sábado, 30 de dezembro de 2017

CONTO DE FADAS PARA MULHERES MODERNAS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Conto de fadas para Mulheres Modernas
             Luís Fernando Veríssimo

   Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de autoestima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
 - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas, uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre…
        E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava:
        – Eu, hein? … nem morta!

(Luís Fernando Veríssimo)

Entendendo o Texto:

01 – A princesa possui uma atitude típica das heroínas de contos de fada? Explique?
Não, pois a princesa preza por sua independência e não tem a ideia de felicidade relacionada à figura masculina (como costuma acontecer nos contos de fada).

02 – Em um conto de fada clássico, qual seria o desfecho desse conto?
     Ela terminaria com o príncipe e “viveriam felizes para sempre”.

03 – Qual o conceito de “Felizes para sempre” para o príncipe?
     Construir um lar feliz no qual ela viveria em função de cuidar dele e da família.

04 – Em sua opinião, qual o conceito de felicidade na visão da princesa?
     Ser independente. (Essa resposta é pessoal, portanto existem diversas respostas certas).

 05 – Quais adjetivos são usados para definir a princesa? Esses adjetivo condizem com a atitude que ela toma no fim do conto? Justifique.
      Independente, cheia de auto estima. As características da princesa condizem com sua atitude final, pois ela preza por sua liberdade.

06 – Intertextualidade é quando um texto remete a outro. Existem três tipos de intertextualidade, a paráfrase (quando o texto possui as mesmas ideias centrais do texto original), apropriação (quando o texto é reescrito com as mesmas palavras) e Paródia (quando o texto possui ideias contrárias as ideias centrais do texto original). No texto lido lembramos a clássica história do príncipe transformado em sapo e na construção desse texto o autor usou qual tipo de intertextualidade? Justifique.
      Paródia, pois perverte a ideia do texto original. A ideia principal do texto de Veríssimo é completamente diferente da ideia do clássico conto de fadas.

07 – O título do texto nos dá ideia do que encontraremos nesse conto? Caso sim, explique qual a posição da mulher moderna?
      Sim, pois a princesa tem uma atitude das mulheres do nosso século ao prezar por sua liberdade.

08 – Qual o dito popular que define melhor a ideia central do conto de Luís Fernando Veríssimo?
(a)   Melhor um na mão do que dois voando.
(b)   Sempre existe um sapato velho para um pé doente.
(c)    Antes só do que mal acompanhada.
(d)   Quem ama o feio bonito lhe parece.
(e)   Quem cospe para cima na cara lhe cai.




ARTIGO DE OPINIÃO: ANÚNCIOS SUTIS COMO ELEFANTES - MARCELO COELHO - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: ANÚNCIOS SUTIS COMO ELEFANTES
                                            Marcelo Coelho


