domingo, 5 de novembro de 2023

TEXTO: FAZER RENASCER O NATAL - FREI BETTO - COM GABARITO

 Texto: Fazer renascer o Natal

           Frei Betto

        Abaixo Papai Noel! Viva o menino Jesus!

        O melhor da festa é esperar por ela, diz o provérbio. O melhor do Natal é ter passado por ele, sentem muitos sem dizer.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIvoxc72kBmafdBhRAsKLnJSUJCUnsCgbdfElFPOV9qU2qIaVJDrH3-y3MtGAjCmZp4-QOwSbVFlr_ZeLMBu-COxvXxMVtL3snG5q2NBEqTzHia7X2nvgCSWSzAvZ1pOMCYOlOmfaSLCAxbgM5xXTpNRfC7mEqW0DopGsacC8lC1FAf5o-bO80dL4DauE/s320/NATAL.png


        É insuportável a fissura desencadeada pelas festas de fim de ano. O consumo compulsório de produtos, o apetite compulsivo de comilanças, a máscara da alegria estampada no rosto para encobrir o bolso furado, a corrida aos espaços de lazer, as estradas engarrafadas, as filas intermináveis nos supermercados, os sinos de papel envoltos nas fitas vermelhas dos shopping centers, aquela mesma musiquinha marota, tudo satura o espírito.

        Seria esse anti-clima um castigo divino à nossa reverência pagã à figura de Papai Noel?

        Natal é pouco verso e muito reverso. Em pleno trópico, nosso mimetismo enfeita de neve de algodão a árvore de luzinhas intermitentes. O estômago devora castanhas, nozes, avelãs e amêndoas, quando a saúde pede saladas e legumes.

        Já que o espírito arde de sede daquela Água Viva do poço de Jacó (João 4), afoga-se o corpo em álcool e gorduras. A gula de Deus busca, em vão, saciar-se no ato de se empanturrar à mesa.

        Talvez seja no Natal que nossas carências fiquem mais expostas. Damos presentes sem nos dar, recebemos sem acolher, brindamos sem perdoar, abraçamos sem afeto, damos à mercadoria um valor que nem sempre reconhecemos nas pessoas. No íntimo, estamos inclinados à simplicidade da manjedoura. O mal-estar decorre do fato de nos sentirmos mais próximos dos salões de Herodes.

        (...)

        Mudemos nós e o Natal. Abaixo Papai Noel, viva o Menino Jesus! Em vez de presentes, presença – junto à família, aos que sofrem, aos enfermos, aos soropositivos, aos presos, às famílias das vítimas de crimes, às crianças de rua, aos dependentes de droga, aos deficientes físicos e mentais, aos excluídos.

        Façamos da ceia cesta a quem padece fome e do abraço laço de solidariedade a quem clama por justiça. Instalemos o presépio no próprio coração e deixemos germinar, Aquele que se fez pão e vinho para que todos tenham vida com fartura e alegria.

        Abandonemos a um canto a árvore morta coberta de lantejoulas e plantemos no fundo da alma uma oração que sacie nossa fome de transcendência.

        Deixemo-nos, como Maria, engravidar pelo Espírito de Deus. Então, algo de misteriosamente novo haverá de nascer em nossas vidas.

FREI BETO. Fazer renascer o Natal – Abaixo Papai Noel! Viva o menino Jesus! Caros Amigos. 20, novembro de 1998.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a crítica principal do autor em relação ao Natal?

      O autor critica a ênfase excessiva no consumo, na comida, no materialismo e na superficialidade das festas de Natal.

02 – Segundo o autor, qual é o problema com a figura de Papai Noel?

      O autor sugere que a reverência pagã a Papai Noel pode contribuir para o anti-clima do Natal, desviando o foco do verdadeiro significado da festa.

03 – Como o autor descreve a forma como o Natal é celebrado no contexto tropical?

      O autor menciona que, apesar de estar em um clima tropical, as pessoas muitas vezes tentam imitar tradições de inverno, como a neve de algodão e alimentos pesados, em vez de adotar uma celebração mais apropriada ao clima quente.

04 – Qual é a crítica do autor em relação ao comportamento das pessoas durante o Natal?

      O autor critica a tendência das pessoas a dar presentes sem verdadeira generosidade, abraçar sem afeto real e valorizar mercadorias em detrimento das pessoas.

05 – O que o autor sugere como uma alternativa para celebrar o Natal de forma mais significativa?

