terça-feira, 15 de janeiro de 2019

POEMA: AULA DE BORDADO - SÉRGIO CAPPARELLI - COM GABARITO

Poema: Aula de bordado
                      Sérgio Capparelli

O gato Serafim
Foi pra aula de bordado
Pra bordar um belo manto
De céu estrelado.

Riscou no manto uma lua,
A via láctea, um cometa,
E bordou em cores vivas,
Satélites e planetas.

Debaixo do belo manto,
Ferrou no sono, cansado,
E ao acordar descobriu
Um sonâmbulo sol dourado.

                 Sérgio Capparelli. 111 poemas par crianças. Porto Alegre: L&PM, 2003. p. 129.

Entendendo o poema:

01 – Identifique o substantivo, ou seja, o núcleo de cada uma das expressões:
a)   Debaixo do belo manto: manto.

b)   Em cores vivas: cores.

c)   Um sonâmbulo sol dourado: sol.

02 – O gato serafim bordou no manto várias coisas. Releia a segunda estrofe do poema e identifique os substantivos que nomeiam as coisas bordadas pelo gato.
      Lua, via láctea, cometa, satélites, planetas.


NOTÍCIA: POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS - VALMIR SANTOS - COM GABARITO

Texto: Por mares nunca dantes navegados

 Orçado em R$ 2 mi, "Os Lusíadas", baseado no clássico de Camões, inaugura Estação das Artes em São Paulo
                                                                              VALMIR SANTOS

        Depois de enfrentar rajadas que a impediram de ancorar na praia dos 500 anos do Descobrimento, em 2000 (para ter uma ideia, houve três substituições de diretores), a epopeia musical "Os Lusíadas" finalmente aporta amanhã em São Paulo, para convidados, e a partir de sábado, para o público.
        A superprodução de R$ 2 milhões é um projeto da empresária Ruth Escobar, que trocou a realização de mais uma edição do Festival Internacional de Artes Cênicas (FIAC) pela encenação da epopeia musical.
        O espetáculo inaugura a Estação das Artes, espaço conjugado à Estação Júlio Prestes, na região central de São Paulo, que servirá como palco de outras realizações da Secretaria Estadual de Cultura, em parceria com a Companhia Paulista de Trens Urbanos.
        Quem assina a adaptação do clássico do poeta português Luís Vaz de Camões (1524-1580) é o dramaturgo José Rubens Siqueira, que promete não perder o "prazer lúdico" do texto original.
        Publicado pela primeira vez em 1572, em Lisboa, ""Os Lusíadas" é o poema dos descobrimentos, do desvendamento dos mares e das terras, da afirmação do poder do homem sobre os elementos, mas também da afirmação dos valores cavalheirescos caracteristicamente medievais", afirma a pesquisadora Cleonice Berardinelli em "Estudos Camonianos" (editora Nova Fronteira).
        São dez cantos poéticos que narram, à altura do grego Homero ("Ilíada" e "Odisseia") e do latino Virgílio ("Eneida"), a viagem do navegador Vasco da Gama, que em 1498 descobriu um novo caminho para as Índias. Navegadores, soldados, colonizadores, reis, enfim, são muitos os personagens que surgem na narração do próprio Vasco da Gama. Ao mesmo tempo que faz uma retrospectiva histórica de Portugal, inclusive sobre os primórdios míticos do país, ele lança profecias.
        Camões estruturou seu épico a partir da metade do trajeto, quando a tripulação chega à cidade africana de Melinde. Ao final, a caravela alcança a Ilha dos Prazeres, o paraíso prometido por Vênus a seus protegidos que retornam à pátria. Nessa instância, deuses e homens se amam.
        Encenador de óperas como "Il Guarany", de Carlos Gomes, o diretor Iacov Hillel define o espetáculo como um épico musical, que apoia-se com frequência no universo erudito, sobretudo no canto lírico. "Há cenas de canto e representação, mas fujo do realismo psicológico em favor da projeção simbólica do poema de Camões", diz Hillel, 51. São 53 atores, cantores ou dançarinos, mais 30 profissionais atrás da coxia.
        Na Estação das Artes, uma concepção do arquiteto Ruy Ohtake, o público senta em cadeiras dispostas lateralmente no corredor de 50 m de comprimento e 16 m de largura. "Os espectadores ficam de frente um para o outro, como testemunhas da história", diz Hillel. Um dos destaques da cenografia, de Renato Theobaldo, é a caravela de 4,40 m de altura, feita com tramas de ferro.

