domingo, 4 de junho de 2017

SONETO DE FIDELIDADE - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO


SONETO DE FIDELIDADE
                    Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vive-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto



E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

                 MORAES, Vinícius de. Soneto de fidelidade. In: Antologia poética.
                                                   4. ed. Rio de Janeiro. Ed. do Autor 1967. p. 96.

Entendendo o poema

01 – Nesse consagrado poema, qual o sentimento evidenciado?
      O sentimento evidenciado no poema é o amor intenso a ser compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza, e por isso, fiel.

02 – Na 2ª estrofe, o eu lírico afirma que vai dedicar-se à pessoa amada nos mais diferentes momentos da vida. Quais são esses momentos?
      Os momentos tristes, alegres e comuns da vida.

03 – O que representa uma chama? Como podemos associar essa palavra ao amor para compreendermos, o verso “que não seja imortal, posto que é chama”?
      O amor é como uma chama quente, ilumina, pode queimar, mas apaga, termina.

04 – O que você entende por “Mas que seja infinito enquanto dure”?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Relacionando o conteúdo do poema com a realidade atual, você acha que é possível alguém ser tão fiel a outrem como nos coloca o poeta? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Interprete esses dois versos: Por que, de acordo com o texto, a morte é a angústia de quem vive, e a solidão é o fim de quem ama?
      Sugestão: Quem vive teme a morte. A solidão é o fim de quem ama, pois a vida só faz sentido quando se ama.

07 – O poema se intitula “Soneto de Fidelidade”. Qual ou quais dos itens seguintes traduzem melhor o conceito de fidelidade e de amor no texto?
a)   Fidelidade é entrega total à pessoa amada e renúncia a outras possibilidades amorosas.
b)   Fidelidade é uma exclusividade amorosa que deve durar para sempre.
c)   O amor não é eterno, mas, enquanto dura, deve-se ser fiel a ele de forma intensa e qualitativamente infinita.
d)   Só há fidelidade no amor quando ele é infinitamente duradouro, embora ele possa um dia acabar.


08– O que é um soneto?
       É um poema constituído por dois quartetos e dois tercetos.

09 – Além da função poética, que outra função da linguagem aparece com evidência no texto lido? Justifique sua resposta transcrevendo um verso do poema.
       Função emotiva. “Eu possa me dizer do amor (que tive) ...”, entre outros.

10 – Na primeira estrofe, o que se propõe o eu lírico?
       Propõe-se ser atento e zeloso.

11– O zelo do eu lírico desdobra-se, na segunda estrofe, em quatro comportamentos específicos. Utilizando apenas verbos no infinitivo, indique tais comportamentos.
       Viver, cantar, rir, chorar.

12 – Na primeira estrofe, o amor está relacionado mais a razão que ao sentimento. Destaque a palavra que conota essa ideia.
       Pensamento.

13 – O pronome que do terceiro verso da primeira estrofe tem valor causal, consecutivo ou temporal?
       Valor consecutivo.


14 – Observe a construção do texto, o tipo de composição, a métrica dos versos, o vocabulário e a sintaxe. Identifique a que representantes da tradição literária – clássicos, românticos, realistas, simbolistas – o poema está ligado, justificando com elementos do texto.
      O poema está ligado à tradição clássica, uma vez que fazem uso do soneto, do verso decassílabo e têm uma sintaxe e um vocábulo apurado.

15 – A beleza do poema se deve, em grande parte, ao emprego de recursos sonoros e de imagens construídas a partir de comparações, metáforas, antíteses e outras figuras. Destaque do texto um exemplo de polissíndeto e outro de pleonasmo.
      Polissíndeto: “Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto”; Pleonasmo: “Rir meu riso”.

16 – No texto, o eu lírico jura fidelidade à pessoa amada, seja nos momentos de dor, seja nos de alegria. A respeito dos tercetos do poema:
a)   Explique o que significam, para o eu lírico, a morte e a solidão.
Ambas se equivalem, pois implicam a separação da pessoa amada, o que resulta em desilusão, frustação, morte interior.

b)   Dê uma interpretação coerente ao emprego dos parênteses no verso: “Eu posso me dizer do amor (que tive)”.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Talvez o eu lírico esteja extraindo um conceito particular de amor, baseado em sua experiência pessoal.

c)   Interprete a metáfora presente no verso: “Que não seja imortal, posto que é chama”.
Como uma chama, o amor queima e ilumina, mas pode se apagar, pois tem duração finita.

d)   Dê uma interpretação coerente ao paradoxo “Que seja infinito enquanto dura”, empregado pelo eu lírico para expressar seu conceito de fidelidade.
A palavra infinito é empregada com valor qualitativo, e não temporal. Assim, para o eu lírico, fidelidade é sinônimo de entrega total, mesmo que numa relação passageira.

