quarta-feira, 5 de março de 2025

RELATO: A ARTE DE PINTAR - LUÍS DONISETE BENZI GRUPIONI - COM GABARITO

 Relato: A arte de pintar

           Luís Donisete Benzi Grupioni

        A algazarra das crianças pequenas e a voz estridente de algumas mulheres xikrin – índios que habitam o sul do Pará – indicam que o grupo que ontem tinha saído bem cedo para apanhar batata-doce, inhame, milho, mandioca e mamão, na roça, hoje está na aldeia. Pouco a pouco, um grupo de mulheres vai se reunindo na casa da mulher chefe, para fazer juntas a primeira refeição do dia e iniciarem mais uma sessão de pinturas coletivas. Mais ou menos a cada oito dias, as mulheres casadas e que têm filhos se reúnem para pintar umas às outras, organizando-se em pequenos grupos, de acordo com a idade e com a quantidade de filhos. Num canto da casa, mulheres jovens com um filho ou dois; noutro, as mais velhas com três ou quatro filhos, todas comendo frutos trazidos da roça.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTbJzGCeHZgW4ceoDI9EFRHXlpusPFvSeMKXvCGgQ_xBHvFJaclmWAXnNp94YHXHlnpBR_OM_C_7gg6KdORtmeeqZo3kI2fnK0HZfI_cHcuDEBWiAsg3ystu-awpqjUdLwelr8i9XFOzJcnG77KPA958aSB6k_JbgFLUY0Ef7eoP26AJbg-8bRpBw0lsU/s320/guarani-sao-paulo-pro-indio.jpg


        É a primeira vez que Irepu toma parte numa dessas sessões de pintura. Por ter um filho recém-nascido e já haver cumprido o período de resguardo – que pai e mãe devem respeitar após o nascimento dos filhos –, ela pode ingressar na categoria das jovens mulheres com filhos. Assim, Irepu vai participar da sessão, pintando uma companheira e sendo pintada por ela.

        Ao longo de toda a vida as mulheres xikrin vão se aperfeiçoando na arte e na técnica de pintar o corpo, uma atividade de grande interesse e importância na sociedade em que vivem. Crianças pequenas pintam abóboras e bonecas de plástico que são levadas para a aldeia. Quando atingem os 10 ou 12 anos, suas mães permitem que pintem seus irmãos menores. Assim, quando uma moça tem seu primeiro filho, ela já sabe pintar. Em sua casa, longe do olhar crítico das mulheres mais velhas, ela embala seu bebê ao som das cantigas de seu povo e de pinceladas de tinta. É pintando o filho e observando as mulheres mais velhas pintando outras mulheres da mesma categoria de idade que uma Xikrin vai se aperfeiçoando no domínio da técnica de pintar. Isto exige muito tempo e prática. É preciso adquirir segurança no uso do pincel e aprender noções de proporção. Pintando regularmente seus filhos, as mulheres vão “treinando a mão” e aprendendo que, para os Xikrin, gastar horas pintando o filho é uma demonstração de carinho e interesse.

        Na casa da mulher do chefe as mulheres conversam. O momento da pintura é sempre de descontração, prazer, divertimento e também de muitas fofocas, quando se colocam os assuntos em dia. Discutem sobre vários desenhos possíveis e então se decidem sobre o motivo da pintura que farão hoje. A pintura é igual para todas e o desenho é o mesmo no rosto e no corpo. Formando triângulos, quadrados ou executando linhas retas paralelas, elas elaboram os vários desenhos que representam animais e plantas. Uma amiga de Irepu começa a pintar seu rosto, usando uma pequena lasca de taquara que lhe serve como pincel. Com traços firmes, fazendo o desenho do jabuti, que foi escolhido. O deslizar do pincel no rosto produz uma agradável sensação de frescor. Numa pequena cuia de cabaça está a tinta, preparada por algumas mulheres com a mistura de jenipapo mascado, carvão e um pouco de água.

        Depois de pintar o rosto de Irepu, sua companheira cobre-lhe o corpo todo com tinta aplicada com a mão e em seguida passa um pente para formar as listas. Enquanto espera a pintura secar e a volta da companheira que tinha ido em casa buscar um abano de palha, Irepu pega o filho, que estava com sua irmã, para amamentá-lo. Ele rapidamente adormece em seu colo e ela pode então retribuir a pintura na amiga, que já tinha voltado.

        Terminada a sessão de pintura, as mulheres voltam para suas casas. Algumas continuam tomando conta das crianças, enquanto outras vão preparar comida. Com o entardecer, elas se juntam novamente, agora na frente da casa da mulher do chefe. Dali observam os jovens trazerem folhas de palmeira-buriti bem verdes, que são colocadas no meio da praça, onde se sentam os rapazes e os mais velhos, formando o conselho dos homens da aldeia. Hoje, Irepu não está prestando atenção ao que é dito no centro da aldeia, mas admirando o filho, todo pintado, que dorme docemente nos seus braços, escutando os comentários que outras mulheres fazem sobre a pintura que ela realizou em sua amiga. Irepu se sente diferente, pois hoje se iniciou numa nova fase de uma das artes mais apreciadas pelas mulheres xikrin: a arte de pintar-se.

GRUPIONI, Luís D. B. Viagem ao mundo indígena. São Paulo, Berlendis & Vertecchia, 1997. p. 15-20. (Coleção Pawana).