                     SANTOS, Valmir. In: Folha de São Paulo, p. 1, 22 mar. 2001, Folha Ilustrada.

Entendendo o texto:
01 – Qual é a finalidade de um texto como esse? Para responder a essa questão, considere a referência do texto.
      Orientar o leitor do jornal quanto a um espetáculo que está em cartaz.

02 – A que se refere o título do texto?
      O título é a transcrição de um verso da epopeia de Camões, Os Lusíadas.

03 – O que o título sugere sobre o espetáculo em questão?
      Sugere que o espetáculo é grandioso, único, constitui uma “travessia” inédita.

04 – É possível saber do que trata a obra de Camões através do texto? Explique.
    Sim. Porque os parágrafos 5,6,7 e 8 referem-se ao conteúdo de Os Lusíadas.

05 – Uma epopeia é uma narrativa em versos. O que se narra em Os Lusíadas, de Camões?
      A viagem de Vasco da Gama, que, em 1498, descobriu um novo caminho marítimo para a Índia.

06 – Releia o primeiro parágrafo e observe o campo semântico utilizado para caracterizar o espetáculo.
a)   O que foi levado em conta na escolha das palavras e expressões desse primeiro parágrafo?
O assunto da epopeia: a viagem, por mar, feita por Vasco da Gama.

b)   Como poderiam ser substituídas as expressões metafóricas abaixo, sem prejuízo para o sentido global do trecho?
·        “Enfrentar rajadas que a impediam de ancorar na praia”.
Enfrentar dificuldades que a impediam de apresentar o espetáculo.

·        “Desfruta de vento em popa e aporta amanhã”.
Desfruta de circunstância favoráveis e se apresenta amanhã.

07 – Identifique no texto duas marcas linguísticas que sugerem ao espetáculo um caráter grandioso. Copie-as abaixo.
      “A superprodução de 2 milhões” / “São 53 atores, cantores ou dançarinos, mais de 30 profissionais atrás da coxia” / “Um dos destaques da cenografia é a caravela de 4,40 m de altura”.

08 – O texto constitui, enfim, uma resenha ou uma notícia?
      O texto em questão possui mais características da notícia: limita-se a informar sobre o espetáculo, sem fazer apreciações críticas, pois, afinal, a estreia estava para acontecer quando o texto foi publicado.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

FILME(ATIVIDADES): O CIRCO - CHARLES CHAPLIN - COM SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): O CIRCO

  Data de lançamento 1928 (1h 12min)
Direção: Charles Chaplin
Gêneros Comédia DramaRomance
Nacionalidade EUA

SINOPSE E DETALHES
        Um batedor de carteiras (Steve Murphy) está agindo em meio à multidão. Para evitar que seja pego, ele coloca uma carteira roubada no bolso do vagabundo (Charles Chaplin), sem que ele perceba. Quando a polícia se afasta, o batedor volta para recuperar o dinheiro perdido. O vagabundo foge, tanto do batedor quanto da polícia, e acaba entrando sem querer no picadeiro de um circo local. Suas trapalhadas fazem enorme sucesso junto ao público, sem que ele perceba. O dono do circo (Al Ernest Garcia) resolve então contratá-lo e fazer dele sua atração principal.

