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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

DIÁRIO: QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA - (FRAGMENTO) - CAROLINA MARIA DE JESUS - COM GABARITO

 Diário: Quarto de despejo: diário de uma favelada(Fragmento)

           Carolina Maria de Jesus

        13 DE MAIO Hoje amanheceu chovendo. E um dia simpático para mim. E o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos.

        ...Nas prisões os negros eram os bodes expiatórios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos trata com despreso. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz.

        Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair.

        ...Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada:

        — Viva a mamãe!

        A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim:

        — "Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço. Carolina."

        ... Choveu, esfriou. E o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.

        E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual — a fome!

        15 DE MAIO Tem noite que eles improvisam uma batucada e não deixa ninguém dormir. Os visinhos de alvenaria já tentaram com abaixo assinado retirar os favelados. Mas não conseguiram. Os visinhos das casas de tijolos diz:

        — Os políticos protegem os favelados.

        Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas épocas eleitoraes. O senhor Cantidio Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão agradavel. Tomava nosso café, bebia nas nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um progeto para beneficiar o favelado. Não nos visitou mais.

        ...Eu classifico São Paulo assim: O Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.

            JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2007. p. 27-28.

Fonte: Práticas de Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Faraco – Moura – Maruxo – 1ª ed., São Paulo, 2020. Ed. Saraiva. p. 80-1.

Entendendo o Diário:

01 – Que termos a escritora usa para indicar:

a)   O espaço físico onde vivia.

“Os visinhos das casas de tijolos diz: – Os políticos protegem os favelados”; “O senhor Cantidio Sampaio quando era vereador em 1963 passava os domingos aqui na favela”; “Eu classifico São Paulo assim: O Palácio é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos”.

b)   O contexto histórico em que ocorreram os fatos relatados.

“O senhor Cantidio Sampaio quando era vereador em 1953...”; “Eu estava com dois cruzeiros”.

02 – Que trechos do texto não apenas relatam os acontecimentos, mas expressam uma reflexão de Carolina Maria de Jesus?

      “É um dia simpático para mim. É o dia da Abolição”; “Mas o brancos são mais cultos”; “E no inverno a gente come mais”; “E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravidão atual – a fome!”; “Que Deus ilumine os brancos para que os pretos seja feliz”.

03 – A fome percorre o diário todo, como se esta fosse uma personagem. No trecho lido, como ela aparece?

      Aparece no relato, quando a escritora pede alimentos emprestados e na reflexão dela a respeito da fome.

04 – O título da obra parece ser mais do que uma síntese da favela. Que sentido(s) você consegue perceber nele?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Aceite as respostas que lhe pareçam bem argumentadas.

 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

NOTÍCIA: NOVO PAPEL DIFICULTA ESTUDOS - (FRAGMENTO) - DIÁRIO DE SÃO PAULO - COM GABARITO

 Notícia: Novo papel dificulta estudos – Fragmento

        Psicanalistas dizem que ajuda da família é fundamental para que meninas não se tornem “irmãs” de seus filhos. Reincidência da gravidez entre as adolescentes e abandono da escola são outras preocupações dos especialistas

        A maioria das adolescentes grávidas só se dá conta do novo papel quando o bebê nasce. Na maioria dos casos, elas são dependentes e precisam do apoio dos pais no cuidado com os filhos. Para a psicóloga Maria Helena Alves Pereira, coordenadora do Programa de Atendimento à Adolescente Grávida do Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth (ex-Praça XV), no Rio de Janeiro, quando as famílias participam desse momento delicado é mais fácil para os jovens lidar com a situação, retomar os estudos e, muitas vezes, o trabalho.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPKA2no0KLOzPILyKfoXk-XDToV08lpfPHLpCJRxVdAIBM2tW8X-EEdBICjq0gVfbISVoWrLsUt2FyXNkcSeAzbb-GcSF6KJaoxKelo0gNv2Phbu4jGhQErymeB-Olk4CsenAR9eAFd6rrgat78HU70a2IABmGBqij3ETZC5Op72CQ89UtEcM0e-FDjp4/s1600/LAPIS.jpg


        “[...] No programa, estimulamos os pais e as mães adolescentes a não abandonarem os estudos e a levarem adiante os seus objetivos profissionais. O que não podemos esquecer é que eles são pais e mães adolescentes e não há como exigir que se comportem como adultos”, diz.

        Mas a realidade, pelo menos até agora, é bem diferente desse ideal. Pesquisa realizada pelo Serviço de Pré-Natal de Gravidez na Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com 40 adolescentes grávidas, por exemplo, revelou que apenas 5% delas continuaram a estudar durante o período de gestação. “Elas não completam o ensino médio e, como mais de 60% nunca trabalhou, acabam ocupando subempregos”, revela Marisa Pascale.

        [...]

