terça-feira, 14 de novembro de 2017

ORAÇÃO SEM NOME - ROSE MARIE MURARO E FREI RAIMUNDO CINTRA - COM GABARITO

Oração sem nome

        O autor desse poema, quem o sabe? Foi encontrado em pleno campo de batalha, no bolso de um soldado americano desconhecido; do rapaz estraçalhado por uma granada, restava apenas intacta esta folha de papel.

        Escuta, Deus:
        jamais falei contigo.
        Hoje quero saudar-te. Bom dia! Como vais?
        Sabes? Disseram-me que tu não existes,
        e eu, tolo, acreditei que era verdade.
Nunca havia reparado a tua obra.
Ontem à noite, da trincheira rasgada por granadas,
vi teu céu estrelado
e compreendi então que me enganaram.
Não sei se apertarás a minha mão.
Vou te explicar e hás de compreender.
É engraçado: neste inferno hediondo
achei a luz para enxergar o teu rosto.
Dito isto, já não tenho muita coisa a te contar:
só que… que… tenho muito prazer em conhecer-te.
Faremos um ataque à meia-noite.
Não sinto medo.
Deus, sei que tu velas…
Há! É o clarim! Bom Deus, devo ir embora.
Gostei de ti… vou ter saudade… Quero dizer:
será cruenta a luta, bem o sabes,
e esta noite pode ser que eu vá bater-te à porta!
Muito amigos não fomos, é verdade.
Mas… sim, estou chorando!
Vês, Deus, penso que já não sou tão mau.
Bem, Deus, tenho de ir.
Sorte é coisa bem rara.
Juro, porém: já não receio a morte.
(Rose Marie Muraro e Frei Raimundo Cintra, As mais belas orações de todos os tempos)

Interpretação do texto:

1.   O tratamento com que o jovem soldado se dirigiu a Deus foi um tratamento:
a) familiar
b) irreverente
c) reverencial
d) cerimonioso

2.   Antes da guerra, para o jovem, Deus simplesmente:
a) estava afastado
b) não era considerado um amigo
c) não existia
d) não atendia às suas orações

3.   A frase que está de acordo com a questão anterior é:
a) “Escuta, Deus”
b) “Disseram-me que tu não existes… e eu, tolo, acreditei”
c) “Muito amigos não fomos”
d) “…vi teu céu estrelado”

4.   A descoberta de Deus pelo soldado americano veio através:
a) da luta cruenta
b) do soar do clarim
c) da trincheira rasgada por granadas
d) do céu estrelado

5.   O pressentimento da morte aparece numa das expressões do soldado.        Que expressão mostra essa possibilidade?
a) “Muito amigos não fomos, é verdade”
b) “…e esta noite pode ser que eu vá bater-te à porta”
c) “Bem, Deus, tenho de ir”
d) “…será cruenta a luta”

 6.   “Não sinto medo”. Essa frase pode ser resumida em apenas uma palavra:
a) coragem
b) otimismo
c) ilusão
d) temor

7.   A expressão que melhor traduz o ambiente de guerra é:
a) “Achei a luz…”
b) “…será cruenta a luta”
c) “… inferno hediondo”
d) “Deus, sei que tu velas…”
  
8.   O encontro com Deus despertou no jovem soldado uma visão de seu mundo interior. Dessa visão, ele concluiu que:
a) “Sorte é coisa bem rara”
b) “… tenho muito prazer em conhecer-te”
c) “Muito amigos não fomos, é verdade”
d) “… já não sou tão mau”

9.   A frase que revela a comoção e o arrependimento do jovem é:
a) “Bom dia!”
b) “Gostei de ti…”
c) “Mas… sim, estou chorando!”
d) “…vou ter saudade”

 10.               A alternativa INCORRETA a respeito do texto é:
a) O soldado anônimo, em sua análise existencial, confronta conceitos que antes julgava estarem certos.
b) Por se tratar de um texto poético, há o emprego da linguagem conotativa, como no uso da expressão “inferno hediondo”, para se referir ao cenário da guerra.
c) A palavra oração, presente no título, justifica-se devido ao diálogo proposto pelo jovem com Deus.
d) Caso fosse suprimida a introdução precedente ao poema, a interpretação não seria prejudicada, uma vez que inexistem informações importantes no trecho.