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 90-92.

Entendendo o relato:

01 – Quem são os Xikrin e onde eles habitam?

      Os Xikrin são índios que habitam o sul do Pará.

02 – Com que frequência as mulheres Xikrin casadas se reúnem para pintar?

      As mulheres casadas e que têm filhos se reúnem aproximadamente a cada oito dias para pintar umas às outras.

03 – Qual é o período de resguardo mencionado no relato?

      O período de resguardo é o tempo que pai e mãe devem respeitar após o nascimento dos filhos, durante o qual eles evitam certas atividades.

04 – Como as mulheres Xikrin aprendem a arte de pintar o corpo?

      As mulheres Xikrin começam a aprender a arte de pintar o corpo desde pequenas, pintando abóboras e bonecas. Quando atingem os 10 ou 12 anos, podem pintar seus irmãos menores, e continuam praticando ao longo da vida.

05 – Qual é o significado de pintar os filhos para as mulheres Xikrin?

      Para os Xikrin, gastar horas pintando o filho é uma demonstração de carinho e interesse. É também uma forma de treinar a técnica de pintura.

06 – Que tipos de desenhos as mulheres Xikrin fazem em suas pinturas?

      As mulheres Xikrin fazem desenhos que representam animais e plantas, como triângulos, quadrados e linhas retas paralelas.

07 – Como é a sessão de pintura na casa da mulher do chefe descrita no relato?

      A sessão de pintura é um momento de descontração, prazer e divertimento, com muitas conversas e fofocas. As mulheres discutem sobre os desenhos possíveis e escolhem o motivo da pintura que farão. A pintura é igual para todas.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: FESTA DE IEMANJÁ - MARCELO XAVIER - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Festa de Iemanjá

           Marcelo Xavier

        Cinco horas da manhã do dia 2 de fevereiro. O bairro do Rio Vermelho, em Salvador, acorda com um foguetório daqueles. Está começando mais uma festa de Iemanjá, e vai durar o dia todo. As primeiras pessoas chegam, com seus presentes para a Rainha do Mar. São perfumes, espelhos, flores, brinquedos, colares, pulseiras. No barracão dos pescadores, os organizadores recebem as oferendas, que vão colocando em grandes balaios redondos. Algumas baianas jogam água-de-cheiro na cabeça do povo. Outras dançam, girando e cantando pontos de candomblé, ao som de atabaques, agogôs, tambores e pandeiros. O sol brilha sobre tudo, como o mais ilustre dos convidados. O mar espera, paciente. Ele sabe que, ao final da tarde, como sempre, todos aqueles presentes vão acabar em suas águas. O mar é a casa de Iemanjá – portanto, festa é dele, também.

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        O presente principal é arrumado com todo o carinho, por um grupo de pessoas. Trata-se da escultura de um enorme golfinho, cercado de bonecos, espelhos e outros presentes menores.

        A certa altura do dia, a fila de oferendas parece uma enorme serpente, enfeitada de flores, arrastando-se lentamente na direção do barracão. No corpo dessa fila-serpente tem gente de todo tipo. A maioria se veste de branco. Na cabeça, lenços e chapéus. Nas mãos, os presentes para Iemanjá.

        Todo a região é tomada pelos cheiros, gostos e sons da festa: são vendedores de fitinhas coloridas, colares, comida, bebida, flores; baianas, com seus tabuleiros, e bandos de devotos.

        Às quatro horas da tarde, como bem sabia o mar, os balaios, carregados de presentes e de flores, são levados para os barcos, junto com o presente principal. Ao som de palmas, vivas, batuques e cantos, o cortejo parte para o alto-mar, onde vão ser deixados os presentes.

        No bairro do Rio Vermelho, a festa continua até o amanhecer.

XAVIER, Marcelo. Festas – O folclore do Mestre André. Belo Horizonte, Formato, 2000. p. 14.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 158-159.

Entendendo o artigo:

01 – Quando e onde ocorre a festa de Iemanjá descrita no artigo?

      A festa de Iemanjá ocorre no dia 2 de fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.

02 – Quais tipos de presentes são oferecidos a Iemanjá durante a festa?

      Os presentes incluem perfumes, espelhos, flores, brinquedos, colares e pulseiras.

03 – Quem organiza e recebe as oferendas durante a festa?

      Os pescadores organizam e recebem as oferendas no barracão.

04 – Que atividades ocorrem durante a festa além da entrega de presentes?

      As atividades incluem baianas jogando água-de-cheiro na cabeça do povo, danças, cantos de candomblé, e a venda de fitinhas coloridas, colares, comida e bebida.

05 – Como é a fila de oferendas descrita no artigo?

      A fila de oferendas parece uma enorme serpente enfeitada de flores, composta por pessoas de todo tipo, a maioria vestida de branco e carregando presentes para Iemanjá.

06 – O que é feito com os balaios de presentes ao final da tarde?

      Os balaios de presentes são levados para os barcos, junto com o presente principal, e depois são deixados no alto-mar.

07 – Até que hora a festa continua no bairro do Rio Vermelho?

