quarta-feira, 6 de novembro de 2024

TEXTO: ISSO NÃO ESTÁ ME CHEIRANDO BEM - COM GABARITO

TEXTO: ISSO NÃO ESTÁ ME CHEIRANDO BEM

 

    Imagine uma bolinha de neve no topo de uma montanha e quando ela chegar lá embaixo, vai ter virado um imenso bolão, não é? Isso é o que acontece com o lixo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpkWMqpsgzSFMwkX5CXvKNOYfnW8nXwqL2It65zLuMvqAPdh1aCQDKog9fKQ5OLTp8VVRH0cUPe_DhK78F8jz96uhriZLGBZCw_KE6bZOQWjKoNTJWBTK3Nd3oRYXWywKKe95NSiiy8NOEkLJx7XUdSa0AZjGeQn5TXDT1HfnAmX8Y9cd7hNSh2rQTNtM/s1600/LIXO.jpg


   Cada um de nós, brasileiros, produz mais ou menos 500 gramas de lixo todos os dias. Parece pouco, mas é só fazer as contas. Todos os dias, esse lixo vira um bolão de milhões de toneladas!!! Só na cidade de São Paulo, são produzidas 12 mil toneladas por dia.

   Para resolver esse problemão, a reciclagem é uma grande ideia!  Na reciclagem, o lixo é tratado e será reaproveitado para fazer novos produtos.

    Para reciclar, é preciso primeiro separar os tipos de lixo feitos de plásticopapel, metal e vidro, que são materiais reaproveitáveis. É por isso que em alguns lugares a gente encontra aquelas lixeiras coloridas.

Questões de Múltipla Escolha

EF15LP03- Localizar informações explícitas em textos.

EF69LP27- Analisar os efeitos de sentido produzidos pelo uso de modalizadores em textos diversos.

EF15LP01- Identificar a função social de textos que circulam em campos da vida social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a comunidade, a escola) e nas mídias impressa, de massa e digital, reconhecendo para que foram produzidos, onde circulam, quem os produziu e a quem se destinam.


Questão 1 (EF15LP03)

Qual é a comparação utilizada no texto para explicar o que acontece com o lixo?

a) O lixo é comparado a uma bola de neve que aumenta de tamanho conforme desce a montanha.

b) O lixo é comparado a um rio que cresce com a quantidade de chuva.

c) O lixo é comparado a uma árvore que cresce a cada dia.

d) O lixo é comparado a um incêndio que se alastra rapidamente.

 Questão 2 (EF69LP27)

Qual é o efeito de sentido produzido pela expressão "Isso não está me cheirando bem" no início do texto?

a) A expressão indica que o autor está com um problema de saúde.

b) A expressão cria um tom de humor para abordar um tema sério

c) A expressão demonstra a falta de conhecimento do autor sobre o assunto.

d) A expressão chama a atenção do leitor para um problema grave sobre o lixo.

 Questão 3 (EF15LP03)

O texto foi escrito para:

(A) Informar as pessoas.

(B) Divertir as pessoas.

(C) Promover um produto.

(D) Dar um recado

 Questão 4 (EF15LP01)

De acordo com as informações do texto, o grande problema nas cidades é:

(A) A separação do lixo.

(B) A reciclagem do lixo.

(C) A produção de lixo.

(D) Decomposição do lixo.

 Questão 5 (EF15LP03)

Para solucionar este problema é preciso:

(A) Separar o lixo para reciclagem.

(B) Jogar o lixo nos lixões.

(C) Limpar o lixo dos rios.

(D) Produzir mais lixo.

 Questão 6 (EF15LP01)

Qual é a função social do texto "Isso não está me cheirando bem"?

a) Entreter os leitores com uma história divertida sobre o lixo.

b) Informar os leitores sobre o problema do lixo e a importância da reciclagem.

c) Vender produtos de reciclagem para os leitores.

d) Criticar o governo pela falta de soluções para o problema do lixo.

