sábado, 7 de novembro de 2020

ROMANCE DE AVENTURA: AS AVENTURAS DE TOM SAWYER - CAP. 34 - MARK TWAIN - COM GABARITO

 ROMANCE DE AVENTURA: As aventuras de Tom Sawyer

                    Capítulo 34

Na manhã que se seguiu ao funeral, Tom levou Huck a um lugar onde não poderiam ser escutados, para terem uma importante conversa. Huck já tinha ouvido tudo a respeito das aventuras de Tom dos lábios do galês e da viúva Douglas, mas Tom disse achar que pelo menos uma coisa eles não lhe haviam contado; era sobre isto que ele queria conversar agora. O rosto de Huck entristeceu-se e ele disse:

– Eu já sei. Você entrou no quarto Número Dois e não encontrou nada lá, senão uísque. Ninguém me contou que tivesse sido você, mas eu sabia que tinha de ser você, assim que ouvi falar na história do uísque; e eu sabia também que você não tinha encontrado o dinheiro, porque você teria dado um jeito de me encontrar, fosse como fosse, e me contar sobre isso, mesmo que você não contasse pra mais ninguém. Tom, alguma coisa me diz que nós nunca vamos poder agarrar aquela grana.

– Mas, Huck, não fui eu. Eu nunca denunciei o dono da pensão. Você sabe que não tinham descoberto nada na hospedaria até o sábado em que eu fui ao piquenique. Você não se lembra que tinha de ficar vigiando naquela noite?

– Ah, sim! Ora, me parece que já passou quase um ano. Foi naquela merma noite que eu fui detrás de Índio Joe até a casa da viúva.

– Você o seguiu?

– Pois segui. Mas você fique quieto e não diga nada. Eu calculo que Índio Joe tinha amigos que ficavam junto com ele. Eu não quero que nenhum desses venha atrás de mim pra me fazer umas malvadezas. Se não tivesse sido por minha causa, a essa altura ele já estava no Texas, claro que sim!

Foi então que Huck contou toda a sua aventura a Tom, na mais estrita confiança, pois este só havia escutado a parte narrada anteriormente pelo galês.

– Bem – disse Huck, retornando ao assunto principal –, seja lá quem for que descobriu o uísque no Número Dois, também descobriu o dinheiro. Calculo que pra nós já se perdeu de um tudo, Tom.

– Huck, aquele dinheiro nunca esteve no quarto Número Dois!

– O quê? – Huck examinou atentamente o rosto de seu camarada.

– Tom, por acaso você pegou o rastro daquele dinheiro de novo?

– Huck, está dentro da caverna!

Os olhos de Huck reluziram como duas brasas.

– Diga de novo, Tom!

– O dinheiro está dentro da caverna!

– Tom – por favor, seja honesto comigo –, está brincando ou é pra valer?

– Estou falando sério, Huck. Nunca falei mais sério em minha vida. Você vai lá comigo, para me ajudar a trazer?

– Com certeza! Quer dizer, eu vou, se estiver em um lugar em que a gente possa pegar ele sem se perder lá dentro!

– Huck, nós podemos pegar o dinheiro sem a menor dificuldade neste mundo!

– Mas isso é ótimo! Por que você pensa que o dinheiro…

– Huck, espere só até que a gente esteja lá. Se nós não acharmos, eu prometo que dou a você meu tambor e tudo o mais que eu tiver nesse mundo. Ah, dou mesmo, palavra!

– Tudo bem, vamos logo. Quer dizer, quando você quer ir?

– Agora mesmo, se você estiver de acordo. Já está forte o suficiente?

– É muito longe a caverna? Eu estou usando as minhas varetas faz uns três ou quatro dias e já estou andando muito bem, até, mas acho que não posso caminhar mais de um quilômetro, um quilômetro e meio de cada vez, Tom. No mínimo é o que eu penso.

– Olha, fica mais ou menos há uns oito quilômetros a partir da entrada, pelo menos do jeito que todo mundo iria. Só que eu vou diferente, Huck. Existe um atalho muito bom que ninguém conhece, exceto eu. Huck, eu levo você até lá de barco, eu mesmo vou remando. Quer dizer, na ida, o barco vai pela corrente mesmo, nem precisa remar; mas na volta, eu venho remando sozinho. Você nem precisa me dar uma mão.

– Então vamos começar agora mesmo, Tom!