      O autor sugere que as pessoas devem abandonar o materialismo e se concentrar em dar presença em vez de presentes. Ele também incentiva a solidariedade e a empatia, especialmente em relação aos menos favorecidos.

06 – Como o autor descreve a transformação desejada para o Natal?

      O autor deseja que as pessoas internalizem o verdadeiro espírito do Natal, focando na simplicidade, na solidariedade e no crescimento espiritual em vez de enfeites e festas superficiais.

07 – Qual é a metáfora utilizada pelo autor para simbolizar a transformação desejada no Natal?

      O autor usa a metáfora da gravidez espiritual, comparando-a à virgindade de Maria e sugerindo que algo "misteriosamente novo" nascerá nas vidas das pessoas se elas mudarem a forma como celebram o Natal.

 




CONTO: FITA VERDE NO CABELO - NOVA VELHA HISTÓRIA - JOÃO GUIMARÃES ROSA - COM GABARITO

 Conto: Fita Verde no Cabelo – Nova velha história            

           João Guimarães Rosa

        Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.

        Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsmD1dnp0TAL65TTCXH55i7QGpSyw5TpKGwc9aa0rRLruMYEvkT0MvIygCD7hG79z7FGZYg-sf-r0QNuxXXyqeEdYmhzmdCbdm5JOZuzLk2PhnUe7zdgpHpLA-XjeWcGi9LnACet28g0UeT4FpFbM78lj2VuYZQpCHFCxzkKUJ9Q5CojrPtlzbaIWe7W4/s1600/VERDE.jpg


        Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.

        Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.

        Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo.

        Então, ela, mesma, era quem se dizia:

        — Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.

        A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.

        E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, em pós.

        Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.

        Vinha sobejadamente.

        Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:

        — “Quem é?”

        — “Sou eu…” — e Fita-Verde descansou a voz. — “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.”

        Vai, a avó, difícil, disse: — “Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.”

        Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.

        A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo:

        — “Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.”

        Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:

        — “Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!”

        — “É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta…” — a avó murmurou.

        — “Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!”

        — “É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta…” — a avó suspirou.

        — “Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?”

        — “É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha…” — a avó ainda gemeu.

        Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: — “Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…”

        Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.

Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo, 8 de fevereiro de 1964.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o tema principal do conto?

      O tema principal do conto é a jornada da personagem Fita-Verde para visitar sua avó na outra aldeia.

02 – O que Fita-Verde leva consigo quando parte para visitar a avó?

      Fita-Verde leva um cesto e um pote, além de uma fita verde no cabelo.

03 – Por que Fita-Verde não tem medo de encontrar um lobo enquanto atravessa o bosque?

      Fita-Verde não tem medo do lobo porque ela acredita que os lenhadores exterminaram todos os lobos da região.

04 – Qual é a reação da avó de Fita-Verde quando ela chega em sua casa?

      A avó de Fita-Verde está doente e debilitada, devido a um resfriado, e pede que sua neta se aproxime.

05 – O que Fita-Verde nota quando vê sua avó doente na cama?

      Fita-Verde nota que a avó está muito magra, com mãos trêmulas, lábios arroxeados e olhos fundos.

06 – Por que a avó está com lábios arroxeados e olhos fundos?

      A avó está com lábios arroxeados e olhos fundos porque está prestes a morrer.

07 – O que a avó diz a Fita-Verde quando a neta nota seus lábios arroxeados e olhos fundos?

      A avó diz que não poderá mais abraçar ou beijar sua neta, pois está morrendo.

08 – Como Fita-Verde reage à situação da avó?

      Fita-Verde se assusta e grita que tem medo do lobo.

09 – Qual é o desfecho do conto "Fita Verde no Cabelo"?

      O desfecho do conto revela que a avó está morta, e Fita-Verde descobre sua ausência apenas quando se preocupa com o lobo, deixando uma atmosfera trágica e surpreendente na história.

 

CONTO: FUROS NO CÉU - LENICE GOMES - COM GABARITO

 Conto: FUROS NO CÉU

           Lenice Gomes

        Houve um tempo em que o Céu e a Terra eram muito próximos um do outro. Diziam que da torre do palácio se podia colher um ramalhete de nuvens, rabiscos de pássaros, carneirinhos saltitando...

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXqI0u9s_KqXYKSRmGcRKMtS04ZB0cwrAJjtEF71dkGBmBTAG6jrXOls434nPMSg_BM_01lOpSP2SjSBB7XfeXrGNG7h56UDhDvdmgUrC6N-v7d8nRYpwSUf0i56OQetPY6PnTrspRv0Phyphenhyphenz9GsYuJphvxiFj_k_XgpQ7Pfury2gHBd5uB3z7luDKLgI4/s320/FURO.jpg

        Esta história aconteceu numa aldeia africana. Havia tanta luz naquele dia que duas mulheres pegaram seus pilões para amassar grãos de milho no quintal de casa. Elas diziam amar a claridade e o festejo da lua cheia na aldeia. Tudo era muito mágico.

