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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

EDITORIAL: ENTRE CÃES E HOMENS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


EDITORIAL: ENTRE CÃES E HOMENS

     O tema é menor, mas não os princípios que existem por trás dele. A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou projeto de lei que proíbe comercialização, reprodução e importação em todo o Estado de cães das raças pitbull, rottweiler e mastim napolitano, tidas como especialmente agressivas. Para entrar em vigor, o texto precisa da sanção do governador Geraldo Alckmin.
        A proposta dos deputados estaduais parece excessiva. É verdade que, no caso dos cães, a raça surge como fator determinante para sua aparência e também para seus comportamentos. Ainda assim, como os humanos, cachorros tem a sua individualidade. Dois cães da mesma raça, da mesma ninhada até, podem apresentar personalidades distintas.
        Como os humanos, as características de um cachorro são o produto da interação entre o potencial genético do animal e o meio em que ele vive. Embora pitbull tendam a ser agressivos, não há lei natural que impeça a existência de um pitbull dócil ou de um lulu-da-pomerânia agressivo. O caráter de cada animal depende também da educação que recebe.
        A Assembleia Legislativa paulista, ao optar por solução radical e terminativa, trilha o caminho da intolerância. Ninguém discorda de que a prioridade é proteger a vida e a integridade de seres humanos, mas a melhor forma de fazê-lo não é condenando essas três raças ao desaparecimento.
        O melhor caminho para evitar ataques caninos é responsabilizar os donos pelos atos de seus animais, para o que já existem os instrumentos jurídicos. Cabe fazer cumpri-los.

                           Folha de São Paulo, 19 set. 2002. Caderno A, p. 2.

Entendendo o texto:

01 – Vamos analisar, de saída, a opinião expressa no texto e os argumentos que a sustentam:
a)   O jornal é favorável ou contrário ao projeto dos deputados paulistas?
           O jornal é contrário ao projeto. – 4º e 5º parágrafos.

b)   Que argumentos o jornal apresenta para sustentar sua opinião?
           O argumento principal é o de que os cães de uma determinada raça não são todos necessariamente agressivos: as características de um cachorro são o produto da interação entre o potencial genético do animal e o meio em que vive.

02 – Vamos, agora, confrontar o texto que lemos com as recomendações do Manual:
a)   O editorial apresenta com concisão a questão de que vai tratar? Em que ponto do texto?
            Sim, o jornal apresenta, no 1º parágrafo, seu tema com concisão.

b)   O editorial é enfático e equilibrado? Demonstre o sim ou o não com exemplos do texto.
            É enfático (no 4º parágrafo, por exemplo, afirma que a Assembleia Legislativa paulista, ao optar por solução radical e terminativa, trilha o caminho da intolerância; e, no 5º parágrafo, afirma que o melhor caminho para evitar ataques caninos é responsabilizar os donos pelos atos de seus animais). É também equilibrado quando, por exemplo, no 2º parágrafo diz que a proposta dos deputados estaduais parece excessiva.

c)   O editorial refuta as opiniões opostas? Aponte exemplos no texto.
            Sim. No 2º parágrafo, por exemplo, o texto concorda que, nos cães, a raça é fator determinante para sua aparência e comportamento. No entanto, contra argumenta que, apesar disso, cachorros tem sua individualidade. No 4º parágrafo, afirma que ninguém discorda de que a prioridade é proteger a vida e a integridade dos seres humanos, mas discorda de que o melhor caminho para resolver o problema seja condenar as três raças caninas ao desaparecimento.

d)   O editorial evita o sarcasmo, a interrogação e a exclamação?
            Sim.

e)   O editorial conclui condensando a posição adotada pelo jornal? Para verificar isso, responda à pergunta: qual é a posição do jornal sobre o caso?
            Sim. No último parágrafo, está sintetizada a opinião do jornal sobre a proposta dos deputados – o melhor caminho é responsabilizar os donos pelos atos de seus animais e, para isso, já existem os instrumentos jurídicos. Basta cumpri-los.


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

EDITORIAL: O INDIZÍVEL - A LUTA PELA EXPRESSÃO - ANTÔNIO SOARES AMORA - COM GABARITO

EDITORIAL: O INDIZÍVEL-A LUTA PELA EXPRESSÃO                                       Antônio Soares Amora 