Entendendo o filme:

01 – Por que este filme pode ser considerado uma metáfora dos tempos atuais?
      Apenas de ser um filme de 1928, tem uma relação muito forte com a atualidade, pois mostra a hostilidade em que trabalhadores são submetidos em prol da meta e lucro de uma pessoa ou corporação.

02 – Como Carlitos foi parar no palco do circo?
      Ele estava fugindo dos policiais, que o julgavam criminoso. E o público pensava ser uma apresentação e o aplaude euforicamente.

03 – O dono do circo, ao perceber a facilidade com que o Vagabundo conseguia arrancar risadas da plateia, que proposta ele faz ao vagabundo?
      Ele o contrata para trabalhar junto com a trupe.

04 – Por quem Carlitos se apaixona? Ele é correspondido?
      Ele se apaixona pela filha do dono do circo, Merna. Não, porque ela ama Rex, o equilibrista.

05 – O que Carlitos tenta fazer para conquistar Merna?
      Decide treinar o bastante para tornar-se também um equilibrista.

06 – Por que Carlitos se entristece?
      Porque como equilibrista não consegue fazer o público rir, então desanima.

07 – A última cena é emblemática por quê?
      Resume muito o que todos nós somos de fato, humanos buscando por espaço e por uma vida melhor. Temos que tentar todas as possibilidades de felicidade e de carreira, até nos encontrarmos de verdade.

08 – Carlitos, após a partida do circo, que atitude ele têm?
      Senta no picadeiro, observa ao seu redor, pega a estrela no chão, suspira sobre o que passou naquele momento, chuta a estrela, abre um sorriso e segue seu caminho, sempre em busca da felicidade. Vencido sim, derrotado nunca!