        Assim, trocavam mexericos e gargalhadas narrando histórias, que as levavam longe, longe. Naquele converseiro o tempo ia passando e as histórias se derramando, feito um rosário de ave-marias. Uma das mulheres, entusiasmada com a conversa, levantou a mão do pilão com tanta força e tão alto, que fez um furo no céu.

        O Céu tomou um susto ao ver aquele furo e desabou a berrar. Elas de tão entretidas nem ouviram, continuaram em sua conversa, pisando nos seus pilões.

        Assim o infinito azul foi ganhando furos e mais furos. Aquelas mulheres jamais imaginavam que seus pilões iam transformando o céu numa grande peneira. O Céu irado, da cor das violetas, gritou mais que um tanto:

        -- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

        O grito chamou a atenção das mulheres, que olharam para o alto e disseram: “Vai chover”. Diziam uma para outra: “Avia, avia, avia... Recolhe o milho e o pilão...” Parecia uma cantoria.

        Indignado, o Céu resolveu ordenar ao tambor em tom de autoridade:

        “Toque alto, por favor”

         Atravesse portas e janelas  

        Chegue aos ouvidos das piladeiras

        Convidando-as a me olharem

        Sob as sete luas que as iluminam”.

        Elas, encantadas pelo soar do tambor, aproveitaram para dançar. A cadência foi crescendo, crescendo e crescendo. O Céu achou bonita aquela dança que alegrava o seu universo. Mas nada podia mudar sua decisão de separar-se da terra. Ou subia ou ficava todo furado. Foi subindo, subindo, até chegar num lugar perfeito: nem tão perto que alguém pudesse tocá-lo com a mão do pilão, nem tão alto que ninguém pudesse vê-lo.

        E não que ele sentiu saudades do tum-tum-tum do tambor, do barulho dos grãos no pilão, das histórias das mulheres e de suas canções?! Foi então que o Céu teve a ideia de transformar os furos que as mulheres haviam feito em estrelas, para que pudesse continuar espiando as coisas da terra.

        Satisfeito, o Céu sorriu. E foi contando essa história de aldeia em aldeia, com a intenção de que ela se espalhasse pelo mundo e pudesse ser contada e recontada onde houvesse alguém para escutá-la.

        Assim, segundo os africanos, nasceram as estrelas do céu, pontinhos luminosos no azul, para iluminar a África.

Fonte: Nina África, de Lenice Gomes.

Entendendo o conto:

01 – Onde se passa a história de "Furos no Céu"?

      A história se passa em uma aldeia africana.

02 – O que as duas mulheres estavam fazendo no início da história?

      No início da história, as duas mulheres estavam amassando grãos de milho no quintal de casa.

03 – O que as mulheres estavam fazendo enquanto amassavam o milho?

      Enquanto amassavam o milho, as mulheres trocavam mexericos e gargalhadas, narrando histórias.

04 – O que aconteceu quando uma das mulheres levantou a mão do pilão com força?

      Quando uma das mulheres levantou a mão do pilão com força, fez um furo no céu.

05 – Como o Céu reagiu ao furo feito pelas mulheres?

      O Céu tomou um susto e começou a berrar quando viu o furo.

06 – O que as mulheres pensaram quando ouviram o grito do Céu?

      Quando ouviram o grito do Céu, as mulheres pensaram que iria chover.

07 – O que o Céu decidiu fazer para evitar que mais furos fossem feitos?

      O Céu decidiu subir para evitar que mais furos fossem feitos.

08 – Como o Céu resolveu lidar com os furos já feitos?

      O Céu resolveu transformar os furos em estrelas para poder continuar observando a Terra.

09 – Qual é a intenção do Céu ao contar essa história de aldeia em aldeia?

      A intenção do Céu ao contar essa história é que ela se espalhe pelo mundo e seja contada e recontada onde houver alguém para escutá-la.

