Mostrando postagens com marcador LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

CRÔNICA: O MARAJÁ - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: O Marajá

               Luís Fernando Veríssimo

A família toda ria de dona Morgadinha e dizia que ela estava sempre esperando a visita do Marajá de Jaipur. Dona Morgadinha não podia ver uma coisa fora do lugar, uma ponta de poeira em seus móveis ou uma mancha em seus vidros e cristais. Gemia baixinho quando alguém esquecia um sapato no corredor, uma toalha no quarto ou - ai, ai, ai - uma almofada torta no sofá da sala. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT6tlc7oXnyf3lSppBZAHL7lwC2oUHjNh8HTggyrxswP91-0Yr_r_9EuIkiCFsMBbyiso5Hwb8ZfYejq-GqclayPoNCxwCzbdKJw_KuX78O3QX7cLyejphOomonxD2mtVxleeGqxaPI3prTdE28YkHwzyOQzutcz28l819P1JoNn7J_-no4UsFaY5VkJw/s1600/LIMPEZA.jpg


Baixinha, resoluta, percorria a casa com uma flanela na mão, o olho vivo contra qualquer incursão do pó, da cinza, do inimigo nos seus domínios. Dona Morgadinha era uma alma simples. Não lia jornal, não lia nada. Achava que jornal sujava os dedos e livro juntava mofo e bichos. O marido de dona Morgadinha, que ela amava com devoção apesar do seu hábito de limpar a orelha com uma tampa de caneta Bic, estabelecera um limite para sua compulsão de limpeza. Ela não podia entrar na sua biblioteca. Sua jurisdição acabava na porta. Ali dentro só ele podia limpar, e nunca limpava. E, nas raras vezes em que dona Morgadinha chegava à porta do escritório proibido para falar com o marido, este fazia questão de desafiá-la. Botava os pés em cima dos móveis. Atirava os sapatos longe. Uma vez chegara a tirar uma meia e jogar em cima da lâmpada só para ver a cara da mulher. Sacudia a ponta do charuto sobre um cinzeiro cheio e errava deliberadamente o alvo. Dona Morgadinha então fechava os olhos e, incapaz de se controlar, lustrava com a sua flanela o trinco da porta. O marido de dona Morgadinha contava, entre divertido e horrorizado, da vez que levara a mulher a uma recepção diplomática.

- Percorremos a fila de recepção, e quando vi a Morgadinha estava sendo apresentada ao embaixador. O embaixador se curvou, fez uma reverência, e de repente a Morgadinha levou a mão e tirou um fio de cabelo da lapela do embaixador!

- Não pude resistir - explicava dona Morgadinha, séria, entre as risadas dos outros.

- E ainda deu uma espanada, com a mão, no seu ombro.

- Caspa - suspirava dona Morgadinha, desiludida com o corpo diplomático. Quis o destino que os filhos de dona Morgadinha puxassem pelo pai no relaxamento e na irreverência. Todos os três.

- Meu filho, aí não é lugar de deixar os livros da escola.

- Qual é, mãe? Está esperando o Marajá?

- Minha filha, a sala não é lugar de cortar as unhas.

- Ih, hoje é dia do Marajá chegar.

- Oscar, na mesa?!

- Quando o Marajá vier almoçar, eu prometo que não faço isto. Certa manhã bateram à porta. Dona Morgadinha, que comandava a faxina diária da casa com severidade militar, fez sinal para as empregadas de que ela mesma iria abrir. Na porta estava um homem moreno, de terno, gravata - e turbante! Dona Morgadinha, que uma vez brigara com o carteiro porque a sua calça estava sem friso, olhou o homem de alto a baixo e não encontrou o que dizer.- Dona Morgadinha?

- Sim.

