quinta-feira, 4 de junho de 2020

TEXTO: A INTERAÇÃO VIRTUAL - MAURÍCIO ARAÚJO - COM GABARITO

Texto: A INTERAÇÃO VIRTUAL
          
  Maurício Araújo

   Dos meios de comunicação criados pelo homem foi a internet que revolucionou o planeta. Ela já é considerada um direito fundamental de todas as pessoas. A invenção da internet obrigou os países a modernizarem suas leis e serviços. Ela é capaz de oportunizar a qualquer pessoa condições de identificar seus interesses, divulgar suas ideias e aproximar os relacionamentos mais distantes.
        As redes sociais são exemplos de como a interação entre as pessoas se revolucionou nestes últimos anos. A expansão dela aos locais mais longínquos do planeta aproximou a humanidade e unificou o compartilhamento de ideias.
        Uma prova dessa revolução foi a eleição para presidente em 2018 no Brasil. A propagação das campanhas dos políticos pela internet quebrou o monopólio da televisão brasileira e fez milhares de pessoas se unirem em prol das ideias defendidas. O compartilhamento de vídeos, de textos, de áudio ou de imagens possibilitou o confronto dos candidatos também no campo virtual. O resultado mostrou que o vencedor das eleições não foi aquele que tinha mais tempo de televisão, mais dinheiro ou que mais andou pelas ruas do Brasil, mas sim, venceu aquele que fez da internet uma nova ferramenta de contato com o eleitor.
        Ela também afetou os comportamentos da humanidade. Não existem barreiras e nem grades para o crescimento e alargamento das trocas de informações, dados e pesquisas. Com o advento da internet, hoje podemos ler, estudar, realizar compras, compartilhar e buscar experiências no conforto da nossa casa. A vida mudou e mudou para melhor.
        Há dez anos, os computadores ainda estavam restritos aos grandes laboratórios ou em domicílios de pessoas com alto poder aquisitivo, agora isso mudou. Hoje, os computadores estão na palma da mão de bilhões de pessoas espalhadas pelo planeta através do celular. Os aplicativos e jogos revolucionaram o modo de viver da humanidade. As informações são compartilhadas e absorvidas instantaneamente. O mundo virtual veio para fazer parte da vida dos seres humanos para sempre, o mundo jamais será o mesmo depois que grandes nomes da informática resolveram colocar em prática suas teorias e suas descobertas. A população é grata, embora não saiba a quem agradecer pelo avanço.
        Entretanto, ao viver no mundo interligado pela tecnologia, esquecemos que muita gente ainda não está conectada. Apesar do avanço nestes últimos dez anos, são milhões de pessoas que ainda não têm acesso às páginas da web.
        Portanto o governo precisa ampliar e baratear o acesso à internet, facilitar a expansão de redes móveis e de banda larga para que mais pessoas possam conhecer as ferramentas maravilhosas da rede mundial de computadores. Enquanto ela não chega a todos, a escola pode ser um espaço de interação e contato com o mundo digital. Os laboratórios, às vezes quebrados, precisam ser restaurados e abertos a todos aqueles que podem ensinar e aprender.
                   Fonte: tudosaladeaula.blogspot.com. Francisco Maurício Araújo Dez. 2018 / São Gonçalo do Amarante, Ceará.
Entendendo o texto:

01 – O texto é:
a)   Um artigo de opinião, pois o autor narra um fato do cotidiano.
b)   Um artigo de opinião, pois o autor defende um ponto de vista.
c)   Uma notícia, pois apresenta características expositivas e injuntivas.
d)   Uma reportagem, pois o autor busca apresentar informações e entrevistas.

02 – A discussão no texto é desencadeada a partir:
a)   Da necessidade de todos terem computador.
b)   Dos problemas causados pelo uso excessivo da internet.
c)   Do avanço do celular.
d)   Da revolução da internet no mundo.

03 – O trecho que contém o assunto principal do texto é:
a)   “Ela também afetou os comportamentos da humanidade.”
b)   “As redes sociais são exemplos de como a interação entre as pessoas se revolucionou nestes últimos anos.”
c)   “Dos meios de comunicação criados pelo homem foi a internet que revolucionou o planeta.”
d)   “Não existem barreiras e nem grades para o crescimento e alargamento das trocas de informações...”