 

 

 

 

TEXTO: ATAS DO I CONGRESSO NACIONAL DA ABRALIN - (FRAGMENTO) - JOSÉ LUIZ FIORIN - COM GABARITO

 Texto: Atas do I Congresso Nacional da ABRALIN – Fragmento

           José Luiz Fiorin

        É um mito a pretensa possibilidade de comunicação igualitária em todos os níveis. Isso é uma idealização. Todas as línguas apresentam variantes: o inglês, o alemão, o francês etc. Também as línguas antigas tinham variações. O português e outras línguas românicas provêm do latim, o chamado latim vulgar, muito diferente do latim culto. Além disso, as línguas mudam. O português moderno é muito distinto do português clássico. Se fôssemos aceitar a ideia de estaticidade das línguas, deveríamos voltar a falar latim. Ademais o português provém do latim vulgar, poder-se-ia falar que ele está todo errado.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPOoyEuaVhFi0wRSAMZzFpSUSHoS3pP3zxbf5HS5OOXlj_ChIff6_51BgLjEeyRlTMLaIJNBljH1ue0P1BnCu5y62Ny09CZ-MRkE7eRfXmHsEI6qrWomY-jCc5fw6htXo2KIqcFCydd_rH6eImrKFiMc_AMAdZULyn0ZdP3ehEApq7emuyTHeyr7EA9-s/s1600/LINGUISTICA.jpg


        A variação é inerente à língua porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam numa região ou noutra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma classe social, e assim por diante. O uso de determinada variedade linguística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá uma identidade para seus membros. Aprendemos a distinguir a variação.

        Quando alguém começa a falar, sabemos se é do interior de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos que certas expressões pertencem à fala dos mais jovens, que determinadas formas se usam em situação informal, mas não em ocasiões formais. Saber uma língua é conhecer variedades. Um bom falante é “poliglota” em sua própria língua. Saber português não é aprender regras que só existem numa língua artificial usada pela escola.

        As variantes não são feias ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes; são simplesmente diferentes. Como as línguas são variáveis, elas mudam. “Nosso homem simples do campo” tem dificuldade de comunicar-se nos diferentes níveis do português não por causa da variação e da mudança linguística, mas porque foi barrado o acesso à escola ou porque, neste país, se oferece um ensino de baixa qualidade às classes trabalhadoras e porque não se lhes oferece a oportunidade de participar da vida cultural das camadas dominantes da população.

FIORIN, José Luiz. In: Atas do I Congresso nacional da ABRALIN. Excertos.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 140-141.

Entendendo o texto:

01 – Qual a principal tese defendida por Fiorin sobre a língua?

      A principal tese é que a variação linguística é um fenômeno natural e inerente a todas as línguas, sendo resultado de fatores sociais e históricos. A ideia de uma língua pura e imutável é um mito.

02 – Por que Fiorin considera a ideia de uma língua estática como um mito?

      Fiorin argumenta que a ideia de uma língua estática é um mito porque as línguas são dinâmicas e sofrem constantes mudanças ao longo do tempo. Além disso, as línguas são usadas por diferentes grupos sociais, cada um com suas próprias características e necessidades, o que gera a diversidade linguística.

03 – Qual a relação entre a variação linguística e a identidade social?

      A variação linguística está intimamente ligada à identidade social. A escolha de determinadas variantes linguísticas serve para marcar a inclusão em um grupo social específico, seja por idade, região, profissão ou classe social.

04 – Por que Fiorin critica a ideia de que existe uma única forma correta de falar?

      Fiorin critica a ideia de que existe uma única forma correta de falar porque ela desconsidera a diversidade linguística e a dinâmica das línguas. Ao estabelecer uma norma única, exclui-se um grande número de falantes e marginalizam-se as variedades linguísticas consideradas menos prestigiosas.

05 – Qual o papel da escola no ensino da língua?

      Segundo Fiorin, a escola tem um papel fundamental no ensino da língua, mas deve levar em consideração a variação linguística e a diversidade dos falantes. O ensino de língua deve promover o contato com diferentes variedades linguísticas e valorizar a língua dos alunos, em vez de impor uma norma artificial.

06 – Quais os fatores sociais que contribuem para a dificuldade de comunicação de pessoas de diferentes classes sociais?

      A dificuldade de comunicação entre pessoas de diferentes classes sociais não se deve à variação linguística em si, mas a fatores sociais como a desigualdade de oportunidades, o acesso limitado à educação e a falta de contato com diferentes variedades linguísticas.