 

CONTO: NOITE DE ALMIRANTE - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Conto: NOITE DE ALMIRANTE

            Machado de Assis

        Deolindo Venta-Grande (era uma alcunha de bordo) saiu do arsenal de marinha e enfiou pela rua de Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a fina flor dos marujos e, de mais, levava um grande ar de felicidade nos olhos. A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio à terra tão depressa alcançou licença. Os companheiros disseram-lhe, rindo:

        — Ah! Venta-Grande! Que noite de almirante vai você passar! ceia, viola e os braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNlDQslb0YM83h1HMTJ3QWGmmuHgWP-8A1Kdn5JDs9sAdbfNF_kjwAuKDZCFSMXC1HBXqtgEfoE1OgMfW0KTjVsnjbInhItPep4b8ks8Amgz-OpfM8y54y5DUuKniuX0zfQ7L75y6SioyO3p96T6WdhPtAAe17pJQUt_a0ex4sy6kPFhrQM9xPwd18Lus/s320/ALMIRANTE.jpg


        Deolindo sorriu. Era assim mesmo, uma noite de almirante, como eles dizem, uma dessas grandes noites de almirante que o esperava em terra. Começara a paixão três meses antes de sair a corveta. Chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte anos, esperta, olho negro e atrevido. Encontraram-se em casa de terceiro e ficaram morrendo um pelo outro, a tal ponto que estiveram prestes a dar uma cabeçada, ele deixaria o serviço e ela o acompanharia para a vila mais recôndita do interior.

        A velha Inácia, que morava com ela, dissuadiu-os disso; Deolindo não teve remédio senão seguir em viagem de instrução. Eram oito ou dez meses de ausência. Como fiança recíproca, entenderam dever fazer um juramento de fidelidade.

        — Juro por Deus que está no céu. E você?

        — Eu também.

        — Diz direito.

        — Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte.

        Estava celebrado o contrato. Não havia descrer da sinceridade de ambos; ela chorava doidamente, ele mordia o beiço para dissimular. Afinal separaram-se, Genoveva foi ver sair a corveta e voltou para casa com um tal aperto no coração que parecia que "lhe ia dar uma coisa". Não lhe deu nada, felizmente; os dias foram passando, as semanas, os meses, dez meses, ao cabo dos quais, a corveta tornou e Deolindo com ela.

        Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol, passando o cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: "Jurei e cumpri", mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou-lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.

        — Não me fale nessa maluca, arremeteu a velha. Estou bem satisfeita com o conselho que lhe dei. Olhe lá se fugisse. Estava agora como o lindo amor.

        — Mas que foi? que foi?

        A velha disse-lhe que descansasse, que não era nada, uma dessas coisas que aparecem na vida; não valia a pena zangar-se. Genoveva andava com a cabeça virada...

        — Mas virada por quê?

        — Está com um mascate, José Diogo. Conheceu José Diogo, mascate de fazendas? Está com ele. Não imagina a paixão que eles têm um pelo outro. Ela então anda maluca. Foi o motivo da nossa briga. José Diogo não me saía da porta; eram conversas e mais conversas, até que eu um dia disse que não queria a minha casa difamada. Ah! meu pai do céu! foi um dia de juízo. Genoveva investiu para mim com uns olhos deste tamanho, dizendo que nunca difamou ninguém e não precisava de esmolas. Que esmolas, Genoveva? O que digo é que não quero esses cochichos à porta, desde as Aves-Marias... Dois dias depois estava mudada e brigada comigo.

        — Onde mora ela?

        — Na praia Formosa, antes de chegar à pedreira, uma rótula pintada de novo.

        Deolindo não quis ouvir mais nada. A velha Inácia, um tanto arrependida, ainda lhe deu avisos de prudência, mas ele não os escutou e foi andando. Deixo de notar o que pensou em todo o caminho; não pensou nada. As ideias marinhavam-lhe no cérebro, como em hora de temporal, no meio de uma confusão de ventos e apitos. Entre elas rutilou a faca de bordo, ensanguentada e vingadora. Tinha passado a Gamboa, o Saco do Alferes, entrara na praia Formosa. Não sabia o número de casa, mas era perto da pedreira, pintada de novo, e com auxílio da vizinhança poderia achá-la. Não contou com o acaso que pegou de Genoveva e fê-la sentar à janela, cosendo, no momento em que Deolindo ia passando. Ele conheceu-a e parou; ela, vendo o vulto de um homem, levantou os olhos e deu com o marujo.

        — Que é isso? exclamou espantada. Quando chegou? Entre, seu Deolindo.