– Tudo bem. Vamos precisar de um pouco de pão e de carne, nossos cachimbos, um saco ou dois dos pequenos, duas ou três fiadas de pandorga e algumas dessas coisas novas que eles chamam de fósforos. Vou lhe contar, uma porção de vezes eu desejei ter alguns desses no meu bolso, quando fiquei preso lá dentro.

Um pouco depois do meio-dia, os meninos tomaram emprestado um barquinho de um cidadão que se achava ausente na ocasião, e de imediato puseram-se a derivar com a corrente. Quando eles estavam diversos quilômetros além do “Fundão da Caverna”, Tom disse:

– Agora você vê que esta ribanceira aqui parece completamente igual desde a clareira em que fica a caverna. Não há casas nem serrarias, os arbustos são todos iguais. Mas você está vendo aquela mancha branca lá adiante, onde houve um desmoronamento de terra? Ora, pois esta é uma das minhas marcas. Vamos para a margem agora.

Eles desembarcaram.

– Agora, Huck, deste lugar em que nós estamos parados, você pode tocar no buraco por onde eu saí, basta esticar uma vara de pescar. Veja se consegue encontrá-lo.

Huck examinou todas as cercanias, mas não conseguiu achar nada. Tom orgulhosamente marchou até uma touceira grossa de arbustos de sumagre e disse:

– Olhe só aqui! Olhe bem, Huck, é o buraco mais seguro deste país. Mas você simplesmente fique de boca fechada e não conte nada a ninguém sobre ele. Toda a vida eu quis ser salteador, mas eu sabia que precisava de um esconderijo como este, um lugar muito difícil de ser encontrado, ainda mais por acaso. Agora que nós temos, vamos guardar absoluto segredo, só vamos contar a Joe Harper e a Ben Rogers onde é que fica. [...]

A essa altura, tudo estava preparado e os dois meninos entraram no buraco. Tom ia à frente, Huck mais atrás. Eles foram caminhando até o lugar em que se abria o túnel, então amarraram bem firme um dos barbantes de pandorga e seguiram em frente. [...]

Agora, os meninos começaram a falar em sussurros, porque a quietude e obscuridade do lugar oprimiam-lhes os espíritos. Eles seguiram caminhando em frente e, no devido tempo, entraram e seguiram pelo outro corredor de Tom, até que atingiram o “lugar de pular”. As velas revelaram o fato de que não era realmente um precipício, mas apenas uma ladeira íngreme de argila, com uns oito ou dez metros de altura. Tom murmurou:

– É agora que eu vou lhe mostrar uma coisa, Huck.

Ele levantou sua vela bem alto e disse:

– Olhe o mais longe que puder além daquela curva do caminho. Está vendo aquilo? Lá adiante, naquela rocha grande que está lá no fim. Desenhado com fuligem de vela.

– Tom, é uma cruz!

– Agora, me diga. Onde é que ficava o Número Dois? “Embaixo da cruz”, não era? E foi justamente ali que eu vi Índio Joe carregando uma vela, Huck!

Huck ficou contemplando o sinal místico por algum tempo; e então disse, com a voz trêmula:

– Tom, vamos dar o fora daqui já, já!

– O quê? E deixar o tesouro?

– Sim, deixa aí mesmo. O fantasma de Índio Joe tem de andar por aqui, claro que anda!

– Não, não anda por aqui, coisa nenhuma, Huck. O fantasma dele teria de assombrar o lugar em que ele morreu, lá longe na boca da caverna, a uns oito quilômetros daqui.

– Não, Tom, não tinha, não. O espírito dele ia se pendurar ao redor do dinheiro. Eu sei como é que os espíritos fazem com dinheiro. E você sabe também, tão bem que nem eu!

Tom começou a temer que Huck tivesse razão. Certas dúvidas começaram a se reunir em sua mente. Mas logo a seguir, ocorreu-lhe uma ideia:

– Olhe aqui, Huck, nós dois estamos fazendo papel de bobos! O fantasma de Índio Joe não pode chegar perto daqui, porque, bem lá na parede, existe uma cruz!

O argumento teve seu efeito. Huck ficou convencido.

– Puxa, Tom, eu não tinha nunca pensado nisso!… Mas é claro que é isso mesmo. É sorte nossa, essa cruz que botaram ali. Calculo que podemos chegar até lá e procurar a tal caixa.

