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quarta-feira, 24 de junho de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): SABIÁ - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Sabiá    

                Chico Buarque

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

Para o meu lugar

Foi lá e é ainda lá

Que eu hei de ouvir cantar

Uma sabiá

 

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

Vou deitar à sombra

De um palmeira

Que já não há

Colher a flor

Que já não dá

E algum amor Talvez possa espantar

As noites que eu não queira

E anunciar o dia

 

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

Não vai ser em vão

Que fiz tantos planos

De me enganar

Como fiz enganos

De me encontrar

Como fiz estradas

De me perder

Fiz de tudo e nada

De te esquecer

 

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

E é pra ficar

Sei que o amor existe

Não sou mais triste

E a nova vida já vai chegar

E a solidão vai se acabar

E a solidão vai se acabar

                         Composição: Chico Buarque e Tom Jobim.

Entendendo a canção:

01 – A canção é apenas uma das inúmeras releituras e citações que o poema de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio” recebeu a partir do Modernismo. Esse poeta pertenceu a 1ª geração do Romantismo Brasileiro. Nas opções abaixo, assinale a única que não apresenta características desse estilo de época.

a)   Nacionalismo, onde a exaltação da pátria somente enaltece as qualidades.

b)   Exaltação da natureza.

c)   Sentimentalismo e religiosidade.

d)   Indianismo.

e)   Conceptismo (jogo de ideias) e cultismo (jogo de palavras).

02 – Trata-se de uma composição na qual notamos um visível diálogo com quem?

      Com a literatura brasileira, por meio da intertextualidade.

03 – Por que esta canção, em visão geral, é carregada de tristeza?

      Porque acentua a melancolia do sujeito, que se encontra distante de sua terra.

04 – Que tema foi abordado na canção?

      A melancolia provocada pela distância da terra natal.

05 – Na última estrofe encontramos, além do mesmo verso que se repete em todas as outras estrofes, uma frase que sobe até uma região muito aguda da tessitura da canção. Por que o eu lírico faz esta construção de melodia?

      É como se o sujeito estivesse, pouco a pouco, distanciando-se mais ainda de sua terra (seu objeto de desejo) e a dor que ele sente se tornasse cada vez mais acentuada.


MÚSICA(ATIVIDADES): LEVANTADOS DO CHÃO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Levantados do Chão             

                 Chico Buarque e Milton Nascimento

Como então? Desgarrados da terra?

Como assim? Levantados do chão?

Como embaixo dos pés uma terra

Como água escorrendo da mão?

 

Como em sonho correr numa estrada?

Deslizando no mesmo lugar?

Como em sonho perder a passada

E no oco da Terra tombar?

 

Como então? Desgarrados da terra?

Como assim? Levantados do chão?

Ou na planta dos pés uma terra

Como água na palma da mão?

 

Habitar uma lama sem fundo?

Como em cama de pó se deitar?

Num balanço de rede sem rede

Ver o mundo de pernas pro ar?

 

Como assim? Levitante colono?

Pasto aéreo? Celeste curral?

Um rebanho nas nuvens? Mas como?

Boi alado? Alazão sideral?

 

Que esquisita lavoura! Mas como?

Um arado no espaço? Será?

Choverá que laranja? Que pomo?

Gomo? Sumo? Granizo? Maná?

                 Composição: Chico Buarque / Milton Nascimento.

Entendendo a canção:

01 – Que assunto é tratado na canção?

      Uma canção que diga da falta de chão, da falta de terra para quem dela viveria, da sua carência, os “Sem-terra”.

02 – O eu lírico se expressa de forma velada, que crítica?

      A letra dessa canção coloca, em sua radicalidade, a questão do desarraigamento, do desenraizamento, do “desassentamento” e do seu absurdo.

03 – Por que a canção é estruturada formalmente por interrogações?

      Para expressar uma indignação velada.

04 – Que figura de estilo é dominante nesta canção?

      A ironia.

05 – Por que em uma crítica social se usa a ironia?

      É a linguagem de resistência, de denúncia e de não adesão. “Ironia”: do grego “eironein” = ação de interrogar, fingindo ignorância, ou que diz menos do que aquilo que se pensa.