17 – Nas duas primeiras estrofes, o poeta fala do amor no presente. Como ele quer viver o amor? Assinale as alternativas corretas, segundo a visão do poeta.
(   ) Sem muito zelo, curtindo os bons momentos;
(X) Com atenção, com intensidade; louvando-o;
(   ) Com preocupação, medo de uma traição; inquietação;
(X) Com encanto; rindo com seu contentamento;
(   ) Chorando com seu pensar.

18 – Trabalhando com vozes verbais. Assinale a alternativa correta.
a)   Passando “Dou uma rosa com amor” para a voz passiva, temos:
(X) Uma rosa é dada por mim com amor.
(   ) Uma rosa será dada com amor por mim.
(   ) Deram uma rosa com amor.
(   ) Com amor, eu dou uma rosa.
(   ) Eu, com amor, poderei dar uma rosa.

b)   A oração correspondente a: “Escreveram-me muitas cartas nas férias” é:
(   ) Muitas cartas eram escritas nas férias.
(   ) Muitas cartas são escritas nas férias.
(   ) Muitas cartas seriam escritas nas férias.
(X) Muitas cartas foram escritas nas férias.
(   ) Muitas cartas serão escritas nas férias.

19 – Use as letras (A); (B) e (C) para relacionar as frases abaixo apenas às orações com sujeito indeterminado:
A - Pedro falou bem da escola.
B - Meu pai comeu muito bem naquele restaurante.
C – A menina vivia feliz ali.

(B) Comeram caqui na feira.
(A) Falaram bem da escola.
(C) Viviam felizes ali.
(B) Come-se bem em Minas Gerais.
(C) Vivo feliz ali.
(A) Falou-se muito da escola.

(B) Comeu-se caqui na feira.



CRÔNICA: O RATO E O CANÁRIO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE -COM GABARITO