- Meu amo manda o seu cartão e pede permissão para vir visitá-la às cinco. Dona Morgadinha olhou o cartão que o homem lhe entregara. Ali estava, com todas as letras douradas, "Marajá de Jaipur". Não conseguiu falar. Fez que sim com a cabeça, desconcertada. O homem fez uma mesura e desapareceu antes que dona Morgadinha recuperasse a fala. As empregadas receberam ordens de recomeçar a faxina, do princípio. Dona Morgadinha anunciou para a família que naquele dia não haveria almoço. Não queria cheiro de comida na casa. E era bom todos saírem para a rua até a noite, para não haver perigo de deslocarem as almofadas. Pai e filhos se entreolharam e concordaram:

- O Marajá vem hoje. Dona Morgadinha apenas sorriu. E estava com o mesmo sorriso quando o marido e os filhos chegaram em casa à noite, depois de comerem um cheeseburger na esquina, fazendo bastante barulho e manchando a roupa. Dona Morgadinha não contou para ninguém da visita do Marajá. Do seu terno branco, do rubi no seu turbante, da sua barba grisalha e distinta. E da conversa que tinham tido, das cinco às sete, sozinhos, entre goles de chá e mordiscadas em sanduíches de aspargo, sobre coisas distantes, sobre o linho e o mármore e a purificação dos espíritos. Naquela noite o marido de dona Morgadinha surpreendeu a mulher com o olhar perdido na frente do espelho. Ela estava tão distraída que foi para a cama sem escovar as unhas, usar o colírio e rearrumar os armários, como fazia sempre. O Marajá combinou com dona Morgadinha que voltaria dois dias depois, à mesma hora. Estes dois dias dona Morgadinha passou sentada, sem notar nada, esquecida até da sua flanela. O filho mais velho chegou a trazer um vira-lata da rua para fazer xixi no pé da poltrona, mas não conseguiu despertar dona Morgadinha do seu devaneio. Depois de duas semanas de visitas constantes do Marajá e do mais absoluto descaso de dona Morgadinha pela higiene da família e da casa, o marido resolveu que já era demais. Procurou o seu amigo Turcão, que era árabe e tinha cara de hindu e que ele contratara para se fingir de Marajá e fazer uma brincadeira com a mulher, e disse que era hora de acabar com a brincadeira. Turcão, meio sem jeito, disse que com ele tudo bem, mas dona Morgadinha...

- O quê? - quis saber o marido, desconfiado...

- Ela levou a sério. Está falando até em fugir comigo e ir morar no mew-palácio em Jaipur. Negócio chato. Acho melhor contar a verdade para ela e... Mas o marido de dona Morgadinha percebeu o que fizera. E percebeu que com as almas simples não se brinca. Se descobrisse que fora enganada, dona Morgadinha era capaz de se matar, engolindo detergente. Não, não. Ela não merecia aquilo. Compungido, o marido pediu ao Turcão que continuasse a visitar a mulher. Mas tentasse desiludi-la. Dando um arroto. Sei lá.

Entendendo o texto

01. Qual é o comportamento obsessivo de dona Morgadinha descrito na crônica?

a) Ela coleciona selos raros.

b) Ela está sempre esperando uma visita ao Marajá de Jaipur. c) Ela gosta de colecionar livros antigos.

d) Ela é uma aficionada por jardinagem.

          02. Por que o marido da dona Morgadinha distribuiu um limite para sua compulsão de limpeza?

          a) Ele não suportava a obsessão da esposa por limpeza.

          b) Ele queria preservar sua biblioteca pessoal.

        c) Ele gostava de provocar a esposa desafiando suas regras.

       d) Ele era extremamente organizado e não precisava de interferências.

        03. O que aconteceu na recepção diplomática mencionada na crônica?

          a) Dona Morgadinha se entendeu muito bem com o embaixador.

         b) O marido da dona Morgadinha fez uma apresentação formal.

         c) Dona Morgadinha tirou um fio de cabelo da lapela do embaixador.

         d) O marido de dona Morgadinha desafiou as regras da etiqueta.

      04.  Como os filhos da dona Morgadinha se comportam em relação às suas obsessões por limpeza?

        a) Eles herdam a compulsão da mãe.

        b) Eles a provocam e desafiam suas regras.

        c) Eles não se importam com a limpeza.

        d) Eles são tão obsessivos quanto ela.