CRÔNICA: OS COMEDORES DE BAIACU - JOÃO UBALDO RIBEIRO - COM GABARITO

Crônica: Os comedores de baiacu
                João Ubaldo Ribeiro

        O baiacu, como haverão de saber os amáveis leitores, é o nome popular de alguns peixes aqui no Brasil (ou pelo menos em Itaparica; Itaparica é Brasil), geralmente da desagradável família dos tetradontídeos. Para ser mais claro, trata-se de um vulgar actinopterígio, teleósteo, da ordem dos plectógnatos, da já mencionada família tetradontídea e, julgo eu, na maior parte dos casos, é um exemplar da espécie em que Lineu tacou o nome de Lagocephalus laevigatus. Não sei por quê. Lineu tinha dessas coisas. Qualquer um que já viu um baiacu percebe logo que ele não pode ser um Lagocephalus e muito menos um laevigatus.
        Mas, enfim, eis que o baiacu abunda nestas plagas. Outro dia mesmo, pescando mais Luiz Cuiúba, ferrei uns dez, tudo maiorzinho de um palmo, pescaria até boa, se fosse peixe que prestasse. Até os quatro dentinhos dele chateiam o vivente, porque só são quatro, como o nome da família indica, mas são navalhas, estropiam anzóis, às vezes cortam até os arames das paradas. E o miserável, ainda por cima, é guloso, engole o anzol de vez e é um sacrifício para tirar tudo lá de dentro. Para não falar que é metido a batalhador e então o sujeito está ali pedindo a Deus um vermelhinho, um dentão, uma xumberga, um beiju-pirá, uma coisa assim decente, e aí a vara verga, a linha se estica e sai em disparada para o lado, peixe grande comeu! Comeu nada. O camarada sua, luta pra cá, luta pra lá, mete a mão na linha, faz o diabo, e quem chega, sacudindo vergonhosamente a ponta da linha? Um baiacu. Não pode haver maior tristeza para quem já tinha garantido ao companheiro de pescaria que “esse bicho aqui na linha é uma sororoca e das grandes”.
        Cuiúba não deixava que eu jogasse fora os baiacus e, lá pelas tantas, havia uma pilha deles, ainda espadanando a pocinha do fundo da canoa.
        — Ha-ha! — exclamou Cuiúba, brandindo facinorosamente a faca enferrujada, mas amoladíssima, que ele sempre leva.
        — Vou fazer filé de baiacu, que amanhã eu como uma moqueca!
        E passou, com habilidade um tanto assustadora, a eviscerar, esfolar e desossar os baiacus, jogando “filé” atrás de “filé” para dentro do coifo. Alguns dos filés, inclusive, continuavam se batendo, não fibrilando como carne de cágado, mas se agitando mesmo, quase como peixes vivos. Não creio que isto possa vir a tornar-se uma atração turística, nunca vi coisa mais esquisita. E meu dever, embora Cuiúba saiba mais de peixes do que quarenta delegados regionais da Sudepe, era fazer uma advertência. Nós, biólogos, temos obrigações sociais.
        — Cuiúba, você está maluco? Você vai comer isso? Isso é um Lagocephalus laevigatus! O famoso peixe venenoso, isso mata em poucas horas!
        — Já tinha ouvido gente chamar isso de peixe-sapo, mas esse nome que você falou nunca ouvi falar — disse Cuiúba, jogando outro filé na cesta.
        — Um anfíbio anuro? — disse eu. — Não seja ridículo, isso é um Lagocephalus.
        — Isto — disse Cuiúba, metendo a faca na barriga de mais um peixe — é um baiacu. É o melhor peixe do mar e eu vou comer tudo de moqueca.
        — Mas você não sabe que baiacu é venenoso?
        — É pra quem não sabe tratar. O veneno está aqui — mostrou ele, cutucando uma bolinha entre as vísceras. — Tirando isso, fica logo o melhor peixe do mar.
        — Mas você não sabe que de vez em quando morre um depois de comer baiacu, às vezes famílias inteiras, e de gente acostumada a comer baiacu?
        — É, eu sei. Agora mesmo, semana passada, morreram quatro de vez, no Alto de Santo Antônio, só sobrou um quinto, que ainda está passando mal no hospital. Eles comiam sempre baiacu, a velha fazia um escaldado com quiabo ótimo, eu mesmo comi lá várias vezes.