        Educação

        Parar os estudos leva também a reincidência na gravidez adolescente, problema que já afeta 25% das meninas mães. Pesquisa realizada no Rio de Janeiro revelou que mulheres que estudaram apenas um ano ou nunca estudaram tiveram, em média, 4,12 filhos, enquanto aquelas que estudaram pelo menos 11 anos tiveram 1,48 filho.

        A situação verificada no Estado do Rio não é muito diferente do que se vê no resto do país. Em São Paulo, por exemplo, estudo do Hospital das Clínicas também demonstrou que metade das meninas pararam a escola antes de engravidar. Isso significa uma relação direta entre educação e possibilidade de gravidez precoce. “A baixa autoestima é o fator principal que leva essas meninas a abandonar a escola como seu projeto de vida”, explica o ginecologista Marco Aurélio Galleta, do HC. “Por isso, muitas delas, mesmo que de forma inconsciente, acabam optando pela formação de uma família para preencher esse espaço”, completa o especialista.

Diário de São Paulo, 11/5/2003.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 166.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a principal dificuldade enfrentada pelas adolescentes grávidas, de acordo com o texto?

      A principal dificuldade é a transição para o novo papel de mãe, que muitas vezes ocorre sem que elas estejam preparadas, e a necessidade de apoio familiar para lidar com a situação.

02 – Qual é a importância do apoio familiar para as adolescentes grávidas, segundo a psicóloga Maria Helena Alves Pereira?

      O apoio familiar é fundamental para que as adolescentes consigam lidar com a situação, retomar os estudos e, em muitos casos, o trabalho.

03 – Qual é a realidade enfrentada pelas adolescentes grávidas em relação aos estudos, de acordo com a pesquisa da Unifesp?

      A pesquisa revelou que apenas 5% das adolescentes grávidas continuam estudando durante a gestação, o que leva à baixa escolaridade e, consequentemente, a subempregos.

04 – Qual é a relação entre a gravidez na adolescência e a reincidência da gravidez, segundo o texto?

      A interrupção dos estudos está diretamente relacionada à reincidência da gravidez na adolescência, com 25% das mães adolescentes engravidando novamente.

05 – Como a escolaridade influencia o número de filhos que as mulheres têm, de acordo com a pesquisa mencionada no texto?

      Mulheres com baixa escolaridade (um ano ou nenhum estudo) têm, em média, 4,12 filhos, enquanto aquelas com pelo menos 11 anos de estudo têm 1,48 filho.

06 – Qual é a relação entre educação e gravidez precoce, segundo o ginecologista Marco Aurélio Galleta?

      Segundo o ginecologista, há uma relação direta entre a falta de educação e a probabilidade de gravidez precoce. A baixa autoestima leva muitas adolescentes a abandonar a escola e buscar a formação de uma família para preencher esse vazio.

07 – Qual é o papel da baixa autoestima na gravidez precoce, de acordo com o texto?

      A baixa autoestima é apontada como um fator crucial que leva as adolescentes a abandonar a escola e buscar na maternidade uma forma de preencher o vazio emocional.

 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

REPORTAGEM: CHARADA NO CAFUNDÓ - VEJA - COM GABARITO

 Reportagem: Charada no Cafundó

        Há cinquenta anos, o menino Otávio Caetano ouviu sua mãe dizer que um “canduro ongambe” ia passar perto do lugarejo onde moravam, na zona rural paulista. A reação da criança foi imediata: correu para se esconder debaixo da cama. Sua atitude seria outra, certamente, se pudesse imaginar que “um carro de fogo”, conforme as palavras da mãe, nada mais era que um inofensivo caminhão. Hoje, com 60 anos e morando no mesmo local, Caetano continua falando aquela língua que aprendeu de seus ancestrais. Define-se, por exemplo, como um “tata vimbundo”, ou seja, um homem preto. E consegue se fazer entender pela maioria dos membros de sua comunidade de quarenta pessoas, habitantes de casebres de pau-a-pique, vizinhos do seu, quando constrói frases como “copopio bato cameria vavuru” – de acordo com sua própria tradução, “eu sei conversar em africano”.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJrS6zGz6ePG2szfllFF-vlVhu3KI5hS1cA_PX5M4XPS3liGtdAVI4NCW1pOWqTnuZcmPZrVLz_FEuQgLP_Ba-0OQEIYzfJH4LujtJMWZCjMGS8LgmNGp9P6PK5bsOrJ2rsWlmMZnBq_UrSJGhleObjs05ctu_Yg7d3Jla-XPGouuKfI2x7qFnTVKpjHk/s320/CAFUNDO.jpg


        Esse linguajar pode ser ouvido a apenas 140 quilômetros de São Paulo e a 14 município de Salto de Pirapora. Até um mês atrás, o fato não despertara maior atenção = nem mesmo entre os 7000 habitantes de Pirapora, que nada enxergavam de peculiar naquela comunidade rural de fala ininteligível, batizada de Cafundó por ficar fora da zona urbana, em local de acesso um tanto difícil. No mês passado, entretanto, um novo funcionário da Prefeitura de Pirapora publicou um artigo sobre o assunto no diário sorocabano Cruzeiro do Sul. Nas últimas semanas, atraídos por este relato, antropólogos e linguistas começaram de repente a animar a vida de Cafundó. Do ponto de vista científico, realmente, Cafundó pode ser encarado como um fenômeno de rara importância.