    Não tenho boa memória para publicidade. E seria muito neurótico de minha parte ficar na frente da TV anotando o texto exato do anúncio só para comentar depois. Não sei se era de um banco, de um provedor de internet ou de companhia telefônica.
       Só sei que aparecia um tipo em trajes de banho, numa espreguiçadeira, curtindo sua piscininha. Ao lado, a namorada de maiô. O locutor começa: “Que tal se você mudasse de namorada... arranjasse uma mais simpática, mais bonita, mais interessante... etc.” E, num truque de computador, surge uma loiraça de biquíni contorcendo-se na frente do rapaz. Irresistível. Espetacular. O carinha se interessa.
        “Ah, não”, brinca o locutor. Você não vai abandonar a sua namorada, não é? Puf, a loira some e o rapaz volta à situação de início. Que decepção. “Mas você pode”, festeja o locutor, “mudar de banco ou de seguradora! E a nossa empresa é tão espetacular quanto a loira desaparecida.
        Fico chocado. Não quero ser moralista demais. O escandaloso do anúncio não é que se faça o elogio do adultério. O que faz de pior é tratar a situação “normal” do personagem – muito feliz ali com a namorada, que nada tinha feito de errado – como sinal de perda, de fracasso, de burrice.
        É como se o anúncio dissesse: meu poder é tão grande, as tentações que manipulo são tão poderosas, que eu sei e você sabe que o certo é largar tudo e ir correndo atrás delas.
        O seu desinteresse pelos meus serviços – sua fidelidade, seu amor pela namorada – são pura hipocrisia. Muito bem, estou dando uma chance a você de provar para mim que não é otário nem hipócrita: afogue sua namorada na piscina, delete-a da memória e assine aqui este contrato. A pessoa que está do seu lado, sabemos, é apenas uma fornecedora de serviços não muito satisfatória se comparada à loiraça que, agora, você teme perder.
        A brutalidade desse anúncio de alguma forma se autodenuncia. Quanto mais vejo TV, mais dificuldade tenho em dissociar publicidade de prostituição. Mas o cliente poderia ao menos ter a ilusão de que gostam mesmo dele. Já estão me tirando isso. Penso em outro anúncio.
        O pai aparece dirigindo um carro, com a filha adolescente no banco de trás. Ela vai logo dizendo: “Pode parar, fico aqui mesmo, não precisa me levar até a porta”. A situação se repete com outro adolescente. Claro, pensamos, filhos dessa idade têm vergonha de serem vistos junto com os pais.
         Mas não era isso. Um terceiro menino, de uns 11 anos, faz questão do contrário. Quer que o pai o deixe bem na porta do cinema, onde será visto pelos amigos. A câmera se afasta, e vemos a razão. É que o pai do menino tem um carro da marca X. E o garoto quer exibi-lo diante dos coleguinhas.
       Conclusão do amável locutor (será o mesmo?): não é que seus filhos tenham vergonha de você. Eles têm vergonha é do seu carro.
         Mas como o locutor sabe qual é o meu carro? A minha namorada, tudo bem, ele e eu já concordamos que é fraquinha, devendo ser dispensada sem aviso prévio. Mas o meu carro?
         A conclusão do anúncio, claro, é diversa daquela apresentada. Quando eu comprar o carro indicado, poderei levar meus filhos até a porta do cinema ou da festinha. Não é que meus filhos devam ter orgulho de mim: eles devem ter orgulho é do meu carro.
         Que valores, hein? Num ambiente desses, dizer que Bush “defende” os “valores ocidentais” no Iraque – democracia, liberdade, direitos humanos – não soa muito convincente. Os verdadeiros valores ocidentais, por aqui, parecem ser outros.
         Por falar em Ocidente e em carros, cito um último anúncio, mais sutil. Vale como símbolo, sem dúvida autoconsciente, da comédia da globalização e do colapso das economias nacionais do Terceiro Mundo.
         Estamos na Índia ou no Paquistão, tanto faz. Um rapaz “étnico” tem um carrinho da década de 60, todo quadrado, não sei de que marca – alguma fábrica local já extinta.
        Pega o carro, bate contra um muro, amassa-o de todos os lados, a até convoca um elefante para sentar-se no capô. (Na Índia, há elefantes por toda parte, e talvez isso atrapalhe muito o trânsito. Por isso mesmo, quero um motor mais potente.) Em todo o caso, o elefante fez um bom serviço. Ajuda a tornar o carro um pouco mais arredondado, do jeito que o indiano queria.
        Sim, pois o que nosso mísero nativo desejava era tornar seu carrinho o mais parecido possível com o novo modelo da marca Y, um prodígio do design arredondado. E eis agora o indiano na porta de uma boate, tentando fazer sucesso com a prensagem elefantina do seu velho modelo. Será que foi buscar o filho?
       Mas eles continuam tendo filhos lá na Índia?
       E continuam fazendo carros? Melhor importar logo um de fora. E também a loiraça.

(Marcelo Coelho. Folha de S. Paulo, 9/4/2010)


ENTENDENDO O TEXTO:

O texto lido foi publicado numa coluna semanal do jornalista Marcelo Coelho.

1.Como você classificaria o texto quanto ao gênero: como relato pessoal, notícia, texto de opinião ou conto?
      É um texto de opinião, pois leva o leitor a assumir o mesmo ponto de vista do autor.

2. Indique, entre os itens a seguir, o que traduz melhor a finalidade principal do texto:
a) (  ) Ensinar a um público especializado como fazer anúncios publicitários.
b) (x) Analisar anúncios publicitários a fim de levar o leitor a refletir criticamente sobre os valores transmitidos por eles.
c) (  ) Promover comercialmente três produtos diferentes.
d) (  ) Analisar, com finalidade didática, o modo como são construídos os anúncios publicitários.

3. Três anúncios são comentados no texto. Em relação ao primeiro anúncio, o autor afirma: “Não quero ser moralista demais”.
a) Por essa afirmação, o autor admite estar sendo moralista? Por quê?
      Sim, porque não apenas por cultuar o adultério, mas sim o fato de achar normal.

b) Por que o anúncio e o comentário dele supostamente envolveriam uma questão moral?
      Pela falta de respeito aos sentimentos das pessoas que não são levados em conta.

