quinta-feira, 29 de abril de 2021

CAUSO: DOIS CABOCLOS NA ENFERMARIA - ROLANDO BOLDRIN - COM GABARITO

 Causo: Dois caboclos na enfermaria

                  Rolando Boldrin

       Lá na minha terra tinha um caboclo que vivia reclamando de uma dor na perna. E, coincidentemente, um compadre dele tinha também a mesma dor na perna, e também estava sempre reclamando da danada.

        Só que nenhum deles tinha coragem de ir ao médico. Ficavam mancando, reclamando da dor, mas não iam ao hospital de jeito nenhum. Até que um deles teve uma ideia:

        Caboclo 1 – Ê, cumpadi, nóis véve sofrendo muito com a danada dessa dor na perna... Por que é que nóis num vamu junto no dotô? Vamos lá. A gente faz a consulta, e tal, se interna no mesmo quarto... Daí fazemo o tratamento e vemo o que acontece. Se curar, tá bom demais!

        O compadre gostou da ideia, tomou coragem e lá se foram os dois.

        Quando chegaram ao hospital, o médico pediu para o primeiro deitar na cama e começou a examinar. Fez algumas perguntas e foi apertando a perna do caboclo:

        Doutor – Dói aqui?

        Caboclo 1 – Aiiii...

        Doutor – E aqui, como é que está?

        Caboclo 1 – Aii, aii, aii! ... Dói demais!

        E o outro só olhando. Quando chegou a vez dele, o médico foi cutucando, apertando, mas nada de ele gemer. Ficou quieto o tempo todo. Aí o médico foi embora e o compadre estranhou:

        Caboclo 1 - Mas, cumpadi... a minha porta doeu demais da conta com os aperto do hômi... Como é que a sua não doeu nadica de nada?

        Caboclo 2 – E ocê acha que eu vou dá a perna que dói pro hômi apertá?!?!?!


              Rolando Boldrin. Dois caboclos na enfermaria. In: ANDREATO, Elifas. Brasil – Almanaque de cultura popular. 2017.

                                  Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. p. 197-9.

Entendendo o causo:

01 – O causo é iniciado com a expressão: “Lá na minha terra”. Responda:

a)   Por que narrador inicia o causo dessa forma?

Porque ele está se apresentando como contador de causo e utiliza essa expressão para dar uma ideia de veracidade ao fato, por ter acontecido em sua terra.

b)   O foco narrativo está em primeira ou em terceira pessoa? Explique.

Embora o narrador use o pronome em primeira pessoa minha, o foco narrativo está em terceira pessoa, porque ele não participa dos fatos que conta.

02 – Releia os dois primeiros parágrafos do causo e responda:

a)   Como o narrador apresenta os personagens?

Um caboclo que sentia dor na perna e, coincidentemente, um compadre dele, outro caboclo, com a mesma dor, mas que não procuravam um médico.

b)   Vivendo uma situação em comum, o que os dois personagens decidem?

Ir até o hospital juntos procurar um médico.

c)   Pesquise no dicionário o significado da palavra caboclo.

Indivíduo mestiço, filho de branco com indígena; indivíduo simples do sertão, com pele bronzeada de sol e cabelos lisos; pessoa da área rural; caipira.

d)   Qual(is) desses significados pode(m) relacionar-se ao causo?

Indivíduo simples do sertão; pessoa da área rural; caipira.

03 – Releia o trecho a seguir:

        “Ficavam mancando, reclamando da dor, mas não iam ao hospital de jeito nenhum.”

a)   Que características dos personagens o narrador está enfatizando nesse trecho? Explique.

São enfatizadas a teimosia e a desconfiança dos personagens.

b)   Em sua opinião, o que a atitude dos personagens pode revelar sobre o comportamento de muitas pessoas em relação a procurar um médico?

Resposta pessoal do aluno.

04 – Para prender a atenção e criar expectativa no leitor/ouvinte, o contador relata os mínimos detalhes da ida dos dois personagens ao médico. Responda:

a)   Quais detalhes são descritos da consulta do caboclo 1?

O médico pediu que se deitasse na cama, fez perguntas e apertou a perna dele, que sentiu muita dor, enquanto seu compadre olhava.

b)   Quais detalhes são descritos da consulta do caboclo 2?

O médico foi cutucando, apertando, mas nada de ele gemer.

05 – Releia o diálogo entre o médico e o caboclo 1.