11.               Assinala a alternativa correta sobre as palavras do texto:
a) Se retirarmos o acento de apertarás, originar-se-á uma nova palavra.
b) A palavra ataque é proparoxítona.
c) Compreender recebia acento, mas isso mudou com a Reforma Ortográfica.
d) As únicas monossílabas do texto são: só, já, hás.

12.               Em qual dos itens abaixo a acentuação gráfica NÃO está devidamente justificada?
a) será: vocábulo oxítono terminado em A
b) porém: vocábulo oxítono terminado em EM
c) há: vocábulo oxítono terminado em A
d) céu: vocábulo com ditongo aberto

13.               Assinala a palavra com ditongo aberto que NÃO recebe mais acento:
a) trofeu
b) colmeia
c) papeis
d) ceu

14.               Marca a alternativa que preenche as lacunas da frase: Os ______ de ______ exercem as atividades ______.
a) microempresários, Ijuí, tranquilamente
b) micro-empresários, Ijuí, tranquilamente
c) micro-empresários, Ijui, tranqüilamente
d) microempresários, Ijuí, tranquilamente

15.               Por serem proparoxítonos, deveriam estar acentuados todos os vocábulos da opção:
a) rubrica, versiculo, hospede
b) arcaico, camera, avaro
c) leucocito, alcoolatra, folclorico
d) periodo, tematico, erudito
  
16.               Qual dos hiatos NÃO deve ser acentuado?
a) saúde
b) contribuía
c) tainha
d) caído



LENDA: OS TRÊS PÁSSAROS DO REI HERODES- COM GABARITO

Os três pássaros do rei Herodes (lenda)


   Pela triste estrada de Belém, a Virgem Maria, tendo o Menino Jesus ao colo, fugia do rei Herodes.
  Aflita e triste ia em meio do caminho quando encontrou um pombo, que lhe perguntou
  – Para onde vais, Maria?
– Fugimos da maldade do rei Herodes, – respondeu ela.
        Mas como naquele momento se ouvisse o tropel dos soldados que a perseguiam, o pombo voou assustado.
        Continuou Maria a desassossegada viagem e, pouco adiante, encontrou uma codorniz que lhe fez a mesma pergunta que o pombo e, tal qual este, inteirada do perigo, tratou de fugir.
        Finalmente, encontrou-se com uma cotovia, que, assim que soube do perigo que assustava a Virgem, escondeu-a e ao menino, atrás de cerrado grupo de árvores que ali existia.
        Os soldados de Herodes encontraram o pombo e dele souberam o caminho seguido pelos fugitivos.
         Mais para a frente a codorniz não hesitou em seguir o exemplo do pombo.
        Ao fim de algum tempo de marcha, surgiram à frente da cotovia.
        – Viste passar por aqui uma moça com uma criança no regaço?
        – Vi, sim – respondeu o pequenino pássaro – Foram por ali.
        E indicou aos soldados um caminho que se via ao longe. E assim afastou da Virgem e de Jesus os seus malvados perseguidores.
        Deus castigou o pombo e a codorniz.
        O primeiro, que tinha uma linda voz, passou a emitir, desde então, um eterno queixume.
        A segunda passou a voar tão baixo, tão baixo, que se tornou presa fácil de qualquer caçador inexperiente.
        E a cotovia recebeu o prêmio de ser a esplêndida anunciadora do sol a cada dia que desponta.
Interpretação do texto:
1. O texto é uma lenda porque:
a) faz menção a uma passagem bíblica do Novo Testamento.
b) narra uma história fantasiosa transmitida pela tradição oral.
c) faz uma revelação importante.
d) está baseado num fato histórico, que realmente aconteceu.
e) os animais falam.
2. Com relação à expressão “Pela triste estrada de Belém”, podemos afirmar que:
a) a paisagem era deserta, sem árvores.
b) o autor estava triste quando escreveu o texto.
c) Maria estava angustiada e triste e, com isso, todo o ambiente parecia triste.
d) essa é uma pista que o narrador nos dá de que o desfecho será ruim.
e) o caminho era muito longo e assim deixava a impressão de tristeza.