06 – Os sinais de pontuação também contribuem para a construção do sentido do texto e à reflexão sobre a entonação, no qual o uso reiterado do sinal de interrogação e de advérbios interrogativas expressa:

a)   Hesitação sobre uma atitude a ser tomada.

b)   Estranhamento em relação à realidade apresentada.

c)   Afirmação categórica diante de uma problemática social.

d)   Dúvida entre as soluções possíveis para um problema coletivo.

e)   Suposição referente à ineficiência de políticas públicas habitacionais.

07 – No texto, o eu lírico constrói progressivamente sua visão da realidade: nas estrofes 1, 2, 3, tenta decifrar o significado da imagem “levantados do chão”, nas estrofes 4, 5, 6, vai reforçando sua opinião crítica sobre a realidade.

        Releia: “Um rebanho nas nuvens? Mas como?”

                    “Um arado no espaço? Será?”

        Nos versos acima, a conjunção adversativa “mas” e o futuro do presente do indicativo são utilizados para enfatizar esse posicionamento crítico. Explique por quê?

      Tanto a conjunção adversativa “mas” quanto o futuro do presente do indicativo “será” enfatizam a dúvida e o questionamento quanto aquilo que as imagens “rebanhos nas nuvens” e “arado no espaço” expressam.

        Ou

        A conjunção adversativa “mas” indica a oposição do eu lírico à ideia expressa pela imagem formulada anteriormente, no verso 19. E o futuro do presente do indicativo “será” é empregado para marcar a dúvida quanto àquilo que a imagem apresentada no verso 22 representa.

 


MÚSICA(ATIVIDADES): ME DEIXE MUDO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Me Deixe Mudo

                                Chico Buarque

Não diga nada

Saiba de tudo

Fique calada

Me deixe mudo

Seja no canto, seja no centro

Fique por fora, fique por dentro

Seja o avesso, seja a metade

Se for começo fique a vontade

Não me pergunte, não me responda

Não me procure, e não se esconda

                                       Composição: Walter Franco.

Entendendo a canção:

01 – Em alguns versos, ocorre a antítese, figura de linguagem que apresenta termos de sentidos contrários. Identifique esses pares de palavras.

      Nada/tudo; fora/dentro; pergunte/responda; procure/esconda.

      No par “procure/esconda”, as palavras em si não são antônimas, mas, no contexto apresentado, elas funcionam como tal, entendendo-se procurar como “tentativa de achar

02 – Em qual verso são apresentadas palavras sinônimas?

      Fique calada, me deixe mudo.

03 – É possível fazer uma reflexão com a leitura da canção?

      Sim, pois o eu lírico se mostra com medo de algo/alguém, por isso se nega a falar.

04 – Do que o eu lírico tem medo?

      A canção foi lançada em 1973 (período da ditadura), provavelmente dos militares.


MÚSICA(ATIVIDADES): A RITA - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): A Rita

                                         Chico Buarque

A Rita levou meu sorriso

No sorriso dela

Meu assunto

Levou junto com ela

O que me é de direito

E arrancou-me do peito

E tem mais

Levou seu retrato, seu trapo, seu prato

Que papel!

Uma imagem de São Francisco

E um bom disco de Noel

 

A Rita matou nosso amor de vingança

Nem herança deixou

Não levou um tostão

Porque não tinha não

Mas causou perdas e danos

Levou os meus planos

Meus pobres enganos

Os meus vinte anos

O meu coração

E além de tudo

Me deixou mudo

Um violão

                                               Composição: Chico Buarque

Entendendo a canção:

01 – Quem está falando nesse texto?

      Um homem que tinha um relacionamento com a Rita.

02 – Quem é Rita? A partir do título, imagine a personagem Rita.

      É a mulher a quem o personagem amava. Trabalhe com a imaginação dos alunos – Pergunte em sala de aula como eles imaginam a aparência a personalidade, entre outras características de Rita.

03 – O que o narrador sente por Rita? Sustente sua resposta usando elementos do texto.