CRÔNICA – O RATO E O CANÁRIO
                      Carlos Drummond de Andrade

        Homem com fome, o que é comum; sem comida para satisfazer sua fome, o que também não é raro. Aparência modesta, mas digna; barba por fazer; cara de necessidade. Levava uma sacola. Passou pelo restaurante também simpático modesto, com qualquer coisa de simpático – a cor das paredes, talvez – e entrou. Foi direto ao gerente, na caixa:
        --- Desculpe... Se lhe disser que há cinco dias eu não como propriamente, só estarei falando verdade. Mas o senhor não vai acreditar.
        --- Por que não?
        --- Sinto que é compreensivo.
        --- Também já passei dias sem levar um bocado a boca, e sei que não é nada divertido.
        --- Então eu queria lhe pedir...
        Não precisou explicar. O gerente chamou o garçom.
        --- Sirva alguma coisa a esse senhor. Por conta da casa.
        E voltou-se para o recém-chegado:
        --- Hoje é o meu dia de ajudar o próximo. Aniversário da minha santa mãezinha, que Deus tenha.
        O homem sentou-se, comeu lentamente, saboreando o prato simples que uma senhora desconhecida e falecida lhe despachava do céu. Acabando, voltou à caixa:
        --- Claro que não posso te pagar, o amigo sabe. Mas agradecer de coração, isso eu posso.
        --- De nada, ora essa.
        --- Mas não vou embora sem lhe provar e alguma maneira minha gratidão. Tenho aqui uma curiosidade, que o senhor vai apreciar.
        Tirou da sacola um piano minúsculo e um ratinho, e disse a este:
        --- Toque, Evaristo.
        Evaristo não se fez de rogado, e executou um trecho de Pour Elise com bastante sensibilidade.
        --- É fantástico! – exclamou o gerente. – Nunca vi coisa igual.
        --- Tem mais. O senhor ainda não viu o meu canarinho.
        Surgiu da sacola um canário-da-terra, dócil à convocação.
        --- Aquela modinha, Sizenando.
        Com acompanhamento de piano por Evaristo, Sizenado atacou É a Ti. Flor do Céu, arrancando discreta lágrima do gerente.
        --- Que beleza! Mas o senhor, não leve a mal eu perguntar, com esse tesouro nas mãos, precisa viver desse jeito?
        --- Ah, meu amigo, não posso, não devo explorar esses inocentes. Como é que iria mercantilizar os dons do Evaristo e do Siza, que considero meus filhos, de tanto que eu gosto deles?
        Diante do gerente boquiaberto, o homem retirou-se com a sacola e seu conteúdo. Foi andando pela rua. De repente estacou, preocupado.
        --- Eu não devia ter feito isso com um cara tão generoso, que me matou a fome.
        Voltou ao restaurante, onde o gerente o recebeu com surpresa:
        --- Esqueceu alguma coisa? Não vai me dizer que, cinco minutos depois, está novamente com o estômago vazio? Ou pensou melhor, e quer me vender os dois artistazinhos e mais o pianito?
        --- Nada disso. Vim por uma questão de consciência.
        --- Como disse?
        --- Questão de consciência. O senhor foi tão legal comigo...
        --- E daí?
        --- Daí que eu não tinha o direito de fazer o que fiz.
        --- E que fez o amigo senão me regalar com o seu par de artistas que me fizeram subir água aos olhos?
        --- Por isso mesmo. O senhor se comoveu com a audição, mas não é justo que continue iludido num ponto fundamental.
        --- Cada vez percebo menos. Desembuche, homem!
        --- O seguinte. Eu enganei o senhor. O Siza não canta coisa nenhuma, é um canário bobo, faz aquela figuração toda, mas quem canta mesmo é o Evaristo, que é ventríloquo!
        Este caso me foi contado por um amigo merecedor de crédito, mas fico na dúvida se não será criação de algum escritor, adaptada ao modo de ser carioca. Neste caso, que o autor me perdoe o avanço em sua obra.

                                        ANDRADE, Carlos Drummond de. O rato e o canário.
                                     In: Boca de luar. Rio de Janeiro. Record. 1984, p. 96-9.

Bocado: porção de alimento.
Pour Elise: conhecida composição musical de Beethoven.
Regalar: alegrar, causar prazer.
Ventríloquo: aquele que sabe falar sem abrir a boca, de modo que a voz parece sair de outra fonte que não ele.

1 – O narrador atribui a mesma característica ao homem faminto e ao restaurante. Qual?
       A modéstia.

2 – “... saboreando o prato simples que uma senhora desconhecida e falecida lhe despachava do céu.” Explique essa passagem do texto.
       O dono do restaurante considerou que ajudar um faminto seria uma homenagem ao aniversário de sua falecida mãe.

3 – O fato narrado no texto é real ou fictício? Por quê?
       Trata-se de um fato fictício, pois ratos e canários não apresentam as habilidades que lhes são atribuídas na narrativa.

4 – Releia as linhas 43 e 44 e depois o penúltimo parágrafo do texto. A fala final do faminto é esperada pelo leitor ou constitui um “final-surpresa”?
       Constitui um final-surpresa, pois o fato ainda mais inacreditável do que já era.

5 – Para se comunicar, as personagens desse texto utilizam exclusivamente a língua falada: elas dialogam. Transcreva fragmentos das falas do homem faminto que indiquem: julgamento, simples informação, ordem.
       Julgamento: “Sinto que é compreensivo”;
       Simples informação: “Desculpe... Se lhe disser que há cinco dias eu não como propriamente, só estarei falando verdade. Mas o senhor não vai acreditar”.
       Ordem: “Toque, Evaristo”.

6 – O texto prende a atenção do leitor e reserva a ele duas surpresas. Quais?
       Primeiro, a apresentação feita pelos “artistas”. Depois, o final inesperado.

sábado, 3 de junho de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES -GERALDO VANDRÉ COM GABARITO E ANÁLISE


MÚSICA: Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Geraldo Vandré
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
1-  Caminhando e cantando e seguindo a canção / Somos todos iguais braços dados ou não, o que representa?
Resposta: representa as passeatas que reuniam, em sua maioria, jovens que tinham consigo um desejo de mudança, ambições e sonhos, eram movidas a cartazes de protestos, a vozes gritantes que entoavam hinos e músicas. Essa frase também nos mostra que independente de crenças e ideias, as pessoas são iguais, estando elas do mesmo lado ou não.