        E, levantando-se, abriu a rótula e fê-lo entrar. Qualquer outro homem ficaria alvoroçado de esperanças, tão francas eram as maneiras da rapariga; podia ser que a velha se enganasse ou mentisse; podia ser mesmo que a cantiga do mascate estivesse acabada. Tudo isso lhe passou pela cabeça, sem a forma precisa do raciocínio ou da reflexão, mas em tumulto e rápido. Genoveva deixou a porta aberta, fê-lo sentar-se, pediu-lhe notícias da viagem e achou-o mais gordo; nenhuma comoção nem intimidade. Deolindo perdeu a última esperança. Em falta de faca, bastavam-lhe as mãos para estrangular Genoveva, que era um pedacinho de gente, e durante os primeiros minutos não pensou em outra coisa.

        — Sei tudo, disse ele.

        — Quem lhe contou?

        Deolindo levantou os ombros.

        — Fosse quem fosse, tornou ela, disseram-lhe que eu gostava muito de um moço?

        — Disseram.

        — Disseram a verdade.

        Deolindo chegou a ter um ímpeto; ela fê-lo parar só com a ação dos olhos. Em seguida disse que, se lhe abrira a porta, é porque contava que era homem de juízo. Contou-lhe então tudo, as saudades que curtira, as propostas do mascate, as suas recusas, até que um dia, sem saber como, amanhecera gostando dele.

        — Pode crer que pensei muito e muito em você. Sinhá Inácia que lhe diga se não chorei muito... Mas o coração mudou... Mudou... Conto-lhe tudo isto, como se estivesse diante do padre, concluiu sorrindo.

         Não sorria de escárnio. A expressão das palavras é que era uma mescla de candura e cinismo, de insolência e simplicidade, que desisto de definir melhor. Creio até que insolência e cinismo são mal aplicados. Genoveva não se defendia de um erro ou de um perjúrio; não se defendia de nada; faltava-lhe o padrão moral das ações. O que dizia, em resumo, é que era melhor não ter mudado, dava-se bem com a afeição do Deolindo, a prova é que quis fugir com ele; mas, uma vez que o mascate venceu o marujo, a razão era do mascate, e cumpria declará-lo. Que vos parece? O pobre marujo citava o juramento de despedida, como uma obrigação eterna, diante da qual consentira em não fugir e embarcar: "Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte". Se embarcou, foi porque ela lhe jurou isso. Com essas palavras é que andou, viajou, esperou e tornou; foram elas que lhe deram a força de viver. Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte...

        — Pois, sim, Deolindo, era verdade. Quando jurei, era verdade. Tanto era verdade que eu queria fugir com você para o sertão. Só Deus sabe se era verdade! Mas vieram outras coisas... Veio este moço e eu comecei a gostar dele...

        — Mas a gente jura é para isso mesmo; é para não gostar de mais ninguém...

        — Deixa disso, Deolindo. Então você só se lembrou de mim? Deixa de partes...

        — A que horas volta José Diogo?

        — Não volta hoje.

        — Não?

        — Não volta; está lá para os lados de Guaratiba com a caixa; deve voltar sexta-feira ou sábado... E por que é que você quer saber? Que mal lhe fez ele?

        Pode ser que qualquer outra mulher tivesse igual palavra; poucas lhe dariam uma expressão tão cândida, não de propósito, mas involuntariamente. Vede que estamos aqui muito próximos da natureza. Que mal lhe fez ele? Que mal lhe fez esta pedra que caiu de cima? Qualquer mestre de física lhe explicaria a queda das pedras. Deolindo declarou, com um gesto de desespero, que queria matá-lo. Genoveva olhou para ele com desprezo, sorriu de leve e deu um muxoxo; e, como ele lhe falasse de ingratidão e perjúrio, não pôde disfarçar o pasmo. Que perjúrio? que ingratidão? Já lhe tinha dito e repetia que quando jurou era verdade. Nossa Senhora, que ali estava, em cima da cômoda, sabia se era verdade ou não. Era assim que lhe pagava o que padeceu? E ele que tanto enchia a boca de fidelidade, tinha-se lembrado dela por onde andou?

        A resposta dele foi meter a mão no bolso e tirar o pacote que lhe trazia. Ela abriu-o, aventou as bugigangas, uma por uma, e por fim deu com os brincos. Não eram nem poderiam ser ricos; eram mesmo de mau gosto, mas faziam uma vista de todos os diabos. Genoveva pegou deles, contente, deslumbrada, mirou-os por um lado e outro, perto e longe dos olhos, e afinal enfiou-os nas orelhas; depois foi ao espelho de pataca, suspenso na parede, entre a janela e a rótula, para ver o efeito que lhe faziam. Recuou, aproximou-se, voltou a cabeça da direita para a esquerda e da esquerda para a direita.