    05.  O que dona Morgadinha faz quando descobre uma visita ao Marajá?

       a) Ela pede para a família sair de casa.

       b) Ela cancela o almoço e proíbe cheiros de comida em casa.   

       c) Ela prepara uma recepção especial para o Marajá.

       d) Ela decidiu se mudar para Jaipur.

  06.  O que o marido de dona Morgadinha resolve fazer para acabar com a brincadeira do Marajá?

      a) Ele contratou um detetive para seguir dona Morgadinha.

      b) Ele pede a um amigo para se passar pelo verdadeiro Marajá.

      c) Ele conta a verdade para dona Morgadinha e enfrentará as consequências.

      d) Ele continua a brincadeira, mas de uma maneira diferente.

      07. Como dona Morgadinha reage quando descobre a verdade sobre o Marajá?

        a) Ela fica aliviada e volta à sua rotina de limpeza.

        b) Ela fica furiosa e decide se divorciar do marido.

        c) Ela leva a sério e planeja fugir com o falso Marajá.

        d) Ela se recusa a acreditar na verdade.

    08. Qual é a ocorrência dos filhos de dona Morgadinha diante da situação com o Marajá?

      a) Eles apoiam o pai na brincadeira.

      b) Eles ficam chateados com a mentira.

      c) Eles decidem contar a verdade para a mãe.

     d) Eles se juntam à brincadeira e fingem ser súditos do Marajá.

   09. O que dona Morgadinha faz durante os dois dias em que o Marajá não visita?

      a) Ela continua sua rotina de limpeza normalmente.

      b) Ela passou sentada, esquecida de tudo.

      c) Ela organiza uma recepção surpresa para o Marajá.

      d) Ela planeja uma fuga para Jaipur.

10. Como o marido de dona Morgadinha decidiu lidar com a situação ao perceber que ela levou a sério a brincadeira do Marajá?

       a) Ele decide contar a verdade imediatamente.

       b) Ele pede desculpas e tenta reclamar a situação.

      c) Ele continua a brincadeira para evitar magoar dona Morgadinha.

      d) Ele consultou um especialista em relacionamentos para orientação.

 

 

sábado, 21 de outubro de 2023

CRÔNICA: ÉPICO - LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Épico

              Luís  Fernando Veríssimo

        O futebol de calçada era com narração, e o próprio jogador fornecia a narração. Jogava e descrevia sua jogada ao mesmo tempo, e nunca deixava de se auto entusiasmar. “Sensacional, senhores ouvintes!” (Naquele tempo os locutores tratavam o público de “senhores ouvintes”.)

        “Sensacional! Mata no peito, põe no chão, faz que vai mas não vai, passa por um, por dois… Fau! Foi fau do beque! O juiz não deu! O juiz está comprado, senhores ouvintes!”

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVa4fDn4te90gxYHewP_1k3YLRZQTbNt6gsPZfi6xJA0rJADpJF4fFiZAahUoQfMBuwxt4eO4RrBrxuwh1rj3rkU8mIkBsbuICTru3M0HAjFMhhyphenhyphenBGSS0wVdjIdg1gDjolonYqOmd9Oba8b4FKX7ypYjnh4mh4albba1o0D3xdYe7VnLFvJaWQg2hu5VM/s320/futebol.jpg


        Fau era “foul” e beque era “back”, na língua daquela terra estranha, o passado. E o juiz, claro, era imaginário. Tudo era imaginário no futebol de calçada, a começar pela nossa genialidade. A bola era de borracha, quando não era qualquer coisa remotamente redonda. A bola número cinco oficial de couro ganha no Natal não aparecia na calçada, tá doido? Estragar uma bola de futebol novinha jogando futebol?

        Mas éramos gênios na nossa própria narração.

        “Lá vai ele de novo. Cabeça erguida! Passa a bola e corre para receber de volta… Que lance! O passe não vem! Não lhe devolvem a bola! Assim não dá, senhores ouvintes… Só ele joga nesse time!”