07 – Qual a importância de reconhecer e valorizar a diversidade linguística?

      Reconhecer e valorizar a diversidade linguística é fundamental para promover a inclusão social e a valorização da cultura. Ao aceitar e respeitar as diferentes formas de falar, contribuímos para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

 

TEXTO: A CRISE DA RACIONALIDADE E A EMERGÊNCIA DO ESPIRITUAL - (FRAGMENTO) - FREI BETTO - COM GABARITO

 Texto: A crise da racionalidade e a emergência do espiritual – Fragmento

           Frei Betto

        Nos últimos anos tem havido uma emergência da mística no âmbito internacional. No Brasil, além do êxito dos livros de Paulo Coelho, nas últimas bienais (Rio de Janeiro e São Paulo) os livros mais procurados e vendidos, junto com os infantis, foram os esotéricos, aí incluídos os de espiritualidade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp-xc0K47-mExa98hbuMna0-wToqsC3ZTtVaUYnl_pP6evGcAO5S_VlPAphv4gyI2c4DlYdelMVcLvtIvVtTlQ-TfF2I8r_iNdUxCiRG7oX6GJUdpUKJE1vxB7zxczOz41shH_QThQAHhAMcRnv_DCi5kauu8RCwyknBcWJdJui16l4j85Ic2fgXMURio/s320/EMERGENCIAL.jpg


        A espiritualidade é uma experiência mística, mistérica, que adquire uma conotação normativa na nossa vida. A mística é experiência fundante no ser humano desde que ele existe na face da terra, mas há diferentes espiritualidades e diferentes modos de vivenciá-las. Na tradição cristã, são bem acentuadas as diferentes espiritualidades: beneditina, dominicana, jesuítica, franciscana.

        Quais as razões dessa emergência da mística e da espiritualidade, hoje?

        A primeira é a crise da racionalidade moderna, ou seja, da nossa maneira de entender o mundo, muito tributária da filosofia de Descartes e da física de Newton. A realidade não é mais perceptível de um modo global. Não podemos mais falar em tratados, em suma teológica ou mesmo em enciclopédia. Toda nossa percepção do real é fragmentada e fragmentária. A resposta à pergunta “o que é a verdade?” nenhum de nós, individualmente, é capaz de dar, e talvez o silêncio de Jesus tenha sido porque a Verdade não poderia ser definida em palavras.

        (...)

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 167-168.

Entendendo o texto:

01 – Qual a principal observação de Frei Betto sobre a espiritualidade nos últimos anos?

      Frei Betto observa um crescente interesse e busca pela espiritualidade nas últimas décadas, tanto no Brasil quanto no mundo, manifestando-se através da popularidade de livros e práticas esotéricas.

02 – Por que a espiritualidade é considerada uma experiência fundante no ser humano?

      A espiritualidade é considerada uma experiência fundante porque faz parte da natureza humana desde os primórdios, sendo uma busca intrínseca por significado, propósito e conexão com algo maior do que si mesmo.

03 – Qual a relação entre a crise da racionalidade moderna e a emergência da espiritualidade?

      A crise da racionalidade moderna, caracterizada pela fragmentação do conhecimento e pela dificuldade em encontrar respostas definitivas para grandes questões, leva as pessoas a buscarem respostas em outras esferas, como a espiritualidade, que oferece um sentido de completude e conexão.

04 – Como a tradição cristã aborda a diversidade de espiritualidades?

      A tradição cristã reconhece a diversidade de espiritualidades, como demonstra a existência de diferentes ordens religiosas (beneditina, dominicana, jesuítica, franciscana), cada uma com suas próprias características e enfoques espirituais.

05 – Qual a importância do silêncio de Jesus na reflexão de Frei Betto sobre a verdade?

      O silêncio de Jesus é interpretado por Frei Betto como uma indicação de que a verdade é algo complexo e difícil de ser expresso em palavras. Essa ideia reforça a noção de que a espiritualidade é uma experiência pessoal e subjetiva, que transcende as explicações racionais.