Tom foi na frente, cortando degraus grosseiros na argila, à medida que descia. Huck desceu junto a seus calcanhares. Quatro avenidas se abriam junto à pequena caverna em cujo centro estava a grande rocha. Os meninos examinaram três delas e tiveram de retornar sem resultados. Mas encontraram um pequeno nicho no quarto corredor, justamente o que se abria mais perto da base da rocha, com um catre desengonçado, sobre o qual estava amontoada uma pequena pilha de cobertores. Acharam também um par de suspensórios velhos, algumas cascas de toucinho e ossos muito bem roídos de duas ou três aves. Mas não acharam nenhuma caixa com dinheiro. Os rapazes procuraram, pesquisaram e reviraram o lugar, sem resultado algum. Tom disse:

– Ele disse que ficava embaixo da cruz. Ora, este é justamente o lugar que fica mais embaixo da cruz. Não pode estar enterrada embaixo dessa pedra grande. É sólida demais, dura demais, está meio enterrada no chão. Não há lugar para um esconderijo.

Examinaram tudo mais uma vez e depois, sentaram-se no chão, desencorajados. Huck não conseguia sugerir nada. Mas daí a pouco, Tom falou:

– Olhe aqui, Huck: há pegadas e um pouco de sebo de vela sobre o barro de um dos lados desta rocha, mas dos outros lados, não há nada. Agora me explique: por que é assim? Aposto que o dinheiro está embaixo da pedra. Eu vou cavoucar nessa argila.

– Não é uma má ideia, Tom! – disse Huck, muito animado.

O “legítimo canivete Barlow” de Tom saiu imediatamente de seu bolso; ele não tinha cavado mais que dez centímetros quando bateu em madeira.

– Huck! Huck! Você escutou isso?

Huck começou a cavar com as mãos. Logo foram descobertas e removidas algumas tábuas, estas estavam escondendo uma cova natural que se estendia para baixo da rocha. Tom entrou dentro dela e esticou o braço com a vela o mais distante que pôde, e então disse que era um buraco muito grande e não conseguia ver até o fundo da fenda. Decidiu explorá-la. Encurvou-se e passou por baixo da rocha. O caminho estreito descia gradualmente. Ele foi seguindo a senda tortuosa, primeiro para a direita, depois para a esquerda, com Huck logo atrás dele. Em breve, a aleia fazia uma curva fechada. Tom dobrou-a e exclamou:

– Meu Deus do Céu, Huck, olhe aqui!

Era a caixa do tesouro, sem a menor dúvida, ocupando uma pequena abertura lateral, juntamente com uma barrica de pólvora vazia, dois revólveres dentro de coldres de couro, dois ou três pares de mocassins velhos, um cinto de couro e mais uma meia dúzia de artigos sem valor, empapados pela água que brotava das paredes.

– Até que enfim, conseguimos! – exclamou Huck, enfiando as mãos por entre as moedas um tanto azinhavradas. – Meu Deus, nós estamos ricos, Tom!

– Huck, eu sempre soube que nós íamos encontrar o tesouro. É quase bom demais para se acreditar, mas nós acabamos conseguindo, graças a Deus! Mas escute só, não vamos ficar de bobeira por aqui, vamos tirar tudo isso e levar para fora. Deixe ver se eu consigo levantar a caixa.

Devia pesar uns vinte quilos. Tom conseguia levantá-la, mas de uma maneira bastante desajeitada; e não poderia carregá-la confortavelmente.

– Foi o que eu achei – disse ele. – Aquele dia, na casa mal-assombrada, quando eles saíram com esta caixa, vi que estavam carregando uma coisa pesada. Percebi muito bem. Eu tinha toda a razão em trazer aquelas duas bolsas.

Logo o dinheiro estava dentro dos dois sacos e os meninos carregaram para fora da lapa, colocando-os aos pés da grande rocha. [...]

Em breve, eles emergiram da touceira de arbustos de sumagre, olharam muito cautelosamente ao redor, viram que “não havia mouros na costa” e desceram em seguida para o barquinho, onde fizeram um lanche e deram umas baforadas. Enquanto o sol se afundava em direção ao horizonte, eles empurraram a embarcação para o fluxo do rio e puseram-se a remar contra a corrente. Tom foi conduzindo o bote junto à margem, onde a correnteza era menos forte, através do longo crepúsculo de verão, tagarelando alegremente com Huck, até que desembarcaram um pouco depois de escurecer.