        Os cafundoenses garantem que sua língua se originou na África e lhes foi transmitida por seus ascendentes escravos – explicação a que também se inclinam os pesquisadores que os visitaram. “Para se ter uma ideia do valor desse achado”, opina o linguista Maurízio Gnerre, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), “basta lembrar que a última vez que algo semelhante aconteceu foi há setenta anos, quando se descobriu em Minas Gerais uma comunidade em condições parecidas". Com dois outros cientistas da Unicamp – o linguista Carlos Vogt e o antropólogo Peter Fry –, Gnerre deu início a uma pesquisa da fala de Cafundó. Pelo que já pode constatar, ela deriva da língua dos povos bantos, falada, por exemplo, no Congo e em Angola.

        Algumas palavras portuguesas, como não podia deixar de ser, se misturaram aqui e ali à língua. Em todo caso, o linguajar vocábulos ou frases esparsas. "O léxico deles é tão rico”, garante Gnerre, “que, se um habitante de Cafundó fosse colocado hoje numa região africana onde só se fale a língua nativa dos bantos, não tenho a menor dúvida de que ele se faria entender”. Nesse encontro hipotético, o brasileiro poderia se sair com frases como “tata iovacu  anjara vatema varuru massango cu xipoque”, isto é, “estou com vontade de comer arroz com feijão”. Ou então: “ovava cuendá vavuru” – “vai chover”.

        Nem todos de Cafundó dominam tais construções. As crianças compreendem, mas falam com alguma dificuldade. Há, inclusive, os que não entendem coisa alguma, como o pernambucano Virgílio Pedro da Silva, 41 anos, branco, que há meses ocupa, com a mulher e dez filhos, dois cômodos do casebre de Otávio Caetano, na condição de agregado. Uma espécie de líder em Cafundó, Caetano parece apreciar o fato de dispor de uma segunda língua, ao lado do português e inacessível a estranhos. “É o nosso latim”, explica sorridente. E aponta com orgulho para o sobrinho Benedito Norberto, de 43 anos, que já trabalhou num armazém de São Paulo como carregador de sacos. “Ele tem pouca instrução mas fala bem”, diz Caetano, para em seguida verter a frase: “mucanda, nani copopia vavuru”.

        De todo modo, o meio de comunicação dominante termina sendo o português, não apenas pelos contatos obrigatórios com a população de Salto de Pirapora, mas também pela penetração do rádio e da televisão – os aparelhos de rádio, presentes na maioria dos casebres até hoje sem água encanada e luz elétrica; e os programas de televisão assistidos nos bares da cidade. Por essa via, interesses de todo tipo acabam penetrando na vida dos cafundoenses. “Corinthians vavuru no palulé”, comenta, por exemplo, diante do repórter Paulo Azevedo, o jovem torcedor José Orlando, 13 e para quem seu time “é muito bom de bola”. Maria Aparecida, 27 anos, admite ter preferências de outra ordem: “Tarcísio Meira do vissuá vavuru, do casmere vavuru, do flora cafombe, cachitende nani”. Ela explica que seu ídolo “tem olhos bonitos, boca bonita, dentes brancos e não tem mau hálito”. A má dentição, aliás, é um problema generalizado entre os habitantes de Cafundó.

        Mas, afinal, como essa comunidade se estabeleceu nos 28 alqueires nos quais se espalham hoje suas casas, distantes algumas centenas de metros umas das outras? Histórias contadas pelos moradores de Cafundó falam de uma doação de terras a escravos alforriados por um velho senhor benevolente, algumas vezes lembrado como “sinhô Leme” e outras como “sinhô Almeida”. Essa  versão não convence plenamente a professora Suely Reis de Queirós, do Departamento de História da Universidade de São Paulo. De acordo com Suely, não era nada comum um senhor dar terra a escravos.

        Um quilombo, talvez? Também improvável, na opinião da historiadora. “Aqui em São Paulo a repressão aos quilombos era tão violenta que eles nunca conseguiam se instalar por muito tempo num lugar”. E como se terá mantido a língua em meio à inevitável influencia dos vizinhos? Afinal, não se tem notícia de nenhuma outra comunidade de língua africana no Brasil de hoje. Decifrar satisfatoriamente a gênese de Cafundó apresenta-se assim como tarefa complexa – o que, naturalmente, só serve para aumentar o interesse dos pesquisadores.