      O narrador está triste porque ela o deixou e se vingou dele levando o pouco que eles tinham. A repetição do verbo “levar” enfatiza que ela tirou dele o que ele tinha. As expressões “levou meu sorriso” e “me deixou mudo o violão” mostram a tristeza dele, pois ele não vê mais motivos para sorrir nem para tocar.

04 – “A Rita levou meu sorriso / No sorriso dela”. Para você, o que isso quer dizer?

      Significa que ela foi embora feliz e deixou o moço triste. Ela levou a felicidade dele com ela, pois a felicidade dele se baseava em estar com ela.

05 – “Arrancou-me do peito”. A Rita o arrancou do peito de quem? O que significa isso?

      Essa expressão é muito ambígua, pois pode significar que a Rita arrancou o moço do peito dela (o que significaria que ela não o ama mais) ou que ela o arrancou do próprio peito dele (deixando-o sem amor). Se considerarmos o verso anterior como formando uma frase junto com esse verso (E o que me é de direito / Arrancou-me do peito), podemos dizer que A Rita arrancou do moço, o que seria dele por direito.

06 – “A Rita matou nosso amor / De vingança”. Vingança de que? Que motivos ela teria para querer se vingar dele?

      A palavra “vingança” parece ser a dica para entendermos porque Rita partiu. Se ela se vingou, é porque ele deve ter feito alguma coisa que a tenha magoado. Cabe ao leitor imaginar o que pode ter sido (uma traição, uma mentira, um mal-entendido) e julgar, a partir disso, se a Rita foi justa ou se foi muito severa com ele.

07 – Quem é “Noel”? Você conhece algum trabalho dele?

      O Noel mencionado na canção é o compositor carioca Noel Rosa que compôs muitas músicas famosas como “Fita Amarela”, “Palpite infeliz”, entre outras.

08 – “Levou os meus planos”. Que planos você acha que ele tinha?

      Resposta pessoal do aluno.

09 – “Meus pobres enganos”. Que enganos seriam esses?

      Os enganos podem estar relacionados ao motivo que Rita teria para vingar-se dele, ou quaisquer outros erros que ele pode ter cometido. Podem também se referir a ingenuidade dele ao acreditar em um futuro com ela e em seus outros sonhos.

10 – Como você entende os dois últimos versos do texto (“Me deixou mudo / Um violão”)?

      Significa que agora ele não tem mais motivos para tocar, ou compor, porque ele ficou muito triste com o fato de Rita tê-lo deixado.

11 – Por que o ponto de exclamação é usado na expressão “Que papel!”?

      Porque é uma expressão de surpresa, de desaprovação.

12 – Que elementos linguísticos poderiam ser usados para explicitar as relações entre os versos 7 a 10 da segunda estrofe?

      Existem várias possibilidades de resposta e uma sugestão é a seguinte: Levou os meus planos

                Assim como meus pobres enganos

                E também os meus vinte anos

                Junto com o meu coração.

      As frases foram justapostas e poderiam ser unidas com conjunções ou outros elementos linguísticos.

13 – Como era a situação socioeconômica desse casal? Que elementos do texto te levam a pensar isso?

      Parece ser um casal jovem, com poucos recursos (não deixou um tostão / porque não tinha não), com alguma religiosidade (uma imagem de São Francisco) e que gostava de música popular (e um bom disco de Noel).

14 – Se a Rita e seu companheiro fossem ricos, o que ela levaria?

      Bens que fazem parte da vida de pessoas ricas como carros, joias, quadros e aparelhos de jantar, por exemplo.

15 – Que traços de oralidade são possíveis de encontrar no texto? Por que foram usados?

      Há no texto expressões muito comuns na oralidade como: “Levou junto com ela”, e tem mais; “seu trapo”, “Que papel!”, porque não tinha não: Essas expressões podem ter sido usadas para dar um ar de informalidade ao texto, assim como para caracterizar o personagem por meio da linguagem que ele usa.

16 – “E tem mais / Levou seu retrato, seu trapo, seu prato / Que papel!” Como esses versos ficariam se fossem escritos num registro mais formal da língua portuguesa? Você acha que dessa nova forma eles se enquadrariam melhor no texto? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

      Uma possibilidade é: Além disso, posso dizer que ela levou seu retrato, bem como suas roupas e o aparelho de jantar: Foi muito deselegante da parte dela.