3. Assinala o único item que NÃO se aplica nem ao pombo nem à codorniz:
a) covardia
b) medo
c) egoísmo
d) coragem
e) delação

4. A codorniz não hesitou em seguir o exemplo do pombo. O exemplo da:
a) fuga
b) mentira
c) violência
d) amizade
e) delação

5. Assinala o item que caracteriza a cotovia:
a) solidária
b) delatora
c) orgulhosa
d) esquiva
e) sarcástica

6. Como castigo, a linda voz do pombo passou a ser um:
a) pio
b) gorjeio
c) latido
d) uivo
e) arrulho

7. De acordo com o texto, a cotovia canta:
a) na aurora
b) de madrugada
c) ao meio-dia
d) ao anoitecer
e) no pôr do sol

8. A codorniz “passou a voar tão baixo, tão baixo, que se tornou presa fácil de qualquer caçador inexperiente.” A expressão grifada dá a ideia de:
a) condição
b) consequência
c) causa
d) tempo
e) finalidade

9. Assinala a alternativa em que NÃO há correspondência entre a explicação e a significação da palavra no texto:
a) inteirada do perigo: cientificada do perigo
b) cerrado grupo de árvores: compacto grupo de árvores
c) com uma criança no regaço: com uma criança na garupa
d) não hesitou em seguir o exemplo: não titubeou em seguir o exemplo
e) cada dia que desponta: cada dia que surge

10.A cotovia deu aos perseguidores uma pista falsa porque:
a) era mentirosa.
b) queria se vingar das outras aves.
c) era inimiga de Herodes.
d) sabia que poderia ser punida por Deus.
e) queria salvar a Virgem Maria e o Menino Jesus.


CRÔNICA: DEFENESTRAÇÃO- LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

CRÔNICA: Defenestração

   Luís Fernando Veríssimo

   Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.
     Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.
        – Os hermeneutas estão chegando!
        – Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada…
        Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto. (…)
        Traquinagem devia ser uma peça mecânica.
        – Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto.
        Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração. A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico.
        Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido das mulheres:
        – Defenestras?
     A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas… Ah, algumas defenestravam.
        Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais. Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? “Nestes termos, pede defenestração…” Era uma palavra cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:
        – Aquele é um defenestrado.
      Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata. Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. “Defenestração” vem do francês “defenestration”. Substantivo feminino. Ato de atirar alguém ou algo pela janela.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela! Acabou a minha ignorância, mas não a minha fascinação. Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo. Por que, então, defenestração?
        Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo. (…)
        Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar alguém ou algo pela janela?
        A basculante foi inventada para desencorajar a defenestração. Toda a arquitetura moderna, com suas paredes externas de vidro reforçado e sem aberturas, pode ser uma reação inconsciente a esta volúpia humana, nunca totalmente dominada. Na lua-de-mel, numa suíte matrimonial no 17º andar.
        – Querida…
        – Mmmm?
        – Há uma coisa que preciso lhe dizer…
        – Fala, amor!
        – Sou um defenestrador.
        E a noiva, em sua inocência, caminha para a cama:
        – Estou pronta para experimentar tudo com você!
        Em outra ocasião, uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada.
        Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:
        – Fui defenestrado…
        Alguém comenta:
        – Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela?
        Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassá-lo e defenestrar esta crônica. Se ela sair é porque resisti.
 Interpretação do texto:
1.   De acordo com esse texto, o que é defenestração?
a) Dedetizar insetos pelas ruas.
b) Fazer solicitação ao juiz.
c) Galantear alguém nas calçadas.
d) Atirar algo ou alguém pela janela.
e) Uma peça mecânica.