 

CRÔNICA: BUDAPESTE - DEVIA SER PROIBIDO - (FRAGMENTO) - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Crônica: Budapeste – Devia ser proibido – Fragmento

              Chico Buarque

        Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira. Certa manhã, ao deixar o metrô por engano numa estação azul igual à dela, com um nome semelhante à estação da casa dela, telefonei da rua e disse: aí estou chegando quase. Desconfiei na mesma hora que tinha falado besteira, porque a professora me pediu para repetir a sentença. Aí estou chegando quase... havia provavelmente algum problema com a palavra quase. Só que, em vez de apontar o erro, ela me fez repeti-lo, repeti-lo, repeti-lo, depois caiu numa gargalhada que me levou a bater o fone. Ao me ver à sua porta teve novo acesso, e quanto mais prendia o riso na boca, mais se sacudia de rir com o corpo inteiro.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXkIukiyfwOtDlhHakdX4issV_7wnh_kKAq7vqemtfyR1a9U-2fkdRe57k2n56itFFtEZH_ZikaWjSEPKO5Y3ESoh36OyKU78PTqmd_3KzPPYKQGGmtpPy4bVDiIFu9vnv1i4qRTdPTmAuWa5dwu0NqQLc7ifzICdEOopAhKdtrO117gku1WZj3RzJCKc/s320/budapeste_.jpg


        Disse enfim ter entendido que eu chegaria pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha, depois um joelho, e a piada nem tinha essa graça toda.

        Tanto é verdade que em seguida Kriska ficou meio triste e, sem saber pedir desculpas, roçou com a ponta dos dedos meus lábios trêmulos. Hoje, porém posso dizer que falo o húngaro com perfeição, ou quase. Quando de noite começo a murmurar sozinho, a suspeita de um ligeiríssimo sotaque aqui e ali muito me aflige. Nos ambientes que frequento, onde discorro em voz alta sobre temas nacionais, emprego verbos raros e corrijo pessoas cultas, um súbito acento estranho seria desastroso.

        Para tirar a cisma, só posso recorrer a Kriska, que tampouco é muito confiável; a fim de me segurar ali comendo em sua mão, como talvez deseje, sempre me negará a última migalha. Ainda assim, volta e meia lhe pergunto em segredo: perdi o sotaque? Tinhosa, ela responde: pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha... E morre de rir, depois se arrepende, passa as mãos no meu pescoço e por aí vai.

        [...]

BUARQUE, Chico. Budapeste. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 131.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a situação cômica que o narrador vivencia ao tentar falar húngaro?

      O narrador comete um erro ao tentar dizer "quase" em húngaro, o que gera uma série de reações engraçadas por parte de sua namorada, Kriska. A repetição do erro e a interpretação inusitada dada por Kriska criam um momento de humor.

02 – Qual a importância da linguagem na construção da identidade do narrador em Budapeste?

      A linguagem, especialmente o domínio do húngaro, é fundamental para a construção da identidade do narrador em Budapeste. Ele busca dominar a língua para se integrar à cultura local e se sentir mais próximo de Kriska. A preocupação com o sotaque revela seu desejo de ser aceito e reconhecido como um verdadeiro húngaro.

03 – Como a relação entre o narrador e Kriska é influenciada pela questão da linguagem?

      A questão da linguagem cria um jogo de sedução e poder entre o narrador e Kriska. Ao fazer piada com o erro do narrador, Kriska demonstra seu domínio da língua e, ao mesmo tempo, o coloca em uma posição de inferioridade. No entanto, essa dinâmica também aproxima o casal, criando momentos de cumplicidade e intimidade.

04 – Qual o papel do humor na crônica?

      O humor é um elemento fundamental na crônica, servindo para criar uma atmosfera leve e divertida. A situação cômica do erro de linguagem e as reações de Kriska proporcionam momentos de descontração e aproximam o leitor da história.

05 – Quais as inseguranças do narrador em relação ao domínio do húngaro?

      O narrador demonstra insegurança em relação ao seu domínio do húngaro, temendo ser descoberto como estrangeiro. Ele se preocupa com o sotaque e com a possibilidade de cometer erros em situações formais, o que revela sua necessidade de aprovação e reconhecimento.

06 – Qual o significado da frase "pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha..."?