4. O último anúncio comentado mostra uma situação, na Índia ou no Paquistão, em que um rapaz “étnico” modifica as formas de seu carro.
a) O que você entende por rapaz “étnico”?
      Um rapaz que respeita a cultura de seu povo.

b) As ações do rapaz são condizentes com as tradições de seu país? Por quê?
      Sim, pois em seu país há elefantes por toda parte, e o mesmo ajudou a deixar seu carro mais arredondado como queria.

 5. Segundo o autor, o terceiro anúncio é um símbolo da “comédia da globalização e do colapso das economias nacionais do Terceiro Mundo”. Explique essa afirmação.
      O texto fala em um mísero nativo, subentende que o mesmo não tem muitas condições financeiras para importar um carro, sendo a burocracia dificulta e aumenta os preços dos carros.






REPORTAGEM: BOLSA-FLORESTA - MIRIAM LEITÃO - JORNAL O GLOBO -COM GABARITO

REPORTAGEM: BOLSA FLORESTA
                               Miriam Leitão
                              
   Quando os dados do desmatamento de maio saíram esta semana da gaveta da Casa Civil, onde ficaram trancados por vários dias, ficou-se sabendo que maio foi igual ao abril que passou: perdemos de floresta mais uma área equivalente à cidade do Rio de Janeiro. Ao ritmo de um Rio por mês, o Brasil vai pondo abaixo a maior floresta tropical. No Amazonas, visitei uma das iniciativas para tentar deter a destruição.

        O Estado do Amazonas é o que tem a floresta mais preservada. O número repetido por todos é que lá 98% da floresta estão preservados, 157 milhões de hectares, 1/3 da Amazônia brasileira. A Zona Franca garante que uma parte do mérito lhe cabe, porque criou alternativa de emprego e renda para a população do estado. Há quem acredite que a pressão acabará chegando ao Amazonas depois de desmatados os estados mais acessíveis.

        João Batista Tezza, diretor técnico-científico da Fundação Amazonas Sustentável, acha que é preciso trabalhar duro na prevenção do desmatamento. Esse é o projeto da Fundação que foi criada pelo governo, mas não é governamental, e que tem a função de implementar o Bolsa-Floresta, uma transferência de renda para pessoas que vivem perto das áreas de preservação estadual. A ideia é que elas sejam envolvidas no projeto de preservação e que recebam R$ 50 por mês, por família, como uma forma de compensação pelos serviços que prestam. [...]
        Tezza é economista e acha que a economia é que trará a solução:
        — A destruição ocorre porque existem incentivos econômicos; precisamos criar os incentivos da proteção. [...] Nas áreas próximas às reservas estaduais, estão instaladas 4.000 famílias e, além de ganharem o Bolsa- Floresta, vão receber recursos para a organização da comunidade.
        — Trabalhamos com o conceito dos serviços ambientais prestados pela própria floresta em pé e as emissões evitadas pela proteção contra o desmatamento. Isso é um ativo negociado no mercado voluntário de redução das emissões — diz Tezza.
        Atualmente a equipe da Fundação está dedicada a um trabalho exaustivo: ir a cada uma das comunidades, viajando dias e dias pelos rios, para cadastrar todas as famílias. A Fundação trabalha mirando dois mapas. Um mostra o desmatamento atual, que é pequeno. Outro projeta o que acontecerá em 2050 se nada for feito. Mesmo no Amazonas, onde a floresta é mais preservada, os riscos são visíveis. Viajei por uma rodovia estadual que liga Manaus a Novo Airão. À beira da estrada, vi áreas recentemente desmatadas, onde a fumaça ainda sai de troncos queimados. [...]                                                                        
 LEITÃO, Miriam. In: Jornal O Globo.

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1) Bolsa-Floresta, título do texto, é o nome dado a um(a):
(A) recurso adotado por empresas privadas para que a população dê suporte aos projetos de desmatamento.
(B) mensalidade destinada aos moradores das cercanias de áreas de preservação por sua ajuda.
(C) medida social para apoio às populações da floresta, que não têm de onde obter sobrevivência.
(D) doação governamental regular feita às pessoas que moram na floresta, como se fosse uma bolsa de estudos.
(E) ajuda realizada por organizações não governamentais para que a população de baixa renda possa se manter melhor.