17 – Como você imagina a história da Rita e do moço? Quem eles eram? Onde eles se conheceram? Como era a personalidade e o caráter de cada um? Por que Rita saiu de casa? Conte para nós a sua versão da história.

      Resposta pessoal do aluno.

18 –Escolha uma situação:

a)   Você é o moço com quem Rita se relacionava. Escreva uma carta convencendo a Rita a voltar.

b)   Você é a Rita. Escreva uma carta para o moço pedindo a ele para aceitar você de volta.

Resposta pessoal do aluno.

                            (Material produzido pela Professora Carla Viana Coscarelli e pela equipe do Projeto Redigir – FALE/UFMG).

 

 

 

     


domingo, 1 de março de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): PIVETE - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Pivete

                  Chico Buarque

No sinal fechado
Ele vende chiclete
Capricha na flanela
E se chama Pelé
Pinta na janela
Batalha algum trocado
Aponta um canivete
E até
Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Sobe o Borel
Meio se maloca
Agita numa boca
Descola uma mutuca
E um papel
Sonha aquela mina, olerê
Prancha, parafina, olará
Dorme gente fina
Acorda pinel

Zanza na sarjeta
Fatura uma besteira
E tem as pernas tortas
E se chama Mané
Arromba uma porta
Faz ligação direta
Engata uma primeira
E até
Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Na contramão
Dança pára-lama
Já era pára-choque
Agora ele se chama
Emersão
Sobe no passeio, olerê
Pega no Recreio, olará
Não se liga em freio
Nem direção

No sinal fechado
Ele transa chiclete
E se chama pivete
E pinta na janela
Capricha na flanela
Descola uma bereta
Batalha na sarjeta
E tem as pernas tortas...
                           Composição: Chico Buarque / Francis Hime. São Paulo, Philips, 1978.
Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série- MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1999, p.86-7.
Entendendo a canção:

01 – Qual é o gênero deste texto? Justifique sua resposta.
      A letra da canção é uma poesia. Porque está escrito em versos.

02 – O autor da letra desta canção é o personagem? Justifique sua resposta.
      Não. Ele é um eu lírico falando sobre a vida do pivete.

03 – Qual é o assunto principal do texto?
      O tema é meninos de rua.

04 – De acordo com o texto, qual os versos que revelam um bom guri?
      “Ele vende chiclete / Capricha na flanela / (...) Sonha aquela mina / (...) Batalha na sarjeta”.

05 – A letra da canção Pivete é construída a partir da vida diária de garotos de rua.
a)   Faça um levantamento dos verbos da canção, montando, como você já estudou, uma rede de significados.
Os verbos são vende, capricha, se chama, pinta, batalha, aponta, dobra, desce.

b)   O que ficamos sabendo a respeito da vida do pivete com esse levantamento?
Sua vida é agitada. O uso de gírias reflete o meio em que o menino vive, cheio de malandros e espertezas.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): NÃO SONHO MAIS - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Não Sonho Mais

              Chico Buarque

Hoje eu sonhei contigo,
Tanta desdita!
Amor, nem te digo

Tanto castigo
que eu tava aflita de te contar.

Foi um sonho medonho
Desses que, às vezes, a gente sonha

E baba na fronha
e se urina toda
e quer sufocar.

Meu amor,
vi chegando um trem de candango
Formando um bando,
mas que era um bando de orangotango
pra te pegar.

Vinha nego humilhado,
Vinha morto-vivo,
vinha flagelado.

De tudo que é lado
vinha um bom motivo
pra te esfolar.

Quanto mais tu corria
mais tu ficava,
mais atolava.

Mais te sujava
 amor, tu fedia,
empesteava o ar.

Tu, que foi tão valente
Chorou pra gente  pediu piedade.

E, olha que maldade,
me deu vontade
de gargalhar.[...]

Foi um sonho medonho,
Desses que, às vezes, a gente sonha

E baba na fronha
E se urina toda
e já não tem paz.

Pois eu sonhei contigo
e caí da cama.

Ai, amor, não briga!
Ai, não me castiga!