        — Sim, senhor, muito bonitos, disse ela, fazendo uma grande mesura de agradecimento. Onde é que comprou?

        Creio que ele não respondeu nada, não teria tempo para isso, porque ela disparou mais duas ou três perguntas, uma atrás da outra, tão confusa estava de receber um mimo a troco de um esquecimento. Confusão de cinco ou quatro minutos; pode ser que dois. Não tardou que tirasse os brincos, e os contemplasse e pusesse na caixinha em cima da mesa redonda que estava no meio da sala. Ele pela sua parte começou a crer que, assim como a perdeu, estando ausente, assim o outro, ausente, podia também perdê-la; e, provavelmente, ela não lhe jurara nada.

        — Brincando, brincando, é noite, disse Genoveva.

        Com efeito, a noite ia caindo rapidamente. Já não podiam ver o hospital dos Lázaros e mal distinguiam a ilha dos Melões; as mesmas lanchas e canoas, postas em seco, defronte da casa, confundiam-se com a terra e o lodo da praia. Genoveva acendeu uma vela. Depois foi sentar-se na soleira da porta e pediu-lhe que contasse alguma coisa das terras por onde andara. Deolindo recusou a princípio; disse que se ia embora, levantou-se e deu alguns passos na sala. Mas o demônio da esperança mordia e babujava o coração do pobre diabo, e ele voltou a sentar-se, para dizer duas ou três anedotas de bordo. Genoveva escutava com atenção. Interrompidos por uma mulher da vizinhança, que ali veio, Genoveva fê-la sentar-se também para ouvir "as bonitas histórias que o Sr. Deolindo estava contando". Não houve outra apresentação. A grande dama que prolonga a vigília para concluir a leitura de um livro ou de um capítulo, não vive mais intimamente a vida dos personagens do que a antiga amante do marujo vivia as cenas que ele ia contando, tão livremente interessada e presa, como se entre ambos não houvesse mais que uma narração de episódios. Que importa à grande dama o autor do livro? Que importava a esta rapariga o contador dos episódios?

        A esperança, entretanto, começava a desampará-lo e ele levantou-se definitivamente para sair. Genoveva não quis deixá-lo sair antes que a amiga visse os brincos, e foi mostrar-lhes com grandes encarecimentos. A outra ficou encantada, elogiou-os muito, perguntou se os comprara em França e pediu a Genoveva que os pusesse.

        — Realmente, são muito bonitos.

        Quero crer que o próprio marujo concordou com essa opinião. Gostou de os ver, achou que pareciam feitos para ela e, durante alguns segundos, saboreou o prazer exclusivo e superfino de haver dado um bom presente; mas foram só alguns segundos.

        Como ele se despedisse, Genoveva acompanhou-o até à porta para lhe agradecer ainda uma vez o mimo, e provavelmente dizer-lhe algumas coisas meigas e inúteis. A amiga, que deixara ficar na sala, apenas lhe ouviu esta palavra: "Deixa disso, Deolindo"; e esta outra do marinheiro: "Você verá." Não pôde ouvir o resto, que não passou de um sussurro.

        Deolindo seguiu, praia fora, cabisbaixo e lento, não já o rapaz impetuoso da tarde, mas com um ar velho e triste, ou, para usar outra metáfora de marujo, como um homem "que vai do meio caminho para terra". Genoveva entrou logo depois, alegre e barulhenta. Contou à outra a anedota dos seus amores marítimos, gabou muito o gênio do Deolindo e os seus bonitos modos; a amiga declarou achá-lo grandemente simpático.

        — Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o que ele me disse agora?

        — Que foi?

        — Que vai matar-se.

        — Jesus!

        — Qual o quê! Não se mata, não. Deolindo é assim mesmo; diz as coisas, mas não faz. Você verá que não se mata. Coitado, são ciúmes. Mas os brincos são muito engraçados.

        — Eu aqui ainda não vi destes.

        — Nem eu, concordou Genoveva, examinando-os à luz. Depois guardou-os e convidou a outra a coser. — Vamos coser um bocadinho, quero acabar o meu corpinho azul...

        A verdade é que o marinheiro não se matou. No dia seguinte, alguns dos companheiros bateram-lhe no ombro, cumprimentando-o pela noite de almirante, e pediram-lhe notícias de Genoveva, se estava mais bonita, se chorara muito na ausência, etc. Ele respondia a tudo com um sorriso satisfeito e discreto, um sorriso de pessoa que viveu uma grande noite. Parece que teve vergonha da realidade e preferiu mentir.

