sexta-feira, 24 de julho de 2020

TEXTO: O AUDAZ POETA DOS MUNDOS SUBMERSOS - JACQUES COUSTEAU - COM GABARITO

Texto: O audaz poeta dos mundos submersos

            Jacques Cousteau

 Intuição para negócios e boas relações

   Ele tinha paixão, inteligência, perseverança, ousadia e tino comercial. Além disso, Jacques Yves Cousteau era romântico: “Não sei por que amo o mar. É físico. Quando você mergulha, começa a sentir-se um anjo. É a liberação do peso”, explicou. Com a primeira mulher, Simone (1919-1990), filha de empresário, Cousteau teve dois filhos, que criou meio peixes: Philippe (1940-1979), morto em acidente aéreo, a quem deu emocionado sepulcro no mar. E Jean-Michel (58). Graças ao sogro, Cousteau pôde, em 1943, criar o Aqualung com o engenheiro Emile Gagnan. Era uma válvula que permitia ao mergulhador respirar com um cilindro de ar comprimido às costas. A invenção, simples, abriu a rota para o novo universo. Mais tarde, desenvolveu o propulsor a jato para um homem. Após a Segunda Guerra Mundial, Cousteau recebeu a Legião de Honra: fora espião da Resistência, ao contrário do irmão Pierre, condenado como colaborador dos nazistas. E já filmara debaixo d’água, proeza inédita. Mas a carreira de aventuras e defesa do meio ambiente decolou quando o estúdio de cinema Universal Pictures comprou filmes seus. Cousteau sabia que precisava de patrocinadores. Em 1950, contatou o milionário inglês Loel Guiness para que lhe comprasse um velho caça-minas, que batizou de Calypso. Tornou-o um laboratório de última geração, equipado com a primeira filmadora submarina do mundo, construída para ele pelo Massachusetts Institute of Technology, dos EUA. E, quando precisou de uma base de operações, procurou Rainier e a princesa Grace Kelly de Mônaco. Obteve a chefia do instituto oceanográfico do principado.

          Novas núpcias com namorada oculta

        Cousteau nasceu em 1910 em Saint-André-de-Cubzac, na França, filho de advogado rico. Com 17 anos foi expulso da escola: quebrara dezessete vidraças. Um acidente de carro lesou seus braços; para recuperá-los, nadava. Um dia, pôs óculos contra o sal. “Meus olhos abriram-se para o mar. Às vezes temos a sorte de sentir que nossa vida mudou, de nos abrir à nova vida. Sucedeu comigo”, disse.

        O primeiro documentário, O Mundo do Silêncio, de 1951, com peixes de inigualável colorido, foi no mar Vermelho. O livro vendeu 5 milhões de cópias. O filme levou três Oscar. Em 1968, a série O Mundo Submarino de Jacques Cousteau foi ao ar. Seus oitenta livros, as enciclopédias, os milhões de dólares das TVs americanas, os mais de 600 filmes deram-lhe dinheiro; fundou centros de pesquisa e divulgação marinha e foi muito homenageado. No início dos anos 90, casou-se com Francine Triplet (40). Tiveram a filha Diane (17) e o filho Pierre-Yves (15) enquanto ele ainda era casado com Simone. Aos cuidados dela fica a Equipe Cousteau, em Paris, que substituiu a Fundação Cousteau; e o término do navio Calypso 2, movido a turbo-velas – o Calypso, no qual percorreu o rio Amazonas em 1984, foi abalroado por um barco em Cingapura. O explorador teve críticos severos. Comprou lagostas em mercado e filmou-as como se estivessem no mar Vermelho, maltratou animais para filmá-los, emitiu insanidades do ponto de vista da ciência, era megalomaníaco, comportou-se mal com Simone. Mas sua ação como defensor do meio ambiente e o sonho de aproveitar a força das marés como energia permanecem. “O futuro da civilização depende da água. Imploro a todos, compreendam isso”, reiterou em janeiro.

 Revista Caras, ano IV, n. 27, 4 jul. 1997.

                           Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 154/5.

Entendendo o texto:

01 – O que Jacques Cousteau sentia em relação ao mar? Por quê?

      Cousteau era romântico. Disse não saber por que amava o mar. “É físico. Quando você mergulha, começa a sentir-se um anjo”.