        “Quando chegaram ao hospital, o médico pediu para o primeiro deitar na cama e começou a examinar. Fez algumas perguntas e foi apertando a perna do caboclo:

        Doutor – Dói aqui?

        Caboclo 1 – Aiiii!

        Doutor – E aqui, como é que está?

        Caboclo 1 – Aii, aii, aii! ... Dói demais!”

a)   Embora o texto lido seja um causo, com que outro gênero textual ele se assemelha? Explique as semelhanças.

As semelhanças se apresentam pelo nome dos personagens antecedendo suas falas e pela forma como as frases estão colocadas, como se o personagem estivesse dramatizando.

b)   Que recursos linguísticos são usados para expressar a sensação do personagem que está sob cuidados médicos?

Uso da interjeição “Aiiii” e da pontuação expressiva com os pontos de exclamação.

c)   Que efeito de sentido o autor promove ao usar esses recursos na fala do personagem?

Para tornar a história interessante, o contador usa diferentes recursos expressivos de linguagem, como o recurso do uso de interjeição e do ponto de exclamação.

d)   É possível observar, no trecho destacado acima, que, além do discurso direto, o autor utiliza o discurso indireto. Transcreva os trechos em que isso ocorre.

“[...] o médico pediu para o primeiro deitar na cama [...]”; “[o médico] Fez algumas perguntas.”

06 – Leia o quadro a seguir sobre o gênero textual causo.

        Os causos são histórias de tradição oral, contadas, geralmente, em uma linguagem espontânea, que registra o jeito de falar típico de determinada região ou localidade. Envolvem fatos pitorescos (inusitados, curiosos, surpreendentes), reais, fictícios ou ambos; e podem ou não envolver o narrador.

        Os contadores de causos apresentam vários recursos que costumam prender a atenção de seus ouvintes, como entonação, gestos, suspense, efeitos de surpresa, humor, etc. Características como sotaque e vocabulário da região são naturais a muitos deles.

Responda:

a)   Que fato pitoresco é contado no causo?

Dois “caboclos” que sentiam uma dor danada na perna resolveram ir juntos ao médico. Um deles foi examinado e sentiu uma dor horrível quando o médico apertou a perna dele. O outro não demonstrou nenhuma reação no momento do exame. Ao ser questionado pelo companheiro se a perna não tinha doido quando foi examinada, ele disse que não mostrou a perna que doía, para o médico não apertar.

b)   Segundo o contador, essa história é real ou fictícia? E você, o que acha?

De acordo com o contador, a história é lá da terra dele, então, para ele, é real. Resposta pessoal do aluno.

c)   Que fato provoca efeito de humor no leitor ou ouvinte do causo?

É o fato de o caboclo ter mostrado a perna boa para o médico não apertar a perna que doía.

07 – Nos diálogos, os caboclos e o médico representam de forma diferente os modos de falar dos personagens. Responda:

a)   Qual variedade linguística é usada para representar o modo de falar dos caboclos?

A variedade regional do português brasileiro.

b)   Na fala dos caboclos, que efeito de sentido o uso dessa variedade linguística pode provocar?

O modo de falar possibilita caracterizar melhor os personagens e inferir seus valores humanos e sociais.

c)   Qual é a variedade linguística usada para representar o modo de falar do médico?

O modo de falar do médico emprega a variedade urbana de prestígio, de acordo com a norma-padrão da língua.

d)   Na fala do médico, que efeito de sentido o uso dessa variedade linguística pode provocar?

Resposta pessoal do aluno.

 

 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

CRÔNICA: DA ARTE DE COMER MELÂNCIA - FLÁVIO JOSÉ CARDOZO - COM GABARITO

 CRÔNICA: DA ARTE DE COMER MELÂNCIA

                                   Flávio José Cardozo

      Fico chocado quando vejo alguém comer melancia de qualquer jeito.  Ainda ontem presenciei esta desgraça:  o sujeito colocou a pobre fruta de pé, deu-lhe um talho de alto a baixo, pegou as duas metades e partiu-as também ao meio, deixando na mesa, numa poça d’água, um triste conjunto de quatro pedaços que foram sendo grosseiramente escavados.  Nada da poesia que o evento pede. Uma coisa feia, mal-acabada.

           Meu pai, sim, era um artista na arte de se comer melancia.