      A festa continua até o amanhecer do dia seguinte.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: O HOMEM NA AMÉRICA - CÉSAR COLL & ANA TEBEROSKY - COM GABARITO

 Artigo de opinião: O homem na América

           César Coll & Ana Teberosky

A invenção da escrita há aproximadamente cinco mil anos, serve para separar duas grandes épocas históricas: a Pré-História e a História. Para estudar a história do passado dos homens, os historiadores se baseiam em documentos escritos. Mas como reconstituir a Pré-História, quando os povos ainda desconheciam a escrita? Para estudar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos utilizam objetos, pinturas, utensílios, esqueletos, enfeites, restos de casas, fezes e alimentação. Esses objetos são chamados de cultura material e, depois de analisados, podem mostrar o desenvol­vimento da tecnologia, a evolução das artes, o contato entre as diferentes culturas.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsjo5Wy1kNigkOWNp_Yk_1_nL-tWa96lQH52KOLL36ckVLStB6xhijJ03vBgYeAI5QjJqTPJo0Ej2dZGmsR83ReySG9zv4YX5UYh_JtxkrI34D80vlMqpIo_YOmUTT49ltE9BIBQv6i91x796cPgjwOfKAFWKBOsFf3ysLZtr-IyCHiRZ_wW9Ew8JiuwI/s320/foto4.jpg


        O homem chegou à América

        A espécie humana, chamada cientificamente de Homo sapiens sapiens, é fruto de uma longa evolução que parece ter se iniciado na África, há milhões de anos, quando o homem começou a se diferenciar dos chimpanzés.

        Acredita-se que os momentos finais dessa evolução ocorreram na Europa ou no norte da África há cerca de 70 mil anos. A partir daí, os homens se espalharam pela Terra, adaptando-se aos mais variados ambientes.

        A evolução do homem

        O clima naquela época era muito mais frio do que hoje, e o planeta Terra era coberto por grande gelo. Acredita-se que os primeiros povoadores da América vieram da Ásia e atravessaram uma “ponte” de gelo que hoje são as águas do estreito de Bering, entre o Alasca e a Ásia.

        Esses homens vieram em pequenos bandos, seguindo os rastros de grandes animais, como mamutes, elefantes, bisões gigantes, mastodontes, gliptodontes e outros, que migraram da Ásia para a América e se espalharam pelo continente. Os homens eram principalmente caçadores, e as mulheres provavelmente coletavam plantas selvagens comestíveis e executavam tarefas domésticas: preparavam as peles para usar como proteção contra o vento, a chuva e o frio, e trançavam cestos.

        Não se sabe exatamente em que data o homem chegou à América. Alguns arqueólogos acreditam que pequenos grupos humanos atingiram o continente, sob temperaturas baixíssimas, há cerca de 40 mil anos. Outros contestam essa hipótese, dizendo que a ocupação na América se deu por volta de 12 mil anos atrás.

        De lá para cá, a temperatura da Terra começou a subir, o estreito de Bering descongelou, e a América se separou definitivamente das outras partes do mundo habitado.

COLL, César & TEBEROSKY, Ana. Aprendendo História e Geografia. São Paulo, Ática, 2000. p. 127-8.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 222-223.

Entendendo o artigo:

01 – O que serve para separar a Pré-História da História?

      A invenção da escrita, ocorrida há aproximadamente cinco mil anos, serve para separar a Pré-História da História.

02 – Como os historiadores e arqueólogos estudam a Pré-História?

      Para estudar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos utilizam objetos, pinturas, utensílios, esqueletos, enfeites, restos de casas, fezes e alimentação, chamados de cultura material.

03 – Onde a espécie humana, Homo sapiens sapiens, parece ter se originado?

      A espécie humana, Homo sapiens sapiens, parece ter se originado na África há milhões de anos, quando o homem começou a se diferenciar dos chimpanzés.

04 – Quando e onde ocorreram os momentos finais da evolução humana?

      Acredita-se que os momentos finais da evolução humana ocorreram na Europa ou no norte da África há cerca de 70 mil anos.

05 – Como os primeiros povoadores da América chegaram ao continente?

      Acredita-se que os primeiros povoadores da América vieram da Ásia e atravessaram uma "ponte" de gelo que hoje são as águas do estreito de Bering, entre o Alasca e a Ásia.

06 – Quais eram as principais atividades dos primeiros homens e mulheres na América?

      Os homens eram principalmente caçadores, seguindo grandes animais como mamutes e elefantes, enquanto as mulheres provavelmente coletavam plantas selvagens comestíveis e executavam tarefas domésticas como preparar peles e trançar cestos.

07 – Quando se acredita que os humanos chegaram à América e quais são as hipóteses divergentes?

      Alguns arqueólogos acreditam que pequenos grupos humanos atingiram a América há cerca de 40 mil anos, enquanto outros contestam essa hipótese, sugerindo que a ocupação ocorreu por volta de 12 mil anos atrás.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): A TELEVISÃO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividades): A Televisão

             Chico Buarque

O homem da rua
Fica só por teimosia
Não encontra companhia
Mas pra casa não vai não
Em casa a roda já mudou
Que a moda muda
A roda é triste
A roda é muda
Em volta lá da televisão...