02 – O que fez Jacques Cousteau de mais importante para a humanidade? Justifique.

      Criou o Aqualung, que permitia ao mergulhador respirar no fundo do mar, com um cilindro de ar comprimido às costas.

03 – Comente duas frases de Jacques Cousteau:

a)   “Não sei por que amo o mar. É físico. Quando você mergulha, começa a sentir-se um anjo. É a liberação do peso”.

b)   “O futuro da civilização depende da água. Imploro a todos, compreendam isso”.

Resposta pessoal do aluno.

 


TEXTO: GRAFIA ERA DIFERENTE MESMO! PASQUALE CIPRO NETO - COM GABARITO

Texto: Grafia era diferente mesmo!

            Pasquale Cipro Neto

    Você já leu algum texto escrito há muito, muito tempo, muito tempo, algo como um jornal de 1935?

      Seu avô já lhe disse que no tempo dele a grafia era diferente? Pois acredite, era mesmo!

     As pessoas mais velhas têm uma certa dificuldade para escrever porque na década de 40 houve uma profunda modificação na grafia das palavras da língua portuguesa.

        Adjetivos que indicam nacionalidade, como francês, inglês, eram escritos com z, sem acento: francez, inglez. Isso explica por que até hoje se veem restaurantes que servem "comida" chineza". Chinesa se escreve com s.

        Palavras terminadas em al, como jornal, geral, faziam o plural em aes: jornaes, geraes. Hoje se escrevem com i. (jornais, gerais).

        Era interessante o emprego das consoantes duplas, em palavras como elle, sabbado, annular, occasião, apparelho, etc. As sequências em ct e oç também existiam, em palavras como omnibus, activo, funcção.

        Quer mais? O ph era usado em telephone, physica, pharmacia. O grupo ph tinha o mesmo som do f.

        Usava-se a letra h entre as vogais, em palavras como comprehender, Jundiahy, que hoje se escrevem: compreender, Jundiaí, respectivamente.

        Bahia ficou com o h, para manter a tradição.

        Tenha paciência com o vovô e a vovó. E nada de arrumar desculpas.

        Desde que você nasceu, não houve nenhuma mudança ortográfica.

        Trate de aprender a grafar corretamente as palavras da nossa querida língua portuguesa.


Compare as diferenças:

attenção      -    atenção
machina      -    máquina
francez        -    francês
excellencia  -    excelência
sabbado      -    sábado
alumno        -    aluno
anno            -    ano
prompta       -    pronta.

Pasquale Cipro Neto. Folha de S. Paulo, 13 de set. 1997 (Folhinha).

                              Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 217/8-223.

Entendendo o texto:

01 – Você observou a propaganda do guaraná espumante? Ela traz alguma diferença com relação às dos dias de hoje? Em quê?

      Sim. As propagandas, a cada dia, tornam-se, por vezes, mais coloridas, chamativas e, acima de tudo, massificantes a ponto de o telespectador passar a ser um consumidor assíduo do produto.

02 – Você já teve oportunidade de folhear jornais antigos na biblioteca de sua casa, na da escola ou na de amigos? O que reparou?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Você entendeu por que certas pessoas têm dificuldade na grafia de determinadas palavras? Dê exemplos de acordo com o texto. Procure, no lugar em que você mora, se ainda há nomes de bares, casas de comércio, etc. Com grafia antiga. Pesquise e comente.

      “As pessoas mais velhas têm uma certa dificuldade para escrever porque na década de 40 houve uma profunda modificação na grafia das palavras da língua portuguesa.”