2.   Considerando-se o conjunto de informações do texto, o narrador se diz fascinado pela palavra defenestração, porque:
a) ele desconhecia o significado da palavra.
b) ele imaginava o significado da palavra como algo exótico.
c) ele imaginava o significado da palavra como algo proibido.
d) ele ligava a palavra à linguagem jurídica ou técnica.
e) ele se encantava com a palavra, primeiro por causa dos significados que imaginava para ela, depois por causa do significado dicionarizado dela.
  
3.   No decorrer do texto, o narrador imaginava possíveis significados para defenestração. Pela ordem, poderíamos dizer que ele atribuía à palavra os seguintes sentidos:
a) conduta sexual não convencional, dedetização, deferimento.
b) prática ilegal, arrumação, requerimento.
c) xingamento, cuidados domésticos, documento formal.
d) indiscrição, arrumação, providências.
e) conduta imprópria, consertos, aprovação.

4.   No trecho “Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais”, o narrador utiliza o termo misteriosas referindo-se:
a) ao fato de que as palavras sempre podem ser utilizadas de várias maneiras.
b) ao fato de que a linguagem formal (jurídica, no caso) utiliza palavras cujo significado é desconhecido pela maioria das pessoas.
c) ao fato de que as pessoas em geral não se preocupam em ler os documentos formais.
d) ao fato de haver baixo nível de formação escolar neste país.
e) ao fato de as palavras sempre possuírem significados ocultos.

 5.   Depois de descobrir o real significado de defenestração, o narrador continua fascinado pela palavra porque:
a) o significado dela remete a um ato pouco comum, e ele fica imaginando as razões da existência de tal palavra.
b) ele não havia pensado na possibilidade do significado real.
c) ele não vê utilidade na palavra.
d) ele não se mostra favorável a estrangeirismos.
e) o significado da palavra remete a uma ação que não praticamos em nossa cultura.

6.   “A princípio foi o fascínio da ignorância”. Nesta frase, as palavras receberam acento por serem:
a) proparoxítonas.
b) paroxítonas terminadas em o.
c) paroxítonas terminadas em ditongo crescente.
d) proparoxítonas terminadas em ditongo crescente.
e) paroxítonas terminadas em a.
  
7.   “E aí está o Aurelião que não me deixa mentir”. A palavra  é acentuada pelo mesmo motivo de:
a) nó
b) táxi
c) até
d) dói
e) contribuí

8.   Assinale o item em que todas as palavras são acentuadas pela mesma regra de: exótico, até e dicionário.
a) óculos, café, água
b) lâmina, ré, aquário
c) biólogo, pé, necessária
d) comprássemos, fé, língua
e) impaciência, você, dúvida

 9.   Marca o item em que necessariamente o vocábulo deve receber acento gráfico:
a) esta
b) próprio
c) rape
d) habito
e) vicio

10. Assinala a alternativa correta:

a) Na primeira frase do texto, a palavra têm foi empregada com acento para diferenciar o plural.
b) Assim como lua-de-mel, a palavra auto-escola deve ser escrita com hífen.
c) São exemplos de proparoxítonas: mecânica, herméticos, óbvio.
d) “Defenestração” vem do francês… Nesse trecho, a palavra vem é uma forma do verbo ver.
e) amassá-lo recebe acento por se tratar de uma proparoxítona

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

SONETO - LUÍS VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

Soneto: Busque Amor novas artes, novo engenho
           Luís de Camões


Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.



Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que me mata e não se vê;

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.

Interpretação do texto:

01. Segundo os versos do poema, o eu lírico:
a) está à procura do Amor.
b) está amando e cheio de esperanças.
c) está seguro devido ao Amor.
d) está sem esperança.

02. Ao se dirigir ao Amor, na primeira estrofe, percebe-se por parte do eu lírico um tom de:
a) súplica         b) desafio          c) ameaça        d) euforia

03. Por que o eu lírico não teme as novas artes do Amor?
a) Porque o eu lírico não possui mais esse sentimento.
b) Porque onde falta esperança não há desgosto.
c) Porque a esperança que ele tem o faz sentir mais seguro.
d) Porque ele não teme nada, nem os perigos de um mar bravo.

04. Apresenta uma contradição a justaposição dos termos da expressão:
a) novo engenho                              b) bravo mar     
c) perigosas seguranças                  d) novas artes.