      Essa frase, repetida por Kriska, tem um duplo sentido. Inicialmente, ela serve para zombar do erro do narrador, sugerindo que ele está aprendendo o húngaro lentamente e de forma gradual. No entanto, ela também pode ser interpretada como uma metáfora para o processo de aproximação entre o narrador e Kriska, que se conhecem e se apaixonam aos poucos.

07 – Como a crônica "Budapeste" aborda o tema da identidade e do pertencimento?

      A crônica aborda o tema da identidade e do pertencimento através da experiência do narrador em um país estrangeiro. A busca por dominar a língua local e se integrar à cultura húngara revela o desejo do narrador de encontrar um lugar onde se sinta pertencente. No entanto, a crônica também sugere que a identidade é algo complexo e fluido, que não se limita à questão da nacionalidade ou da língua.

 

 

CRÔNICA:AMOR E OUTROS MALES - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

 Crônica: Amor e outros males

              Rubem Braga

        Uma delicada leitora me escreve: não gostou de uma crônica minha de outro dia, sobre dois amantes que se mataram. Pouca gente ou ninguém gostou dessa crônica; paciência. Mas o que a leitora estranha é que o cronista "qualifique o amor, o principal sentimento da humanidade, de coisa tão incômoda". E diz mais: "Não é possível que o senhor não ame, e que, amando, julgue um sentimento de tal grandeza incômodo".

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsAUf0yCp6cUGpQQF1rR5k63EZUDaTQ3vXH_FZ3rayeTxHsOp8K5cQSz0ggtTd5nzeatKlAM31saW0mfjnjQATGdGVCh3EvBOsiUeHzg7YarX0VtSlRaxxrxl_q1OyIVMq-tShlf6jZxXS2-gKiWPZM62NhVqC1aBkf7kPY_JN92PlSnaAlFbZ-hQVYj4/s1600/AMOR.jpg


        Não, minha senhora, não amo ninguém; o coração está velho e cansado. Mas a lembrança que tenho de meu último amor, anos atrás, foi exatamente isso que me inspirou esse vulgar adjetivo – "incômodo". Na época eu usaria talvez adjetivo mais bonito, pois o amor, ainda que infeliz, era grande; mas é uma das tristes coisas desta vida sentir que um grande amor pode deixar apenas uma lembrança mesquinha; daquele ficou apenas esse adjetivo, que a aborreceu.

        Não sei se vale a pena lhe contar que a minha amada era linda; não, não a descreverei, porque só de revê-la em pensamento alguma coisa dói dentro de mim. Era linda, inteligente, pura e sensível – e não me tinha, nem de longe, amor algum; apenas uma leve amizade, igual a muitas outras e inferior a várias.

        A história acaba aqui; é, como vê, uma história terrivelmente sem graça, e que eu poderia ter contado em uma só frase. Mas o pior é que não foi curta. Durou, doeu e – perdoe, minha delicada leitora – incomodou.

        Eu andava pela rua e sua lembrança era alguma coisa encostada em minha cara, travesseiro no ar; era um terceiro braço que me faltava, e doía um pouco; era uma gravata que me enforcava devagar, suspensa de uma nuvem. A senhora acharia exagerado se eu lhe dissesse que aquele amor era uma cruz que eu carregava o dia inteiro e à qual eu dormia pregado; então serei mais modesto e mais prosaico dizendo que era como um mau jeito no pescoço que de vez em quando doía como bursite. Eu já tive um mês de bursite, minha senhora; dói de se dar guinchos, de se ter vontade de saltar pela janela. Pois que venha outra bursite, mas não volte nunca um amor como aquele. Bursite é uma dor burra, que dói, dói, mesmo, e vai doendo; a dor do amor tem de repente uma doçura, um instante de sonho que mesmo sabendo que não se tem esperança alguma a gente fica sonhando, como um menino bobo que vai andando distraído e de repente dá uma topada numa pedra. E a angústia lenta de quem parece que está morrendo afogado no ar, e o humilde sentimento de ridículo e de impotência, e o desânimo que às vezes invade o corpo e a alma, e a "vontade de chorar e de morrer", de que fala o samba?