        — E então? E ela não sabia dessa bolinha aí, não estava acostumada a tratar baiacu?
        — Estava, estava. Mas ninguém está livre de uma distração, é ou não é? Uma distração assim ... — e, ploft, outro filé no cesto.
        — Cuiúba, deixe de ser doido, você pode morrer se comer esse negócio.
        — Morro nada.
        De volta ao Mercado, procurei apoio na autoridade de Sete Ratos, peixeiro antigo, diz o povo que hoje rico, da venda de peixe.Com certeza ele dissuadiria Cuiúba daquela ideia tresvariada de comer baiacu. Encontro Sete Ratos em pé diante de uma banca, com as mãos metidas numa gamela, tratando peixe. Já eram quase dez horas, passava da hora do almoço e era natural que ele estivesse ali preparando sua comida. Olhei para dentro da gamela, vi uns vinte baiacus miúdos.
        — Sete Ratos, você vai comer baiacu?
        — É o melhor peixe do mar!
        — Mas essa desgraça é venenosa, você não sabe que é venenosa?
        — Ah, é. Semana passada mesmo, morreram acho que quatro ou cinco, lá no Alto. Família acostumadinha a comer baiacu, nesse dia comeram... É o desacerto.
        — Eu sei, Cuiúba me contou. E eu que vinha aqui justamente para lhe pedir que tirasse da cabeça dele a ideia de comer uns filés de baiacu que a gente pescou.
        — Ele esfolou o peixe? Tirou a pele? Tirou justamente o que dá gosto na moqueca? Tirou de frouxidão, foi isso, tirou de frouxidão! Hem, Cuiúba, você tirou a pele porque acha que o veneno está na pele, hem? Deixe de ser frouxo, rapaz, isso tudo é conversa, o veneno nunca esteve na pele, se fosse assim eu já era defunto.
        — Eu sei — falou Cuiúba. — Eu tirei porque gosto de filé de peixe, mas eu sei que o veneno está naquela bolinha da barriga.
        — Que bolinha da barriga, rapaz, tem nada de bolinha de barriga, isso tudo é conversa, tem nada de bolinha na barriga. Isso aí a pessoa tira porque ninguém vai comer tripa de peixe, só francês ou senão americano. O negócio é na hora do cozimento, aí tem de cozinhar direito!
        — E você vai mesmo comer essa baiacuzada, Sete Ratos?
        — Ora, é o melhor peixe do mar!
        Saí por ali, conversei com Turrico, que, além de garçom, é bom pescador. Ele também é muito chegado a uma moquequinha de baiacu. Mas não é veneno, Turrico? É, semana passada mesmo, no Alto... Mas só é veneno nos meses que não têm r, no mês que tem r pode comer sossegado.
        — Mas Sete Ratos me disse que era no cozimento. E Cuiúba...
        — Isso é tudo conversa, tudo conversa. Eu não deixei de comer baiacu nem depois que morreu uma parenta minha — uma não, duas, que eram velhas vitalinas e moravam juntas. Elas estavam acostumadas, faziam baiacu muito bem. Mas nesse dia...
        — E então?
        — É porque foi em julho. Julho não tem r. Ou tem?
        Está certo, pensei eu sem entender nada, enquanto me dirigia à casa de meu amigo Zé de Honorina, para pegar um feijãozinho atendendo a amável e generoso convite. Comentei com ele minha perplexidade.
        — Que coincidência! — disse ele alegremente. — Comadre Dagmar está aí justamente preparando uma moqueca de baiacu.
        — Ah, desculpe, Zé, mas eu não como baiacu.
        — Besteira sua, é o melhor peixe do mar. Agora, não se pode negar que é venenoso. Semana passada mesmo, no Alto...
        — Eu soube, eu soube. E você vai comer assim mesmo?
        — Claro que vou, mas não se preocupe, que eu mandei preparar uma garoupinha para você, separada.
        Entre limões, mãos de coentro, pilhas de cebolas, alhos, malaguetas e tomates, Dagmar dava os últimos retoques na moqueca de baiacu. Aproximei-me, estava tudo muito cheiroso. Observei como aquela sua moqueca de baiacu era famosa, como Zé tinha confiança em comer aquele peixe venenoso quando era ela quem o preparava. Qual o segredo para tratar o baiacu?
        — Ah, não sei — disse ela. — Eu mesma não como.