Veja, 26/4/78, p. 71.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 214-216.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é a língua falada na comunidade de Cafundó e qual a sua origem?

      Em Cafundó, fala-se uma língua de origem africana, provavelmente derivada dos povos bantos, com algumas palavras em português misturadas. Os moradores acreditam que a língua foi transmitida a eles por seus ancestrais escravos.

02 – Onde fica localizada a comunidade de Cafundó e qual a sua peculiaridade?

      Cafundó está localizada a apenas 140 quilômetros de São Paulo e a 14 quilômetros do município de Salto de Pirapora. A peculiaridade da comunidade é a sua língua, ininteligível para quem não a conhece, o que a torna um fenômeno de rara importância para pesquisadores.

03 – O que despertou o interesse de antropólogos e linguistas por Cafundó?

      O interesse de antropólogos e linguistas por Cafundó foi despertado por um artigo publicado no diário sorocabano Cruzeiro do Sul por um novo funcionário da Prefeitura de Pirapora. O artigo revelou a existência da comunidade e sua língua peculiar.

04 – Qual a importância de Cafundó do ponto de vista científico?

      Do ponto de vista científico, Cafundó é um fenômeno de rara importância. A descoberta de uma comunidade com uma língua de origem africana, falada por seus descendentes de escravos, é um evento raro que pode fornecer informações valiosas sobre a história da linguagem e da cultura afro-brasileira.

05 – O que dizem os pesquisadores sobre a língua de Cafundó?

      Os pesquisadores que visitaram Cafundó, como o linguista Maurizio Gnerre, da Unicamp, confirmam que a língua falada na comunidade deriva da língua dos povos bantos, falada em países como Congo e Angola. Gnerre afirma que o léxico da língua é tão rico que um habitante de Cafundó seria capaz de se fazer entender em uma região africana onde se fale a língua nativa dos bantos.

06 – Como a língua de Cafundó é utilizada na comunidade?

      A língua de Cafundó é utilizada principalmente pelos membros mais velhos da comunidade. As crianças compreendem a língua, mas têm dificuldade em falá-la. Alguns moradores, como o pernambucano Virgílio Pedro da Silva, não entendem a língua. Apesar disso, o líder da comunidade, Otávio Caetano, valoriza a língua como um "latim" próprio, inacessível a estranhos.

07 – Qual o meio de comunicação dominante em Cafundó?

      O meio de comunicação dominante em Cafundó é o português, devido aos contatos com a população de Salto de Pirapora e à penetração do rádio e da televisão na comunidade.

08 – Como a comunidade de Cafundó se estabeleceu no local onde vive hoje?

      As histórias contadas pelos moradores de Cafundó falam de uma doação de terras a escravos alforriados por um senhor benevolente. No entanto, essa versão não convence plenamente a professora Suely Reis de Queirós, do Departamento de História da Universidade de São Paulo, que questiona a probabilidade de um senhor dar terras a escravos.

09 – Qual a hipótese levantada por Suely Reis de Queirós para explicar a origem de Cafundó?

      Suely Reis de Queirós levanta a hipótese de que Cafundó possa ter sido um quilombo, mas também considera essa hipótese improvável, devido à violenta repressão aos quilombos em São Paulo.

10 – Qual o principal desafio dos pesquisadores em relação a Cafundó?

      O principal desafio dos pesquisadores é decifrar satisfatoriamente a gênese de Cafundó, ou seja, entender como a comunidade se formou, como a língua africana foi preservada ao longo do tempo e como a comunidade resistiu à influência dos vizinhos.

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

TEXTO: VIAGEM AO TERRITÓRIO ESPINHOSO DOS EXCLUÍDOS - MARILENE FELINTO - FOLHATEEN - COM GABARITO

 Texto: Viagem ao território espinhoso dos excluídos

            Marilene Felinto

        Não tem “errada” não. No sertão não tem frescura, não tem estágios, mal tem infância, quanto mais adolescência. Aos 14 anos, a pessoa olha para um lado, olha para outro, não há perspectiva, tudo é visto na dimensão única da superfície da caatinga plana. Tudo é seco, tudo é espinho, tudo é nada.

        Fazer o quê? No sertão não tem teste vocacional, não tem profissão, porque mal tem escola. O cara se faz homem no lombo do jegue, sem sela. A vida é na roça plantando milho, limpando arroz. É na criação tangendo gado, bode e cabra.

        Lá não tem meio-termo. Só tem sim e não, inverno e verão. O sertão fica lá para detrás daquele morros, nos buracos do Brasil. No sertão, o céu não é perto como parece daqui. O sertão está mais par as bandas do inferno, sim, senhor.