        Por favor, minha delicada leitora; se, pelo que escrevo, me tem alguma estima, por favor: me deseje uma boa bursite.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 80.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal crítica da leitora à crônica de Rubem Braga?

      A leitora critica a maneira como o autor qualifica o amor como algo "incômodo", discordando da ideia de que um sentimento tão intenso possa ser visto dessa forma.

02 – Como Rubem Braga justifica sua visão sobre o amor, especialmente no contexto da crônica?

      Rubem Braga justifica sua visão a partir de uma experiência pessoal de amor não correspondido, que lhe causou grande sofrimento. Ele descreve as sensações físicas e emocionais associadas a essa experiência, como uma dor constante e invasiva.

03 – Qual a relação entre a dor física e a dor emocional explorada na crônica?

      O autor estabelece uma analogia entre a dor física (como a bursite) e a dor emocional causada pelo amor não correspondido. Ambas são descritas como intensas, persistentes e capazes de afetar profundamente a vida de uma pessoa.

04 – Qual o efeito da lembrança do amor não correspondido na vida do cronista?

      A lembrança do amor não correspondido é uma presença constante na vida do cronista, causando-lhe sofrimento e angústia. Ele a compara a um fardo que carrega consigo, uma dor que o acompanha em todos os momentos.

05 – Qual a intenção do autor ao utilizar a expressão "boa bursite" no final da crônica?

      Ao desejar uma "boa bursite", o autor expressa seu desejo por uma dor física que seja menos complexa e mais fácil de lidar do que a dor emocional causada pelo amor não correspondido. É uma forma de ironia, onde ele busca alívio em uma dor física, mesmo que seja dolorosa.

06 – Qual a importância da crônica para a compreensão da visão de Rubem Braga sobre o amor e o sofrimento?

      A crônica revela uma visão complexa e ambivalente sobre o amor. Rubem Braga demonstra que o amor pode ser tanto uma fonte de alegria quanto de grande sofrimento, e que a experiência amorosa pode deixar marcas profundas na alma humana.

07 – Como a crônica "Amor e Outros Males" se relaciona com a obra de Rubem Braga como um todo?

      A crônica se encaixa na obra de Rubem Braga por abordar temas universais como o amor, a dor, a saudade e a passagem do tempo. O autor utiliza uma linguagem simples e direta para expressar sentimentos complexos, o que é característico de seu estilo.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): VAMOS FUGIR - GILBERTO GIL - COM GABARITO

 Música(Atividades): Vamos Fugir

             Gilberto Gil

Vamos fugir!
Deste lugar, Baby!
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que você me carregue

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNJtJJhiQNv5mSxd0-nM5u3wbN2TbA9Djdy7OElF8_wxLnVbXw12xUPmkVM57fm1LTQIegnlDOC1-U2WMWhGg6ROzSFcLQJqgOcsNXE7nRQVgDUEaMXRZm2_bEBOuX2nGGTGlb0L-X4oYZAEJgbH1aLyER_1geBLuA-LbGqf_2z75RwgTx06Ea8AQVRRo/s320/FUGIR.jpg


Vamos fugir!
Pr'outro lugar, Baby!
Vamos fugir
Pr'onde quer que você vá
Que você me carregue

Pois diga que irá
Irajá, Irajá
Pra onde eu só veja você
Você veja a mim só
Marajó, Marajó
Qualquer outro lugar comum
Outro lugar qualquer

Guaporé, Guaporé
Qualquer outro lugar ao sol
Outro lugar ao sul
Céu azul, céu azul
Onde haja só meu corpo nu
Junto ao seu corpo nu

Vamos fugir!
Pr'outro lugar, Baby!
Vamos fugir
Pr'onde haja um tobogã
Onde a gente escorregue

Todo dia de manhã
Flôres que a gente regue
Uma banda de maçã
Outra banda de reggae

Composição: Liminha / Gilberto Gil.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 77.

Entendendo a música:

01 – Qual a principal mensagem da música "Vamos Fugir"?

      A principal mensagem da música é um convite à fuga da rotina, da insatisfação e da busca por um novo horizonte. A canção expressa o desejo de liberdade e a vontade de construir uma nova vida ao lado de alguém amado.

02 – Qual a importância dos nomes de lugares citados na música?