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglGbVtCwaX1I4cK2vjjnlN1RUJxhJ74EPsUQcUNmG__0WBqY8GFeezL4ggU1WQht4mb_EF9sHpX9PGJurDA701q_N5yLdxj_6L4mdJgS2FbiypbCvzH5E4LIFhk9D7nGoCQxr8zPWs1xCwGW-a6LMkekcvhIRPbsyUjfI9gHfmg4KfA_mNBgu-MsIlAbg/s1600/Televis%C3%A3o_tit%C3%A3s.jpg


No céu a lua
Surge grande e muito prosa
Dá uma volta graciosa
Pra chamar as atenções
O homem da rua
Que da lua está distante
Por ser nego bem falante
Fala só com seus botões...

O homem da rua
Com seu tamborim calado
Já pode esperar sentado
Sua escola não vem não
A sua gente
Está aprendendo humildemente
Um batuque diferente
Que vem lá da televisão...

No céu a lua
Que não estava no programa
Cheia e nua, chega e chama
Pra mostrar evoluções
O homem da rua
Não percebe o seu chamego
E por falta doutro nego
Samba só com seus botões...

Os namorados
Já dispensam seu namoro
Quem quer riso
Quem quer choro
Não faz mais esforço não
E a própria vida
Ainda vai sentar sentida
Vendo a vida mais vivida
Que vem lá da televisão...

O homem da rua
Por ser nego conformado
Deixa a lua ali de lado
E vai ligar os seus botões
No céu a lua
Encabulada e já minguando
Numa nuvem se ocultando
Vai de volta pros sertões...

Composição: Chico Buarque. A televisão. In: Chico Buarque – Letra e Música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 52. A música, interpretada pelo autor, encontra-se na faixa 3, lado 2, do disco Chico Buarque de Holanda. V. 2, da RGE, de 1967.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 194.

Entendendo a música:

01 – O que o homem da rua faz por teimosia, segundo a música?

      O homem da rua fica só por teimosia e não encontra companhia, mas não vai para casa.

02 – Como a roda em casa é descrita na música?

      Em casa, a roda já mudou, que a moda muda; a roda é triste e muda em volta da televisão.

03 – Como a lua no céu é apresentada na música?

      A lua surge grande e graciosa no céu, dando uma volta para chamar a atenção.

04 – O que o homem da rua faz quando a lua aparece, conforme a música?

      O homem da rua, estando distante da lua, fala só com seus botões.

05 – Por que o homem da rua pode esperar sentado com seu tamborim calado?

      Porque sua escola não vem mais, e sua gente está aprendendo um batuque diferente que vem da televisão.

06 – Como a televisão afeta os namorados, de acordo com a música?

      Os namorados já dispensam seu namoro, e quem quer riso ou choro não faz mais esforço, preferindo a televisão.

07 – O que a lua faz no final da música e como o homem da rua reage?

      A lua, encabulada e minguando, se oculta numa nuvem e volta para os sertões, enquanto o homem da rua conformado, vai ligar seus botões.

 

 

NOTÍCIA: A DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA - COM GABARITO

 Notícia: A destruição da Amazônia

        Já aconteceu uma vez. Da mata Atlântica, que cobria a costa brasileira do Rio Grande do Sul até o Ceará, só restam hoje 5% e 8%, na estimativa mais otimista. Agora, é a Amazônia que está sob ataque. Distante dos centros mais desenvolvidos, a floresta Amazônica permaneceu quase intocada até trinta anos atrás. Nas três últimas décadas, suas árvores sofreram mais baixas do que nos quatro séculos anteriores. Não é um caso perdido. A Amazônia ainda está sob ocupação humana das mais ralas e há regiões com a dimensão de países europeus que continuam intactas. Ainda se pode viajar dez horas no rio Negro, um dos maiores da Amazônia, sem cruzar com mais de quatro ou cinco barcos e sem ver movimentação nas margens, a não ser por uma dúzia de casebres solitários. Mas em regiões economicamente mais atraentes, lugares que já são ocupados por vilarejos e cidades, o ataque à floresta é brutal.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM4JHxCQudRhRRn9MBJ7hYse2uN5ADm55tlfAQQNejUjE2z5-70MTRN-JDJ8az3FxV-27zsn8Txlu0AFgjvPpkm_-tcCF4eVvO5htysTq7qTFXhUsEYQFlaFmLDY-QFsdcvTuA8bmgLeBLktGtxHmQjEfNxStVmOzo7CKf72bOWrAHvx15v2bNF8lhGvs/s1600/MATA%20ATLANTICA.jpg


        Desde o fim dos anos 60, quando começou essa cruzada de extermínio, uma capa vegetal com área maior que a da França já desapareceu na Amazônia, pela ação do fogo ou da motoserra. Não há registro de extinção de espécies animais na região. Mas as alterações do meio ambiente, a caça predatória e a pesca centralizada nos peixes preferidos pela culinária local ameaçam um zoológico inteiro de desaparecer para sempre. Dezenas de mamíferos e répteis estão na lista das espécies em risco. O peixe-boi, um mamífero pacífico que atinge até 500 quilos com uma dieta de capim aquático, está ficando cada vez mais raro. Onça e macacos figuram na lista, bem como algumas espécies de jacaré e tartaruga. Em breve, o pirarucu, maior peixe amazonense, pode fazer parte das espécies ameaçadas. Aos poucos, mas ininterruptamente, a Amazônia está sendo comida pelas queimadas, pelo furor das serrarias, pela poluição descontrolada dos garimpos e pela instalação de fazendas de gado em várzeas que funcionam como berçários de peixes. [...] Atualmente a floresta está desaparecendo ao ritmo aproximado de um território como o de Sergipe a cada ano e meio. A perguntas a se fazer é: por que e para quê?