O requinte dele já começava na compra, em que fazia todo um  investimento  de  boa  paciência.  Aproximava-se da carroça, avaliava o conjunto, rolava umas e outras, depois de algum tempo é que  elegia a  que  mais  o impressionou.  Para já levar?  Não, claro que  não.  Para examinar, com cuidado.  Eram, se bem me lembro, uns três testes. Primeiro, o dos piparotes. Com   o   indicador, ele   dava   na   barriga   da   melancia   alguns piparotes que produziam um som que lhe traduzia, aos seus  ouvidos experimentados, o grau de madureza a que a fruta havia chegado. Depois, agarrava-a entre as mãos, elevava-a à altura do ouvido   e   aplicava-lhe   um   forte   aperto:   o   estalo   resultante reforçava o diagnóstico dos piparotes.  Por fim, determinava ao  vendedor  que  abrisse  na  melancia  uma  janelinha.  O homem trazia  na  ponta  da  faca  uma  fração  de  rubra  polpa, que  meu  pai olhava com astúcia. Só então é que os dois falavam em preço. Se a parte comercial chegasse a bom termo, tínhamos melancia.

          Mas a melancia não entrava logo na faca.  Era do ritual deixá-la se refrescando um pouco num tanque d’água (não havia geladeira), para perder os calores acumulados  na  viagem  da carroça. Até que, por fim, chegava o momento.

          O modo de  meu  pai  partir  a  melancia  era,  penso  eu, o mais lógico e usual entre as pessoas de sentimento e bom senso. Só   que   ele   fazia   tudo   com   muita  compenetração,   como se estivesse  desmanchando  um  relógio  de  ouro.  Deitava a fruta, cortava-lhe uma ponta, cortava outra e, com precisão máxima, rasgava-a em talhadas  regulares,  iguais  entre  si  em  largura  e profundidade.   Arrematava   a   cirurgia   com   um   soquinho    que afrouxava  as  talhadas,  a  primeira  das  quais  entregava,  gentil,  a Dona Isaura. Depois é que autorizava o nosso ataque.

E sabíamos bem:  ninguém  podia  tocar  no  miolo,  o  miolo  ficava  para  o  fim.

Não  entendo  como  é que  alguém  pode  partir  uma  melancia  sem dar tal ênfase ao miolo. De barriga já fazendo bico, íamos sempre ao miolo como ao momento central da festa.

           A melancia, senhores, é uma fruta frívola, mais água   que substância. Muito dos prazeres dela está mesmo é no visual e foi muito   bom ter aprendido a comê-la também com os olhos.          Sinceramente, fico    até    triste    quando    vejo    por        certas barbaridades.

Flávio José Cardozo

 (Do livro Beco da lamparina, Florianópolis, Diário Catarinense / Lunardelli, 1987)                       

ENTENDENDO A CRÔNICA

1)   Na crônica, como o autor descreve a forma do pai cortar a fruta?

         Descreve-o como um artista na arte de se comer melancia.

2)   Qual é o assunto da crônica?

O assunto da crônica é o ritual que envolve a degustação da melancia.

3)   É através do modo como um pai prepara o alimento para o seu filho que podemos observar o laço de carinho e afeto entre os dois seres. Justifique com um trecho da crônica.

         Não  entendo  como  é que  alguém  pode  partir  uma  melancia  sem dar tal ênfase ao miolo. De barriga já fazendo bico, íamos sempre ao miolo como ao momento central da festa.”

4)   Que tipo de linguagem predomina no texto?

A linguagem predominante é a formal, o que pode ser observado pela ausência de gírias e expressões da oralidade.

5)   A crônica é descritiva, por quê?

Porque a crônica descreve o ritual praticado por uma família para saborear uma melancia, desde a apreciação e análise do produto, passando pela negociação para a compra e o acondicionamento até chegar à degustação da fruta.

 

domingo, 18 de abril de 2021

POEMA: O BOI ZEBU E AS FORMIGAS - PATATIVA DO ASSARÊ - COM GABARITO

 Poema: O boi zebu e as formigas

              Patativa do Assarê


Um boi zebu certa vez
Moiadinho de suó,
Querem saber o que ele fez
Temendo o calor do só
Entendeu de demorá
E uns minuto cuchilá
Na sombra de um juazêro
Que havia dentro da mata
E firmou as quatro pata
Em riba de um formiguêro.

Já se sabe que a formiga
Cumpre a sua obrigação,
Uma com outra não briga
Veve em perfeita união
Paciente trabaiando
Suas foia carregando
Um grande inzempro revela
Naquele seu vai e vem
E não mexe com mais ninguém
Se ninguém mexe com ela.