        RIBEIRO, João Ubaldo. Os comedores de baiacu. In: Arte e ciência de roubar galinha:
Crônicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, p. 45-9.
Entendendo a crônica:

01 – Que explicações foram dadas pelos vários personagens, no decorrer da história, sobre o veneno do baiacu? Que informações concretas foram dadas sobre as atividades desses personagens?
·        Luiz Cuiúba = Pescador. O veneno está em uma bolinha entre as vísceras. Se for retirada, o baiacu não faz mal.

·        Sete Ratos = Peixeiro antigo. O segredo está na hora do cozimento.

·        Turrico = Garçom e pescador. O peixe só é venenoso nos meses que não têm r. No mês que tem r pode-se comer sossegado.

02 – Que características são comuns a todos esses personagens? Como você poderia descrevê-los?
      Pessoas que vivem e sobrevivem a partir de conhecimentos, mitos e lendas que vão passando de geração em geração.

03 – Os personagens, segundo o texto, possuem suficientes conhecimentos científicos para justificar as afirmações que fazem? De onde provem as teorias deles sobre o assunto? Considere as informações que o texto fornece sobre esses personagens.
      Não. O conhecimento deles faz parte dos saberes populares que vão sendo passados de geração em geração.

04 – O narrador parece desesperado para convencer os outros de que o peixe é venenoso. Que indicativos há no texto de que ele possui uma certa autoridade para falar no assunto?
      Ele se diz biólogo. E tenta provar seu conhecimento citando nomes e mais nomes científicos relacionados ao baiacu.

05 – Além de não servirem para comer, que outros motivos os pescadores têm, em geral, para não gostarem de fisgar baiacus?
      Porque tais peixes, além de não servirem para se comer, estropiam anzóis, cortam arames das paradas e engolem anzóis.



CONTO: A CIDADE MAIS POBRE DO MUNDO - MARIA JOSÉ DUPRÉ - COM GABARITO

Conto: A CIDADE MAIS POBRE DO MUNDO
                       
    Maria José Dupré

   Os meninos continuavam a pensar em fugir, mas não haviam encontrado ainda uma ocasião favorável para a fuga. Oscar e Quico olhavam para todos os cantos da cidade, espiavam Julião para ver quando ele ia ficar de sentinela no alto da montanha, perguntavam aos outros anões de que lado ficava a entrada da cidade, mas nada adiantava. Estavam como que num labirinto; não sabiam por onde sair.
        As visitas, que nesse dia desfilaram diante das crianças, faziam perguntas extravagantes. Um perguntava se os índios ainda rodeavam a montanha, outro queria saber de que forma eles haviam chegado até ali e se livrado dos ferozes índios.
        As crianças explicaram que não havia mais perigo; os matos e florestas haviam se transformado em magníficas cidades, nas quais havia casas muito grandes e muito altas, da altura daquela montanha; e jardins bonitos com flores perfumadas nos canteiros.
        Um anão já velho e curvado suspirou:
        — Flores? Flores? São coisas muito delicadas e de cores variadas, não são?
        As crianças confirmaram; Quico pediu um lápis e papel para desenhar, mas lá não havia nada disso; então trouxeram um pedaço de carvão para que Quico desenhasse uma flor na parede, mas não foi possível; e ele fez o que pôde, mas a flor ficou horrível e ninguém compreendeu. Só os mais velhos sacudiam a cabeça e diziam que as flores eram lindas, eles sabiam porque os antepassados haviam contado e isso corria de geração a geração, mas naquela cidade de ouro infelizmente não havia flores. Nenhuma flor. Que tristeza!
        Cecília lembrou-se de perguntar se lá não havia passarinhos. Os mais moços olharam uns para os outros sem compreender, apenas os mais velhos disseram que não, sabiam o que eram pássaros; eram animaizinhos que voavam e cantavam; uns tinham cores belas e brilhantes, outros tinham cores menos belas; cantavam lindas melodias que nunca ninguém pôde imitar e atravessavam o espaço de um lado a outro enfeitando a natureza. Mas ah! Lá não havia pássaros.