05. “Busque Amor novas artes, novo engenho”, o termo em destaque tem o sentido de:
a) artimanha         b) trabalho                 c) objetivo            
d) solução.

06. De acordo com o eu lírico do texto, o Amor gera:
a) segurança          b) esperança            c) sofrimento 
d) dúvidas.

07. “Amor um mal, que me mata e não se vê;” o verso sugere que o Amor é:
a) indefinido          b) misterioso          c) passageiro           
d) intransigente.

08. A última estrofe revela que:
a) o eu lírico realmente é imune as artes do Amor.
b) o eu lírico busca descobrir as razões do Amor.
c)  o Amor ainda consegue atingir o eu lírico.
d) o Amor abandona o destemido eu lírico.


CRÔNICA: PAPOS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

CRÔNICA: PAPOS
 
          Luís Fernando Veríssimo


– Me disseram…
– Disseram-me.
– Hein?
– O correto e “disseram-me”. Não “me disseram”.
– Eu falo como quero. E te digo mais… Ou é “digo-te”? – O quê?
– Digo-te que você…
– O “te” e o “você” não combinam.
– Lhe digo?

– Também não. O que você ia me dizer?
– Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a
cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
– Partir-te a cara.
– Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
– É para o seu bem.
– Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender.
Mais uma correção e eu…
– O quê?
– O mato.
– Que mato?
– Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
– Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo e elitismo!
– Se você prefere falar errado…
– Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou
entenderem-me?
– No caso… não sei.
– Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
– Esquece.
– Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou
“esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
– Depende.
– Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não
sabes-o.
– Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
– Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso
mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
– Por quê?
– Porque, com todo este papo, esqueci-lo.

Interpretação do texto:

1- Marque um X apenas na alternativa incorreta:
a) Existe um diálogo entre um par de pessoas.
b) Há uma conversa entre duas pessoas, sendo que locutor e interlocutor se alternam.
c) “O importante é me entenderem.” Essa frase destaca a importância da comunicação.
d) “Falo como todo mundo fala.” Esse período revela que, geralmente, a fala do homem é a reprodução daquilo que ele ouve.
e) O título é inadequado, visto que “papos” está no plural, e existe apenas uma conversa.

2- Esta crônica brinca com o uso do padrão culto da língua. Assim,
a) pode-se dizer que o autor quis criticar as padronizações da chamada linguagem culta. Dessa maneira, ele se utiliza da ironia.
b) é apresentado que os dois personagens dominam a norma padrão.
c) há um consenso entre os dois personagens de que pôr os pronomes no lugar correto é elitismo.
d) ambos os personagens são intransigentes e por isso se entendem.
e) um dos interlocutores aceita receber os ensinamentos do outro, que assume a postura elitista, detentor do conhecimento linguístico.

3- A colocação pronominal obedece a regras distintas. Assinale a alternativa que se encontra incorreta em relação a essas regras.
a) Far-se-á mesóclise caso o verbo esteja nos tempos futuros do indicativo.
b) A ênclise é obrigatória no início de uma oração, exceto se houver antes do verbo uma palavra atrativa.
c) A próclise ocorre quando o pronome vem antes do verbo.
d) Os advérbios de negação são exemplos de palavras atrativas que condicionam a próclise.
e) Em alguns casos, é aceito o uso de próclise e ênclise ao mesmo tempo, como na frase: “Espero que se resolvam-se todos os problemas”.

4- “Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu…
– O quê?
– O mato.
– Que mato?
– Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te.”

Nesse trecho, a palavra mato foi interpretada de duas maneiras, quais são elas?
      --- No sentido do verbo matar.
      --- No sentido de mato, ervas, floresta.

5- Através da leitura do texto, percebemos que alguém iria transmitir uma mensagem, entretanto foi esquecida. Qual é a razão para o esquecimento da mensagem?
      A discussão pela maneira de falar, ou seja, a colocação dos pronomes no lugar certo.