        Quando dizemos que conteúdo e forma são concomitantes e indissolúveis em nosso espírito, não estamos a pensar em certos mistérios da vida afetiva. Um exame de consciência, uma auto-observação cuidadosa, revela-nos, na vida sentimental, por exemplo, fatos desta natureza: experimentamos emoções, sentimos profundamente certos estados anímicos - e não encontramos meios para os definir. Não é porventura frequente o caso de simpatias e antipatias involuntárias? Quantas vezes não simpatizamos com uma pessoa, sem nenhuma razão, sem nenhum motivo, sem que nada tenha feito essa pessoa para receber nossa simpatia. Em casos como este temos consciência de nosso estado de simpatia - mas não sabemos explicá-lo, nem defini-lo. É um estado bem vivo em nós - e no entanto indefinível, ou indizível.
        Muito mais que o homem comum, o artista, vivendo mais intensamente a vida afetiva, sente esse indizível dentro de si. E sua maior angústia espiritual é encontrar a expressão para essa realidade visceralmente sentida, mas incompreendida. O drama do artista é sempre a "luta pela expressão". E quando o artista consegue vencer a impotência expressiva, e alguma cousa dizer das infinitas e misteriosas ressonâncias de seu mundo interior - essa alguma cousa é sempre muito pouco em face do que ficou incompreendido. Uma obra literária, em face do indizível que ficou na alma do artista é, como diz Bergson, "franja residual" do oceano infinito e inquieto das emoções. O progresso da linguagem e da experiência humana é ininterrupto, suas conquistas são permanentes; mas o mistério da vida é infinito, e a arte há de sempre lutar com o indizível.

Interpretação do texto:
1)  "Quando dizemos que conteúdo e forma são concomitantes e indissolúveis em nosso espírito (...)". São concomitantes e indissolúveis porque:
a) a palavra e a forma é que dão vida ao pensamento. 
b) a essência precede a palavra e juntos formam o pensamento. 
c) o assunto e a palavra nascem ao mesmo tempo e não há como separar um do outro. 
d) a forma, posterior ao pensamento, serve de veículo para que ele chegue até nós.
e) o pensamento, depois de formulado, liga-se à palavra e juntos formam a mensagem.


2)  "(...) sentimos profundamente certos estados anímicos (...)"
Estados anímicos são estados de:
a) vontade.
b) expressão. 
c) pensamento. 
d) comportamento. 
e) alma. 

3)  Dentre os trechos abaixo, o único que NÃO apresenta o mesmo tema do texto de Antônio Soares Amora é:
a) "Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!" 

b) "O pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, espessa e fria, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve
Que, perfume e clarão, refulgia e voava." 

c) "Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!" 

d) " - Como são lindos os teus grandes versos!
Que colorido humano! que profundo
Sentido e que harmonia generosa
Encerra, nos seus símbolos diversos! ... "

e) "Prende a ideia fugaz; doma a rima bravia;
Trabalha ... E a obra, por fim, resplandece acabada:
"Mundo, que as minhas mãos arrancaram do nada!"
"Filha do meu trabalho! ergue-te à luz do dia!"
"Posso agora morrer, porque vives!" E o poeta
Pensa que vai cair, exausto, ao pé de um mundo,
E cai - vaidade humana! - ao pé de um grão de areia..." 

4)  "(...) realidade visceralmente sentida (...)" 
A palavra "visceralmente" quer dizer de modo 
a) profundo.
b) moderado.
c) perfeito.
d) completo.
e) apaixonado. 

5) Quanto ao gênero, podemos dizer que o texto estudado é:
a) um artigo
b) uma crônica
c) um editorial
d) um conto
e) um anúncio publicitário


terça-feira, 23 de maio de 2017

EDITORIAL: SELEÇÃO NECESSÁRIA - (VESTIBULAR) - O GLOBO - COM GABARITO

 EDITORIAL:SELEÇÃO NECESSÁRIA

        Se há mais candidatos do que vagas nas universidades, é indispensável que se proceda a alguma forma de seleção para o ingresso. Esta consideração obvia deu origem ao exame de vestibular, no distante ano de 1911. Já naquela época admitia-se que uma prova única, ou um conjunto de provas, uma para cada matéria, não era o meio ideal de se avaliar quem estava mais bem capacitado para ingressar num curso superior; mas esta foi a forma encontrada então, que mais tarde deveria ser substituída por algum processo mais adequado.
        O vestibular, portanto, pode ser considerado como uma improvisação que está completando quase nove décadas. Finalmente, agora, o Conselho Nacional de Educação aprovou novas regras de acesso ao ensino superior, permitindo às universidades que criem sistemas alternativos ao vestibular.
        O maior mérito das normas instituídas pelo CNE (que dependem ainda do ministro da Educação) não é admitir outras formas de seleção, mas proibir expressamente alguns procedimentos duvidosos, que já tem sido adotados por algumas universidades como reserva de vagas, convênios com colégios e até mesmo cartas de recomendação. O CNE exige que os candidatos, em qualquer hipótese, sejam testados no que se refere a conhecimento e aptidão, assim como, particularmente, domínio do português.
        O risco de se permitir alternativas ao vestibular é justamente que a maior liberdade dê margem para a criação de uma espécie de balcão de negócios. Seria ideal que se adotasse universalmente o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), aferindo periodicamente o desempenho dos alunos do Segundo Grau; mas é justo conceder autonomia às universidades, deixando que elas escolham o sistema que julgam mais apropriado. As novas normas atendem a esse propósito, ao mesmo tempo que reconhecem a necessidade de existir sempre alguma forma de seleção.

                                                                                               O Globo, 21/12/1998.
1 – Transcreva a tese defendida pelo autor do editorial.
       Se há mais candidatos do que vagas nas universidades, é indispensável que se proceda a alguma forma de seleção para o ingresso.

2 – Que vocábulo, constante da tese, funciona enfaticamente para confirmar a posição assumida?
       “Indispensável”.