2-  Como eram as manifestação, segundo a música?
Resposta: Nas escolas, nas ruas, campos, construções: as manifestações eram compostas de pessoas de diversos ambientes, mas que possuíam o desejo de mudança em comum: agricultores, operários, camponeses, mulheres, jovens, professores, jornalistas, intelectuais, padres e bispos.

   3-   Quem eram as pessoas censuradas e vigiados durante o período da Ditadura?
Resposta: Os professores, jornalistas e intelectuais, os que depois do AI-5 ocorreu com maior intensidade, os professores não podiam lecionar e mencionar nada referente ao golpe, os jornalistas tinham seus artigos e matérias cortadas pela censura e os intelectuais eram proibidos de disseminar suas ideias e também de publicá-las.

    4-  O que aconteceu nas universidades neste período?
Resposta: Não havia vagas e muitos jovens não conseguiam estudar.

5 - Como era a situação das mulheres durante a ditadura?
Resposta: Eram discriminadas e impedidas de trabalhar.

6-   O que este trecho da música:” Vem, vamos embora, que esperar não é saber” contesta?
Resposta: Os baixos salários que os homens sofriam, os agricultores e camponeses tinham suas terras ocupadas e os padres e bispos eram ameaçados, presos e muitas vezes expulsos do país. Então a maneira encontrada para protestarem pelos seus direitos, era juntar-se aqueles que também possuíam ideias de mudança e desejo por um país melhor.

7-  A música em questão foi censurada pela ditadura. Quais elementos contidos na letra representavam, na perspectiva dos censores, um perigo/ameaça/subversão?
Resposta: Subversão, pois era desobediência ou rebelião relativamente às autoridades oficiais; transtorno ou perturbação.

8-A música foi considerada “o hino da resistência contra a ditadura”. A letra é condizente com este título? Por quê?
Resposta Pessoal

9. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer: refere-se a quem?
 Resposta: Refere-se também a pessoas que preferiam ficar em silêncio em vez de tentar alcançar a mudança junto aos estudantes e aos demais.

10. Qual a interpretação destes versos:
a) Pelos campos há fome em grandes plantações:
Resposta: As pessoas que trabalhavam nos campos, ou que eram agricultores, também sofriam com a ditadura, os poucos que possuíam um pedaço de terra a mesma lhe era tomada, os camponeses muitas vezes eram despejados e acabavam por passar fome.

b) Pelas ruas marchando indecisos cordões:
 Respostas: Cordões é como ficou conhecido os grupos de foliões que tomavam as ruas durante o carnaval, o nome refere-se a característica dos grupos serem formados de forma que as pessoas se sucedem. Assim era composta algumas das manifestações, como foi o caso da Passeata dos Cem Mil, que parecia ser dividida em blocos: artistas, mães, padres, intelectuais e entre outros, que em muitos casos, caminhavam indecisos ou com medo dos militares.

c) Ainda fazem da flor seu mais forte refrão / E acreditam nas flores vencendo o canhão:
Resposta: Enquanto os militares reprimiam os protestantes com canhões, bombas de gás, e armas, a população saia nas ruas com cartazes e com a força de suas vozes, muitos atirando pedras e tudo o que se estivesse ao alcance, mas nada parecia ser tão forte e provocante quanto os gritos, as palavras de ordem dos movimentos estudantis, frases e músicas daquele ano, essas sim eram suas verdadeiras flores. Mas começaram a surgir grupos que não acreditavam mais em democracia sem a violência, alguns grupos de radicais se formavam e gritavam em coro: “Só o povo armado derruba a ditadura”, enquanto do outro lado um grupo militante gritava: “Só o povo organizado conquista o poder”.

d)  Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão:
Resposta: Os soldados estavam sempre armados e dispostos a prender os manifestantes e levá-los para as salas do DOPS, porém, muitos pareciam alienados, não sabiam direito o que acontecia ou fingiam não saber, para quem sabe assim se redimir da culpa de tantas mortes e “desaparecimentos” da época. Mas tinham famílias, namoradas, mãe, irmãos podiam sim ser amados por alguém ou então odiados por todos. Muitas manifestações foram, sobretudo contra a violência dos policiais.