      Os nomes de lugares como Irajá, Marajó e Guaporé não têm um significado literal, mas sim um valor simbólico. Eles representam destinos desconhecidos, lugares onde os amantes podem construir uma nova realidade juntos, longe das preocupações e do cotidiano.

03 – Qual a relação entre a natureza e o amor na música?

      A natureza é utilizada como metáfora para representar a liberdade e a beleza da vida. A imagem do "céu azul" e das "flores que a gente regue" simbolizam um novo começo e a possibilidade de construir um futuro juntos.

04 – Qual o papel da repetição na música?

      A repetição do verso "Vamos fugir" enfatiza o desejo intenso de escapar da realidade e buscar um novo caminho. A repetição cria um ritmo e uma atmosfera de urgência, transmitindo a emoção do momento.

05 – Como a música "Vamos Fugir" pode ser interpretada em diferentes contextos?

      A música pode ser interpretada de diversas formas, dependendo do contexto e da experiência de cada ouvinte. Além da busca por um amor idealizado, ela pode representar a busca por liberdade, a vontade de mudar de vida ou a necessidade de escapar de uma situação difícil.

06 – Qual a influência da música reggae na canção?

      A influência do reggae é evidente na melodia, no ritmo e na temática da fuga e da liberdade. A referência a uma "banda de reggae" reforça essa conexão e contribui para criar um clima de leveza e descontração.

07 – Por que a música "Vamos Fugir" se tornou um clássico da música brasileira?

      A música "Vamos Fugir" se tornou um clássico por sua letra poética e inspiradora, que fala diretamente ao coração das pessoas. A melodia contagiante e a mensagem universal de amor e liberdade contribuíram para a sua popularidade duradoura.

 

 

CRÔNICA: DE REPENTE - EUNICE JACQUES - COM GABARITO

 Crônica: De repente

              Eunice Jacques

        Vejo o menino cor-de-chocolate, pés descalços, perninhas magras, brincando distraído com uma lata de óleo. E, nem sei por quê, de repente me lembro do outro Menino que a gente ocidental acredita ter sido loiro e de olhos azuis. Penso que o Menino estará de aniversário em poucos dias e continuo a pensar nisso, mesmo sabendo que os homens alteraram o calendário e fixaram uma data que coincidisse com festas pagãs que deveriam ser banidas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhLxTypRwnvA_qutc-Zji4iiLK_79lxstWPaNTTIBM4tNzk3VdI5OApyyf9idqc-kWvOpEVFpTkkQuRzhRWvHLljXazqLtgIVzZ6pOA9NzQp7gsVDlOGG4GWiKh0jA_03p7hRZ3GF5NLo_mmbFyhrP9eiJygZi3xDUxIXC6RPkjEgXRuV2o8oIc5M6GBQ/s250/DESCAL%C3%87O.jpg


        De repente, me invade a sensação de ser Papai Noel e finjo estar vestida de vermelho e ter gorda barriga apertada em casaco de cetim e algodão. E de um saco feito de pedaços de pano, imagino tirar um pacote enfeitado de luzes e sinos para presentear o menino de chocolate. Depois, também tão de repente, volto a pensar no Menino que dos reis recebeu incenso e mirra, aconchegado em seu tosco berço. Diz o Livro que havia uma estrela enorme a indicar o caminho à manjedoura.

        De repente, me escuto a pedir a estrela. Eu, ansiando por doar, me surpreendo pedindo. Quero um céu profundo e luminoso nesta noite, para que nos acalente de paz. E que vaga-lumes imitem nas ruas o brilho dos astros. E que se escutem risos, e que se sinta pelo ar a ternura que o mundo teima em esconder. E que brote de muitos lábios, uma prece intensa pela  vida  e  pelos  seus mistérios, e que os seres, todos eles, de repente, fiquem impregnados de esperanças. Eu vi um menino cor-de-chocolate, que me fez lembrar do Outro, que os homens desenharam louro e com olhos claros como bolitas vivazes. E, de repente, imaginei a minha árvore de verdes grimpas feita de enfeites de chocolate e de doces de azulanil.