2) A expressão em destaque no trecho “Quando os dados do desmatamento de maio saíram esta semana da gaveta ...” pode ser adequadamente substituída, sem alteração do sentido, por:
(A) foram finalmente examinados.
(B) foram apresentados às autoridades.
(C) foram tirados da situação de abandono.
(D) encaminharam-se ao setor técnico.
(E) chegaram ao conhecimento público.
  
3) No 2o parágrafo, o mérito da Zona Franca na preservação florestal do estado do Amazonas deve-se ao fato de ter:
(A) oferecido oportunidades de ganho para a população, afastando-a do desmatamento.
(B) atraído compradores de todas as partes do Brasil com o seu comércio florescente.
(C) criado uma área de comércio de bens livres de impostos, o que favoreceu novas aquisições para a população.
(D) feito a promoção do desenvolvimento econômico da região, melhorando sua contribuição para o PIB brasileiro.
(E) aberto o mercado interno nacional para a entrada de produtos estrangeiros de alta tecnologia.
  
4) “No Amazonas, visitei uma das iniciativas para tentar deter a destruição”. Tal iniciativa é a(o):
(A) manutenção da Zona Franca.
(B) criação do Bolsa-Floresta.
(C) expansão de 1/3 da Amazônia.
(D) preservação da floresta.
(E) comprometimento do governo estadual.

 5) Com a leitura do parágrafo que contém a oração “porque criou alternativa de emprego e renda para a população do estado.” pode-se inferir que, no texto, a outra alternativa seria:
(A) buscar outra fonte de renda.
(B) desmatar a floresta.
(C) emigrar para outro estado.
(D) trabalhar na Zona Franca.



CRÔNICA: CEIÇÃO - ATHOS DAMASCENO - COM GABARITO

CRÔNICA: CEIÇÃO 
                      Athos Damasceno

     A escada tem vinte e oito degraus. E liga as tirânicas necessidades da mesa de D. Marfisa ao comércio ambulante e rumoroso que lhe passa pela frente do sobrado. Ao longo dessa escada, circulam pra baixo e pra cima, incansavelmente, duas pernas finas e esfoladas. São as pernas de Maria da Conceição – a Ceição. Agora, a carrocinha do verdureiro para defronte à casa de D. Marfisa. E, Dona Marfisa comanda:
      - Ceição, dá um pulinho lá e pergunta o que é que ele tem de bom, hoje.
      Conceição vai e volta:
      - Tem abobra, chuchu, couve, repolho, agrião…
      - Pergunta pra ele se tem alface. Ceição vai e volta:
      - Mandou dizer que tem.
      - Pergunta pra ele se a alface é nova. Ceição vai e volta:
      - Mandou dizer que é.
      - Pergunta pra ele quanto é o pé. Ceição vai e volta:
      - Mandou dizer que é cinquenta…
      - Pergunta pra ele se não acha caro. Ceição vai e volta:
      - Mandou dizer que não, que é até barato.
      - Então, pede dois pés. Ceição vai e volta:
      - Tai, madrinha. D. Marfisa apanha os pés de alface, olha-os, examina-os.
      - Bem. Agora, dá um pulinho lá e pergunta pra ele se tem troco pra uma nota de duzentos. Ceição vai e volta:
      - Mandou dizer que tem.
      - Pergunta pra ele se não é melhor assentar no caderno. Ceição vai e volta:
      - Mandou dizer que, se a senhora quiser, ele assenta.
      - Diz pra ele que não. Leva o dinheiro e paga já. Não quero mais saber de caderno. Ceição vai e volta:
      - Mandou dizer que é pra senhora conferir o troco.
      D. Marfisa confere:
      - Tá certo. Mas esta nota parece que é falsa. Dá um pulinho lá e diz pra ele que me mande outra. Ceição vai e volta. Volta e geme:
      - Tai, madrinha.
      Então as duas pernas dobram, vergam – os ossos de Ceição quase se desmancham no assoalho asseadíssimo do sobrado da madrinha.
      Ontem, D. Marfisa estava dizendo para a cozinheira:
      - Como tu vês, Josefa, eu poupo o mais possível essa negrinha…

(Athos Damasceno, Persianas Verdes. Editora Globo, Porto Alegre, 1967).

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO
1.Pelas indicações do texto, entendemos que três pessoas vivem no sobrado. Quais são?
      D. Marfisa, Ceição e Josefa. 