e) Nos quartéis lhes ensinam antigas lições / De morrer pela pátria e viver sem razão:
Resposta:  Os soldados aprendiam lições e como se houvesse uma lavagem cerebral aceitavam cumprir as ordens do governo, mas acredito que em sua maioria muitos sabiam exatamente o que faziam e concordavam com os planos e métodos. Como diz a frase eles aceitavam morrer pelo seu país, mesmo que para isso eles fossem recriminados pela população e tivessem que viver sem anseios e sem razão, afinal de contas eles só serviam para fazer o trabalho pesado para os governantes.

f) Somos todos soldados, armados ou não:
Resposta: Na contradição de ser ou não soldados, todos eram, a diferença está nas armas e na motivação.

g) Os amores na mente, as flores no chão / A certeza na frente, a história na mão:
Resposta: A maioria, se não todas as pessoas que participavam ativamente dos manifestos eram motivados pelas perdas que sofriam, pelas mortes de amigos, parentes, conhecidos, pela dúvida do que aconteciam com as pessoas que eram levadas. Alguns dos jovens quando crianças viram seus pais serem levados por policiais e nunca mais tiveram notícias, muitos viram seus amigos morrerem e o corpo simplesmente desaparecer e acabavam por não ter direito ao enterro, alguns poucos voltavam e de outros nunca mais se ouvira, eram guiados pela certeza de que poderiam mudar o mundo e pela história que cada um deles possuía.

h) Aprendendo e ensinando uma nova lição:
Resposta: Grande parcela dos jovens brasileiros de hoje, desconhecem o período de 10 anos desde o golpe militar até o fim da ditadura, o desejo de mudança, a fome por liberdade e a coragem de lutar não está entre as principais prioridades do jovem do século XXI. O conformismo, a tecnologia, e várias outras novidades que surgiram após 1968, impedem que estudantes despertem em si os mesmos desejos de mudança. Muitos jovens não conseguem imaginar que existiu um tempo em que não havia internet, raves, DVD, CD, TV em cores e muito menos TV a cabo, shopping centers, big brother, MSN, wattsap, entre outras coisas. Os jovens são movidos a saciar seus desejos e vontades muitas vezes supérfluas e estão mais preocupados com o próprio bem-estar, muitos desperdiçam o direito de voto, que infelizmente só foi conquistado após ditadura, direito esse que tanto foi motivo de luta dos jovens que almejavam garantir sua opinião e participar da história do próprio país. Insatisfação contra a corrupção, violência, injustiça, leis, governos, escolas, mas não passam de apenas reclamações.

ANÁLISE


A música de Geraldo Vandré é clara, nos conscientiza e informa sobre o ano de 1968 e os demais que se seguiram de ditadura militar, nos faz repensar sobre atitudes e ideais, sobre o velho e o novo, e de como o ditado “um por todos, e todos contra um” foi tão intenso durante aqueles anos, os estudantes podem não ter derrubado a ditadura, mas foram vistos e foram parte importante e indispensável da história. É decepcionante saber de que nos tempos atuais, aceitamos o que nos é imposto, fazemos parte de uma massa que cada vez mais parece alienada e movida às tecnologias. Não conseguimos nos separar de bens materiais e tampouco lutar contra isso, nos conformamos e ficamos aprisionados, o ano de 1968 ficou apenas como exemplo de uma geração de jovens com ideais, alguns alienados sim, mas a maioria com esperança de um país melhor e capaz de lutar pela liberdade e por aquilo que era lhes eram imposto. Mesmo depois de 40 anos essa composição ainda pode nos expor a importância da luta pelos nossos objetivos, desejos e ideais, mas principalmente de como o conhecimento dos próprios direitos e deveres é imprescindível para que se construa uma sociedade melhor e democrática, além de ser o nosso principal dever como cidadão. 


Keep Calm - Da Segunda Guerra Mundial para as redes sociais

Keep Calm - Da Segunda Guerra Mundial para as redes sociais

O cartaz é simples: em um fundo vermelho, uma coroa é estampada sobre a mensagem “keep calm and carry on” (em português, “mantenha-se calmo e siga em frente”).

A imagem virou febre. Primeiro, estampou cadernos, canecas e diversos acessórios. Então, caiu na rede, ganhou paródias bem inusitadas.

Mas qual a origem desse cartaz? Que história guarda a frase? Por que uma coroa no topo?

