre procura seus interesses.
c. (   ) os mais fortes acabam tirando vantagens e levando a melhor sobre os mais fracos.

03 – Qual a alternativa que relaciona, pela ordem, as afirmações abaixo com os gêneros literários?
1. Há sucessividade de células dramáticas.
2. Narração sem conflito. Um simples relato.
3. É portador de um só conflito, uma unidade, número reduzido de personagens.
4. Narrativa longa que nos dá pelo conflito das personagens certa concepção da realidade.

a) romance – conto – crônica – novela.
b) conto - romance – crônica – novela.
c) novela – crônica – conto – romance.
d) novela – conto – crônica – romance.
e) conto – novela – crônica – romance.

04 – O gênero dramático, entre outros aspectos, apresenta como característica essencial:
a) a presença de um narrador.
b) a estrutura dialógica.
c) o extravasamento lírico.
d) a musicalidade.
e) o descritivismo.

05 – Quanto à flexão de grau, o substantivo que difere dos demais é:
a) viela.
b) vilarejo.
c) ratazana.
d) ruela.
e) sineta.

06 – O substantivo composto que está indevidamente escrito no plural é:
a) mulas-sem-cabeça.
b) cavalos-vapor.
c) abaixos-assinados.
d) quebra-mares.
e) pães-de-ló.





CRÔNICA: VISITA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

CRÔNICA: VISITA
                      Ferreira Gullar

  Sobre a minha mesa, na redação do jornal, encontrei-o, numa tarde quente de verão. É um inseto que parece um aeroplano de quatro asas translúcidas e gosta de sobrevoar os açudes, os córregos e as poças de água. É um bicho do mato e não da cidade. Mas que fazia ali, sobre a minha mesa, em pleno coração da metrópole?
  Parecia morto, mas notei que movia nervosamente as estranhas e minúsculas mandíbulas. Estava morrendo de sede, talvez pudesse salvá-lo. Peguei-o pelas asas e levei-o até o banheiro. Depois de acomodá-lo a um canto da pia, molhei a mão e deixei que a água pingasse sobre a sua cabeça e suas asas. Permaneceu imóvel. É, não tem mais jeito — pensei comigo. Mas eis que ele se estremece todo e move a boca molhada. A água tinha escorrido toda, era preciso arranjar um meio de mantê-la ao seu alcance sem, contudo afogá-lo. A outra pia talvez desse mais jeito. Transferi-o para lá, acomodei-o e voltei para a redação.
       Mas a memória tomara outro rumo. Lá na minha terra, nosso grupo de meninos chamava esse bicho de macaquinho voador e era diversão nossa caçá-los, amarrá-los com uma linha e deixá-los voar acima de nossa cabeça. Lembrava também do açude, na fazenda, onde eles apareciam em formação de esquadrilha e pousavam na água escura. Mas que diabo fazia na avenida Rio Branco esse macaquinho voador? Teria ele voado do Coroatá até aqui, só para me encontrar? Seria ele uma estranha mensagem da natureza a este desertor?
        Voltei ao banheiro e em tempo de evitar que o servente o matasse. “Não faça isso com o coitado!” “Coitado nada, esse bicho deve causar doença.” Tomei-o da mão do homem e o pus de novo na pia. O homem ficou espantado e saiu, sem saber que laços de afeição e história me ligavam àquele estranho ser. Ajeitei-o, dei-lhe água e voltei ao trabalho. Mas o tempo urgia, textos, notícias, telefonemas, fui para casa sem me lembrar mais dele. 

GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris e outras crônicas.


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – Ao encontrar um inseto quase morto em sua mesa, o homem:
a) colocou-o dentro de um pote de água.
b) escondeu-o para que ninguém o matasse.
c) pingou água sobre sua cabeça.
d) procurou por outros insetos no escritório.
e) não lhe deu muita importância.

02 – O homem interessou-se pelo inseto porque:
a) decidiu descansar do trabalho cansativo que realizava no jornal.
b) estranhou a presença de um inseto do mato em plena cidade.
c) percebeu que ele estava fraco e doente por falta de água.
d) resolveu salvar o animal para analisar o funcionamento do seu corpo.
e) era um inseto perigoso e contagioso.

03 – A mudança na rotina do homem deu-se:
a) à chegada do inseto na redação do jornal.
b) ao intenso calor daquela tarde de verão.
c) à monotonia do trabalho no escritório.
d) à transferência de local onde estava o inseto.
e) devido ao cansaço do dia.

04 – Em “Não faça isso com o coitado!”, a palavra sublinhada sugere sentimento de:
a) maldade
b) crueldade
c) desprezo
d) esperança
e) afeição.