Revista Veja; Amazônia, 24 dez. 1998. p. 8. Número especial.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 174-175.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a situação atual da Mata Atlântica mencionada na notícia?

      Atualmente, da Mata Atlântica que cobria a costa brasileira do Rio Grande do Sul até o Ceará, restam apenas entre 5% e 8%.

02 – Quando a floresta Amazônica começou a sofrer maiores danos, segundo a notícia?

      A floresta Amazônica começou a sofrer maiores danos nas últimas três décadas.

03 – O que está ameaçando a fauna da Amazônia?

      As alterações do meio ambiente, a caça predatória e a pesca centralizada estão ameaçando um zoológico inteiro de desaparecer para sempre.

04 – Quais são alguns dos animais mencionados na lista de espécies em risco na Amazônia?

      Alguns dos animais mencionados na lista de espécies em risco incluem o peixe-boi, a onça, macacos, algumas espécies de jacaré e tartaruga e, possivelmente, o pirarucu.

05 – Qual é a taxa de desmatamento atual da floresta Amazônica mencionada na notícia?

      Atualmente, a floresta está desaparecendo a um ritmo aproximado de um território como o de Sergipe a cada ano e meio.

 

CONTO: AULA DE POÇOES - CAP. 8 - O MESTRE DAS POÇÕES - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Conto: Aula de Poções – Cap. 8 – O mestre das poções Fragmento

        [...]

        No início do banquete de abertura do ano letivo, Harry tivera a impressão de que o Professor Snape não gostava dele. No final da primeira aula de Poções, ele viu que se enganara. Não era bem que Snape não gostava de Harry — ele o odiava.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQGs0RSDT3cqd7Rt_PUC1EWAwqOe7sl3eUtj6MBKlji7eh00JvyAvbSZ_D-zAqN2pi-6ElXijhNd_jst9t_B1i9MXAGVyL5MJTa5b80uT-k9GKYpp-h8zqvBrFTfFMa8a1CiVP39T2Rqbx-VoPl8ofqAImC2CXTtSRffH8PW7dBBoNZHZ32fpW9G3XWMM/s320/Harry_Potter_Pedra_Filosofal_2001.jpg


        A aula de Poções foi em uma das masmorras. Era mais frio ali do que na parte social do castelo e teria dado arrepios mesmo sem os animais embalsamados flutuando em frascos de vidro nas paredes à volta.

        Snape, como Flitwick, começou a aula fazendo a chamada e, como Flitwick, ele parou no nome de Harry.

        — Ah, sim — disse baixinho. — Harry Potter. A nossa nova celebridade.

        Draco Malfoy e seus amigos Crabbe e Goyle deram risadinhas escondendo a boca com as mãos. Snape terminou a chamada e encarou a classe. Seus olhos eram negros como os de Hagrid, mas não tinham o calor dos de Hagrid. Eram frios e vazios e lembravam túneis escuros.

        — Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções — começou. Falava pouco acima de um sussurro, mas eles não perderam nenhuma palavra. Como a Professora Minerva, Snape tinha o dom de manter uma classe silenciosa sem esforço. — Como aqui não fazemos gestos tolos, muitos de vocês podem pensar que isto não é mágica. Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos... Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glórias, até a zumbificar se não forem o bando de cabeças-ocas que geralmente me mandam ensinar.

        Mais silêncio seguiu-se a esse pequeno discurso. Harry e Rony se entreolharam com as sobrancelhas erguidas Hermione Granger estava sentada na beiradinha da carteira e parecia desesperada para começar a provar que não era uma cabeça-oca.

        — Potter! — disse Snape de repente. — O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?

        Raiz de quê em pó a um infusão do quê? Harry olhou para Rony, que parecia tão embatucado quanto ele, a mão de Hermione se ergueu no ar.

        Não sei não senhor — disse Harry.

        A boca de Snape se contorceu num riso de desdém.

        — Tsk, tsk, a fama pelo visto não é tudo.

        E não deu atenção a mão de Hermione.

        — Vamos tentar outra vez, Potter. Se eu lhe pedisse, onde você iria buscar bezoar?

        Hermione esticava sua mão no ar o mais alto que pôde sem se levantar da carteira, mas Harry não tinha a menor ideia do que fosse bezoar. Tentou não olhar para Malfoy, Crabbe e Goyle, que se sacudiam de tanto rir.

        — Não sei não senhor.

        — Achou que não precisava abrir os livros antes de vir, hein, Potter?

        Harry fez força para continuar olhando diretamente para aqueles olhos frios. Folheara os livros na casa dos Dursley, mas será que Snape esperava que ele se lembrasse de tudo que vira em Mil ervas e fungos mágicos?

        Snape continuava a desprezar a mão trêmula de Hermione.

        — Qual é a diferença Potter, entre acônito licoctono e acônito lapelo?

        Ao ouvir isso Hermione se levantou, a mão esquerda em direção ao teto da masmorra.

        — Não sei — disse Harry em voz baixa. — Mas acho que Hermione sabe, porquê o senhor não pergunta a ela?

        Alguns garotos riram, os olhos de Harry encontraram os de Simas e este deu uma piscadela. Snape, porém não gostou.