Na primavera de 1939, época em que a Inglaterra se juntou às tropas aliadas para enfrentar o exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial, o governo inglês decidiu imprimir pôsteres para acalmar a população imersa em territórios tomados pelo conflito. A ideia era imprimir três cartazes que seguissem o mesmo padrão de design: duas cores, uma frase impressa em fonte elegante e um desenho da coroa do rei George VI, à frente do país na época. Três versões foram enviadas à gráfica.

Na primeira, as letras elegantes, a coroa e a frase: Sua coragem, sua alegria e sua determinação vão nos trazer a vitória”

Na segunda, o mesmo design e a mensagem: “A liberdade está em perigo. Defenda-a com toda a sua força”.


Os dois primeiros pôsteres foram distribuídos em setembro do mesmo ano e rapidamente invadiram paredes e janelas de lojas e vagões de trem. A terceira versão é aquela que você já conhece. Mas os ingleses da época da guerra nunca tiveram oportunidade de vê-lo. O cartaz com a frase “Keep calm and carry on” foi guardado para ser exposto apenas em uma situação de crise ou de invasão e acabou não sendo lançado.

Foi só em 2000, 61 anos depois de ser impresso, que o pôster caiu na boca do povo. Ele estava em um sebo na costa nordeste da Inglaterra no meio de livros empoeirados. Quando o encontrou, a dona da livraria o enquadrou e o pendurou na parede do estabelecimento. O pôster fez tanto sucesso entre os clientes que os donos decidiram imprimir cópias da imagem e comercializá-las. Foi aí que a frase começou a ganhar o mundo.

Mas por que é tão difundida? Talvez pelo conselho sensato, pelo design simples, pela mensagem universal. Para o cineasta Temujin Doran, diretor do curta que narra a história do pôster, as palavras são a chave para o sucesso: “trata-se de uma voz histórica, que oferece uma mensagem simples e sincera para inspirar a população a superar tempos difíceis. É um conselho que nunca envelhece: mantenha-se calmo e siga em frente”.


Fonte: http://super.abril.com.br/blogs/historia-sem-fim/conheca-a-origem-do-keep-calm-and-carry-on/

TEMAS DE REDAÇÃO PARA ENEM

Temas para a Redação Enem 
Direitos humanos para humanos direitos? Se você já sabe que tal pergunta jamais embasaria uma proposta de redação do ENEM, por pautar-se por uma falácia, isto é, um erro de raciocínio, veja só reais possibilidades de temas pautados na prerrogativa dos direitos humanos, que são incondicionais.

Uma dica: ao estudar novos temas, tanto para o ENEM quanto para os vestibulares, varie os eixos temáticos, assim você aumenta a probabilidade de “acertar” as escolhas das bancas que elaboram as provas. Nessa lista, todos têm como ponto de partida a possibilidade de problematização, algo fundamental no ENEM, que espera propostas de intervenção na realidade, sempre respeitando os direitos humanos.

1º  -  Desafios da educação inclusiva (eixo da educação)

2º  - Poluição sonora (eixo do meio ambiente)

3º - Naturalização da violência (eixo da violência

4º - Perigos do vício no trabalho (eixo do trabalho)

5º - Inclusão digital como meta (eixo da tecnologia)

6º - Desenvolvimento sustentável (eixo do meio ambiente

7º - Problemas do jeitinho brasileiro (eixo da ética)

8º - Transporte público urbano (eixo da mobilidade)

9º - Necessidade de uma economia colaborativa (eixo da economia)

10º - Discurso de ódio nas redes sociais (eixo da internet)