        A narração dava um toque épico ao futebol. Lembro que na primeira vez em que fui a um campo, acostumado a só ouvir futebol pelo rádio, senti falta de alguma coisa que não sabia o que era. Tudo era maravilhoso, o público, o cheiro de grama, os ídolos que eu conhecia de fotografias desbotadas no jornal ali, em cores vivas… Mas faltava alguma coisa. Faltava uma voz me dizendo que o que eu estava vendo era mais do que estava vendo. Faltava a narrativa heroica. Faltava o Homero.

        Na calçada éramos os nossos próprios heróis e os nossos próprios Homeros.

        “Atenção. Ele olha para o gol. Vai chutar. Lá vai a bomba. O goleiro treme. Ele chuta! A bola toma efeito. Entra pela janela. E lá vem a mãe, senhores ouvintes! A mãe invade o campo. Ele tenta se esquivar. Dá um drible espetacular na mãe. Dois. A mãe pega ele pela orelha. Pela orelha! E o juiz não vê isso!”

        Mesmo se nem tudo merecesse o toque épico.

Luiz Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o tema central da crônica "Épico" de Luiz Fernando Veríssimo?

      O tema central da crônica é a nostalgia e a imaginação associadas ao futebol de rua, com ênfase na narração épica que os jogadores faziam de suas próprias jogadas.

02 – Qual é o estilo de narração usado pelos jogadores de futebol de calçada mencionado na crônica?

      Os jogadores de futebol de calçada usavam um estilo de narração épico, descrevendo suas jogadas com entusiasmo, mesmo que fossem imaginárias.

03 – O que significam as palavras "fau" e "beque" no contexto da crônica?

      "Fau" é uma versão abreviada de "foul", que significa falta no futebol. "Beque" é uma abreviação de "back", referindo-se a um jogador de defesa.

04 – Por que o autor menciona que o juiz no futebol de calçada era imaginário?

      O autor menciona que o juiz era imaginário porque o futebol de calçada era informal e não tinha árbitros reais. As decisões eram baseadas na imaginação e na narração dos jogadores.

05 – Como a narração contribui para tornar o futebol de calçada mais emocionante?

      A narração contribui para tornar o futebol de calçada mais emocionante, dando um toque épico às jogadas e criando uma sensação de heroísmo, mesmo em situações simples.

06 – O que o autor sentiu falta quando foi a um campo de futebol pela primeira vez?

      O autor sentiu falta da narração épica que estava acostumado a ouvir no futebol de calçada quando foi a um campo de futebol pela primeira vez. Ele sentiu que faltava algo que tornasse a experiência mais emocionante.

07 – Qual é o papel da narração na experiência do futebol de calçada, de acordo com a crônica?

      A narração desempenha um papel importante na experiência do futebol de calçada, pois torna as jogadas mais emocionantes, cria uma sensação de heroísmo e eleva a experiência esportiva dos jogadores, tornando-os seus próprios heróis e Homeros.

 

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

CRÔNICA: SER BRASILEIRO - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: Ser brasileiro

              Luís Fernando Veríssimo

Eu tomo um remédio para controlar a pressão

Cada dia que eu vou comprar o dito cujo, o preço aumenta.

Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o preção.

Tô sofrendo de preção alto.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6ZQzEvUn5DSFawni_hUVlDdtsmWY4hNXcGpCWLS4YNWlqI-BuWaJu5uCfETXHwO7JKiD60GGhAaWhPKk9u9now_lLORT60PwLooVrW1D1Ghh9LQAIqdVxwQii7exkv2pDiQAzdOh5Z2fqfady9FvKCFUhmOoUlJG2rej6ntFRKqeLLvykvMS030tNSAs/s320/BRASILEIRO.jpg


O médico mandou cortar o sal.

Comecei cortando o médico, já que a consulta era cara demais.

Controlei também a alimentação.

Como a única coisa que tenho comido, depois do Fome Zero, é minha patroa, não tem perigo:

Ela é a coisinha mais sem sal deste lado do mundo …

Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrénico. Sério!

Não sei mais o que é Real.

Principalmente quando pego a carteira ou pego extrato no banco.

Não tem mais um real.

Sem falar na minha esclerose precoce.