2. Depois da chegada do verdureiro até o fim da transação, a menina desceu e subiu a escada do sobrado:
a. ( ) vinte e duas vezes                              b. ( ) oito vezes
c. (X) dez vezes                                          d. ( ) trinta e três vezes.

3. D. Marfisa poderia ter diminuído muito o trabalho de Ceição se desse mais de uma ordem de cada vez. Por que não o fez?
      Porque não tinha ideia do esforço que era subir e descer a escada, seguidas vezes, em espaço de tempo tão pequeno.

4. Mesmo recebendo as ordens uma a uma, Ceição poderia por conta própria reduzir seu trabalho. Que deveria fazer para que isso acontecesse?
      Deveria antecipar-se às ordens, pedindo o maior número de informações ao verdureiro como: verduras existentes para venda, preço.

5. D. Marfisa tinha Ceição sob sua responsabilidade talvez como agregada que recebesse da madrinha, em troca do trabalho, sua manutenção (casa, comida e roupa) e educação. Na sua opinião, D. Marfisa estava demonstrando qualquer interesse pela formação da menina? Por que?
      Resposta pessoal do aluno.

6. Com o texto, o autor quis demonstrar que:
a. (X) certas pessoas não percebem o quanto estão explorando os seus subalternos.
b. ( ) existem pessoas incapazes de cumprir mais de uma ordem de cada vez.
c. ( ) as pessoas caridosas acolhem os filhos alheios e os cercam de cuidados.
d. ( ) até uma simples compra exige certos cuidados para que não haja exploração.

7. Identifique a frase cuja palavra “nota” tem o mesmo significado na frase a seguir: “… pergunta pra ele se tem troco para uma nota de duzentos.”
a. (X) Tanto trabalho para receber apenas esta nota de gorjeta!
b. ( ) Fiquei mais aliviado quando vi a nota que tirei em Português.
c. ( ) O Frederico ficou boquiaberto quando o garçom lhe apresentou a nota.
d. ( ) O esforço foi grande, mas ainda há uma nota desafinada no piano.

8. Ceição anunciou incorretamente uma das verduras vendidas pelo verdureiro. Identifique-a e escreva-a corretamente.
      Ceição falou “abobra” e o correto é “abóbora”.

9. Identifique e substitua a expressão existente nas frases que equivale à palavra “asseadíssimo(a)”:
a. No sobrado da madrinha, o assoalho era muito limpo.
      No sobrado da madrinha, o assoalho era asseadíssimo. 

b. Gertrudes era uma empregada prestativa e muito limpa.
      Gertrudes era uma empregada prestativa e asseadíssima. 
c. As ruas da cidade, por serem muito limpas, refletem a boa educação do povo.
      As ruas da cidade, por serem asseadíssimas, refletem a boa educação do povo. 
d. Dava gosto ver os filhos da Eulália. Sempre muito limpos.
      Dava gosto ver os filhos da Eulália. Sempre asseadíssimos. 

e. Se você quer o sanitário da escola muito limpo, dê o exemplo e não o suje.
      Se você quer o sanitário da escola asseadíssimo, dê o exemplo e não o suje.

  


CRÔNICA: CASO DE CANÁRIO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

CRÔNICA: CASO DE CANÁRIO
                     Carlos Drummond de Andrade

      Casara-se havia duas semanas. Por isso, em casa dos sogros, a família resolveu que ele é que daria cabo do canário:
      – Você compreende. Nenhum de nós teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria. Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado.
      – Mas eu também tenho coração, era essa. Como é que vou matar um pássaro só porque o conheço há menos tempo do que vocês?
      – Porque não tem cura, o médico já disse. Pensa que não tentamos tudo? É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento. Seja bom, vá.
      O sogro, a sogra apelaram no mesmo tom. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura:
      – Vai, meu bem.
      Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se da gaiola. O canário nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo. É, esse está mesmo na última lona e dói ver a lenta agonia de um ser tão precioso, que viveu para cantar.
      – Primeiro me tragam um vidro de éter e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa.
      Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Sempre sem olhar para a vítima, deu-lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos no pescoço.
      E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga. As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata de lixo.
      Chegou a hora de jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse, ficara rodando por aí, e seu desejo seria não voltar para casa nem para dentro de si mesmo.
      No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo.
      – Ui! Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva, com uma fome danada?
      – Ele estava precisando mesmo era de éter – concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar, por sua vez.