Temas Redação Enem : Infância e Adolescência no Brasil

 Temas Redação Enem : Infância e Adolescência no Brasil

Em meados do último mês de março a Fundação Abrinq publicou os resultados da pesquisa “Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil – 2017” que abrangeu vários aspectos da vida das crianças e dos adolescentes brasileiros, mais precisamente daqueles que têm de 0 a 18 anos, como por exemplo, taxa de mortalidade, nutrição, escolarização, gravidez na adolescência, trabalho infantil, aprendizagem profissional, alfabetização, cultura e lazer, educação dos indígenas, educação de jovens e adultos (EJA), educação infantil, ensino fundamental e médio, moradia, medidas socioeducativas, garantia de direitos, população, registro civil, violência etc.
Justamente por apresentar dados tão abrangentes que resolvemos divulgar esta pesquisa na coluna de redação do infoEnem, já que estes resultados podem servir como conteúdo de estudo e de pesquisa sobre os temas listados acima que, por sua vez, podem ser abordados de diversas formas na proposta de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
A busca por informações recentes e atualizadas acerca de um determinado assunto por meio de pesquisas documentadas e amplamente divulgadas é uma maneira muito produtiva de estudar e que gera informação e conhecimento atualizado e de qualidade, ainda mais quando se trata de temas tão importantes para o contexto social do nosso país: a realidade das crianças e dos adolescentes brasileiros.
Aliás, o cenário da infância e da juventude no Brasil chega a ser cruel em determinados aspectos. No nosso país há 17,3 milhões de crianças de 0 a 14 anos, o equivalente a 40,2% da população brasileira nesta faixa etária, vivendo em domicílios com baixa renda, dados também corroborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015. Já os que vivem na extrema pobreza são 5,8 milhões de crianças nesta mesma faixa de idade, representando 13,5% desta parcela da população.

Um outro tema abordado pela pesquisa é o trabalho infantil. No nosso país há 2,6 milhões de crianças de 5 a 17 anos trabalhando ilegalmente, já que a legislação brasileira proíbe o trabalho infantil. Estes jovens estão principalmente nas regiões sudeste e nordeste.
Pensando nas possíveis abordagens da proposta de redação do ENEM e nas possíveis ações solucionadoras, ao analisar os dados publicados, devemos pensar no que é preciso e no que é possível ser feito para mudarmos situações tão assustadoras como as exemplificadas acima, já que muitos direitos estão sendo arrancados destas crianças e destes adolescentes que deveriam estar frequentando a escola, tendo acesso à cultura e ao lazer, se alimentando adequadamente, tendo acesso ao sistema de saúde, vivendo em um ambiente familiar sem violência etc.




*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Univer


quinta-feira, 1 de junho de 2017

CONTO: MARINA, A INTANGÍVEL - MURILO RUBIÃO - COM GABARITO

CONTO – MARINA, a intangível
Murilo Rubião
[...]
        Abri a janela, que dava para o jardim, a fim de sentir melhor o perfume das rosas. Talvez elas me ajudassem.
        Porém, ao descerrar as venezianas, deparei com a fisionomia de um desconhecido. Rapidamente afastei os olhos noutra direção. Aquela cara me incomodava. Toda ela era ocupada por um nariz grosso e curvo. Tornei a observar o intruso e vi que me olhava com insistência.
        Sem alterar o semblante, ou mover os músculos da face, disse-me:
        - Recebi o seu recado, José Ambrósio. Aqui estou.
        Imobilizei-me ao contemplar-lhe o rosto sem movimento, a cabeça desproporcionada, tomando boa parte do espaço da janela.
        Recuperando-me do espanto que a sua presença me trouxera, retruquei com vigor:
        - Não o conheço, nem disponho de tempo para atendê-lo.
        Em seguida, fiz-lhe um sinal para se afastar. A sua figura desajeitada e estranha atormenta-me, impedia que tentasse elaborar um novo texto.
        Penso que interpretou o meu gesto como um convite para entrar, pois deu umas passadas miúdas e penetrou na sala pela porta principal.
        Deteve-se a alguns passos da minha escrivaninha e continuou a encarar-me.
[...]
                                                                                                      
Entendendo o texto

1 – Para que espécie de trabalho o narrador buscava ajuda do perfume das rosas quando foi interrompido?
       Ele estava procurando inspiração enquanto escrevia e elaborava um texto.

2 – Como se deu essa interrupção?
       Ao descerrar as venezianas, a aparição de um homem estranho espantou o narrador.

3 – Imagine alguma ação do desconhecido que possa dar continuidade à situação de surpresa. Escreva um parágrafo final para o texto, que narre essa ação?
        Mas com um parágrafo que narra algo inusitado, como, por exemplo, puxar o papel e ele mesmo escrever algo; fazer algum gesto violento, etc.

4 – Releia o texto, agora completado pelo seu final, e avalie a função das sequências que descrevem o desconhecido. Por que ele foi assim descrito?
        Mas a descrição tem de causar espanto para criar o clima de espanto na narrativa.