04 – Segundo o texto:
a)   A internet ainda não chegou aos lugares mais afastados dos centros urbanos.
b)   A internet fortalece a amizade e o carinho entre as pessoas.
c)   A televisão foi deixada de lado devido à internet.
d)   Muita gente ainda não está conectada à internet.

05 – Há uma opinião em:
a)   “...e unificou o compartilhamento de ideias.”
b)   “A vida mudou e mudou para melhor.”
c)   “Hoje, os computadores estão na palma da mão de bilhões de pessoas...”.
d)   “O mundo virtual veio para fazer parte da vida dos seres humanos...”.

06 – No trecho: “A expansão dela aos locais mais longínquos do planeta...”, a palavra em destaque se refere a:
a)   Expansão.
b)   Redes sociais.
c)   Internet.
d)   Interação.

07 – A quebra do monopólio da televisão brasileira foi:
a)   Uma consequência do avanço da internet.
b)   Uma causa que desencadeou o uso da internet.
c)   Uma concessão advinda do avanço das tecnologias.
d)   Uma conformidade do avanço das redes de computadores.

08 – O que favoreceu a eleição de um candidato exemplificado no texto foi:
a)   O monopólio da televisão.
b)   O contato pessoal com os eleitores.
c)   O investimento em campanhas publicitárias.
d)   O uso das tecnologias virtuais.

09 – Releia: “Com o advento da internet, hoje podemos ler, estudar, realizar compras, compartilhar e buscar experiências no conforto da nossa casa.” O autor fez uso das expressões grifadas para:
a)   Confirmar.
b)   Concluir.
c)   Exemplificar.
d)   Ratificar.

10 – No trecho: “... os computadores ainda estavam restritos aos grandes laboratórios ou em domicílios de pessoas com alto poder aquisitivo...”, a palavra em destaque estabelece ideia de:
a)   Explicação.
b)   Alternância.
c)   Conclusão.
d)   Consequência.

11 – “Os computadores ainda estavam restritos aos grandes laboratórios ou em domicílios de pessoas com alto poder aquisitivo...”. Infere-se neste trecho que:
a)   Somente pessoas ricas podiam possuir um computador.
b)   Em todas as casas com laboratórios havia computadores.
c)   Todos os laboratórios possuem computadores.
d)   Eram restritos computadores aos pobres.

12 – Assinale o item em que há um trecho que estabelece ideia de temporalidade:
a)   “... esquecemos que muita gente ainda não está conectada.”
b)   “... os computadores estão na palma da mão de bilhões de pessoas espalhadas pelo planeta...”.
c)   “... são milhões de pessoas que ainda não têm acesso às páginas da web...”.
d)   “Enquanto ela não chega a todos, a escola pode ser um espaço de interação e contato com o mundo digital.”

13 – No trecho: “Entretanto, ao viver no mundo interligado pela tecnologia...”, a palavra em destaque introduz:
a)   Uma oposição.
b)   Uma adição.
c)   Uma conclusão.
d)   Uma explicação.

14 – No trecho: “O mundo virtual veio para fazer parte da vida dos seres humanos para sempre...” a expressão grifada introduz:
a)   Uma consequência.
b)   Uma causa.
c)   Uma finalidade.
d)   Uma concessão.

15 – Uma das soluções apresentadas pelo autor para o problema apresentado é:
a)   A restauração das escolas públicas.
b)   O barateamento das redes móveis.
c)   A facilitação de créditos para a compra de computadores.
d)   A ampliação do uso da internet.