ENTENDENDO O TEXTO:

1. Assinale a alternativa correta para cada item: A expressão: “… daria cabo do canário…” significa:
a. ( ) dar o canário a alguém
b. ( ) soltar o canário da gaiola
c. (X) matar o canário
d. ( ) prender o canário na gaiola

2. Na frase: “Você ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a. (X) apegar-se                                               b. ( ) enfurecer-se
c. ( ) desencantar-se                                        d. ( ) preocupar-se

3. Na frase: “Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a. (X) escrúpulo         b. ( ) tédio           c. ( ) ansiedade            d. ( ) raiva.

4. Na frase: “O canário …. jazia a um canto…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a. ( ) cantava      b. ( ) arrepiava-se       c. (X) estava deitado       d. ( ) saltitava

5. Na frase: “Tirou o canário com infinita delicadeza…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a. ( ) arrogante       b. (X) enorme       c. ( ) desajeitado      d. ( ) espontânea.

6. Nas frases abaixo, aparecem em destaque, expressões da fala coloquial. Relacione as duas colunas, de acordo com o significado dessas expressões:
1.  “…esse está mesmo na última lona…”
2.  “…achando a condição humana uma droga…”
3.  “O canário reluzia vivinho da silva…”
4.  “ O canário estava com uma fome danada.”

a. (2) uma coisa muito ruim.      
b. (4) muito grande, fora do comum.
c. (1) no fim.
d. (3) vivo, sem nenhuma dúvida.

7. Por que os sogros e a esposa escolheram o rapaz para sacrificar o canário?
    Porque ele, sendo novo na família, ainda não tivera tempo de se apegar ao canário. 

8. O que o genro quis dizer com a frase: “Mas eu também tenho coração.”?
     Ele quis dizer que também era sensível e que tinha pena do bichinho.

9. Por que a família decidiu matar o canário de estimação?
     Porque o médico afirmara que ele estava muito doente, não tinha cura.

10. Por que o jovem marido considerou o sacrifício do canário como uma obra de misericórdia?
     Porque seria um ato de caridade abreviar o sofrimento do canário.

11. Como procedeu ele para matar o canário?
     Deu-lhe éter para cheirar e depois torceu-lhe de leve o pescoço.

12. Transcreva do texto a frase que mostra o estado de espírito do personagem depois que executou o passarinho.
     “E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga.”

13. As expressões sepultar e enlutada referem-se normalmente à morte de pessoas. Por que o narrador as empregou referindo-se ao canário?
      O canário era como uma pessoa da família. Todos lhe queriam bem, como a uma criatura humana.

14. Como você entende a expressão “voltar para dentro de si mesmo”?
      A expressão significa parar para pensar, para meditar.

15. Na crônica, não aparece o nome do personagem escolhido para matar o canário. Retire do texto as palavras empregadas para se referir a ele.
      As palavras usadas para se referir ao personagem são sacrificador e estrangulador.

16. Como se explica o fato de o canário estar vivo?
      Na verdade, o canário não tinha morrido. A torcida rápida e leve no pescoço não foi suficiente para matá-lo.

17. Por que o personagem, no final, também se sentiu ressuscitado?
      O personagem estava desolado com a morte do canário. Ao saber que ele estava vivo, sentiu grande alivio e felicidade.

18. Na crônica, o canário aparece em duas situações diferentes:
      --- Primeiro, ele está muito mal, semimorto.
      1a. – Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo.

      --- Depois, ele aparece curado, bem vivo. Transcreva as frases que mostrem o canário nessas duas situações.
      Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva com uma fome danada?



sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

NOTÍCIA: ÍNDIO QUER APITO, COMPUTADOR E INTERNET - COM GABARITO

ÍNDIO QUER APITO, COMPUTADOR E INTERNET 


Em Abril, deste ano, a TV Vermelho mostrou a aldeia indígena Itapoã, em Olivença, Ilhéus, sul da Bahia. Por lá, a rede de deitar se somou à rede virtual. E, no lugar do arco e flecha, mouse e PC. O vídeo sobre as Mídias Nativas, realizado nesta aldeia Tupinambá, revela o impacto destas mudanças na comunidade. Segundo os entrevistados, o uso das novas tecnologias tem contribuído para que a população indígena compartilhe seus saberes na busca de uma maior integração nacional.