Por isso com a chegada
Daquele grande animá
Todas ficaro zangada,
Começou a se açanhá
E foro se reunindo
Nas pernas do boi subindo,
Constantemente a subi,
Mas tão devagá andava
Que no começo não dava
Pra de nada senti.

Mas porém como a formiga
Em todo canto se soca,
Dos casco até a barriga
Começou a frivioca
E no corpo se espaiado
O zebu foi se zangando
E os cascos no chão batia
Ma porém não miorava,
Quanto mais coice ele dava
Mais formiga aparecia.

Com essa formigaria
Tudo picando sem dó,
O lombo do boi ardia
Mais do que na luz do só
E ele zangado as patada,
Mais força incorporava,
O zebu não tava bem,
Quando ele matava cem,
Chegava mais de quinhenta.

Com a feição de guerrêra
Uma formiga animada
Gritou para as companhêra:
Vamo minhas camarada
Acaba com os capricho
Deste ignorante bicho
Com a nossa força comum
Defendendo o formiguêro
Nos somos muitos miêro
E este zebu é só um.

Tanta formiga chegou
Que a terra ali ficou cheia
Formiga de toda cô
Preta, amarela e vermêa
No boi zebu se espaiando
Cutucando e pinicando
Aqui e ali tinha um moio
E ele com grande fadiga
Pruquê já tinha formiga
Até por dentro dos óio.

Com o lombo todo ardendo
Daquele grande aperreio
zebu saiu correndo
Fungando e berrando feio
E as formiga inocente
Mostraro pra toda gente
Esta lição de morá
Contra a farta de respeito
Cada um tem seu direito
Até nas leis da natura.

As formiga a defendê
Sua casa, o formiguêro,
Botando o boi pra corrê
Da sombra do juazêro,
Mostraro nessa lição
Quanto pode a união;
Neste meu poema novo
O boi zebu qué dizê
Que é os mandão do podê,
E as formiga é o povo.

ASSARÊ, Patativa do. Ispinho e Fulô. São Paulo: Hedra, 2011.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. p. 217-219.

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fwww.supercoloring.com%2Fpt%2Fdesenhos-para-colorir%2Fzebu&psig=AOvVaw3dWX5Q2T9vxjXmgRWiQakS&ust=1618851664531000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLDzyqel7-8CFQAAAAAdAAAAABAD


Entendendo o poema:

01 – Os poemas de cordel apresentam narrativas de histórias em versos. Sobre o poema de cordel “O boi zebu e as formigas”, responda:

a)   Que história é narrada nesse poema?

A história do boi que foi se refrescar na sombra de uma árvore de juazeiro e pisou num formigueiro.

b)   Quem são seus personagens?

O boi zebu e as centenas de formigas.

c)   Segundo o poema, quem esses personagens representam na vida real?

Segundo o poema, as formigas são o povo e o boi zebu são os que mandam no poder.

02 – O poema “O boi zebu e as formigas” apresenta uma lição ou moral. Seus personagens são animais cujas ações são comparadas às ações humanas. Responda:

a)   A que outro gênero de texto esse poema de cordel pode fazer referência indireta?

As fábulas.

b)   Qual é a lição apresentada pelo poema de cordel?

Embora o inimigo ou opositor pareça ser mais forte, a união de todos pode derrota-lo e tomar o poder.

c)   Que sentimentos humanos e valores podem ser comparados com os dos personagens do poema?

Os sentimentos e valores da formiga são o de respeito, união, senso de direito e luta pelo seu espaço. Os sentimentos do boi zebu são de raiva, considerando que poderia derrotar as formigas com força bruta.

03 – Leia atentamente o quadro a seguir.

Literatura de Cordel

        Literatura de Cordel é uma manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira, mais precisamente do interior nordestino.

        Os locais onde ela tem grande destaque são os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará.

No Brasil, a literatura de Cordel adquiriu força no século XIX, sobretudo entre 1930 e 1960. Muitos escritores foram influenciados por este estilo, dos quais se destacam: João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Guimarães Rosa, dentre outros. [...]

        Sua forma mais habitual de apresentação são os “folhetos”, pequenos livros com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes ou cordas, e daí surge seu nome.

        A literatura de cordel é considerada um gênero literário geralmente feito em versos. Ela se afasta dos cânones na medida em que incorpora uma linguagem e temas populares.