05 – A presença do inseto na redação do jornal provocou no homem:
a) curiosidade científica.
b) sensação de medo.
c) medo de pegar uma doença.
d) lembranças da infância.
e) preocupação com o próximo.





TEXTO: A MISÉRIA É DE TODOS NÓS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: A MISÉRIA É DE TODOS NÓS

     Como entender a resistência da miséria no Brasil, uma chaga social que remonta aos primórdios da colonização? No decorrer das últimas décadas, enquanto a miséria se mantinha mais ou menos com o mesmo tamanho, todos os indicadores sociais brasileiros melhoraram.
     Há mais crianças em idade escolar frequentando aulas atualmente do que em qualquer outro período da nossa história. As taxas de analfabetismo e mortalidade infantil também são as menores desde que se passou a registrá-las nacionalmente. O Brasil figura entre as dez nações de economia mais forte do mundo. No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos. Vem firmando uma incontestável liderança política regional na América Latina, ao mesmo tempo que atrai a simpatia do Terceiro Mundo por ter se tornado um forte oponente das injustas políticas de comércio dos países ricos. Apesar de todos esses avanços, a miséria resiste. Embora em algumas de suas ocorrências, especialmente na zona rural, esteja confinada a bolsões invisíveis aos olhos dos brasileiros mais bem posicionados na escala social, a miséria é onipresente. Nas grandes cidades, com aterrorizante frequência, ela atravessa o fosso social profundo e se manifesta de forma violenta. A mais assustadora dessas manifestações é a criminalidade, que, se não tem na pobreza sua única causa, certamente em razão dela se tornou mais disseminada e cruel. Explicar a resistência da pobreza extrema entre milhões de habitantes não é uma empreitada simples.
Veja, ed. 1735


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – O título dado ao texto se justifica porque:
a) a miséria abrange grande parte de nossa população;
b) a miséria é culpa da classe dominante;
c) todos os governantes colaboraram para a miséria comum;
d) a miséria deveria ser preocupação de todos nós;
e) um mal tão intenso atinge indistintamente a todos.

02 – A primeira pergunta - "Como entender a resistência da miséria no Brasil, uma chaga social que remonta aos primórdios da colonização?":
a) tem sua resposta dada no último parágrafo;
b) representa o tema central de todo o texto;
c) é só uma motivação para a leitura do texto;
d) é uma pergunta retórica, à qual não cabe resposta;
e) é uma das perguntas do texto que ficam sem resposta.

03 – Após a leitura do texto, só NÃO se pode dizer da miséria no Brasil que ela:
a) é culpa dos governos recentes, apesar de seu trabalho produtivo em outras áreas;
b) tem manifestações violentas, como a criminalidade nas grandes cidades;
c) atinge milhões de habitantes, embora alguns deles não apareçam para a classe dominante;
d) é de difícil compreensão, já que sua presença não se coaduna com a de outros indicadores sociais;
e) tem razões históricas e se mantém em níveis estáveis nas últimas décadas.

04 – O melhor resumo das sete primeiras linhas do texto é:
a) Entender a miséria no Brasil é impossível, já que todos os outros indicadores sociais melhoraram;
b) Desde os primórdios da colonização a miséria existe no Brasil e se mantém onipresente;
c) A miséria no Brasil tem fundo histórico e foi alimentada por governos incompetentes;
d) Embora os indicadores sociais mostrem progresso em muitas áreas, a miséria ainda atinge uma pequena parte de nosso povo;
e) Todos os indicadores sociais melhoraram exceto o indicador da miséria que leva à criminalidade.

05 – As marcas de progresso em nosso país são dadas com apoio na quantidade, exceto:
a) frequência escolar;
b) liderança diplomática;
c) mortalidade infantil;
d) analfabetismo;
e) desempenho econômico.

06 – “No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos"; com essa frase, o jornalista quer dizer que o Brasil:
a) já está suficientemente forte para começar a exercer sua liderança na América Latina;
b) já mostra que é mais forte que seus países vizinhos;
c) está iniciando seu trabalho diplomático a fim de marcar presença no cenário exterior;
d) pretende mostrar ao mundo e aos países vizinhos que já é suficientemente forte para tornar-se líder;
e) ainda é inexperiente no trato com a política exterior.

07 – Segundo o texto, "A miséria é onipresente" embora:
a) apareça algumas vezes nas grandes cidades;
b) se manifeste de formas distintas;
c) esteja escondida dos olhos de alguns;
d) seja combatida pelas autoridades;
e) se torne mais disseminada e cruel.