O vídeo sobre o Mídias Nativas demonstra o quanto já caducaram velhos preconceitos sobre o povo mais original do Brasil e como essas populações desejam ser incorporadas nas preocupações do Estado e da sociedade sobre seus direitos e respeito com sua cultura.
A comunidade inaugurou um espaço que se tornou a base das produções e experimentações dos indígenas com novas tecnologias e mídias. O nome dado ao lugar, não por acaso, é Ciberoca.
Para os indígenas, a construção desse espaço representa um avanço importante no tipo de uso que eles fazem das tecnologias. "Com novos recursos, teremos mais condições de reivindicarmos melhorias para nosso povo", afirma Alex Tupinambá, coordenador da rede Índios Online.
http://www.vermelho.org.br/noticia
Adaptação: Janete Motta

1) Trabalhando o texto:
a) Explique a frase do título:
“Índio quer apito, computador e internet.”
 Ele quer através das multimídias, a outras culturas seus saberes.

b) De acordo com o texto, quais tecnologias foram instaladas na aldeia?
 Computadores e internet.

c) Você concorda que as pessoas indígenas tenham acesso a estas tecnologias? Por quê?
 Resposta pessoal.


2) Conheça um pouco sobre o índio Daniel Munduruku, grande escritor, que muito utiliza os recursos tecnológicos para escrever seus livros:

Escritor indígena com 38 livros publicados, graduado em Filosofia, História e Psicologia. Doutor em Educação na USP. Diretor presidente do INBRAPI-Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual, Comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República, Conselheiro Consultivo do Museu do Índio RJ.
Membro da Academia de Letras de Lorena.

http://danielmunduruku.blogspot.com/

Adaptação: Profe Janete Motta

Daniel Munduruku acredita que, ao lerem livros escritos por índios, as crianças têm a chance de conhecer quem eles são de verdade. Um trabalho importante para derrubar pensamentos antigos e, ainda recuperar a pureza das brincadeiras que, pelo menos, as crianças índias ainda preservam.
http://planetasustentavel.abril.com.br/
3) Retire dos parágrafos:
a) um substantivo próprio: Daniel Munduruku
b) dois substantivos comuns: livros, crianças.
c) um verbo no infinitivo com dígrafo: conhecer.
d) uma palavra com ditongo: índios.
e) uma palavra com hiato: crianças.


4) O primeiro parágrafo é um exemplo de:
( ) narração (X) biografia ( ) reportagem

5) O substantivo coletivo de índios é:
(X) tribo ( ) cacique ( ) aldeia

6) Sequência de palavras escritas corretamente:
a) ( ) flexa, harco, peiche, cassa
b) ( ) flecha, arco, pexe, caça
c) (X) flecha, arco, peixe, caça

7) *** Escolha duas palavras e forme frases no tempo...
a) presente: Eu leio livros.

b) pretérito: Os índios eram discriminados.


FÁBULA: A FORMIGA E A POMBA - ESOPO - COM GABARITO

   FÁBULA: A FORMIGA E A  POMBA
                      ESOPO
 
 Uma formiga sedenta veio à margem do rio para beber água.
   Para alcançá-la, devia descer por uma folha de grama. Quando assim fazia, escorregou e caiu dentro da correnteza.
   Uma pomba, pousada numa árvore próxima, viu a formiga em perigo.
   Rapidamente, arrancou uma folha da árvore e deixou-a cair no rio, perto da formiga, que pode subir nela e flutuar até a margem.
  Logo que alcançou a terra, a formiga viu um caçador de pássaros, que se escondia atrás duma árvore, com uma rede nas mãos.
 Vendo que a pomba corria perigo, correu até o caçador e mordeu-lhe o calcanhar. A dor fez o caçador largar a rede e a pomba fugiu para um ramo mais alto
 De lá, ela arrulhou para a formiga:
 - Obrigada, querida amiga.

"Uma boa ação se paga com outra."

Fábula de Esopo
 Atividades

1     1-   Que valores estão representados nas ações dos personagens?
         Gratidão.

       2-    Porque a pomba resolveu ajudar a formiga?
         Porque ela estava em perigo.

    3-   O que a formiga fez para retribuir o favor recebido? o que aconteceu depois?
        Mordeu-lhe o calcanhar. A pomba fugiu pra outro galho.

      4-   Explique com suas palavras o significado da moral da fábula.
      Resposta pessoal.

     5-     Que outra moral podemos dar ao texto?
      “Uma boa ação se paga com outra”.