– Bem, Huck – determinou Tom –, vamos esconder o dinheiro no sótão do galpão de lenha da viúva Douglas e voltamos de manhã para contar as moedas e dividir. Depois nós encontramos um lugar na floresta para esconder tudo, um lugar bem seguro, que ninguém mais possa achar. Fique quieto aqui tomando conta do botim, enquanto eu corro para pegar a carrocinha de Benny Taylor. Não vou demorar mais que um minuto.

Ele desapareceu e em breve retornou com a carrocinha, colocou os dois sacos de moedas dentro, jogou uns trapos velhos por cima, para não chamar a atenção de ninguém, e iniciou a jornada, puxando a pequena carroça pelo varal. Quando os meninos chegaram à altura da casa do galês, pararam para descansar. No momento em que iam recomeçar a avançada, o galês saiu de casa e falou:

– Alô! Quem são vocês?

– Huck e Tom Sawyer.

– Que bom! Venham comigo, meninos, todo mundo está esperando por vocês. Vamos, apurem, vão na minha frente! Deixem que eu levo a carroça. Ué, mas como está pesada! Pensei que a carga fosse bem mais leve. O que é que vocês colocaram aí dentro? Tijolos ou metal velho? [...]

Twain, Mark, 1835-1910 pseud. As aventuras de Tom Sawyer / Samuel Langhorne Clemens / tradução de William Lagos. – Porto Alegre: L&PM, 2011. (Coleção L&PM POCKET)

Disponível em< http://www.litterarius.com.br/assets/upload/post/As%20Aventuras%20de%20Tom%20Sawyer%20-%20Mark%20Twain(1).pdf > Acesso em 10 de ago. de 2020.

 

1)  Com que finalidade o texto acima foi escrito?

 a)  Narrar fatos do cotidiano, geralmente colhidos no noticiário jornalístico.

b)  Informar o leitor sobre um acontecimento.

c)  Entreter, despertando a imaginação.

d)  Convencer sobre a boa qualidade de um determinado produto.

 

2)  Preencha o quadro:

Qual é o tipo de narrador?

Narrador observador.

Em que tempo acontece os fatos?

Após o meio dia até ao entardecer.

Em que espaço as ações acontecem?

Na caverna e na cidade.

Quais são os personagens da narrativa?

Tom Sawyer e Huckblerry Finn.

 

3)  As aventuras de Tom Sawyer é um romance de aventura. O que diferencia um romance de aventura de outras narrativas em geral? Justifique sua resposta, com elementos do texto.

O romance de aventura contém necessariamente situações de aventura (por mar, terra ou ar), perigos, mistérios e descrições dos lugares e paisagens. No texto lido há a busca do tesouro em uma caverna (terra), os perigos que os personagens enfrentam para achar esse tesouro e a descrição de como era o lugar.

 4)  Nesse texto, há presença de um narrador

 a)  personagem, pois o Tom conta sua própria história.

b)  personagem, porque o Huck narra sua vida.

c)  observador, porque conta a história e ainda faz parte dela.

d)  observador, pois ele apenas narra os fatos sem participar da história.

 

5) Observe este trecho e responda:

 

“Venham comigo, meninos, todo mundo está esperando por vocês. Vamos, apurem, vão na minha frente! Deixem que eu levo a carroça. Ué, mas como está pesada!”

 Dos termos destacados, há predominância de verbos que indicam algo que já aconteceu, está acontecendo ou ainda acontecerão?

Indicam que algo está acontecendo.

 6)  Marque um X na alternativa que justifica o uso do travessão no texto acima.

 a)  Utilização de termos em língua estrangeira.

b)  A fala dos personagens.

c)  Indicação do pensamento das personagens.

d)  Descrição do ambiente.

 

7)  O texto lido apresenta características

   a)  narrativas.

b)  instrucionais.

c)  argumentativas.

d)  descritivas.


Disponível em <http://tudosaladeaula.blogspot.com/2017/08/leia-o-texto-e-responda-as-proximas-10.html> Acesso em 10 de ago. de 2020.

8)  No trecho “[...] Tom entrou dentro dela e esticou o braço com a vela o mais distante que pôde, e então disse que era um buraco muito grande e não conseguia ver até o fundo da fenda. Decidiu explorá-la. Encurvou-se e passou por baixo da rocha. O caminho estreito descia gradualmente. Ele foi seguindo a senda tortuosa, primeiro para a direita, depois para a esquerda, com Huck logo atrás dele. [...]”, as palavras destacadas se referem a quem?

      a)  Huck.

b) Índio Joe.

c) Tom.

d) O galês.