TEXTO: FANTASMAS CHATEADOS - ROGÉRIO BORGES - COM GABARITO


Texto: Fantasmas chateados
           Rogério Borges

   Ela entrou. Subiu as escadas, curiosa para saber de onde vinha aquele gemido. Camila ficou gelada quando ouviu “UUUUUUU”, que saia do velho quarto. Olhando lá dentro, não acreditou: dois fantasmas conversavam, queixando-se assim: “UUUUUU”.
        Eles não viram Camila e, muito tristes, contavam caso:
        -- Que solidão! Como é chato ser fantasma. Ninguém liga mais, ninguém toma susto ...
        -- É mesmo! Fantasma é coisa de antigamente. Que falta de respeito!
        Camila, sem folego, ouvia aquele papo fantasmagórico:
        -- O terror virou moda. O pessoal adora filmes de espanto!
        -- Pois é! Usam esses penteados punks, pinturas na cara, roupas dark e ouvem rock---horror! Até novela de vampiro já fizeram! Assim não temos mais chance!
        -- Ontem fui assombrar a vizinha e levei a maior bronca: “Luizinho, não suje o lençol!”
        -- Pô meu, e eu, lá no escuro do cinema, querendo pregar susto. Pensaram que eu fosse anuncio de filme de ficção!
        -- UUUUUUUUU!! Que humilhação! Vamos para o cemitério curtir as mágoas numa cova funda.
        Camila desceu a escada. Foi para casa de cabelo em pé. Não conseguiu dormir. Que medão! Mas também que pena! Até assombração merecia ser feliz. De repente teve uma ideia. O parque de diversões ficava tão perto do casarão ... e então ...
        Na outra noite, Camila voltou e gritou bem alto:
        -- Seu fantasma bobão! Cara de melão! Não me pega não!
        Lá de cima veio um “UUUUUUU” muito ofendido. A menininha correu em direção ao parque. Atrás dela vinham os fantasmas.
        -- Para menina atrevida! Vou lhe dar um sermão sobrenatural! Um pito paranormal!
        Camila entrou voando no parque e os fantasmas vieram atrás. Ela saiu pela frente, mas eles não. Foi por ali mesmo que quiseram ficar. A menina havia levado seus “amigos solitários” para a Casa do Terror do parquinho. Num lugar cheio de pessoas que se divertiam com sustos, podiam esbanjar seus dons fantasmagóricos. As pessoas riam com os sustos de brincadeira e Camila pensava:
        - Se eles soubessem que aqui tem fantasmas de verdade ....
Rogério Borges

Entendendo o texto:

01 – Quem são os personagens da história?
      Camila e os fantasmas.

02 – Qual o assunto do texto?
      Vida de fantasmas na atualidade.

03 – Por que a Camila não conseguia acreditar que havia fantasmas no quarto?
      Porque quando ouviu um gemido que saia do velho quarto e entrou lá para ver os fantasmas.

04 – Por que razão os fantasmas estavam tão tristes?
      Porque não conseguiam assustar mais ninguém.

05 – Para eles, o que indicava que as pessoas já não tinham mais medo de fantasmas?
      O terror tinha virado moda.

06 – Qual a solução encontrada por eles para curtir a tristeza?
      Ir para o cemitério curtir as mágoas numa cova funda.

07 – De que maneira Camila voltou para casa?
      Voltou para casa de cabelo em pé.

08 – Qual a solução encontrada por ela para acabar com a tristeza dos “amigos”?
      Ir até o quarto, chamá-los de bobão, e eles saírem correndo atrás dela até o parquinho e lá deixá-los na Casa do Terror para assustar de verdade as pessoas.

09 – Ao dizer para Camila que ia lhe fazer um sermão “sobrenatural” o fantasma quis dizer que o sermão seria.
(   ) Muito violento.
(X) De outro mundo.
(   ) Muito amigável.

10 – A atitude de Camila ao ajudar o fantasma foi de:
(X) Solidariedade.
(   ) Medo.
(   ) Irritação.

11 – Procure no texto os adjetivos que se referem aos substantivos abaixo:
·        Quarto: velho.
·        Papo: fantasmagórico.
·        Penteados: punks.
·        Roupas: dark.
·        Amigos: solitários.
·        Casa do: terror.
·        Cova: funda.
·        Parque de: diversões.
·        Fantasmas de: verdade.