        Além disso, essa manifestação recorre a outros meios de divulgação, e nalguns casos, os próprios autores são os divulgadores de seus poemas.

        Em relação à linguagem e o conteúdo, a literatura de cordel tem como principais características:

·        Linguagem coloquial (informal);

·        Uso de humor, ironia e sarcasmo;

·        Temas diversos: folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios históricos, realidade social, etc.;

·        Presença de rimas, métrica e oralidade.

DIANA, Daniela. Literatura de Cordel. Toda Matéria, 18 jun. 2018. Disponível em: http://bit.ly/2xTLEYY. Acesso em: 27 set. 2018.

Responda:

a)   O poema “O boi zebu e as formigas” foi publicado em folheto ou em livro?

Foi publicado em um livro.

b)   Em sua opinião, o poema de cordel publicado em livro perde sua característica essencial ou não? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

c)   O tema tratado no poema é popular? Explique.

No poema, o tema também é popular, porque se trata das relações do povo com aqueles que mandam no poder, numa discussão compreensível pelas pessoas em geral.

d)   Há rimas no poema? Como são organizadas as estrofes?

No poema há rimas. São organizadas em oito estrofes têm dez versos e uma estrofe tem nove versos.

04 – No poema há palavras que caracterizam o modo de falar de determinada região brasileira (variedade regional)? Transcreva exemplos.

      No poema, o poeta representa o modo de falar do sertanejo, usando uma variedade linguística regional. Isso se evidencia pelas palavras: moiadinho, suó, cuchilá, juazêro, riba, formiguêro, trabaiando, veve, inzempro, entre outras.

05 – No poema, é possível verificar efeito de humor, sarcasmo ou ironia? Explique.

      No poema pode-se inferir sarcasmo, humor e ironia, principalmente porque zomba do boi forte e imponente que é atacado por formigas pequenas e frágeis e que foge delas. Depois, compara essa situação com a relação entre o povo e aqueles que estão no poder.

     

 

 

POEMA: A HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL(FRAGMENTO) - ABDIAS CAMPOS - COM GABARITO

 Poema: A HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL

            Abdias Campos

[...]

Para lhes deixar a par
Sobre esta literatura
Que é a mais popular
E ainda hoje perdura
Vamos direto ao começo
Donde vem esta cultura

Sua primeira feitura
Na Europa aconteceu
Tipógrafos do anonimato
Botaram o folheto seu
Pra ser vendido na feira
E assim se sucedeu

Foi Portugal que lhe deu
Este nome de cordel
Por ser vendido na feira
Em cordões a pleno céu
Histórias comuns, romances
Produzidos a granel

O cordel introduzido
No Brasil foi gradual
Maior parte dos folhetos
Como patrimônio oral
Ingressou principalmente
Como histórias de Sarau

Foi no Nordeste o local
Que lhe brasileirizou
Nos serões familiares
Dos sertões aonde chegou
Levando alegria ao povo
Pela voz do cantador

Conduzia o rumor
De histórias da redondeza
Noticiadas em versos
Dadas com toda clareza
A uma população
Que se tornava freguesa

Dos peregrinos romeiros
Da mocinha apaixonada
Dos ciganos que viviam
A procura de estrada
Dos sinais vindos do céu
Anunciando a invernada

Sempre em versão cantada
Assim o Cordel viveu
Antes de 1900
Primeira edição se deu
Se lá para cá permanece
Mantendo o legado seu.

[...]

CAMPOS, Abdias. Folheto de cordel. Recife, 2005.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. p. 214-216.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        A granel: solto, sem embalagem, em partes.

·        Anonimato: sem indicação de autoria ou nome.

·        Feitura: o que é feito ou realizado.

·        Gradual: aos poucos.

·        Perdurar: permanecer por muito tempo.

02 – De que se trata esse poema de cordel?

      O poema fala sobre a história da literatura de cordel.

03 – Releia os seguintes versos:

Para lhes deixar a par
Sobre esta literatura
Que é a mais popular
E ainda hoje perdura
Vamos direto ao começo
Donde vem esta cultura.”

Responda:

a)   Qual é o significado da palavra popular nesses versos? Pesquise em um dicionário impresso ou na internet.

Pertencente e acessível ao povo.

b)   Por que será que o poema afirma que essa literatura é “a mais popular”?

Porque é uma literatura que se origina, no Brasil, das histórias de tradição oral, popularizadas e divulgadas em folhetos vendidos em feiras, de forma acessível às pessoas.

c)   Em sua opinião, por que a literatura de cordel perdura até os dias atuais?