 9) No trecho lido acima, os verbos indicam qual tempo?

Indicam um tempo passado (pretérito)

 10)Observe o trecho a seguir e responda:

 “Tom foi conduzindo o bote junto à margem, onde a correnteza era menos forte, através do longo crepúsculo de verão, tagarelando alegremente com Huck, até que desembarcaram um pouco depois de escurecer.”

 a)   As palavras Tom e Huck estão escritas com iniciais maiúsculas. Qual é a classificação que esses nomes recebem?

        São substantivos próprios.

 b)   Que sentido a expressão “crepúsculo” quer dizer no texto lido?

   Os instantes antes do pôr do sol.

 11)Qual foi a estratégia utilizada por um dos meninos para não se perder na caverna?

Amarraram barbantes de pandorga para se orientarem.

 12)No trecho “Ele desapareceu e em breve retornou com a carrocinha:”, a expressão “em breve” expressa a ideia de

a)  tempo.

b) lugar.

c)  condição.

d)  dúvida.  


 13. No trecho “Meu Deus, nós estamos ricos, Tom!A função do ponto de exclamação é

       a)  questionar.

b)   finalizar uma frase.

        c)    separar palavras.

        d) demonstrar emoção.


 

 

 

ECA(ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) - COM ATIVIDADES GABARITADAS

 ECA

O que é o ECA?

 

O ECA é um texto normativo (estatuto) que estabelece regras a serem obedecidas e respeitadas. Institui direitos e deveres, bem como a aferição da responsabilidade no cumprimento das mesmas, delibera sobre as penalidades em caso de infração das normas estabelecidas e delega a competência às instâncias de direito para aplicá-las.

Os estatutos, assim como outros textos que expressam leis e regras, obedecem a orientações de formulação que determinam sua organização e linguagem. Devem seguir uma ordem lógica e empregar linguagem clara e precisa. São divulgados em documentos oficiais, livros da área jurídica e sites de órgãos públicos.

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, é uma lei (Lei 8.069/1990) que trata dos direitos das crianças e adolescentes. Esse instrumento normativo foi promulgado em 13 de julho de 1990.

O ECA reconhece que as crianças e adolescentes são sujeitos de direito em condição de desenvolvimento e, portanto, devem ser prioridade absoluta do Estado.

Essa lei prevê às crianças e adolescentes os direitos à vida, à saúde, à alimentação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à educação, à cultura, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

De acordo com o ECA são:

§ Crianças: indivíduos com até 12 anos incompletos.

§ Adolescentes: indivíduos entre 12 e 18 anos.

Para que serve o ECA?

O objetivo do estatuto é garantir às crianças e adolescentes condições de desenvolvimento moral, físico, social e mental, de modo que possam estar preparados para a vida adulta em sociedade.

A proteção das crianças e adolescentes é responsabilidade da família, sociedade e do Estado. Eles devem ser privados de qualquer tipo de discriminação, violência, negligência, crueldade e opressão.

O Estatuto da Criança e do Adolescente faz valer o disposto no artigo 227 da Constituição de 1988 e segue as diretrizes da Convenção sobre os Direitos das Crianças das Nações Unidas.

O estatuto é composto por dois livros. O livro I refere-se à parte geral, que vai do artigo 1º ao artigo 85 e trata dos direitos fundamentais e da prevenção à violação dos direitos.

O Livro II refere-se à parte específica e trata das políticas de atendimento, medidas de proteção, práticas de atos infracionais, medidas pertinentes aos pais ou responsáveis, conselhos tutelares, acesso à justiça e crimes e infrações administrativas.

 Disponível em <https://www.significados.com.br/eca/> Acesso em 24 de ago. de 2020. (Adaptada)

 

Estrutura e características do ECA

§     O(s) responsável (is) pela criação e pela sanção da lei.

§     Títulos.

§     Capítulos.

§     Seções.

§     Artigos que podem ser subdivididos em incisos (representados por algarismos romanos: I, II, III etc.) ou especificados em parágrafos (usando-se o sinal §), geralmente curtos ou ainda utilizar-se da enumeração para estabelecer critérios (Ex.: art. 2º, art. 10).

§     Linguagem formal, clara e objetiva.

§     Verbos com valor de imposição, pois indicam normas e leis, as quais devem ser seguidas, e não discutidas.