Fonte: ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro: Garnier, 1884

Entendendo o conto:

01 – Quem é Deolindo Venta-Grande e qual é o seu estado de espírito no início do conto?

      Deolindo Venta-Grande é um marujo que retorna de uma viagem de instrução e está feliz por estar de volta à terra.

02 – Qual é o nome da mulher por quem Deolindo está apaixonado?

      A mulher por quem Deolindo está apaixonado chama-se Genoveva.

03 – O que Genoveva promete a Deolindo antes de sua partida?

      Genoveva promete a Deolindo fidelidade e juram um ao outro que não se envolverão com mais ninguém durante a ausência de Deolindo.

04 – O que acontece quando Deolindo volta à casa de Genoveva após sua viagem?

      Ele descobre que Genoveva está envolvida com um mascate chamado José Diogo.

05 – O que Deolindo planeja fazer ao descobrir o relacionamento de Genoveva com José Diogo?

      Deolindo planeja matar José Diogo.

06 – Como Genoveva justifica sua mudança de sentimento em relação a Deolindo?

      Genoveva justifica sua mudança de sentimentos dizendo que, quando jurou fidelidade a Deolindo, era sincera, mas seu coração mudou durante a ausência dele.

07 – O que Deolindo presenteia Genoveva quando retorna?

      Deolindo presenteia Genoveva com um par de brincos.

08 – Como Genoveva reage ao presente de Deolindo?

      Genoveva fica encantada com o presente e expressa sua gratidão.

09 – O que Deolindo e Genoveva discutem na casa dela?

      Eles discutem a mudança nos sentimentos de Genoveva e o relacionamento dela com José Diogo.

10 – Como o conto termina?

      O conto termina com Deolindo saindo da casa de Genoveva, e Genoveva afirma que ele não se matará, enquanto a amiga elogia o comportamento de Deolindo na história.

 

 

CRÔNICA: QUANDO EU NÃO SEI ONDE GUARDEI UM PAPEL ... CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

 Crônica: Quando eu não sei onde guardei um papel...

              Clarice Lispector

        Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura revela-se inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjvkrKQ42O06i_iMKo3P9XX6aNzInrmnkCvGHig2JtRXnlrU0RWNj1qCoCSq3oja4ULZc3BfGUVAuZlxzoNzX-NY8jVVyFBzJLKDJ5PlVwVqUTMiKviDMySiUKzHeFXia0_r-YQ8BJHFxfxUyNVeeCBVnEuQoEXuVmYZGwl4-tu0obLQBVmEQX6YgYW7o/s320/PAPEL.jpg 


        E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida.

        Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua, porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

        Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.

        "Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido.

        No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.

Clarice Lispector  A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o dilema central explorado na crônica de Clarice Lispector?

      O dilema central na crônica é a reflexão sobre como seria a vida e as ações da autora se ela fosse verdadeiramente ela mesma, sem as influências e convenções sociais que moldam seu comportamento.

02 – Qual é o efeito da frase "se eu fosse eu" na busca pelo papel importante?

      A frase "se eu fosse eu" causa um constrangimento e uma pausa na busca pelo papel, levando a autora a pensar e sentir mais profundamente sobre sua identidade e como suas ações seriam diferentes se ela fosse mais autêntica.

03 – Por que a autora menciona que algumas pessoas, ao se tornarem verdadeiramente elas mesmas, mudam completamente de vida?

      A autora menciona isso para enfatizar como a autenticidade pode levar a mudanças significativas na vida de alguém, destacando o poder da autenticidade na transformação pessoal.

04 – Como a autora acredita que as pessoas reagiriam se ela fosse verdadeiramente ela mesma?

      A autora sugere que, se ela fosse verdadeiramente ela mesma, as pessoas não a reconheceriam na rua, possivelmente devido a mudanças em sua fisionomia ou comportamento.

05 – Que sentimentos a autora acredita que experimentaria se fosse verdadeiramente ela mesma?

      A autora acredita que experimentaria tanto a dor do mundo, que ela aprendeu a não sentir, quanto momentos de êxtase e alegria pura e legítima.

06 – Por que a autora afirma que "se eu fosse eu" representa o maior perigo de viver?

      A autora sugere que a ideia de ser verdadeiramente ela mesma representa um perigo porque significaria entrar no desconhecido e desafiar as convenções sociais que moldam a vida das pessoas.

07 – Como a autora prevê que a experiência de ser verdadeiramente ela mesma afetaria sua relação com o mundo?