        — Sente-se — disse com rispidez a Hermione. — Para sua informação Potter, asfódelo e losna produzem uma poção para adormecer tão forte que é conhecida como a Poção dos Mortos Vivos. O bezoar é uma pedra tirada do estômago da cabra e pode salvá-lo da maioria dos venenos. Quanto aos dois acônitos são plantas do mesmo gênero botânico. Então? Por que não estão copiando o que estou dizendo?

        Ouviu-se um ruído repentino de gente apanhando penas e pergaminhos. E acima desse ruído a voz de Snape:

        — E vou descontar um ponto da Grifinória por sua impertinência, Potter.

        As coisas não melhoraram para os alunos da Grifinória na continuação da aula de Poções. Snape separou-os aos pares e mandou-os misturar uma poção simples para curar furúnculos. Caminhava imponente com sua longa capa negra, observando-os pesar urtigas secas e pilar presas de cobras, criticando quase todos, exceto Draco, de quem parecia gostar. Tinha acabado de dizer a todos que olhassem a maneira perfeita com que Draco cozinhara as lesmas quando um silvo alto e nuvens de fumaça ocre e verde invadiram a masmorra. Neville conseguira derreter o caldeirão de Simas transformando-o numa bolha retorcida e a poção dos dois estava vazando pelo chão de pedra, fazendo furos nos sapatos dos garotos. Em segundos, a classe toda estava trepada nos banquinhos enquanto Neville, que se encharcara de poção quando o caldeirão derreteu, tinha os braços e as pernas cobertos de furúnculos vermelhos que o faziam gemer de dor.

        — Menino idiota! — vociferou Snape, limpando a poção derramada com um aceno de sua varinha. — Suponho que tenham adicionado as cerdas de porco-espinho antes de tirar o caldeirão do fogo?

        Neville choramingou quando os furúnculos começaram a pipocar em seu nariz.

        — Levem-no para a ala do hospital — Snape ordenou a Simas. Em seguida voltou-se zangado para Harry e Rony, que estavam trabalhando ao lado de Neville.

        — Você, Potter, por que não disse a ele para não adicionar as cerdas? Achou que você pareceria melhor se ele errasse, não foi? Mais um ponto que você perdeu para Grifinória.

        A injustiça foi tão grande que Harry abriu a boca para argumentar, mas Rony deu-lhe um pontapé por trás do caldeirão.

        — Não force a barra — cochichou. — Ouvi dizer que Snape pode ser muito indigesto.

        [...]

ROWLING, J. K. Harry Potter e a pedra filosofal. Trad. De Lia Wyler. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. p. 120-123.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 54-57.

Entendendo o conto:

01 – Onde foi realizada a aula de Poções?

      A aula de Poções foi realizada em uma das masmorras do castelo.

02 – Qual foi a primeira impressão de Harry sobre o Professor Snape?

      Harry teve a impressão de que o Professor Snape não gostava dele, mas depois percebeu que Snape o odiava.

03 – Como Snape se referiu a Harry durante a chamada?

      Snape se referiu a Harry como "a nossa nova celebridade".

04 – Qual foi a reação de Draco Malfoy e seus amigos quando Snape mencionou Harry?

      Draco Malfoy e seus amigos Crabbe e Goyle deram risadinhas escondendo a boca com as mãos.

05 – O que Snape disse que poderia ensinar aos alunos?

      Snape disse que poderia ensinar a engarrafar fama, cozinhar glórias e até a zumbificar, se os alunos não fossem cabeças-ocas.

06 – Qual foi a primeira pergunta que Snape fez a Harry?

      Snape perguntou o que Harry obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna.

07 – Qual foi a resposta de Harry à primeira pergunta de Snape?

      Harry respondeu que não sabia.

08 – O que Snape disse sobre a fama de Harry após a primeira pergunta?

      Snape disse que a fama pelo visto não era tudo.

09 – Qual foi a segunda pergunta que Snape fez a Harry?

      Snape perguntou onde Harry iria buscar um bezoar.

10 – O que aconteceu com Neville durante a aula de Poções?

      Neville derreteu o caldeirão de Simas, e a poção vazou pelo chão, fazendo furos nos sapatos dos garotos. Neville ficou coberto de furúnculos vermelhos.

 

 

CONTO: COMO SER RUIM NO FUTEBOL - MARCELO COELHO - COM GABARITO

 Conto: Como ser ruim no futebol

            Marcelo Coelho

        Eu estava na terceira série. E minha escola era muito tradicional. Antiquada.

        Para você ter ideia: no recreio, não deixavam a gente correr no pátio. Futebol, também não podia. Não podia nada. Quando tocava o sinal par acabar o recreio, a gente era obrigado a formar fila. Daí tocava outro sinal, para a fila começar a andar. Parecia coisa de exército.

 FONTEhttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkSu6cqWyz3xwaAhdA8qKI8OPCe1j1q4fhigwGK0S3H4f4js1jgxPNDmIx3i0y2dgdYEDrPwDlwKTValfbGlmFfT2Nrb5VPLmBP8Rka6RtImiCwMAfEM9I02TjIUEeWuXW06c58p90PbC_ymdjR3z4CENn7xARnFiRqnHh41jBkf402hG5AuSbfjan0co/s320/FUTEBOL.jpg


        Com toda essa chatice, minha escola tinha uma vantagem.