Ai, diz que me ama
e eu não sonho mais!
                                  (Chico Buarque. In: Chico Buarque Letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989)
                              Fonte:  Livro – Coleção ALET – Língua Portuguesa – 5ª Série – Editora Positivo,2007 – p.34/35/36.
Entendendo a canção:
01 – Que narra a canção?
      Narra um sonho.

02 – Dê exemplos de linguagem informal presentes na letra da música. Reescreva estes exemplos em linguagem formal.
      Os exemplos são: “Eu tava”, “a gente”, “pra” e verbos na terceira pessoa e pronomes na segunda pessoa.
      Reescrevendo: Eu estava, nós, para, tu corrias, tu ficavas, atolavas, sujavas, tu fedias, empestavas, tu foste, choraste, pediste.

03 – Qual o tratamento usado pela personagem que está contando o fato em relação ao seu interlocutor (com quem está falando)?
      Usa o tratamento TU.

04 – Na sua opinião, por que o autor utilizou a linguagem informal na letra da canção?
      Resposta pessoal. Sugestão: A linguagem informal é adequada ao assunto e à situação: conversa entre duas pessoas.

05 – Você já teve algum sonho confuso, considerado surreal? Escreva-o e depois, se quiser, conte para seus amigos.
      Resposta pessoal.



quinta-feira, 19 de setembro de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): PEDRO PEDREIRO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Pedro Pedreiro
           
   Chico Buarque

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval

E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém

Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo
Espere alguma coisa mais linda que o mundo

Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá
O desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás
Quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar

Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também

Esperando a festa, esperando a sorte
Esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém
Esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem

Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem

Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem.
                                                 Composição: Chico Buarque
Entendendo a canção:

01 – Por que o eu lírico chama Pedro de “Pedro pedreiro penseiro”?
      Porque, enquanto espera o trem, Pedro pensa nas dificuldade do cotidiano.

02 – Leia os versos em voz alta, prestando atenção aos sons que se repetem. Se for preciso, leia-o mais de uma vez.
      Professor, atividade procedimental.

03 – Que sons de consoante predominam nesses versos?
      O som das consoantes p (principalmente), d e t.

04 – Que sons de vogal predominam?
      Predomina o e. Embora, os sons nasais en (penseiro, aumento, etc.) e an (manhã, pensando, etc.) também se repetem.

05 – Qual a relação entre esses sons e o assunto da canção?
      Essas repetições impõem um ritmo à leitura dos versos que faz com que eles lembrem o som do trem em movimento.

06 - A repetição presente na construção da canção é um recurso importantíssimo utilizado pelo compositor para nos dar a sensação da espera angustiada de “Pedro”. Esse recurso também reforça a ideia da imobilidade de uma personagem sem perspectivas e contribui para a musicalidade. Além dessa repetição, que outros recursos sonoros semelhantes àqueles explorados na poesia simbolista Chico Buarque utilizou nesta canção?
Além da repetição de fonemas durante toda a canção nos ajuda a visualizar a agonia da espera da personagem. A anáfora feita com a palavra “espera” no início de muitas estrofes reforça essa agonia. Buarque também utilizou a onomatopeia, ao reproduzir o barulho do trem que Pedro Pedreiro espera: “que já vem, que já vem, que já vem...”

 7 - Dê a função sintática dos termos em destaque nos versos da canção de Chico Buarque que seguem abaixo:

 a) “Pedro pedreiro penseiro esperando o trem”
 b) “Ou esperando o dia de voltar pro Norte

a) As duas palavras em destaque funcionam com adjunto adnominal do substantivo (sujeito) Pedro. Os termos “pedreiro” e “penseiro” acompanham o sujeito dando a ele uma adjetivação.

b) Adjunto adverbial, pois modifica o verbo “voltar”, dando-lhe uma circunstância de lugar.

8 - Leia o trecho da música “Pedro pedreiro”, de Chico Buarque:
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando […]

No trecho lido, há uma palavra que destoa do vocabulário formal. A palavra penseiro pode ser classificada como:

a) figura de linguagem.
b) figura de sintaxe ou figura de construção.
c) neologismo.
d) onomatopeia.
e) hibridismo.