04 – A grafia facilitou sua vida? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

     

 

      


terça-feira, 21 de julho de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): OS MOLEQUE É LISO - MC RODOLFINHO - COM GABARITO

Música(Atividades): Os Moleque É Liso

            Mc Rodolfinho

Paparazzi ta de olho em nós
Boa fase, pré, ao vivo e pós
Tumultuou tudo e de novo passou batido
Ah os moleque é liso
[2x]

A história começou assim
Vi os vida louca contando dindim
Um rapper gringo embrasar no plim plim
Vou escrever uma história pra mim assim
Vou visitar esse shopping, adquirir umas peças da Oakley
Lançar um carro nome Amarok, um tênis Nike de modelo
Shok

Adquirir Calvin Klein, a Tommy, a Lacoste e as nota que vai
E antes que o bronze sai, o ouro e a prata e a benção do
pai
Anota aí, pode escrever, os humilhados sempre vão
vencer
E se você paga pra ver, estou ao vivo aqui pra te dizer

Paparazzi ta de olho em nós
Boa fase, pré, ao vivo e pós
Tumultuou tudo e de novo passou batido
Ah os moleque é liso
[2x]

A história começou assim
Vi os vida louca nadar no dindim
Um rapper gringo embrasar no plim plim
Vou escrever uma história pra mim assim
Vou visitar esse shopping, adquirir umas peças da Oakley
Lançar um carro nome Amarok, um tênis Nike de modelo
Shok


Adquirir Calvin Klein, a Tommy, a Lacoste é as nota que vai
Quando o dj soltar no akai, rebola gatona no colo do pai
Anota aí, pode escrever, onde nós cola faz o fuzuê
E no final eu e você, do baile funk lá pro meu apê

Paparazzi tá de olho em nós
Boa fase, pré, ao vivo e pós
Tumultuou tudo e de novo passou batido
Ah, os moleque é liso
[2x]

Entendendo a canção:

Depois de ouvir a canção, responda:

01 – Há ostentação nessa canção? De quê?

      Ostentação de carros, tênis, roupas e joias.

a)   Qual a marca de carro você reconhece nessa letra? Por que ele menciona essa marca?

Amarok. Porque é um carro caro.

b)   Na canção o que quer dizer “Os mlk é liso?

Os moleque é liso.

c)   Pela linguagem usada na canção:

·        Qual a idade aproximada de quem fala?

Dezesseis ou dezessete anos.

·        De que região do Brasil ele parece ser?

Osasco, zona oeste de São Paulo.

02 – Nesta canção são utilizadas várias gírias e expressões. Escolha três delas e apresente o que elas significam.

      Passou batido – passou sem perceber.

      Vida louca – viver uma vida sem regras, sem limites, cheia de aventuras e perigos.

      Apê – apartamento.

03 – Na canção há uma referência a mulher, marque na letra essa referência e responda:

·        Que tipo de mulher é citado na canção?

Uma mulher bonita, pois ele a chama de “gatona”.

04 – O que é valor para os homens na canção? Todos os homens pensam assim?

      Carro, óculos, Oakley, tênis Nike, roupas Calvin Klein, Tommy, Lacoste, joias (ouro e prata). Não. Não devemos generalizar.

05 – Encontre na canção. “Os mlk é liso” elementos que podemos identificar como sendo “ostentação”.

      Shopping, peças da Oakley, carro Amarok, tênis Nike de modelo Shok, roupas da Calvin Klein, Tommy e Lacoste.

06 – Você conhece outras canções que são funk ostentação? O que é falado nelas?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Pesquise e responda qual o significado de:

a)   Ostentar:

- Mostrar (-se) ou exibir (-se) como aparato, alardear.

- Apresentar (algo) (a outrem) de modo intencionalmente hostil; estampar, pavonear, vangloriar.

b)   Funk ostentação:

É um estilo musical brasileiro, criado no ano de 2008, na cidade de São Paulo. Considerado como uma vertente do funk carioca, o gênero desenvolveu-se primeiramente na Região Metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista, antes de alcançar proporções nacionais a partir de 2011. Os temas centrais abordados nas músicas referem-se ao consumo e a propriamente dita ostentação, onde grande parte dos representantes procura cantar sobre carros, motocicletas, bebidas e outros objetos de valor, além de fazerem frequentemente citações à mulheres e ao modo de como alcançaram um maior poderio de bens materiais exaltando a ambição de sair da favela e conquistar os objetivos.

 


POEMA: BIBLIOTECA VERDE - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: BIBLIOTECA VERDE

              Carlos Drummond de Andrade

– Papai, me compra a Biblioteca Internacional de Obras Célebres.

 São só 24 volumes encadernados em percalina verde.

– Meu filho, é livro demais para uma criança!...

– Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.

– Quando crescer, eu compro. Agora não.