6 - Esse texto de Luís Fernando Verissimo trata, de forma humorística, da adequação ou não, por parte dos falantes, no uso da colocação pronominal. Qual parece ser a intenção do cronista ao tratar desse assunto?
      Por ser uma crônica ficcional ela tem a intenção de mostrar que a preocupação em excesso pode atrapalhar a comunicação entre as pessoas.

7 - O interlocutor que é corrigido, ao tentar, ironicamente, utilizar a colocação pronominal de forma adequada, comete alguns equívocos. Retire dois e explique como seria a forma adequada.
      As duas formas adequadas em:
      --- Me disseram... o correto é: Disseram-me. Não se inicia um período com os pronomes oblíquo átono (me, te, se, o, lhe, nos, vos, os, lhes).
      --- Matar-lhe-ei-te... o correto é: Matar-te-ei, porque quando é mesóclise emprega o pronome átono no meio da forma verbal, quando esta estiver no futuro.

8 - Em uma conversa informal, como é o caso do texto transcrito, essa correção é adequada? Justifique sua resposta.
      Não. O Brasil é um país cheio de pluralidades, grande em extensão, e se constitui por regiões que vivem de diferentes influências culturais, por isso devemos respeitá-las e se ouve a comunicação não devemos corrigí-las, somente na escrita.

9 - Quando um dos interlocutores afirma que “pronome no lugar certo é elitismo”, traz à tona uma interessante discussão sobre o uso da colocação pronominal segundo as regras da norma culta. Comente sobre o assunto.
      É considerado ERRO quando é uma inadequação do uso da língua, vinculada a um padrão e à aceitabilidade social de quem fala, mas não compromete a instauração da comunicação.
      AGRAMATICALIDADE é a infração a determinadas regras do sistema linguístico, que impede que a comunicação seja estabelecida.
      ELETISTA – Quando há um excesso de preocupação com a norma.

10 – O que dá início à discussão entre as personagens?
      A correção do pronome por um dos interlocutores.

11 – Por quê a forma lhe digo também não foi aprovada?
      Porque não se inicia uma frase com o pronome oblíquo.

12 – Muitas vezes a posição do pronome é determinada de acordo com o que soa mais agradável. Esse critério chama-se “Eufonia”.
De acordo com ele, reescreva a oração:
      --- Vê se esquece-me.
      Vê se me esquece.

13 – Qual é o argumento que uma personagem usa para corrigir a outra?
      Diz que é para o bem do outro.

14 – Quando um dos interlocutores do texto afirma que o correto é: “Disseram-me” e não “me disseram”, está fazendo referência a uma das regras da gramática normativa. Que regra é essa?
a)   A regra que determina o uso mesoclítico do pronome em início de oração.
b)   A regra que determina o uso enclítico do pronome em início de oração.
c)   A regra que determina o uso proclítico do pronome em início de oração.
d)   A regra que determina o uso enclítico e proclítico do pronome em início de oração.
e)   A regra que determina o uso enclítico e mesoclítico do pronome em início de oração.

15 – Em certo momento do texto, o uso do elemento em destaque gera uma ambiguidade. Marque a opção que demonstra a passagem em que isso ocorre.
a)   “- Partir-te a cara.”
b)   “Agradeço-lhe a permissão...”
c)   “- Digo-te que você...”
d)   “- O mato.”
e)   “- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.”

16 – O texto de Luiz Fernando Veríssimo é uma crônica ficcional que tem como finalidade demonstrar que:
a)   Cada pessoa deve ter o direito de usar a língua como bem entender.
b)   A importância da gramática normativa deve ser considerada em qualquer situação de comunicação.
c)   As regras de colocação pronominal em português são muito difíceis.
d)   O aprendizado das regras de colocação de pronomes é muito importante.
e)   A preocupação excessiva com a gramática pode prejudicar a comunicação.

·        Palavras negativas atraem próclise: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum. Ex.: Nada me pertuba.

·        Alguns pronomes atraem próclise: relativos, indefinidos, demonstrativos. Ex.: A mulher que me ligou era a minha mãe.

·        Verbos no infinitivo terminado em: r, s ou z. O verbo perde a consoante e os pronomes assumem a forma: lo, la, los, las.