Comecei a esquecer as coisas:

Sabe aquele carro? Esquece!

Aquela viagem? Esquece!

Tudo o que o barbudo prometeu? Esquece!

Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time: nas últimas.

Bem, brasileiro é assim mesmo,

Já nem liga mais para bala perdida.

Entra por um ouvido e sai pelo outro …

Luís Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o problema de saúde mencionado pelo autor no início da crônica?

      O autor menciona que está sofrendo de "preção alto" e precisa controlar a pressão.

02 – Como o autor reage ao aumento do preço do medicamento para controlar a pressão?

      O autor faz uma piada, dizendo que é mais fácil controlar a pressão do que o "preção" (preço alto) do medicamento.

03 – Qual foi a recomendação do médico para ajudar a controlar a pressão?

      O médico recomendou que o autor cortasse o sal de sua alimentação.

04 – Como o autor reage à recomendação de cortar o sal de sua alimentação?

      O autor faz uma piada, afirmando que começou cortando o médico, já que a consulta era cara demais.

05 – O que o autor diz sobre a sua alimentação e sua esposa?

      O autor menciona que, devido à falta de recursos, ele tem comido apenas a comida feita por sua esposa, alegando que ela é a "coisinha mais sem sal deste lado do mundo."

06 – Que problema de saúde mental o autor sugere estar enfrentando?

      O autor sugere estar enfrentando esquizofrenia, mencionando que não sabe mais o que é "Real," especialmente quando verifica sua carteira ou extrato bancário.

07 – Como o autor se compara ao seu time no final da crônica?

      O autor se compara ao seu time, afirmando que está "nas últimas," o que sugere que ele se sente em uma situação difícil, assim como o desempenho de seu time.

 

 

  

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

CRÔNICA: INQUILINOS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 CRÔNICA: INQUILINOS

                   Luís Fernando Veríssimo

 

Ninguém é responsável pelo funcionamento do mundo. Nenhum de nós precisa acordar cedo para acender as caldeiras e checar se a Terra está girando em torno do seu próprio eixo na velocidade apropriada, e em torno do Sol de modo a garantir a correta sucessão das estações. Como num prédio bem administrado, os serviços básicos do planeta são providenciados sem que se enxergue o síndico - e sem taxa de administração. Imagine se coubesse à humanidade, com sua conhecida tendência ao desleixo e à improvisação, manter a Terra na sua órbita e nos seus horários, ou se - coroando o mais delirante dos sonhos liberais - sua gerência fosse entregue a uma empresa privada, com poderes para remanejar os ventos e suprimir correntes marítimas, encurtar ou alongar dias e noites e até mudar de galáxia, conforme as conveniências de mercado, e ainda por cima sujeita a decisões catastróficas, fraudes e falência.

É verdade que, mesmo sob o atual regime impessoal, o mundo apresenta falhas na distribuição dos seus benefícios, favorecendo alguns andares do prédio metafórico e martirizando outros, tudo devido ao que só pode ser chamado de incompetência administrativa. Mas a responsabilidade não é nossa. A infraestrutura já estava pronta quando nós chegamos. Apesar de tentativas como a construção de grandes obras que afetam o clima e redistribuem as águas, há pouco que podemos fazer para alterar as regras do seu funcionamento.

Podemos, isto sim, é colaborar na manutenção da Terra. Todos os argumentos conservacionistas e ambientalistas teriam mais força se conseguissem nos convencer de que somos inquilinos no mundo. E que temos as mesmas obrigações de qualquer inquilino, inclusive a de prestar contas por cada arranhão no fim do contrato. A escatologia cristã deveria substituir o Salvador que virá pela segunda vez para nos julgar por um Proprietário que chegará para retomar seu imóvel. E o Juízo Final, por um cuidadoso inventário em que todos os estragos que fizemos no mundo seriam contabilizados e cobrados.

– Cadê a floresta que estava aqui? - perguntaria o Proprietário. - Valia uma fortuna.

– Este rio não está como eu deixei… E, depois de uma contagem minuciosa:

– Estão faltando cento e dezessete espécies.