– Papai, me compra agora. É em percalina verde, 

Só 24 volumes. Compra, compra, compra!...

– Fica quieto, menino, eu vou comprar.

 

– Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel.

Me mande urgente sua Biblioteca

bem acondicionada, não quero defeito.

Se vier com um arranhão, recuso. Já sabe:

Quero a devolução de meu dinheiro.

– Está bem, Coronel, ordens são ordens.

 

  

Segue a Biblioteca pelo trem-de-ferro,

 

fino caixote de alumínio e pinho.

Termina o ramal, o burro de carga

vai levando tamanho universo.

 

Chega cheirando a papel novo, mata

de pinheiros toda verde.

 

Sou o mais rico menino destas redondezas.

(Orgulho, não; inveja de mim mesmo)

Ninguém mais aqui possui a coleção das Obras Célebres.

Tenho de ler tudo. Antes de ler,

que bom passar a mão no som da percalina,

 

esse cristal de fluida transparência: verde, verde...

Amanhã começo a ler. Agora não.

Agora quero ver figuras. Todas.

Templo de Tebas, Osíris, Medusa, Apolo nu, Vênus nua...



Nossa Senhora, tem disso nos livros?!...

 

Depressa, as letras. Careço ler tudo.

A mãe se queixa: Não dorme este menino.

O irmão reclama: Apaga a luz, cretino! Espermacete cai na cama, queima a perna, o sono.

Olha que eu tomo e rasgo essa Biblioteca

antes que pegue fogo na casa.

Vai dormir, menino, antes que eu perca a paciência e te dê uma sova.

Dorme, filhinho meu, tão doido, tão fraquinho.

Mas leio, leio... Em filosofias tropeço e caio,

cavalgo de novo meu verde livro,

em cavalarias me perco, medievo;

em contos, poemas me vejo viver.

Como te devoro, verde pastagem!...

Ou antes carruagem de fugir de mim

e me trazer de volta à casa

a qualquer hora num fechar de páginas?

 

Tudo que sei é ela que me ensina.

O que saberei, o que não saberei nunca,

está na Biblioteca em verde murmúrio

de flauta-percalina eternamente.

                               (Carlos Drummond de Andrade)

Entendendo o poema:

01 – No texto deparamo-nos com um leitor que “devora” os livros que lê. Mas se a biblioteca é para esse eu lírico um manancial de saber, por outro lado, decifrar o que nela está escrito não assegura a seu leitor um conhecimento de tudo o que ela traduz. A leitura não está unicamente inscrita no texto, pois ela depende da capacidade do leitor de atribuir sentidos ao que lê. O(s) verso(s) que melhor traduz(em) esta afirmação é(são):

a)   “– Meu filho, é livro demais para uma criança! ... / – Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.”.

b)   “... Antes de ler, / que bom passar a mão no som da percalina, / esse cristal...”.

c)   “Tudo que sei é ela que me ensina. / O que saberei, o que não saberei nunca, / está na Biblioteca em verde murmúrio”.

d)   “Amanhã começo a ler. / Agora não”.

02 – A expressão que se refere à Biblioteca Verde no plano denotativo é:

a)   “Mata / de pinheiros toda verde”.

b)   “Coleção / de Obras Célebres”.

c)   “Cristal / de fluida transparência”.

d)   “Verde pastagem”.

e)   “Carruagem / de fugir de mim”.

03 – O recurso gramatical utilizado pelo autor para reproduzir um diálogo pode ser demonstrado através:

a)   Do emprego de verbos irregulares.

b)   Das construções com uso de vocativos.

c)   Da predominância de orações coordenadas.

d)   Do emprego de verbos no modo imperativo.

e)   Do uso do pronome oblíquo na primeira pessoa do singular.

04 – Que crítica o poeta faz?

      Critica a leitura que o mandaram fazer na escola.

05 – Por que o menino estava motivado a ler a coleção de livros?

      Porque era relato de aventuras pelo narrador viajante, o que despertava o interesse do menino leitor.

 

 

 


POEMA: A AUSENTE - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

Poema: A AUSENTE

             Vinícius de Moraes

Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à ideia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranquilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...