        É que eu era bom aluno. O primeiro da classe. E todo mundo achava legal.

        O aluno bonzinho tinha prestígio na escola. Quanto mais bonzinho, mais amigo dos outros. As meninas queriam que eu fosse namorado delas.

        Um dia, meus pais acharam melhor que eu mudasse de escola. A minha era muito antiquada mesmo. Achei bom.

        Fui para uma escola mais legal. Não precisava usar uniforme. A gente não tinha de chamar a professora de “dona”. Era “tia”, “você”. Muito mais moderno.

        Mas eu acabei sofrendo um pouco com essa mudança. Eu estava acostumado a ser o “bonzinho”, o primeiro da classe, o cê-dê-efe. De repente eu entrei num mundo diferente. Ser o “bonzinho” era ser um idiota. Ser o primeiro da classe pegava mal. Ficaram achando que eu era puxa-saco da professora. Bom, um pouco eu era mesmo.

        Todos os meninos da escola nova sabiam jogar futebol. Na minha escola não se jogava. Eu era péssimo em futebol. Gozavam de mim.

        Eu não estava entendendo direito. Antes, eu era o bacana da classe. Agora, eu era o ridículo.

        Isso foi na quarta série. Naquela época, acontecia uma coisa engraçada. Os meninos odiavam as meninas. Detestavam. Desprezavam.

        É claro, as meninas tinham sempre o caderno arrumadinho. Eram quase todas cê-dê-efes. Tudo nelas era caprichado. Bonitinho. Os meninos, não. O legal era ser mau aluno. Rebelde. Bagunceiro. Bandidão.

        Na classe havia uma briga enorme entre meninos e meninas. Talvez você não acredite, mas a coisa era tão feia que nenhum menino podia chegar perto de uma menina. Bastava uma menina aparecer, que a gente fingia estar apertando um inseticida, um aerossol. A gente fazia com o dedo: “fsssttt”. Como se estivesse matando barata ou mosquito.

        Eu achava essa coisa muito cretina.

        Foi quando uma menina avisou que ia fazer aniversário. Iria dar uma festa.

        O nome dela era Maria Lídia.

        Fui a festa.

        Não tinha nenhum menino da escola. Só eu. Os outros meninos que estavam lá deviam ser primos dela, ou coisa parecida. Da escola mesmo, nenhum menino. É claro. Eles desprezavam as meninas.

        Eu era meio bobo, e tinha chegado de uma escola diferente. Não fazia como os outros. Por isso a Maria Lídia tinha me convidado.

        Na festa, resolveram fazer um concurso. Um campeonato de tiro ao alvo. Era um daqueles revolvinhos de plástico, com flechinhas de ventosa na ponta, que grudam na parede.

        Peguei o revólver, mirei o alvo.

        Acertei várias vezes.

        Só que fiquei em segundo lugar. Um primo dela era muito bom naquilo e ficou em primeiro.

        Deram um prêmio para ele. Acho que foi um carrinho de plástico.

        Como eu tinha ficado em segundo lugar, tinha direito a um prêmio também.

        A Maria Lídia me chamou. Disse que ia dar o meu prêmio. Ela me levou para o quarto dela.

        Deu para mim um saco de bolas de gude.

        -- Obrigado, Maria Lídia.

        Ela não respondeu. Pensou um pouco. Abriu uma gaveta. E me deu um álbum de figurinhas.

        Não parou por aí. Ela também me deu um bonequinho de índio. Umas canetinhas hidrográficas. Um quadrinho. Um monte de coisas.

        Achei ótimo. Mas fiquei pensando. Afinal, no campeonato de tiro ao alvo, eu só tinha tirado o segundo lugar. E o primeiro lugar só recebera um carrinho de plástico. Todos aqueles presentes nem eram prêmio de campeonato nenhum. Eram coisas dela, que ela ia dando sem parar.

        Pode ser que a Maria Lídia gostasse de mim. Mas pode se outra coisa.

        Eu era o único menino da escola que tinha ido à festa. Eu era o único que não desprezava as meninas. Acho que ela ficou tão contente com isso que me deu todos os presentes que podia inventar.

        Ganhar no tiro ao alvo não era importante para ela. Ir à festa era mais.

        Concluí que ser bonzinho às vezes é um ótimo negócio.

        E que a gente não precisa ser bom no futebol. As meninas não ligam para isso. Se a gente for legal com elas.

COELHO, Marcelo. A professora de desenho e outras histórias. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1998. p. 17-21.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 61-63.

Entendendo o conto:

01 – Por que a escola do narrador era considerada antiquada?

      A escola era considerada antiquada porque não permitia que as crianças corressem no pátio, jogassem futebol ou fizessem outras atividades durante o recreio. Além disso, as crianças eram obrigadas a formar fila quando o sinal tocava.

02 – Qual era a vantagem de estudar na escola antiquada, segundo o narrador?

      A vantagem era que o narrador, sendo um bom aluno e o primeiro da classe, tinha prestígio e era bem-visto pelos colegas, especialmente pelas meninas.

03 – O que mudou na vida do narrador quando ele foi transferido para uma escola mais moderna?

      Na escola nova, ser um bom aluno não era valorizado e o narrador foi considerado um puxa-saco da professora. Além disso, ele se sentiu deslocado porque todos os meninos sabiam jogar futebol, mas ele era péssimo no esporte.