12 – Reescreva o primeiro parágrafos do texto como se você fosse Camila, narrando tudo na 1ª pessoa.
      Resposta pessoal do aluno.


sábado, 30 de maio de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): É NOITE DE SÃO JOÃO - ELIANA - COM GABARITO

Música(Atividades): É Noite de São João

                                                          Eliana

Tem, tem, tem pipoca
Tem
Tem animação
Tem pé-de-moleque,
Paçoquinha, pinhão
É noite de São João

A fogueira tá queimando
Vamos pular e dançar
Quando a sanfona tocar
Quero ver cada um
Pegando seu par

Toca, toca sanfoneiro
Toca, toca sem parar
O "arraiá" tá enfeitado
Minha gente vamos lá

Toca, toca sanfoneiro
Toca, toca sem parar
Não quero ninguém parado
Balanceio, vamos lá.

Entendendo a canção:

01 – Qual é o tema abordado na canção?
      Festa junina.

02 – O que tem na noite de São João, segundo a canção?
      Tem pipoca, pé-de-moleque, paçoquinha, pinhão, fogueira e sanfoneiro.

03 – Na canção fala que o “arraia” tá enfeitado. Que lugar é este?
      O local onde acontecerá a festa de São João.

04 – Você sabe de que se enfeita um “arraia”?
      Bandeirinhas, chita, balões de papel, chapéu de palha, luminária de tecido, lanternas de papel, etc.

05 – Copie da canção:
a)   Três substantivos comuns.
Pipoca, pé-de-moleque, paçoquinha.

b)   Um substantivo próprio.
São João.

06 – Na segunda estrofe há três verbos no infinitivo. Copie-os.
      Pular / dançar / tocar.

07 – Numa festa junina, do que você mais gosta?
      Resposta pessoal do aluno.