        O sertão é para conhecer, ir ver. Saber como vive a juventude do interior, de lá de dentro de um Brasil que nem aparece em jornal, nem nunca viu um. São Elcioneide, Juciela, Laiane, Marconi, Mardoni, Cleneildes, Carleusa, Clésio, Maria da Cruz, Antonia Ricarda, Francisco Salustiano e outra gente de outros nomes diferentes.

        A Folha foi, percorreu de carro 1.200 km pelo interior do Piauí e do Ceará. A viagem é uma aventura típica de rali – as rodovias do Piauí, as BRs brasileiras são de envergonhar.

        O suposto asfalto delas é pior do que a pedra e a terra das estradas e trilhas que cortam a caatinga.

        Por ali, nas fronteiras da Serra dos Cariris Velhos, vivem jovens, entre 12 e 22 anos, na pobreza bárbara da falta d’água, na escuridão do analfabetismo, do semi-analfabetismo e da falta de luz elétrica.

        Vivem da chama do fogo a lenha, alimentando sonhos curtos de conseguir um emprego de secretária, telefonista, mascate.

        Os meninos saem, migram, deixam para trás as casas de taipa cobertas de palha, ainda vão “tentar a vida em São Paulo”. Para eles, o sertão é sem chance.

        Os que ficam, como Agildo, 18, formado no 2° grau, ou José Ivanildo, 19, que só estudou até a 3ª série, ficam de noite vendo a vida passar na praça de Pimenteiras (PI).

        Agildo e Ivanildo nem mesmo se alistaram no exército. “Para quê? Aqui não tem emprego, a gente não precisa de documento”.

        Para quê? Para vestir qual farda, em defesa de qual Pátria? Os sonhos são curtos, e as distâncias ainda são medidas em léguas. Cleidir, 13, pedala 40 minutos sob o sol do meio-dia par ir à escola em São Félix do Piauí.

        Para quê? Juciela, 17, da cidade de Monsenhor Hipólito (PI), analfabeta, é mãe solteira de Laiane, 1 ano.

        Sustenta a filha ganhando R$ 40,00 por mês na casa de farinha, “raspando mandioca, lavando a massa e a goma”.

        Computador? Universidade? Não. Cacimba. Açude. O sertão quase que não existe.

          Os modernos – A moto desbanca o jegue

        A modernidade chegou ao sertão pelas duas rodas da moto, meio de transporte tão robusto e resistente quanto o ancestral jegue nas trilhas de terra e pedra da caatinga.

        A moto é uma verdadeira febre entre os jovens sertanejos de alguma posse. É o caso de Nalva, 15, filha adotiva de um fazendeiro de São Julião (PI), de quem ganhou sua Honda.

        Nalva aprendeu a dirigir moto com o vaqueiro da fazenda. Ela e suas amigas Cleneildes, 17, e Maria Joselita, 18, são o que há de mais avançado por aquelas paragens.

        Estão menos atrasadas na escola do que todos os outros jovens com quem a reportagem conversou. Nalva está na 6ª, Cleneildes, na 7ª, e Joselita, na 8ª série.

        De vez em quando, elas leem jornal – o “Diário do Povo”, da cidade de Picos – e revistas como “Veja” e “Contigo”.

        Nunca entraram em um cinema, que Nalva apenas imagina o que seja: “Um salão grande, com um televisor enorme lá na frente e lugar do pessoal sentar, para ir assistir filme com o namorado, e gente vendendo coisas para comer”.

        Namoram e são virgens. Têm mais medo do que vontade de transar, “porque dizem que dói”.

        Depois do 2° grau, querem ser bancárias ou secretárias. O passatempo predileto é jogar futebol. Nos fins de semana, vão a bares com música “brega” ao vivo, onde canta Bartô Galeno e tocam bandas de forró como Choque e Capital do Sol. (MF).

          Professora tem 14 anos

        Reprodução de exercícios passados pela professora.

                              Respostas de Maria Luzinete, 10 anos.

        “Dê que o Piauí foi colonizado?

        Através da fazenda de gado.

        Qual era os acontecimentos principal dos moradores?

        Religioso como missa, novenas, casamento.

        Qual foi a primeira capela do Piauí?

        A primeira capela do Piauí foi de Nossa Senhora da Vitória.

        E onde foi construída?

        Nas terra da fazendas Cabrobó.

        Qual foi o primeiro governador da capitania?

        João Pereira Calda”.

        Maria da Cruz, 14, é a única professora do povoado de Tucuns, distrito de São Félix do Piauí. Ela ensina aos alunos o pouco que sabe. A lição que escrevia na lousa tinha erros de todo tipo (leia acima). Ela precisa do emprego para ajudar a família. Seu pai vem todo ano para o interior de São Paulo, cortar cana como boia-fria.

        Folha – Você é formada?