Vinícius de Moraes

Entendendo o poema:

01 – No poema, o eu lírico:

a)   Queixa-se de um amor não correspondido.

b)   Demonstra sentimento de possessividade amorosa.

c)   Assemelha-se à “amiga”, como um espelho e sua imagem.

d)   Invoca a mulher pra compartilhar de seus apelos sensuais.

e)   Vê a figura feminina sob uma perspectiva dualista: angelical e sensual.

02 – Sobre o poema, é correto afirmar:

a)   O amor físico revela-se isento de sofrimento.

b)   A realidade focalizada é vista de uma forma objetiva.

c)   A mulher, na visão do eu lírico, aparece envolta em sensualidade e erotismo.

d)   A voz poético não encontra eco no coração do ser desejado.

e)   O sujeito poético – com a lembrança do mar – reprime a intensidade de seu desejo.

03 – Do ponto de vista estético, trata-se de um texto modernista porque:

a)   Apresenta uma linguagem aproximada a da prosa, livre de rima e de métrica.

b)   Adota uma atitude combativa a valores considerados falsos.

c)   Tenta conciliar o presente com o passado.

d)   Busca a originalidade a qualquer preço.

e)   Valoriza fatos e coisas do cotidiano.

 


POEMA: NAMORADOS - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

Poema: Namorados

                Manuel Bandeira

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
-A gente fica olhando...

A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
-Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

Manuel Bandeira

Entendendo o poema:

01 – Analise as afirmativas a seguir e depois assinale a opção correta.

I – Lançando mão de um procedimento moderno, o poeta torna tênue o limite entre prosa e poesia.

II – A métrica rígida do poema é um procedimento comum do estilo de época ao qual se filia o texto.

III – O título do poema encerra uma ironia, pois não há no texto o lirismo que caracteriza as composições poéticas românticas.

a)   I e III são corretas.

b)   Somente III é correta.

c)   II e III são corretas.

d)   Somente I é correta.

e)   I e II são corretas.

02 – A pergunta feita pelo rapaz provocou na moça:

a)   A constatação da fugacidade do tempo.

b)   A lembrança de um certo namorado de infância.

c)   Um brilho amargo e saudoso no olhar de menina.

d)   Um retorno ao comportamento infantil diante do inusitado.

e)   A descoberta da efemeridade dos namoros da sua infância.

03 – Em relação ao poema de Manuel Bandeira, analise as afirmativas sobre o ato comunicativo.

I – Percebe-se no poema, a presença da comunicação unilateral, porque em nenhum momento emissor e receptor trocam de papel.

II – O texto não apresenta sentido algum, apenas traz passagens da infância de personagens.

III – Predominância da utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.

É correto o que se afirma apenas em:

a)   I.

b)   II.

c)   III.

d)   I e II.

e)   I e III.

04 – Verifica-se a ocorrência de personificação no seguinte verso:

a)   “A moça olhou de lado e esperou”.

b)   A menina brincou de novo nos olhos dela”.

c)   “—Antônia, você é engraçada! Você parece louca”.

d)   “A moça arregalou os olhos, fez exclamações”.

e)   “—Antônia, você parece uma lagarta listrada”.

05 – No poema, destaca-se como característica da poesia modernista.

a)   A reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.

b)   A utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.

c)   A criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.

d)   A escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.

e)   O recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo.

06 – O poema não apresenta rimas nem estrofes, sendo considerado também como conto poético. Podemos classificá-lo, então, como:

a)   Poema narrativo.

b)   Poema descritivo.

c)   Poema dissertativo.

07 – O texto não diz a idade das personagens, por isso podemos levantar hipóteses. Que palavras nos permite imaginar a idade do casal?

      Rapaz, moça. Ele dezessete anos e ela quinze anos.

08 – O que o rapaz quis dizer com “ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara”?

      Porque ela era uma adolescente, fase de muitas mudanças no corpo, e provavelmente eles se conheciam desde criança.

09 – Ao comparar Antônia a uma lagarta listrada, a moça arregalou os olhos, fez exclamações. Por quê?

      Porque é uma lagarta rara, muito bela, e aparece durante o verão e a primavera.

10 – Quais teriam sido as exclamações feitas por Antônia?

      Quando ele disse que não se acostumava com seu corpo, com sua cara e depois quando disse que ela parecia uma lagarta listrada.