04 – Como os meninos da nova escola tratavam as meninas?

      Os meninos da nova escola desprezavam as meninas e faziam brincadeiras ofensivas, como fingir apertar um inseticida ao redor delas.

05 – Quem era Maria Lídia e o que ela fez?

      Maria Lídia era uma menina da escola do narrador que convidou os colegas para sua festa de aniversário. Ela organizou um concurso de tiro ao alvo na festa.

06 – Qual foi a reação dos meninos da escola ao convite da Maria Lídia para sua festa?

      Nenhum dos meninos da escola compareceu à festa, exceto o narrador. Os outros meninos desprezavam as meninas e não foram.

07 – Que competição ocorreu na festa de Maria Lídia e qual foi o resultado do narrador?

      Houve um concurso de tiro ao alvo com um revólver de brinquedo. O narrador ficou em segundo lugar, enquanto o primo de Maria Lídia ficou em primeiro.

08 – Quais prêmios o narrador recebeu na festa de Maria Lídia?

      O narrador recebeu um saco de bolas de gude, um álbum de figurinhas, um bonequinho de índio, canetinhas hidrográficas, um quadrinho e outros presentes que Maria Lídia lhe deu espontaneamente.

09 – Por que o narrador acredita que Maria Lídia lhe deu tantos presentes?

      O narrador acredita que Maria Lídia lhe deu muitos presentes porque ele foi o único menino da escola que compareceu à festa e não desprezava as meninas.

10 – Qual foi a lição que o narrador aprendeu ao final do conto?

      O narrador concluiu que ser bonzinho pode ser um ótimo negócio e que não é necessário ser bom no futebol para ser valorizado pelas meninas.

 

 

NOTÍCIA: O ORGULHO ESTÁ DE VOLTA - REVISTA ÉPOCA - COM GABARITO

 Notícia: O orgulho está de volta

        O ano letivo começa em todo o país com uma novidade a ser aplaudida no desgastado cenário da educação brasileira. Depois de décadas de menosprezo e abandono, o professor volta a ter sua importância reconhecida. Até o salário, antes uma fonte permanente de reclamações e dor de cabeça, já não é mais tão decepcionante – embora todos reconheçam que ainda precise melhorar muito. Em consequência, o país vê-se diante de um fenômeno curioso: a autocomiseração de antes cede lugar a certo orgulho. Há quem diga o inimaginável no tempo das greves dos anos 80: vale a pena ser professor.

 FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxaOeQE3jMtfgJrqJNyu1fmpV6nIJrDjHHjdB3gY4L6hz4zJNrUHQO9OuVg3OAZe2ygbYCIbs5S_eZ59xGjrxdxggwkox4Q4di5OpxE1OtSd0Zi_Wa00jyvW4HXe-Wx4I6x7AUImcXVxkfeu-ZTbBjvi3Rli8HlmPVsfKHk6BGH0ulBZMPIVIxZWsM7AQ/s320/professor.png


        Essa nova fase do ensino no país é mais visível no universo das escolas particulares, sendo motivada naturalmente pela concorrência atrás da clientela dos melhores alunos. Os donos das escolas sabem que precisam oferecer boas condições de trabalho e, consequentemente, pagar mais para atrair professores qualificados. Já é comum encontrar colégios que investem pesado na reciclagem de seus profissionais pagando cursos, hospedagem em congressos e até viagens ao exterior com o objetivo de conhecer escolas e métodos de ensinos diferentes.

        A realidade da escola pública é obviamente diversa. Faltam recursos e os salários são mais baixos que os da rede privada. Mas até entre esses profissionais o fenômeno da revalorização é incontestável.

Revista Época. São Paulo: Globo, 1º fev. 1999, p. 59.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 236-237.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a novidade a ser aplaudida no cenário da educação brasileira?

      A novidade é o reconhecimento da importância do professor, que volta a ser valorizado após décadas de menosprezo e abandono. Além disso, os salários, que antes eram uma fonte constante de reclamações, já não são tão decepcionantes, embora ainda precisem melhorar.

02 – Como essa nova fase do ensino é mais visível no universo das escolas particulares?

      Nas escolas particulares, a nova fase é motivada pela concorrência atrás dos melhores alunos. Os donos das escolas sabem que precisam oferecer boas condições de trabalho e pagar mais para atrair professores qualificados. É comum encontrar colégios que investem em cursos, congressos e até viagens ao exterior para reciclagem profissional.

03 – Qual é a diferença entre a realidade das escolas particulares e das escolas públicas?

      A realidade nas escolas públicas é diversa das particulares. Faltam recursos e os salários são mais baixos. No entanto, mesmo entre esses profissionais, o fenômeno da revalorização dos professores é incontestável.

04 – Qual era a situação dos professores durante as greves dos anos 80?

      Durante as greves dos anos 80, havia um clima de autocomiseração entre os professores. A profissão era vista com desânimo e insatisfação, e os salários eram uma fonte permanente de reclamações e dor de cabeça.

05 – Quais medidas têm sido adotadas pelas escolas particulares para atrair e reter professores qualificados?

      As escolas particulares têm adotado medidas como oferecer boas condições de trabalho e salários mais altos. Além disso, investem na reciclagem dos profissionais, pagando cursos, hospedagem em congressos e até viagens ao exterior para conhecer escolas e métodos de ensino diferentes.