§     Vocabulário mais técnico.

  Leia os fragmentos retirados do Estatuto da Criança e do Adolescente e responda às questões.

 Título I

Das Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente, aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Parágrafo único.  Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

 Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei8069_02.pdf> Acesso em 24 de ago. de 2020.

 

Capítulo II

Do direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

 

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;

II - opinião e expressão;

III - crença e culto religioso;

IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;

V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;

VI - participar da vida política, na forma da lei;

VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

 Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei8069_02.pdf> Acesso em 24 de ago. de 2020.

 

Capítulo V

Do direito à profissionalização e à proteção no trabalho

 

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:

I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;

II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

III - horário especial para o exercício das atividades.

Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.

Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:

I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;

II - perigoso, insalubre ou penoso;

III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.

 [...]

Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei8069_02.pdf> Acesso em 24 de ago. de 2020.



Disponível em <https://plenarinho.leg.br/index.php/2018/07/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente/> Acesso em 25 de ago. de 2020.

  Atividades

 1.    Para você o que é direito e dever?

     Resposta pessoal.

     Espera-se que o estudante tenha uma noção sobre os direitos e deveres de um cidadão: direitos são tudo aquilo que possuímos ao viver em uma sociedade democrática e deveres são as nossas obrigações em sociedade.

 2.    Na escola, também temos direitos e deveres?

        Resposta pessoal.

    Espera-se que o estudante saiba que toda criança e adolescente têm direito a uma educação de qualidade, mas também têm o dever de respeitar normas, como também tratar aos outros de forma respeitosa e igualitária, ser frequente e pontual etc


3.    O que mais deveria ser garantido às crianças e aos adolescentes?

      Resposta pessoal.

 

4.    Qual a ideia principal tratada nos fragmentos de texto?

a)     falar da infância e suas brincadeiras.

b)    comentar a responsabilidade de ser criança.

c)     discutir sobre os direitos da criança e do adolescente.

d)    argumentar a favor do trabalho infantil.

5.    No trecho “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, [...]’, a palavra destacada pode ser substituída por

a)    assiduidade.

b)   cuidado.

c)    descuido.

d)   entusiasmo.


6.    Para cumprir sua função social, o Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta características próprias desse gênero quanto ao uso da linguagem. Entre essas características, destaca-se o emprego de

a)    repetição de palavras para facilitar o entendimento.

b)   palavras e expressões que evitem dúvida.

c)    expressões informais para apresentar os direitos.

d)    exemplificações que ajudem a compreensão dos conceitos.


       Disponível em <http://educacao.globo.com/provas/enem-2013/questoes/105.html> Acesso em 25 de ago. de 2020. (Adaptada)

 7. Assinale a alternativa que melhor corresponde à liberdade segundo o ECA.

a)  A criança e o adolescente têm direito à brincar, praticar esportes e divertir-se.

b) A criança e o adolescente têm direito à participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação.

c)  Buscar refúgio, auxílio e orientação.

d) Todas alternativas estão corretas.

 

8.    Para efeito do Estatuto da Criança e do Adolescente qual a idade que uma pessoa deve apresentar para ser considerada Criança?

      Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

     Espera-se que o estudante identifique a informação do art. 2º das Disposições Preliminares do ECA.

 9.    Marque (V) ou (F) nas alternativas, conforme os preceitos estabelecidos pela Lei 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente:

a)    V  ) A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

b)   ( F  ) Não considera-se como aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.

c)     (V   ) Essa lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente

d)    ( F  ) Ao adolescente portador de deficiência não é assegurado trabalho protegido.

 10.    Quanto aos suportes em que são divulgados os estatutos, pode-se afirmar?

a)    Os estatutos são divulgados em blogs particulares, televisão e livros didáticos.

b)    Os estatutos são divulgados por meio de livros didáticos nas unidades escolares.

c)     Os estatutos são divulgados em documentos oficiais, livros da área jurídica e sites de órgãos públicos.

d)    Os estatutos são divulgados em jornais, revistas e sites noticiosos.