      A autora prevê que, após as primeiras "loucuras" iniciais, a experiência de ser verdadeiramente ela mesma levaria a uma compreensão mais profunda do mundo, permitindo-lhe sentir tanto a dor do mundo quanto alegria pura e legítima.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: SONHANDO EM SER FELIZ - MONIQUE BARBOSA DE OLIVEIRA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Sonhando em ser feliz

            Monique Barbosa de Oliveira

        Muitos adolescentes sentem-se perdidos quando o assunto é o futuro.

        Todos projetamos uma vida feliz, de acordo com critérios pessoais de felicidade, porém, ao mesmo tempo, nossos projetos são preenchidos por dúvidas e temores.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir_RQWmyuhHODCzZB7rAwrBU3W3MHhyphenhyphennzp-04KrKRsU9apomSlCsO1mw3OKnKpk4vaPWs0eH3lkXU6fnDuSics686vsO1mpH-_EJWqcEf8FWgiOouFKNnspAiqZQlPhyphenhyphenfnUU4PM6m-5AEGJpKCRwXtepf-biiuB0K983BSlaNQM4k7BBgQrVuiAyXtrME/s1600/FUTURO.jpg


        Muitas vezes me pergunto quais são os meus objetivos e o que espero conquistar. Já perdi as contas de quantas vezes mudei de ideia e imagino que aconteça a mesma coisa com a maioria dos adolescentes da minha idade. É como um "tiro no escuro", não temos certeza de nossas escolhas. Apaixonamos e nos desapaixonamo-nos, sempre nos perguntando onde está o "amor de nossas vidas". Nós, adolescentes, queremos tudo na hora; não gostamos do termo "esperar" [...].

        Quantos de nós, quando éramos pequenos, dizíamos que moraríamos sozinhos aos 17 anos, dividindo apartamento com nossos amigos, e seríamos independentes? E percebemos que, na verdade, não é assim tão fácil.

        A maioria dos meus amigos tem dificuldades para escolher uma profissão. Às vezes se perguntam: "será que é isso mesmo?". Imagino que isso deve acontecer com todos nós.

        Acredito que a autoconfiança é um fator fundamental para alcançarmos qualquer objetivo. Se não confiamos em nós, quem há de confiar?

        Portanto, devemos nos empenhar, independentemente do que escolhermos fazer: devemos dar tudo de nós.

Monique Barbosa de Oliveira. CIEP, Francisco Cavalcante. Pontes de Miranda. Projeto Redação. Folha dirigida, 2010.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é o principal desafio que os adolescentes enfrentam em relação ao futuro, de acordo com o artigo?

      O principal desafio que os adolescentes enfrentam em relação ao futuro, de acordo com o artigo, é a incerteza sobre seus objetivos e escolhas, bem como a pressão para tomar decisões sobre carreira e relacionamentos.

02 – Por que muitos adolescentes se sentem perdidos em relação ao futuro, de acordo com o artigo?

      Muitos adolescentes se sentem perdidos em relação ao futuro devido à falta de clareza em seus objetivos e às mudanças frequentes de ideia, que são comuns nessa fase da vida.

03 – Qual é a atitude predominante dos adolescentes em relação ao tempo, de acordo com o artigo?

      A atitude predominante dos adolescentes em relação ao tempo é a impaciência, pois eles desejam alcançar seus objetivos imediatamente e tendem a evitar a ideia de esperar por eles.

04 – Que tipo de desafios a autora menciona em relação às expectativas de independência e morar sozinho aos 17 anos?

      A autora menciona que as expectativas de independência e morar sozinho aos 17 anos, que muitos adolescentes tinham quando eram mais jovens, frequentemente se revelam desafiadoras e diferentes da realidade.

05 – Qual é a dificuldade comum entre os amigos da autora em relação à escolha de uma profissão?

      A dificuldade comum entre os amigos da autora em relação à escolha de uma profissão é a incerteza e a constante dúvida sobre se estão fazendo a escolha certa.

06 – Segundo a autora, o que ela acredita ser um fator fundamental para alcançar qualquer objetivo?

      A autora acredita que a autoconfiança é um fator fundamental para alcançar qualquer objetivo.

07 – Qual é a mensagem final que a autora expressa no artigo em relação ao esforço e dedicação?

      A mensagem final que a autora expressa no artigo é que, independentemente das escolhas que os adolescentes façam em relação ao futuro, eles devem se esforçar e dar o seu melhor em suas jornadas para alcançar seus objetivos.