        O anão de barbas brancas, todo curvado, suspirou outra vez e sacudiu a cabeça. Que pena! Naquela cidade de ouro onde as crianças brincavam com pedras preciosas, não havia pássaros nem céu para alegrar a vida daquelas criaturas. Que tristeza!
        Vera lembrou-se do sol. Perguntou:
        — E o sol? Nunca chega até aqui?
        Eles riram. Não. Não tinham a felicidade de ver o sol; sabiam o que era isso, mas lá onde viviam o sol não chegava nunca. Viviam na sombra, dentro da terra. O sol que ilumina, que brilha, que aquece, que enfeita, que alegra, que dá vida e calor, não existia na cidade de ouro. Que pena! O velho de barbas brancas suspirou outra vez mais curvado. Não tinham sol, por isso não tinham flores lindas e perfumadas, nem pássaros para alegrar a cidade. Que tristeza!
        Oscar, que gostava de ler, perguntou se eles não tinham livros. Livros? Não, infelizmente não. Seus antepassados haviam contado de geração em geração o que eram os livros, mas nenhum livro havia ficado para eles verem. Nenhum, haviam desaparecido com o tempo. Sabiam que os livros instruem, educam, distraem, ensinam, mas ah! Infelizmente não tinham livros. Que pena! O velho de barbas brancas sacudiu a cabeça tristemente e suspirou.
        — Ah! Os livros! São o alimento do espírito assim como a comida é o alimento do corpo. Eu sei porque o pai do pai do meu avô contou o que são os livros, mas não temos aqui. Que tristeza!
        Lúcia, que estudava piano, perguntou se não gostavam de música; entreolharam-se outra vez sem compreender. Música? O que era isso? Lúcia estendeu os braços e mexeu os dedos como se estivesse tocando piano; eles riram e não responderam. O anão de barbas brancas lembrou-se e seus olhos brilharam de contentamento:
        — Música? Eu sei o que é isso. Nossos antepassados contavam o que era a música. É uma melodia divina que ouvimos vinda de diversos instrumentos; nossos ouvidos gostariam de ouvir essas maravilhas de som... Mas ah! Infelizmente não temos instrumentos para tocar, só temos sinos de ouro. Temos sinos de vários tons que vão anunciar amanhã o casamento dos príncipes. Não temos a divina música. Que tristeza!
        A princesa mandou servir chá de erva da montanha aos visitantes; enquanto todos o tomavam em xícaras de ouro, o velho suspirou novamente, cada vez mais curvado e disse:
        — Nossa cidade é a mais pobre do mundo!
        As crianças protestaram; Quico falou:
        — Não diga isso! Uma cidade onde há tanto ouro e pedras preciosas não pode ser pobre. É riquíssima!
        O velho anão sorriu tristemente:
        — Meus filhos, a riqueza não consiste apenas no ouro e nas pedras preciosas que vocês estão vendo. Eu já vivi muito e sei o que digo; a riqueza não está nas casas de ouro com janelas de safiras, nem nos pratos de ouro, nem nas xícaras de ouro nas quais vocês tomam chá, nem nas vestes de brilhantes! A maior riqueza está aqui, aqui, aqui e aqui... (mostrou os olhos, os ouvidos, o coração e a cabeça).
        Depois continuou:
        — Com eles podem ver os pássaros voando e as flores nos jardins; podem ouvir a divina música que enternece os corações; podem sentir o sol que aquece e cura; podem ler os livros que ensinam e consolam. A maior riqueza é a do espírito, meus filhos, nunca se esqueçam disso! Nós temos olhos, ouvidos, coração e cabeça, mas não temos o que apreciar, portanto todo este ouro, todos estes brilhantes de nada valem. E aquele que não pode ou não sabe apreciar a beleza de uma flor, admirar o voo de um pássaro, ler um livro, ouvir uma música, sentir o sol... pode possuir as maiores riquezas deste mundo... será sempre pobre, o mais pobre dentre os pobres da terra...