CONTO: O HOMEM QUE ENXERGAVA A MORTE - RICARDO AZEVEDO - COM GABARITO

Conto: O homem que enxergava a morte  
                                                        
  Ricardo Azevedo

        Era um homem pobre. Morava num casebre com a mulher e seis filhos pequenos. Vivia triste e inconformado pela miséria em que vivia.
        Um dia, sua esposa engravidou de novo. Assim que o sétimo filho nasceu, o homem disse à mulher:
        — Vou ver se acho alguém que queira ser padrinho de nosso filho.
        Temia que ninguém quisesse ser padrinho da criança, arranjar padrinho para o sexto filho já tinha sido difícil. Quem ia querer ser compadre de um pé-rapado como ele?
        E lá se foi o homem andando e pensando e quanto mais pensava mais inconformado e triste ficava.
        Mas no tempo, ninguém consegue colocar rédeas.
        O dia passou, o sol caiu na boca da noite e o homem ainda não tinha encontrado ninguém que aceitasse ser padrinho de seu filho.
        Desanimado, voltava para casa, quando deu uma grande ventania… que levantou poeira em seus olhos e surgiu uma figura curva, vestindo uma capa escura, apoiada numa bengala de osso. Com voz baixa ela ofereceu-se:
        — Se quiser, posso ser madrinha de seu filho.
        — Quem é você? perguntou o homem.
        A figura respondeu: -- Sou a Morte.
        O homem não pensou duas vezes:
        -- Aceito. Você sempre foi justa e honesta, pois leva para o cemitério todas as pessoas, sejam elas ricas ou pobres. Sim, quero que seja minha comadre, madrinha de meu sétimo filho!
        E assim foi. No dia combinado a Morte apareceu com sua capa escura e sua bengala de osso. O batismo foi realizado com muita festa e comida farta oferecida pela madrinha. Após a cerimônia, a Morte chamou o homem de lado.
        -- Fiquei muito feliz com seu convite. Já estou acostumada a ser maltratada. Em todos os lugares por onde ando as pessoas fogem de mim, falam mal, xingam … Essa gente não entende que não faço mais do que cumprir minha obrigação. Já imaginou se ninguém mais morresse no mundo? Não ia sobrar lugar para as crianças que iam nascer!  Você é a primeira pessoa que me trata com gentileza e compreensão.
        E disse mais:
        — Quero retribuir tanta consideração. Pretendo ser uma ótima madrinha para seu filho. E por isso vou transformá-lo numa pessoa rica, famosa e poderosa. Só assim, você poderá criar, proteger e cuidar de meu afilhado.  A partir de hoje você será um médico.
        — Médico? Eu? — perguntou o sujeito, espantado. — Mas eu de medicina não entendo nada!
        — Preste atenção — disse ela. Volte para casa e coloque uma placa dizendo-se médico. De hoje em diante, caso seja chamado para examinar algum doente, somente você poderá me enxergar. Se eu estiver na cabeceira da cama, isso será sinal de que a pessoa ficará boa, se me enxergar no pé da cama o doente logo, logo vai esticar as canelas.
        E nesse instante soprou um vento gelado, e a morte disse:— Daqui pra frente — você vai ter o dom de conseguir enxergar a Morte cumprindo sua missão. O homem pegou prego e martelo escreveu MÉDICO numa tabuleta e a pregou bem na frente de sua casa. Logo   apareceram as primeiras pessoas adoentadas.
        O tempo passava correndo feito um rio que ninguém vê.
        Enquanto isso, sua fama de médico começou a crescer, pois ele não errava uma. O doente podia estar muito mal e já desenganado. Se ele dizia que ia viver, dali a pouco o doente estava curado. Em outros casos, às vezes a pessoa nem parecia muito enferma, mas se o médico disse-se que não tinha jeito, não demorava muito e a pessoa batia as botas.
        A fama do homem pobre que virou médico correu mundo. E com a fama veio a fortuna. Como muitas pessoas curadas costumavam pagar bem, o sujeito acabou ficando rico.
        Mas o tempo é um trem que não sabe parar na estação.
        O sétimo filho do homem, o afilhado da Morte, cresceu e tornou-se adulto.
        Certa noite, bateram na porta da casa do médico. Quando o médico abriu soprou uma forte ventania e apareceu uma figura curva, vestindo uma capa escura, apoiada numa bengala de osso, que falou em voz baixa:
        — Caro compadre, tenho uma notícia triste: sua hora chegou. Seu filho já é homem feito. Estou aqui para levar você. O médico deu um pulo da cadeira. — Mas como! Fui pobre e sofri muito, agora tenho profissão, ajudo as pessoas, tenho riqueza e fartura, você aparece pra me levar! Isso não é justo!  O médico não se conformava. E argumentou, e pediu, e suplicou tanto que a Morte resolveu conceder mais um pouquinho de tempo.
        — Só porque somos compadres, só por ser madrinha de seu filho, vou lhe dar mais um ano de vida — disse isto e sumiu numa ventania.
        O velho médico continuou trabalhando. Um dia, recebeu um chamado urgente. Uma moça estava gravemente enferma. Ele pegou a maleta e saiu correndo. Assim que entrou no quarto da menina enxergou, parada ao pé da cama, a figura sombria e invisível da Morte, pronta para dar o bote.
        O médico examinou a moça, ela era tão bonita e delicada, que ele sentiu pena. Uma pessoa tão jovem, com uma vida inteira pela frente, não podia morrer assim sem mais nem menos. Então ele pensou e tomou uma decisão. “Já estou velho, não tenho nada a perder. Pela primeira vez na vida vou ter que desafiar minha comadre.”
        E rápido, de surpresa, antes que a Morte pudesse fazer qualquer coisa, deu um jeito de virar o corpo da menina na cama, e a cabeça ficou no lugar dos pés e os pés foram parar do lado da cabeceira. Fez isso e berrou:
        — Tenho certeza! Ela vai viver!
        A linda menina abriu os olhos e sorriu como se tivesse acordado de um sonho ruim.
        A Morte soltou um uivo e foi embora contrariada, e no dia seguinte apareceu na casa do médico num pé de vento.
        — Que história é essa? Ontem você me enganou!
        — Mas ela ainda era uma criança!
        --- E daí? Você contrariou o destino. Agora vai pagar caro. Vou levar você no lugar dela!
        O médico tentou negociar. Disse que queria viver mais um pouco.
        A Morte balançou a cabeça e disse: — Quero te mostrar uma coisa?
        E, num passe de mágica, transportou o médico para um lugar desconhecido e estranho. Era um salão imenso, cheio de velas acesas, de todas as qualidades, tipos e tamanhos.
        — O que é isso? — quis saber o velho.
        — Cada vela dessas corresponde à vida de uma pessoa.  As velas grandes, bem acesas, cheias de luz, são vidas que ainda vão durar muito. As pequenas são vidas que já estão chegando ao fim. Olhe a sua. E mostrou um toquinho de vela, com a chama trêmula, quase apagando.
        — Mas então minha vida está por um fio! Quer dizer que não me resta nenhuma esperança?
        A Morte fez “sim” com a cabeça. Em seguida, noutro passe de mágica transportou o médico de volta para casa.
        — Tenho um último pedido, antes de morrer, gostaria de rezar o pai nosso.
        A Morte concordou. Mas o velho médico não ficou satisfeito.
        — Quero que me prometa uma coisa. Jure de pé junto que só vai me levar embora depois que eu terminar a oração.
        A Morte jurou e o homem começou a rezar:
        — Pai-Nosso que…
        Começou, parou e gargalhou.
        — Vamos lá, compadre. Termine logo com isso que eu tenho mais o que fazer.
        — Coisa nenhuma!  Você jurou que só me levava quando eu terminasse de rezar. Pois bem, pretendo levar anos para acabar minha reza…
        Ao perceber que tinha sido enganada mais uma vez, a Morte rodopiou no vento e foi embora, mas antes fez uma ameaça:
        — Deixa que eu pego você!
Dizem que aquele homem ainda durou muitos e muitos anos.
        Mas, um dia, andando a cavalo por uma estrada, deu com um corpo caído. O velho médico bem que tentou, mas não havia nada a fazer.
        — Que tristeza! Morrer assim sozinho no meio do caminho!
        Antes de enterrar o infeliz, o bom homem tirou o chapéu e rezou o Pai-Nosso.
        Mal acabou de dizer amém, levantou uma grande ventania e o morto abriu os olhos e sorriu.
        Era a Morte fingindo-se de morto.
        — Agora você não me escapa!
        Naquele exato instante, uma vela pequena, num lugar desconhecido e estranho, estremeceu e ficou sem luz.
Ricardo Azevedo.
Entendendo o conto:

01 – Em relação ao espaço e ao tempo da narrativa em qualquer conto de assombração é possível saber quando e onde a história narrada acontece?
      A história se passa num casebre e o tempo é indeterminado.

02 – Neste conto a personagem principal tenta enganar a morte para continuar vivendo por mais tempo. Como o homem consegue enganá-la? Explique.
      Na primeira vez que ela veio busca-lo, ele pediu mais um ano de vida.
      Depois pediu para a morte espera-lo a rezar um Pai-Nosso e não terminava nunca, assim a morte desistiu de novo.

03 – Com base na leitura do texto, assinale as alternativas verdadeiras (V) ou falsas (F) que interpretam de forma adequada as informações presentes no conto.
(V) Ocorre o pacto entre a morte e o humilde homem.
(V) O sucesso profissional do homem que enxergava a morte percorre o mundo.
(V) São apresentadas informações sobre a vida do homem e de como era a sua família.
(F) Quando nasce o oitavo filho do homem, ele resolve escolher a morte como madrinha da criança.
(V) Uma figura curva, vestindo uma capa escura, apoiada numa bengala feita de osso, foi buscar o homem para leva-lo com ela.
(F) A morte dá instruções ao homem sobre como atuar na profissão de advogado.
(F) O encontro do homem com a morte foi interrompido pela mulher do homem.

04 – Mesmo tratando de um tema tão arrepiante como é a morte, Ricardo Azevedo consegue ser engraçado. Por que podemos dizer que há humor no conto? Explique.
      O humor está quando o homem engana a morte, várias vezes.

05 – O que você achou mais interessante a respeito dos contos de assombração?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Sobre o gênero textual “Contos de assombração”, marque com um X somente nas alternativas corretivas.
(X) As personagens, normalmente são fantasmas, monstros, caveiras e outros seres assombrosos.
(   ) Os contos de assombração são histórias verdadeiras.
(   ) O narrador participa da história.
(   ) O texto apresenta uma moral que fica no final da história.
(X) O tempo em que se passa a história é indeterminado.
(X) Vários contos de assombração possuem características próprias de uma região e geralmente são histórias contadas por pessoas mais velhas.