A Humanidade poderia tentar negociar. Apontar as benfeitorias - monumentos, parques, áreas férteis onde outrora existiam desertos - para compensar a devastação. O Proprietário não se impressionaria.

– Para o que eu quero o Taj Mahal? Sete Quedas era muito mais bonita.

– E a catedral de Chartres? Fomos nós que construímos. Aumentou o valor do terreno em…

– Fiquem com todas as suas catedrais, represas, cidades e shoppings. Quero o mundo como eu o entreguei.

Não precisamos de uma mentalidade ecológica. Precisamos de uma mentalidade de inquilinos. E do terror da indenização.

 Fonte: Jornal A Gazeta – Rio de Janeiro (RJ) – 12/jul/2007.

VERISSIMO, Luís Fernando. O mundo é bárbaro: e o que nós temos a ver com isso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. p. 19.

 

Fonte da imagem -  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitEbosvJ1uCsua3a5bBZVs0WC3ZUIVOOG3KvqdlPgOQZoeuMPhLVCgTYSOP3hz4bF__MDA-M8pKtxaUdj6p4nCiQuHq_WOcnsMLnLl7LPx3IwOJnKgv5boSKdiArznxhNFSfzngA3Cr9Xhq_mWxrmK-7Zrzpg5G0uOvInOxUwcOlR6G75NNLq_XlKO/s320/planeta-terra.jpg

Entendendo o texto

 01. Que temática é abordada na crônica?

Funcionamento e manutenção do Planeta Terra.

02. O cronista compara o funcionamento do mundo com o quê?

Como um prédio bem administrado.

03. Qual a crítica feita a humanidade?

Que ela é conhecida por sua tendência ao desleixo e a improvisação, que na ordem humana constitui um defeito incorrigível, estão perversamente implicados na política e na economia.

    04.Para bem comparar o funcionamento do mundo à boa administração de um prédio, o autor do texto se vale do fato de que, em ambos os casos,

         a. as necessidades humanas imprimem a tudo as leis do mercado, a fim de evitar nossas falhas pessoais.

        b. a distribuição e a qualidade dos serviços costumam ser justas, salvo em casos excepcionais.

        c. a presença de um síndico só se faz sentir de modo positivo quando se trata de prevenir catástrofes.

      d. a infraestrutura se acomoda às necessidades dos usuários, não cabendo falar em incompetência administrativa.

      e. os serviços se oferecem com certa naturalidade, sem que se perceba a presença de um responsável.

 

05.Atente para as seguintes afirmações:

I.             O autor mostra-se descrente quanto à competência dos homens para administrar o funcionamento do mundo, tal como acusa o segmento mesmo sob o atual regime impessoal.

II.           As expressões “gerência (…) entregue a uma empresa privada” e “conveniências do mercado” ajudam a ilustrar o que entende o autor por sonhos liberais.

III.         Ao dizer que a infraestrutura já estava pronta quando nós chegamos, o autor exime a humanidade de responder pelo que seriam as falhas de funcionamento do mundo natural.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

a.    I, II e III.

b.    I e II, apenas.

c.    I e III, apenas.

d.    II e III, apenas.

e.    II, apenas.

06. Quem ousará remanejar os ventos e suprimir correntes marítimas, se tais poderes estivessem à disposição dos nossos interesses e caprichos?

       Na opinião do autor do texto, o síndico ideal seria aquele cujos serviços sequer se notem, pois ele manterá com discrição sua eficiência e sua dedicação ao trabalho.

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

CRÔNICA: DESABAFO DE UM MARIDO - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 CRÔNICA:  DESABAFO DE UM BOM MARIDO

                    Luís Fernando Veríssimo


       Minha esposa e eu temos o segredo pra fazer um casamento durar: duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida, e um bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas.

      Nós também dormimos em camas separadas. A dela é em Fortaleza e a minha em São Paulo. Eu levo minha esposa a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta. Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento. 'Em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!' ela disse. Então eu sugeri a cozinha.

       Nós sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras. Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica. Então ela disse: 'Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar'. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.