        Maria da Cruz – Só estudei até a 4ª série. Queria até continuar com o meu estudo, mas como os pais desses meninos (os alunos) estavam muito aperreados, não queriam que perdessem o ano, em vim.

        Folha – Você pensa em continuar os estudos?

        Maria da Cruz – Ah, eu penso em me formar em alguma coisa. Tenho essa fé que eu consigo.

        Folha – Qual o seu salário?

        Maria da Cruz – Eu não tenho salário, por causa que eu sou de menor e o meu grau de estudo é muito pouco. Eu ganho R$ 35.

        Folha – Por mês?

        Maria da Cruz – É, por mês.

        Folha – Você gosta de das aula?

        Maria da Cruz – Gosto. Não é muito ruim, não.

        Folha – Você namora, sabe o que é fazer sexo?

        Maria da Cruz – Eu, não. Não sei, não. Não entendo sexo.

        Folha – Nem suas amigas sabem??

        Maria da Cruz – Possa que entendam, mas só que elas nunca me explicaram. Essas coisas eu não imagino com que fosse nada. (MF).

                                      Folha de S. Paulo, 15 set. 1997. Folhateen.

                        Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 119/23.

Entendendo o texto:

01 – Identifique o significado das expressões em destaque.

a)   “Não tem errada não”.

Problema, dúvida.

b)   “Para eles, o sertão é sem chance”.

Algo em que nem se quer pensar, fora de cogitação.

02 – As expressões destacadas no exercício anterior são gírias muito comuns entre adolescentes da classe média. A reportagem de Marilene Felinto foi apresentada em um caderno da Folha de S. Paulo dedicado a leitores adolescentes. Qual o efeito produzido sobre o leitor pelo uso dessas expressões?

      As expressões aproximam aluno e texto.

03 – Nos dois primeiros parágrafos, são comparadas a vida de um adolescente da classe média e a vida de um adolescente que vive no sertão. Considerando o público a que se destina o jornal em que o texto foi publicado, responda:

a)   Que efeito essa comparação poderia surtir sobre o leitor?

A comparação permite que o leitor do jornal reconhecer a existência de adolescentes que não vivem experiências semelhantes às suas.

b)   Que efeito essa comparação surte sobre você?

Resposta pessoal do aluno.

04 – “No sertão, o céu não é perto como parece daqui. O sertão está mais para as bandas do inferno, sim senhor”.

a)   Considerando o jornal em que foi publicado o texto, identifique a que lugar se refere o pronome daqui.

Refere-se à cidade de São Paulo.

b)   As palavras céu e inferno são usadas no texto em sentido conotativo. A que espécie de céu a autora se refere?

O céu seria realização profissional e pessoal, “sucesso na vida”.

c)   De acordo com o texto, por que no sertão “o céu não é perto como parece daqui”?

Porque o sertão não há perspectiva, não há possibilidade de o adolescente crescer e conquistar uma vida melhor.

d)   Por que o sertão estaria mais para as bandas do inferno?

Porque é quente, árido e é uma região em que há muito sofrimento, como o texto comprova.

05 – “O sertão é para conhecer, ir ver. Saber como vive a juventude do interior, de lá de dentro de um Brasil que nem aparece em jornal nem nunca viu um”.

a)   Após afirmar que “o sertão é para conhecer”, a autora afirma que o sertão não aparece no jornal. O que se pode concluir dessa sequência de afirmações?

Pode-se concluir que a vida no sertão não é divulgada, é escondida, e que somente indo até lá o leitor terá chance de realmente compreender como ela é.

b)   Em sua opinião, por que o sertão não aparece no jornal?

Resposta pessoal do aluno.

c)   No seu ponto de vista, em que aspectos a vida de um adolescente de uma grande metrópole poderia mudar se ele fosse conhecer o sertão?

Resposta pessoal do aluno.

06 – No quarto parágrafo, são mencionados diversos nomes.

a)   Por que a autora afirma que são nomes diferentes?

Porque são diferentes para o leitor do jornal, que vive em São Paulo, cidade em que esses nomes não são comuns.

b)   Nesse parágrafo, a autora convida o leitor adolescente a conhecer o sertão. Relacione esse convite à apresentação dos nomes.

Essa sequência desperta a atenção do leitor para pessoas que são diferentes dele até no nome, mas que são cidadãos do mesmo país.

07 – “... Na pobreza bárbara da falta d’água, na escuridão do analfabetismo e da falta de luz elétrica”.

a)   Qual o significado de bárbara no texto?

Não civilizado, atrasado.

b)   Por que o analfabetismo é comparado à escuridão?

Porque sem saber ler, uma pessoa dica excluída de todo um universo, fica “cega” para uma parte do que já foi conquistado pelo ser humano.

c)   A autora fala em barbárie, escuridão, para logo depois iniciar o parágrafo que segue afirmando que os jovens do sertão vivem da chama do fogo. O que podemos concluir a partir dessa sequência de afirmações?