 


FOLHETO - GÊNERO TEXTUAL - COM ATIVIDADES GABARITADAS

         FOLHETO


 

Folheto é um meio de divulgação de uma ideia, de uma marca, produto ou serviço, feito em papel. Trata-se de um impresso com poucas folhas, não encadernado, geralmente com teor informativo ou publicitário. Atinge um grande número de pessoas por um valor acessível, apresentando uma ótima relação custo-benefício. É o meio ideal para expressar ideias ou anunciar produtos, serviços e promoções, numa época de grande concorrência e competitividade, mas também de consumidores cada vez mais exigentes e com menos disponibilidade de tempo. Ora, o primeiro passo para uma empresa entrar na concorrência e vender os seus produtos ou serviços é fazer com que as pessoas a conheçam e uma das ferramentas para o comunicar é, precisamente, o folheto.

Um pouco de história…

Os folhetos como meio público de comunicação existem há muito tempo, desde o surgimento da imprensa no século XVI. Na verdade, as primeiras impressões eram breves cartilhas que continham informação limitada sobre diferentes temas. Assim, o termo folheto refere-se, desde longa data, aos objetos impressos que têm por finalidade dar informação ao público. Efetivamente, ele começou a ser utilizado principalmente para fazer publicidade a produtos e serviços (com pessoas a distribui-los nas ruas). Mas o folheto serve também – por exemplo – para divulgar a candidatura de políticos e partidos em época de eleições.

   Características dos folhetos

Levam em conta os interesses do público-alvo do anunciante. Exemplo: os folhetos turísticos são desdobráveis que visam fornecer informações para a parcela da população que pesquisa sobre localidades turísticas e compra de viagens.

São textos leves e envolventes, geralmente acompanhados de imagens apelativas capazes de estimular a decisão por uma determinada viagem.

Incluem ainda imagens, cores vivas, títulos, letras grandes e chamativas, diagramas fáceis de entender, etc.

Não são nem muito grandes nem muito pequenos (formato A3 ou A4) e apresentam dobragens para o leitor poder encontrar mais informação.

Os folhetos variam em nível de design, quantidade de informação, etc, mas têm sempre como objetivo chamar a atenção das pessoas e divulgar alguns conceitos fundamentais dos temas específicos que estão a ser tratados.

Disponível em: https://knoow.net/cienceconempr/marketing/folheto/ Acesso em 27 de abr de 2020. (Adaptado)

 

Veja alguns exemplos:

                     Fig.1                                                                                       Fig. 2

 

           




                                                                           Fig.3

Disponível em: http://www.acontecelazer.com.br/novidades/veja/34 Acesso em 27 de abr de 2020. (Fig.1)

Disponível em <http://www.blog.saude.gov.br/index.php/servico/33018-transplante-ms-lanca-campanha-para-estimular-doacao-de orgaos> Acesso em 27 de abr de 2020. (Fig.2) Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/letramento Acesso em 27 de abr de 2020. (Fig.3)

 

        ATIVIDADE 

      1-     O que você entende por folheto?

           Folheto é um meio de divulgação de uma ideia, de uma marca, produto ou serviço, feito em papel.

2-     Qual o objetivo do folheto?

     O folheto é o meio ideal para expressar ideias ou anunciar produtos, serviços e promoções, numa época de grande concorrência e competitividade, mas também de consumidores cada vez mais exigentes e com menos disponibilidade de tempo.

3-     Quais as características do folheto?

    Geralmente os folhetos são elaborados levando em consideração os interesses do público-alvo do anunciante, embora possam ser distribuídos para um leque vasto de consumidores.

4-     Quando o folheto passou a ser utilizado?

          Passou a ser utilizado desde o surgimento da imprensa no século XVI.

5-     Quais os assuntos dos folhetos:

         

- Figura 1 - Colônia de férias;


- Figura 2 - Incentivo a doação de órgãos;


- Figura 3 - Romeu e Julieta.

 

ATIVIDADE 2

Observe o folheto abaixo e responda as atividades a seguir:

 Disponível em: https://seusfolhetos.com.br/lojas-americanas-ofertas/folheto-119773-0Acesso em 07 de maio de 2020.

 1. Que gênero textual é esse?

       Folheto.

2. Como ele está organizado?

   Está organizado com  imagens, cores vivas, títulos, letras grandes e chamativas, diagramas fáceis de entender, etc.

3. Qual o assunto abordado?

     Dia das Mães.

4. Quem está divulgando essa campanha?

       Lojas Americanas.

5. Qual frase está sendo usada para chamar a atenção do leitor?

       Dia das Mães americanas!

6. Para que serve um texto como esse?

       Para incentivar as pessoas a comprar.

7. Elabore um folheto sobre algum assunto do momento com frases que chamem atenção do leitor.

     Resposta pessoal.