08 – “...não é uma empreitada simples" equivale a dizer que é uma empreitada complexa; o item em que essa equivalência é feita de forma INCORRETA é:
a) não é uma preocupação geral = é uma preocupação superficial;
b) não é uma pessoa apática = é uma pessoa dinâmica;
c) não é uma questão vital = é uma questão desimportante;
d) não é um problema universal = é um problema particular.






CRÔNICA: ANTES QUE ELAS CRESÇAM - AFFONSO R. DE SANT'ANNA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO: ANTES QUE ELAS CRESÇAM

Fonte da imagem - https://www.blogger.com/blog/post/edit/7220443075447643666/2089821678238586458#

   Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. [...] crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.

        Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente. Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade, que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
        Onde é que andou crescendo aquela danadinha, que você não percebia? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal ou escola experimental?
       Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil.  E você agora está ali na porta da discoteca esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins[...].
       Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então, com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração. [...]
        Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.
       Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante das próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route< bonne route” como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha lhe oferece o primeiro jantar no apartamento dela.
       Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância e os adolescentes cobertores naquele quarto cheio de colagens, posters e agendas coloridas de Pilot. Não, não as levamos suficientes vezes ao shopping, ao circo, ao teatro, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.
        Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo nosso afeto.
      No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, disputa pela janela, pedidos de sorvetes e sanduíches, cantorias infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível largar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora dos pais nas montanhas terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.
        O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos, e que não pode morrer conosco. Por isto os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
        Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.

Affonso Romano de Sant’Anna. O homem que conheceu o amor.
Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

 ENTENDENDO O TEXTO:

        A crônica que você leu apresenta uma profunda visão do autor sobre o crescimento dos(as) filhos(as) e os sentimentos dos pais.
01 – Que frase no primeiro parágrafo sintetiza a visão do autor sobre esse aspecto? Assinale a alternativa correta.
a) (  )“Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.”
b) (x)“[...] elas crescem sem pedir licença”.
c) (  )“[...] crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância”.

02 – O que o cronista demonstra sentir ao empregar a frase que você indicou no item a: contentamento ou melancolia? Justifique sua resposta.
      Melancolia, porque tudo acontece muito rápido e os pais não se preparam para esta separação.

03 – O cronista inicia o texto com a frase: “Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos”.
Uma palavra nessa frase foi utilizada fora do uso comum pelo cronista. Qual é a palavra e o que ela significa na crônica?
      Pais ficando órfãos dos filhos. Significa que os filhos crescem e vão seguir sua vida.

04 – Que construção na frase informa que esse fato acontece aos poucos, à medida que o tempo passa?
      Quando diz: "vão ficando".
                  
05 – Algumas frases do texto fazem referência a diferentes período de crescimento do ser humano. A que fase de crescimento se refere cada um dos trechos a seguir?
a) “Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços[...]?”
      Infância.

b) “Saíram do banco de trás e passaram para o volante das próprias vidas”.
      Adulta.

06 – De acordo com o cronista, caso o amor pelos filhos não se esgote, “O jeito é espera.”. Em que momento da vida os pais poderão esgotar esse amor?
      Quando tiverem os netos, poderão gastar este amor estocado, não exercido nos próprios filhos, e que não pode morrer com eles.
     



ARTIGO DE OPINIÃO: UM MUNDO AFOGADO EM PAPEL - CRISTINA CHARÃO - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO:  UM MUNDO AFOGADO EM PAPEL
                                              Cristina Charão

Fonte da imagem - https://www.blogger.com/blog/post/edit/7220443075447643666/1613369457126126366#
          Na sociedade digital, o homem gasta muito mais folhas do que antes dos computadores.