       Lembrem-se, o casamento é a causa número um para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento. Eu me casei com a 'Sra. Certa'. Só não sabia que o primeiro nome dela era 'Sempre'.

       Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la. Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: 'O que tem na TV?' E eu disse 'Poeira'.

       No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem Mundo tiveram mais descanso.

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghr1lG2lKzDbLVmkTMhourBWvmbVlaEUEitqm_j3xPDxO5Us19luWeDJT_6fQOL7wDS0ur_4r3kOBBB3YH0HH_y7DvZzJX_y-_6e5Z_qM05PsVsRb2cA1sMmvmjZmVewYJ63XlEcZFGbnaIu4Jx2e9qLT7od9mVrUUGMkiz9BKuDoEz13HnIwTHBXt/s320/MARIDO.jpg


       'Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes: o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim.

      Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa.

       Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei.' - Quando você terminar de cortar a grama,' eu disse, 'você pode também varrer a calçada.'

       Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida'. 'O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido...

 

Fonte: UOL MAIS. UOL Site. Disponível on-line em: . Acesso em 19-08-2013.

Fonte: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. Disponível on-line em: . Acesso em 24 ago. 2013.

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_fafipa_port_pdp_tatiana_sanches_caniatti_biudes.pdf

 Entendendo o texto

 01. Com base na leitura do texto Desabafo de um Bom marido, leia as questões 1 à 10 e assinale com um (X) a opção correta:

 

1. No texto Desabafo de um bom marido, o narrador satiriza a relação marido e mulher, utilizando alguns recursos expressivos para criar o efeito humorístico que cativa o leitor. Dentre esses recursos destacamos a quebra de expectativa, em que uma afirmação quebra a expectativa criada por uma afirmação anterior. Esse recurso é observado no trecho:

(A) Minha esposa e eu sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras.

(B) Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo.

(C) Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha.

(D) No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou.

(E) Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida’.

 

2. A palavra desabafo, no título do texto, anuncia que o marido

(A) analisará o comportamento de um bom marido.

(B) atestará a experiência feliz que é seu casamento.

(C) exaltará o relacionamento entre marido e mulher.

(D) falará dos problemas que enfrenta no casamento

(E) dará conselhos sobre como ser um bom marido.

3. A afirmação “Eu me casei com a ‘Sra. Certa’. Só não sabia que o primeiro nome dela era ‘Sempre’.” (linha 04), leva à compreensão de que

(A) a esposa é sempre fiel ao marido.

(B) o marido encontrou a pessoa certa para ele.

(C) a esposa acha que sempre tem razão.

(D) o marido não compreende a esposa.

(E) a esposa é sempre dedicada ao marido.

 

4. No trecho “Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.’ (linhas 04 e 05), a situação é apresentada de forma exagerada para expressar que

(A) a esposa é uma pessoa que fala demais.

(B) o marido nunca interrompe a fala da esposa.

(C) o marido não fala com a esposa há 18 meses.

(D) não há diálogo entre marido e mulher.

(E) a esposa está ausente há 18 meses.

 

5. Ao podar a grama alta com uma tesourinha de costura, a esposa estava

(A) tentando aliviar o estresse do dia a dia.

(B) limpando o jardim que estava muito sujo.

(C) mostrando ao marido como se apara grama.

(D) provocando o marido que não consertava o aparador de grama. (E) executando uma tarefa doméstica de rotina.

 

6. A resposta do marido à pergunta “O que tem na TV?” (linha 06) causou uma briga entre o casal porque

(A) a pergunta feita pela esposa foi ofensiva.

(B) o marido não entendeu a pergunta da esposa.

(C) a resposta do marido mostrava a indiferença dele em relação à esposa.

(D) o marido aproveitou a ambiguidade da pergunta para provocar a esposa.

(E) a esposa não entendeu a resposta do marido.

 

7. O discurso direto, predominante no texto, é utilizado quando o narrador tem a intenção de

(A) mostrar o marido tentando controlar a esposa.

(B) descrever uma cena do cotidiano do casal.

(C) dar voz ao marido ou à esposa.