DUPRÉ, Maria José. A montanha encantada. São Paulo: Ática, 1991. p. 54-7.

Entendendo o conto:
01 – Os moradores da montanha encantada não tinham contato com inúmeras “coisas” que existiam na terra dos garotos. Escreva três “coisas” que os moradores da montanha não tinham contato.
      Flores, pássaros e sol.

02 – Por que só os anões mais velhos sabiam o que eram flores e pássaros?
      Porque os antepassados haviam contado.

03 – Transcreva do texto um trecho que mostra qual a causa de não haver flores nem pássaros naquele local.
      Não tinham sol, por isso não tinham flores lindas e perfumadas, nem pássaros para alegrar a cidade. Que tristeza!

04 – O que o velho de barbas brancas pensa a respeito dos livros?
      Que os livros são o alimento do espírito.

05 – O velho anão disse que: “...A maior riqueza está aqui, aqui, aqui e aqui... (mostrou os olhos, os ouvidos, o coração e a cabeça).”, o que o velho anão apontou ao dizer quis diz com “aqui, aqui, aqui e aqui...”?
      Que a verdadeira riqueza está nos olhos (ver); nos ouvidos (ouvir); no coração (sentir) e na cabeça (ler).

06 – De acordo com a leitura do texto, por que o título da história é “A cidade mais pobre do mundo” se lá havia tanta riqueza?
      Porque lá não havia riquezas como pássaros e flores, o sol, livros e música.  

07 – Em: “A princesa mandou servir chá de erva da montanha aos visitantes; enquanto todos o tomavam em xícaras de ouro, o VELHO suspirou novamente...”, qual a classe gramatical da palavra VELHO?
(X) Substantivo.               ( ) Adjetivo.                  ( ) Pronome.

08 – Você gostaria de viver em um lugar como o do texto “A cidade mais pobre do mundo”? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Em qual mundo podem existir comprovadamente anões mágicos, fadas, fantasmas: no mundo real ou no mundo do texto? Por quê?
      No mundo do texto. No mundo real não podemos comprovar a existência de fadas, anões mágicos ou fantasmas, embora muitas pessoas acreditem neles. No mundo do texto, nós inventamos o real, e nele tudo é possível.

10 – Mundo real X Mundo da fantasia. Se você tivesse que colocar os adultos em um desses mundos, em qual os colocaria? E as crianças? Por quê?
·        Mundo real: Adultos.

·        Mundo da fantasia: Crianças.

      Porque parece que com o tempo os adultos vão perdendo a capacidade de imaginar e inventar coisas.

POEMA: CAIXINHA DE MÚSICA - ROSEANA MURRAY - COM GABARITO

Poema: CAIXINHA DE MÚSICA
           Roseana Murray
       
                         
Sete notas são tão pouco,
mas são mais que o infinito,
que todas as galáxias juntas,
com seus anjos e cometas.

Sete notas musicais
são mais que todos os mares
com seus cristais e sereias.

Sete notas são mais
que todos os grãos de areia,
e fazem estradas e caminhos,
e nos levam pelos ares, pelo chão,
até o moinho do tempo.

 Roseana Murray. Caixinha de Música. Rio de Janeiro.  ed. Manati, 2004.

Entendendo o poema: 
01 – O eu lírico do poema atribui características especiais às notas musicais de uma caixinha de música.
a)   Interprete estes versos: “[as sete notas] fazem estradas e caminhos, / e nos levam pelos ares, pelo chão”.
Os versos dão a entender que a música de uma caixinha de música aguça nossa imaginação e nos faz “viajar”.

b)   As notas de uma caixinha de música levam você também ao moinho d tempo? Por quê?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O objetivo da questão é fazer com que o aluno perceba a relação entre a música e a memória ou situações vividas no passado.

02 – Observe e compare as palavras caixinha e galáxias.
a)   A letra x, empregada nas duas palavras, representa o mesmo fonema? Justifique sua resposta.
Não. Em caixinha, a letra x representa o fonema /s/; em galáxias representa os fonemas /ks/.

b)   Em qual das duas palavras há dígrafo? Identifique-o.
O dígrafo são as letras nh, presentes na palavra caixinha.

c)   Em que outras palavras do poema ocorre o mesmo dígrafo?
Nas palavras caminho e moinho.

d)   Quantas letras e fonemas há nas palavras caixinha e galáxias?
Caixinha: 8 letras e 7 fonemas.
Galáxias: 8 letras e 9 fonemas.

03 – Nas palavras infinito, juntas e anjos há dígrafos vocálicos (in, um e na, respectivamente), ou seja, a letra n não corresponde a um fonema; seu papel é apenas indicar que a vogal que ela acompanha é nasal.
a)   Das palavras a seguir, indique aquelas em que há dígrafos vocálicos.
·        Com.
·        Grãos.
·        Caminhos.
·        Tempo.

b)   Quantos fonemas há em cada uma dessas palavras indicados?
Com: 2 fonemas; Tempo: 4 fonemas.