Resposta pessoal do aluno.

04 – Nos versos da segunda estrofe da parte reproduzida do poema, é apresentada a origem da literatura de cordel. Responda:

a)   De onde a literatura de cordel se originou?

Segundo o poema, teve origem na Europa.

b)   O que significa a palavra tipógrafo nesses versos? Pesquise em um dicionário impresso ou na internet.

Aquele que cria e compõe a impressão de textos no papel.

c)   Quem eram os autores dos textos? Onde eram comercializados?

Os textos eram anônimos, ou seja, sem identificação de autoria (o que imprimia o caráter popular a essa literatura) e eram comercializados na feira.

d)   A origem dessa literatura é escrita ou oral? Transcreva um verso que justifique sua resposta.

Na Europa, pelo texto, a origem é escrita. Essa informação pode ser comprovada pelo verso: “Tipógrafos do anonimato”.

05 – De acordo com o poema, foi em Portugal que essa manifestação cultural recebeu o nome de “literatura de cordel”. Responda:

a)   Por que recebeu esse nome?

Porque os folhetos eram vendidos na feira, pendurados em cordões suspensos.

b)   O que significa a expressão a granel nesse contexto?

Romances vendidos em partes, por meio de folhetos.

c)   Que gêneros de texto eram produzidos e vendidos nesses folhetos a granel?

Histórias comuns e partes de romances.

06 – Releia a seguinte estrofe:

O cordel introduzido
No Brasil foi gradual
Maior parte dos folhetos
Como patrimônio oral
Ingressou principalmente
Como histórias de Sarau.”

a)   A origem da literatura de cordel no Brasil foi escrita ou oral? Que expressão justifica sua resposta?

Segundo o poema, a origem é oral, pois os folhetos se originaram das histórias contadas pelo povo. A expressão que justifica a resposta é “patrimônio oral”.

b)   O que seria o nosso patrimônio oral?

As histórias tradicionais de cultura oral, transmitidas de geração e geração.

c)   O que significa a palavra sarau nesse contexto? Pesquise em um dicionário impresso ou na internet.

Reunião festiva na qual as pessoas realizam manifestações artísticas como: cantar, dançar, recitar poemas, contar causos, realizar leituras dramatizadas de trechos de Livros, de contos e crônicas, entre outras.

d)   Por que será que a literatura de cordel em folhetos foi introduzida no Brasil de forma gradual?

A literatura de cordel, impressa em folhetos, veio de Portugal e se incorporou à tradição literária brasileira por meio das histórias de tradição oral, transmitidas de geração a geração. Foi introduzida de forma gradual pois precisou se adaptar às manifestações culturais brasileiras.

07 – A literatura de cordel se popularizou no Nordeste brasileiro e é internacionalmente conhecida como tradição popular dessa região. De acordo com o poema, responda:

a)   Que histórias eram cantadas em formato de cordel na região Nordeste?

Todo tipo de histórias, como verdadeiras e lendas.

b)   Pesquise, na internet, por que o cordel é cantada e não recitado.

Porque antes dos poemas serem impressos em folhetos, eram cantados e essa tradição permaneceu.

c)   Essa manifestação literária, em sua origem no Nordeste, era especifica de uma classe social? Explique.

De acordo com o poema, os textos eram cantados em qualquer lugar e apreciados por pessoas de qualquer classe social, como está explicitado nos versos: “Desde as casas de riqueza / Nas varandas das fazendas / Até os dias de feira.”

08 – Leia, no quadro a seguir, alguns conjuntos de palavras que rimam no poema de cordel que você leu:

        Perdura/cultura – cordel/céu – oral/sarau.

        Algumas rimas do poema de cordel são formadas por palavras que, colocadas juntas, produzem efeitos de sentido que colaboram para a compreensão geral do texto.

        Identifique a alternativa que explica os efeitos de sentido produzidos pela escolha dessas palavras para formarem a rima:

·        O efeito de sentido produzido por esses pares de palavras nas rimas é o de contraste, ou seja, elas são de naturezas totalmente opostas.

·        O efeito de sentido produzido é o de sinonímia, porque as palavras que rimam são pares de sinônimos.

·        O efeito produzido é o de complementaridade, pois essas palavras, ao rimarem, se complementam em seu sentido como: “perdura a cultura”; “cordel lá no céu”; “sarau é oral”.