11 – Sobre o poema, considere as seguintes afirmativas:

I – No poema “Namorados”, a poesia de Manuel Bandeira flerta com o prosa. Percebe-se um caráter narrativo, que permite a presença de mais de uma vez.

II – Embora o poema “Namorados” apresenta um assunto comum à tradição da poesia – a relação e a declaração amorosas –, o tratamento dado a ele pelo poeta é surpreendentemente simples, até cômico, em registro oralizante, um exemplo do que fez a crítica chama-lo de “poeta do cotidiano”.

III – A estranheza gerada pela comparação da moça a lagarta listrada é a chave da declaração do namorado, que pode ser lida ambiguamente: como uma mera estranheza e, portanto, uma imperfeição que combina com o verso que a descreve como louca; ou como uma estranheza atraente, sendo a loucura meramente uma forma moderna de expressar o “diferente”.

IV – Um dos aspectos interessantes da obra de Manuel Bandeira é a nítida passagem que se faz do simbolismo ao modernismo nos seus primeiros livros. Além de refletir a nossa própria história literária, esse processo de mudança também revela como a obra do autor se modificou sem perder muitas de suas características iniciais, mantendo-se sempre ligada a algumas formas da tradição, misturando, por exemplo, o verso livre de alguns poemas às formas fixas de outros.

Assinale a alternativa correta:

a)   São verdadeiras apenas as afirmativas I, II e IV.

b)   São verdadeiras apenas as afirmativas III e IV.

c)   São verdadeiras apenas as afirmativas I, III e IV.

d)   São verdadeiras apenas as afirmativas I, II e III.

e)   São verdadeiras as afirmativas I, II, III e IV.

 

 


POEMA: LEITO DE FOLHAS VERDES - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

Poema: LEITO DE FOLHAS VERDES 

     Gonçalves Dias

Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.

Eu, sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.

Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.

Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!

A flor que desabrocha ao romper d`alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.

Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
Vai seguindo após ti meu pensamento;
Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!

Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertaram

Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma;
Também meu coração, como estas flores,
Melhor perfume ao pé da noite exala!

Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
À voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
A brisa da manhã sacuda as folhas!

Publicado no livro Últimos Cantos (1851). Poema integrante da série Poesias Americanas.

In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.1

Entendendo o poema:

01 – Pode-se afirmar sobre o poema:

a)   O verso 24 faz referência ao eu lírico; o verso 20, à pessoa amada; o verso 27, ao rival de Jatir.

b)   É registrada a passagem do tempo na natureza: desde a noite até a manhã seguinte.

c)   O poema é todo escrito em versos brancos e pode ser classificado como poesia simbolista.

d)   O eu lírico é masculino e espera a sua amada, que não chega.

e)   A natureza, no poema, não desempenha nenhuma função específica.

02 – Assinale a alternativa correta com relação ao texto:

a)   Principalmente pela manifestação de elementos simbólicos, tais como “luar”, “vales”, “bosque” e “perfumes”, pode-se dizer que o poema muito se aproxima da estética simbolista.

b)   O poema romântico indianista recupera as antigas cantigas de amigos medievais, para expressar o amor por meio da espera.

c)   O poema de Gonçalves Dias demonstra profunda influência renascentista, recebida principalmente de Camões.

d)   Apesar da intensa presença da natureza, o poema em questão já se aproxima do parnasianismo, pela presença dos elementos mitológicos.

e)   Mesmo sendo romântico, notam-se ainda no poema, os aspectos marcantes do Arcadismo, principalmente no que diz respeito ao bucolismo.

03 – Que tema é abordado neste poema?

      É uma lírica amorosa, marcada pela impossibilidade da realização amorosa.

04 – Que elementos mais caros à tradição romântica temos nesse poema?

      O sentimentalismo, a idealização amorosa, a idealização da figura feminina, a natureza expressiva, o medievalismo e o nacionalismo.

05 – Em que estrofe o eu lírico feminino anseia pela volta de seu amado e questiona o porquê de sua demora?

      Na primeira estrofe.

06 – O que acontece na última estrofe?

      Temos a desilusão do eu lírico. Com a chegada da manhã, a esperança e a expectativa dão lugar à decepção e a tristeza.