(D) tecer considerações sobre o comportamento do casal.

(E) ressaltar que a esposa nunca concorda com o marido.

8. A oração “Quando o nosso cortador de grama quebrou,...” (linha 09) expressa, em relação à oração que a segue, a ideia de

(A) modo.

(B) lugar.

(C) tempo.

(D) causa.

(E) propósito.

  

9. Em relação aos trechos abaixo

 I “Se eu soltar, ela vai às compras.” (linha 01)

 II “Só não sabia que o primeiro nome dela era ‘Sempre’.” (linha 04) III “Já faz 18 meses que não falo com minha esposa.” (linhas 04 e 05) é correto afirmar que as palavras se, só e já expressam, respectivamente,

(A) tempo, condição e restrição.

(B) condição, restrição e tempo.

(C) condição, tempo e restrição.

(D) restrição, condição, tempo.

(E) tempo, restrição e condição.

 

10. O texto enfatiza a ideia de que um bom marido é aquele que

(A) não faz gozação com a esposa.

(B) é prestativo nas atividades domésticas.

(C) faz tudo que a esposa quer.

(D) admite que a esposa sempre tem razão.

(E) não provoca brigas.

 

domingo, 17 de julho de 2022

CRÔNICA: EXPERIÊNCIA NOVA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Experiência nova   

               Luís Fernando Veríssimo

        Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e levaram para a delegacia.

        – Que vida mansa, hein, vagabundo? Roubando galinha pra ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai pra cadeia!

        – Não era pra mim não. Era pra vender.

        – Pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!

        – Mas eu vendia mais caro.

        – Mais caro?

        – Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.

        – Mas eram as mesmas galinhas, safado.

        – Os ovos das minhas eu pintava.

        – Que grande pilantra…

        Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.

        – Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega…

        – Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiro a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio.

        – E o que você faz com o lucro do seu negócio?

        – Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui a exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para os programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.

        O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:

        – Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?

        – Trilionário. Sem contar o que eu sonego do Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.

        – E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?

        – Às vezes. Sabe como é.

        – Não sei não, excelência. Me explique.

        – É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. Do risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora. Fui pego, finalmente. Vou para a cadeia. É uma experiência nova.

        – O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.

        – Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!

        – Sim. Mas primário, e com esses antecedentes…

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Todas as comédias. Porto Alegre: L&PM, 1999.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 262-4.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Oligopólio: domínio do mercado por um pequeno número de empresas.

·        Superfaturar: cobrar preço exageradamente alto, geralmente de forma fraudulenta.

·        Iminência: ameaça.

·        Antecedentes: fatos do passado de uma pessoa.

02 – Por que o delegado vai mudando a forma como trata o cara que foi pego roubando galinhas?

      Porque o delegado percebe que ele, apesar de criminoso, é rico e importante.

03 – Ovigopólio é um neologismo (palavra nova) criado pela fusão de duas outras palavras. Quais são elas?

      Ovo e oligopólio.

04 – Deduza: O que seria um ovigopólio?

      É a união dele e outros donos de galinheiro se juntaram para dominar o mercado de ovos.

05 – Quais são o sujeito e o núcleo do sujeito na oração “O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso”?

      Sujeito: O delegado; Núcleo: delegado.

06 – De que tipo é esse sujeito: simples ou composto? Justifique.

      Sujeito simples, pois tem apenas um núcleo.

07 – Releia este trecho:

        “O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:”

I – Na oração destacada, quem foi que perguntou?

      O delegado.

II – O que você observou na oração para responder à pergunta anterior?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O sentido do texto e a terminação do verbo.

08 – Fizemos algumas modificações nesse trecho que você releu. Leia.

        “O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e o delegado perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois o delegado perguntou:

I – O que foi modificado nesse trecho?

      Foi colocado o substantivo “delegado” antes do verbo “perguntou”.

II – O que você achou da modificação? Justifique sua opinião.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O texto ficou repetitivo.

III – Em sua opinião, por que o autor optou por não escrever todos os sujeitos de todos os verbos desse trecho?

      Provavelmente, para o texto não ficar repetitivo.