      Sobre a mesa do jovem executivo, um moderno computador, com processador mais que veloz de 1,1 megahertz e memória de 60 gigabites, capaz de armazenar todos os documentos que escreve e os dados que precisa consultar, enviar com presteza toda sua correspondência e ainda guardar as fotos das últimas férias. Pode-se supor que, com computador, internet, intranet, câmera digital e scanner a seu dispor, esse executivo não precise mais de armários de arquivo ou de gavetas. Mas pilhas de papel, livros e cartões sobre a mesa provam uma enorme contradição: o mundo digitalizado está se afogando em papel.
         Quando os primeiros PCs começaram a ser comercializados, em 1980, o consumo mundial de papel registrado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) era de 190 milhões de toneladas. Em 1990, já era de 240 milhões e, hoje, chega perto de 300 milhões de toneladas. Essa diferença pesa não só nos sacos de lixo, mas também ameaça áreas florestais, rios, solo e ar.
         [...] Segundo relatório de uma das maiores empresas de consultoria em papel e impressão da Europa, a Pira Internacional, a demanda por alguns tipos de papel pode aumentar em até 70% nos próximos oito anos. Entre os mais cotados para estrelas do consumo estão o papel escritório (aquele usado em impressoras comuns, em casa ou no trabalho) e os que servem para embalagens.
        Só há queda de demanda para o papel-jornal. As razões para essas previsões estão, não por coincidência, ligadas diretamente ao desenvolvimento das tecnologias digitais. “Se uma pessoa lia um jornal há cinco anos, hoje pode ler dez na internet e, certamente, vai imprimir páginas desses dez jornais”, comenta Luís Fernando Tedesco, gerente de marketing de suprimentos da Hewlett-Packard do Brasil.
         [...] Até hoje ninguém conseguiu criar um substituto tão prático quanto as fibras de papel de celulose diluídas em água e prensadas, receita criada pelo oficial da corte chinesa T’sai Lun, no ano 105 d.C. Os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, tentam há anos finalizar o projeto do e-paper. A ideia é criar um material semelhante à tela de cristal líquido, fino e flexível, que possa exibir imagens e textos gerados por um chip que receberia as informações e as “imprimiria”. Essas “folhas” poderiam ter seu conteúdo apagado e reescrito a qualquer hora. Mas isso ainda é ficção.
      Para os representantes da indústria de celulose e papel, o impacto do aumento de consumo previsto é contornável. “Hoje se busca a produtividade de florestas, a redução de perdas com o fechamento do ciclo da água e a diminuição de gastos com energia usando resíduos de madeira como combustível”, diz   Marcos Vettorato, diretor industrial da Companhia Suzano de Papel e Celulose. Esses cuidados diminuem o impacto ambiental, salvaguardam o estoque de matérias-primas e reduzem custos. [...]
Dois lados da folha
       Diminuir custos pelo modo mais fácil também põe em risco as florestas. Com o crescimento da demanda, a pressão sobre florestas nativas aumenta, principalmente no Sudeste Asiático. É mais barato derrubar uma árvore de 100 anos de idade do que cultivar eucalipto ou pínus por 10 ou 15 anos. Mas no Brasil a adaptação do eucalipto ao clima e ao solo [...] faz do cultivo uma alternativa vantajosa.
        Se o e-paper ainda é uma promessa e o escritório sem papel, uma ficção, a saída para evitar problemas futuros é reduzir o consumo. Parece simplório lembrar que uma folha tem dois lados, mas se todos os 115 bilhões de folhas gastas anualmente em impressões caseiras (cerca de 199 milhões de quilos de papel) fossem usadas e reusadas, 1,3 milhão de árvores não precisariam ser cortadas. São números para se pensar.

Cristina Charão. Galileu, São Paulo, n.130, maio 2002, p.48-50.


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – Que contradição parece existir na frase “o mundo digitalizado está se afogando em papel”?
      Na sociedade digital, o homem gasta muito mais folhas do que antes dos computadores.

02 – Qual o problema que o texto apresenta?
      O aumento excessivo de papéis ameaçando áreas florestais, rios, solo e ar.

03 – Que exemplo usado no texto para mostrar que os avanços tecnológicos não impediram o aumento do consumo de papel?
      Que em 1990, já era de 240 milhões de toneladas de papéis, e hoje chega a ser até 300 milhões.

04 – Escreva uma das causas responsáveis pelo aumento de consumo de alguns tipos de papéis?
      Entre os mais cotados estão o papel escritório e os que servem para embalagens.

05 – O que é o projeto e-paper?
       É um projeto que querem desenvolver no futuro da humanidade.

06 – Qual a principal vantagem desse projeto?
       O projeto e-paper é um papel que ele dá para imprimir as coisas que ele quer usar e depois poderá apagar e continuar usando ele novamente.

07 – Onde ele está sendo desenvolvido?
      Os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, tentam há anos finalizar o projeto do e-paper.

08 – Por que a segunda parte do texto recebeu o subtítulo Dois lados da folha?
      Porque se todos os 115 bilhões de folhas gastas anualmente em impressões caseiras, fossem usadas e reusadas, 1,3 milhão de árvores não precisariam ser cortadas.

09 – Afinal, porque é necessário reduzir o consumo de papel? Se isso não acontecer, quais as consequências futuras?
      Para evitar o uso excessivo, é preciso vencer a desconfiança sobre o arquivamento digital. Sistemas de senhas de diferentes níveis de acesso e espelhamentos (backups) são estratégias para garantir que os documentos das empresas estão seguros, uma vez que os papéis do escritório são os mais usados. As consequências são a degradação do meio ambiente.