Podemos concluir que, para a autora do texto, o sertão está em uma outra era, privado dos recursos sociais e tecnológicos disponíveis para os jovens paulistas de classe média, leitores do artigo.

08 – “... alimentando sonhos curtos de conseguir um emprego de secretária, telefonista, mascate”.

a)   Nos dois primeiros parágrafos do texto, a autora fala das aspirações profissionais dos leitores, adolescentes de classe média ou alta. Que aspirações seriam essas?

Eles sonham com a graduação, o diploma de terceiro grau.

b)   Considerando essa informação, por que os sonhos dos jovens do sertão são classificados de curtos?

Porque são sonhos com profissões que não exigem graduação e que têm remuneração inferior a profissões que requerem a graduação.

09 – “Para vestir qual farda, em defesa de qual pátria?” O sertanejo não tem pátria? Por quê?

      O sertanejo tem pátria, mas a pátria esqueceu ou ignorou o sertanejo.

10 – “Os sonhos são curtos, e as distâncias ainda são medidas em léguas”. A autora contrapõe extensão dos sonhos e das distâncias. Qual o efeito dessa comparação?

      Enfatizar a dificuldade da vida no sertão.

11 – Maria da Cruz é professora, embora não tenha completado a graduação.

a)   Por que ela se tornou professora?

Porque não havia ninguém para ocupar essa função.

b)   Para você, quais podem ser as consequências de não haver professores qualificados para atender a comunidade do distrito de São Felix do Piauí?

Resposta pessoal do aluno.

12 – Em sua opinião, quais podem ser as consequência de uma menina de 14 anos não ter qualquer informação sobre sexo como Maria da Cruz?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: chamar a atenção para o fato de que essa ignorância expõe a jovem à violência, a doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez indesejada.

13 – Leia novamente o título: “Viagem ao território espinhoso dos excluídos”. Considerando as reflexões feitas sobre o texto, responda:

a)   Espinhoso está sendo usado em sentido denotativo ou conotativo? Por quê?

Conotativo, pois, embora o sertão seja um local de clima realmente árido, é espinhoso pelo fato de as pessoas que vivem ali experimentarem muitas dificuldades.

b)   Quem seria os excluídos?

As pessoas que vivem no sertão.

c)   Estariam excluídos de quê?

De todo o progresso aproveitado por algumas classes sociais.

14 – Que conclusões você elaborou a partir da reflexão sobre o texto?

      Resposta pessoal do aluno.

15 – Após responder às questões, você deve ter percebido que a escolha de cada palavra tem um significado especial em um texto. Em que essa observação pode contribuir para suas próximas redações?

      Resposta pessoal do aluno.

16 – Considerando ainda a reflexão feita sobre o sexo, responda: de que forma a preocupação com o destinatário, a pessoa a quem se dirige o texto, influencia a construção do texto?

      A preocupação com o destinatário determina o vocábulo, a estrutura e até a linha de argumentação.

 

domingo, 18 de novembro de 2018

O DIÁRIO DE ZLATA - ZLATA FILIPOVIC - COM QUESTÕES GABARITADAS

O diário de Zlata

     
 [...]
        Sábado, 19 de outubro de 1991.
   Um dia infecto, ontem. A gente estava se preparando para subir a Jahorina (a montanha mais linda do mundo) e passar o final de semana. Quando cheguei da escola, encontrei mamãe chorando e papai de uniforme. Me deu um nó na garganta quando papai anunciou que tinha que ir reunir-se a sua unidade de reserva da polícia porque havia sido chamado. Me abracei a ele chorando e supliquei para ele não ir, para ficar conosco. Papai disse que era obrigado a ir. Aí ele partiu e ficamos nós duas, mamãe e eu. Mamãe, que não parava de chorar, telefonou aos amigos e à família. Todos eles vieram imediatamente (Slobo, Doda, Keka, Braco – o irmão de mamãe –, tia Melica e não sei mais quem). Todos vieram para nos consolar e oferecer ajuda. Keka me levou para a casa dela para passar a noite com Martina e Matej. Quando acordei esta manhã, Keka me disse que tudo estava bem e que papai ia voltar dentro de dois dias.
        Voltei para casa, tia Melica está conosco, parece que tudo vai se ajeitar. Papai deve voltar depois de amanhã. Obrigada, meu Deus!
        [...]
        Quarta-feira, 23 de outubro de 1991.
        Em Dubrovnik é guerra de verdade. Bombardeios terríveis. As pessoas estão em abrigos, sem água, sem eletricidade, o telefone está cortado. Na televisão aparecem cenas terríveis. Papai e mamãe estão muito preocupados, não é possível que deixem destruir uma cidade tão fantástica. Eles têm uma ligação toda especial com Dubrovnik. Foi lá, no Palácio do Governo, que eles assinaram com uma pena de ganso o “sim” à futura vida em comum. Mamãe fica dizendo que Dubrovnik é a cidade mais bonita do mundo e que não pode ser destruída.
        Estamos preocupados com o padrinho Srdjan (ele trabalha e mora em Dubrovnik, mas tem toda a família em Sarajevo) e também com os pais dele. Como eles fazem para aguentar tudo o que está acontecendo? Será que ainda estão vivos? A gente tenta falar com eles pelos radioamadores mas não consegue. Bokica (a mulher de Srdjan) está desesperada. Tudo o que a gente faz para descobrir alguma coisa dá em nada. Dubrovnik está cortada do mundo.
        [...]
        Terça-feira, 12 de novembro de 1991.
        Em Dubrovnik a coisa vai de mal a pior. Conseguimos saber pelos radioamadores que Srdjan está vivo e que está bem, os pais dele também. O que se vê pela televisão é horroroso. As pessoas estão passando fome. Procuramos descobrir um jeito de mandar provisões para Srdjan. Com certeza vai ser possível pela Caritas. Papai continua seu serviço na reserva, volta para casa cansado. Quando isso tudo vai acabar? Segundo papai, talvez na semana que vem. Obrigada, meu Deus.
        [...]
        Zlata Filipovic. O diário de Zlata: a vida de uma menina na guerra. Trad. Antônio de Macedo Soares e Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 22-4; 26.
Entendendo o texto:

01 – Qual a função de um diário?
      O diário é uma forma de registro de fatos importantes que fazem parte do dia-a-dia de uma pessoa, para compartilhar seus sentimentos, manifestar-se diante de ocorrências que muitas vezes fogem do controle, etc. Pode também contar relatos técnicos de uma viagem de navegação, de expedições, de coleta de dados, etc.

02 – Que tipo de dificuldade, além das relatadas no diário de Zlata, as pessoas enfrentam na guerra?
      Ver as cidades destruídas, não ter trabalho nem perspectiva de vida, enfrentar doenças, miséria, etc.

03 – Você já tinha ouvido falar da cidade de Dubrovnik e da montanha Jahorina?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Nos diários, por que é importante incluir a data?
      É importante para saber a ordem em que os fatos ocorrem; além disso, a data permite organizar esses acontecimentos.

05 – No dia 19 de outubro de 1991, o que deixou a família de Zlata triste e desesperada?
      A possível convocação do pai de Zlata à guerra.

06 – No dia 12 de novembro do mesmo ano, aparece a expressão “a coisa vai de mal a pior”. A que Zlata se refere?
      Ela se refere à situação da guerra, agravando-se a cada dia, com pessoas passando fome, e sem mostras de que o conflito estaria se aproximando do fim.

07 – Quais são as características do texto que nos remetem ao gênero textual diário?
      Ele é um diário pois, Zlata descreve sobre seus dias durante a guerra.

08 – Nem sempre um diário relata somente ações de seu autor. Ele também serve para reflexões a respeito de sua vida. Copie um trecho em que Zlata demonstre essa reflexão.
      “Uma carnificina! Um massacre! Um horror! Uma abominação! Sangue! Gritos! Choro! Desespero!”

09 – Quem é o interlocutor de Zlata?
      O diário dela, Mimmy.

10 – Como Zlata se sente em relação à guerra?
      Ela se sente muito triste e infeliz.

11 – Qual o momento que mais choca Zlata no meio à guerra?
      O dia em que a mãe estava perto de onde caiu uma granada de um ataque da guerra.

12 – Pesquise sobre Sarajevo e a Guerra da Bósnia (1992-1995) e escreva pelo menos 5 linhas a respeito delas.
      A guerra de Bósnia, que foi um conflito armado, se iniciou em abril de 1992 e foi até dezembro de 1995 na região de Bósnia e Herzegovina. A guerra foi causada por motivos de política e religião.
      A aliança bosníaco-croata ocupou 51% do território da Bósnia e Herzegovina e acabou chegando à Banja Luka. Quando viram sua capital ameaçada, os líderes sérvios assinaram o acordo e a guerra terminou oficialmente em 14 de dezembro de 1995. Foi o conflito mais prolongado e violento da Europa desde o fim da II Guerra Mundial, com duração de 1.606 dias. A guerra durou cerca de três anos e causou aproximadamente 200.000 vítimas entre civis e militares e 1,8 milhões de deslocados, de acordo com relatórios recentes.

13 – Procure saber um pouco mais sobre Zlata Filipovic. Onde mora, o que faz hoje, se já visitou o Brasil, se possui outros livros publicados.
      Atualmente Zlata Filipovic tem 36 anos, veio ao Brasil mais de uma vez, autora de O DIÁRIO DE ZLATA e em parceria com outros autores também publicou o livro chamado VOZES ROUBADAS.