3 – No corpo do primeiro parágrafo, no desenvolvimento, o autor cita um argumento para a comprovação da sua tese; no entanto, expões um contra-argumento.
a)     Que argumento é esse?
Já se admitia que o tipo de concurso não era ideal.

b)    Que contra-argumento é esse?
A forma de concurso deveria ser substituída mais tarde.

c)     Que conector faz a ligação entre uma ideia e a outra?
MAS.

4 – No segundo parágrafo, o autor expõe uma conclusão, seguida do registro de um fato que serve de recurso para justificar os argumentos que dão sustentação à tese.
a)     Qual foi a conclusão?
O vestibular pode ser considerado uma improvisação.

b)    Que fato foi citado?
A aprovação pelo CNE de novas regras para o acesso à Universidade.

5 – Qual o maior mérito do Conselho Nacional de Educação a respeito da seleção para o ingresso nas Universidades?
       Proibir alguns procedimentos de ingresso.

6 – No terceiro parágrafo, de que expediente se utilizou o autor para fortalecer a linha argumentativa desenvolvida?
       Exemplos.

7 – O autor, no último parágrafo, ao colocar a posição do CNE, utiliza-se de expressão que revela contundência, irrefutabilidade.
       Qual expressão é essa?
        “Em qualquer hipótese”.

8 – Sobre o quarto parágrafo:
a)     Qual o risco que se corre, segundo o autor, ao permitirem-se alternativas ao Vestibular? Não use palavras do texto.
Transformar o ingresso à universidade em um comércio de notas para passar.

b)    O autor, na exposição que faz em sua conclusão, posicionando-se, insere uma ressalva. Qual é a sua posição assumidamente clara e qual a ressalva feita?
A adoção do ENEM como aferição para o ingresso à universidade. / É justo conceder às universidades liberdade para escolher o sistema de aferição.

9 – Resumindo:
       - Tese = Resposta pessoal.
       - Argumentos básicos = Resposta pessoal.
       - Recursos estratégicos utilizados = Resposta pessoal.

10 – Em função do ponto de vista do autor, você:
(   ) É radicalmente contra tudo o que foi apresentado;
(   ) É totalmente a favor;
(   ) Aceita parcialmente as ideias colocadas.
       Resposta pessoal.

11 – De acordo com a resposta dada no item anterior, justifique sua posição.
       Resposta pessoal.
   

sábado, 4 de março de 2017

EDITORIAL: A CARREIRA DO CRIME - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

         
 EDITORIAL:   A CARREIRA DO CRIME

     Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime organizado.
     O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária (nenhum dos entrevistados havia completado o ensino fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000,00 mensais. Para uma base de comparação, convém notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da população brasileira com mais de 10 anos que declara ter uma atividade remunerada ganha no máximo o piso salarial oferecido peto crime. Dos traficantes ouvidos pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000,00 mensais; já na população brasileira essa taxa não ultrapassa 6%. Tais rendimentos mostram que as políticas sociais compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga R$ 15,00 mensais por aluno matriculado), são por si só incapazes de impedir que o narcotráfico continue aliciando crianças provenientes de estratos de baixa renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento familiar e incentivam os pais a manterem os filhos estudando, o que de modo algum impossibilita a opção pela delinquência. No mesmo sentido, os programas voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado (circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol) são importantes, mas não resolvem o problema.
     A única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos adolescentes provam isso: eles são elevados precisamente porque a possibilidade de ser preso não é desprezível. É preciso que o Executivo federal e os estaduais desmontem as  organizações paralelas erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição elimine o fascínio dos salários do crime.
                                                       (Editorial. Folha de São Paulo, 15 jan. 2003.)

I – No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no tráfico não terão chance de sucesso enquanto a remuneração oferecida pelos traficantes for tão mais compensatória que aquela oferecida pelos programas do governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta:
a)     Instituições que divulgam o crescimento de jovens no crime organizado.
b)    Sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida pelo crime organizado.
c)     Políticas sociais que impedem o aliciamento de crianças no crime organizado.
d)    Pesquisadores que se preocupam com os jovens envolvidos no crime organizado.
e)     Números que comparam os valores pagos entre os programas de governo e o crime organizado.

RESOLUÇÃO: Os principais dados que o texto apresenta a respeito do problema tratado são os valores muito díspares dos salários pagos aos traficantes e da ajuda concedida por programas sociais do governo. Resposta: E

II – Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para:
a)     Uma denúncia de quadrilhas que se organizam em torno do narcotráfico.
b)     A constatação de que o narcotráfico restringe-se aos centros urbanos.
c)     A informação de que as políticas sociais compensatórias eliminarão a atividade criminosa a longo prazo.
d)    O convencimento do leitor e que para haver a superação do problema do narcotráfico é preciso aumentar a ação policial.
e)     Uma exposição numérica realizada com o fim de mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e sem riscos.

RESOLUÇÃO: O parágrafo final deixa claro o objetivo do texto: levar à convicção de que a repressão policial é “a única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico”. Resposta: D