        E, então, me ouvi cantando uma canção de ninar aos dois meninos, tão próximos entre a distância de séculos. Mas, em seguida, notei surpresa que a minha voz era menina: de repente, cantávamos nós, as três crianças.

Eunice Jacques. Zero Hora, s.d. (adaptação).

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 164.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal reflexão proposta pela autora na crônica?

      A crônica nos convida a refletir sobre a universalidade da infância, da esperança e da busca por um mundo mais justo e solidário, transcendendo as diferenças culturais e religiosas.

02 – Qual a importância da imagem do menino cor-de-chocolate?

      A imagem do menino cor-de-chocolate serve como ponto de partida para a reflexão da autora sobre a representação da criança na cultura ocidental, contrastando com a imagem tradicional do Menino Jesus. Essa imagem também simboliza a diversidade e a riqueza cultural da humanidade.

03 – Como a autora conecta o Natal cristão com outras tradições?

      A autora estabelece uma conexão entre o Natal cristão e outras tradições ao mencionar as festas pagãs e os reis magos. Essa conexão evidencia a universalidade da celebração do nascimento e da renovação.

04 – Qual o papel da natureza na crônica?

      A natureza, representada pela estrela, pelos vaga-lumes e pela árvore de Natal, simboliza a beleza, a esperança e a renovação. Ela serve como um pano de fundo para as reflexões da autora sobre a condição humana.

05 – Qual o significado da mudança de perspectiva da autora ao longo da crônica?

      A mudança de perspectiva da autora, que se vê ora como Papai Noel, ora como uma criança cantando, revela a natureza fluida da memória e da imaginação. Essa mudança também permite uma aproximação mais íntima com as personagens e com o tema da crônica.

06 – Qual a importância da repetição da palavra "de repente" no texto?

       A repetição da palavra "de repente" enfatiza a natureza espontânea e inesperada dos pensamentos e sentimentos da autora. Ela cria um ritmo e uma atmosfera de surpresa e encantamento.

07 – Qual a mensagem final da crônica?

      A mensagem final da crônica é uma mensagem de esperança e união. A autora convida o leitor a celebrar a vida, a cultivar a solidariedade e a acreditar em um futuro melhor para todos. A imagem das crianças cantando juntas simboliza a união e a fraternidade entre os seres humanos.

 

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

FILME(ATIVIDADES): ANOS DOURADOS - DIREÇÃO: ANDRÉ TÉCHINÉ - COM GABARITO

 Filme (atividades): Anos Dourados

 

Lançamento: em breve.

Duração: 1h 43min.

Gênero: Drama.

Direção: André Téchiné.  

Roteiro: André Téchiné, Cédric Anger.

Elenco: Pierre Deladonchamps, Céline Sallette, Grégoire Leprince-Rinquet.

Título original: Nos Années Folles.

Classificação etária: 14 anos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwWbHdmKsJSpDQEiAP5r1s8tUnny9_YZj6iIFYNuHj5m5Gn_Xsuh6mB9aW7z0qkIZ2ThVJnp5EdxN2fh_VfjpJnGIXd0I18lPwASYayH38qDxXfhEXB62pZ1DPrfjRgC9IodFD3jC_pYKbNXHGnh9eLNnQRi5jdYluAr4vJv-oYc8o0KeZQcrNO5qGHfE/s320/ANOS.jpg


Sinopse

      Soldado francês da Segunda Guerra Mundial, Paul Grappe (Pierre Deladonchamps) decide desertar e abandonar os confrontos. Em seguida, começa a se passar por mulher para fugir do esquadrão de fuzilamento, precisando ficar assim por uma década. Quando consegue anistia, ele tenta viver como um homem novamente.

Atividades do filme:

01 – Qual o gênero do filme "Anos Dourados"?

a)   Comédia.

b)   Ação.

c)   Drama.

d)   Ficção Científica.

02 – Quem é o diretor do filme?

a)   Pierre Deladonchamps.

b)   Céline Sallette.

c)   Grégoire Leprince-Rinquet.

d)   André Téchiné.

03 – Qual o período histórico em que se passa a maior parte da história?

a)   Primeira Guerra Mundial.

b)   Segunda Guerra Mundial.

c)   Anos 1950.

d)   Anos 1980.

04 – Qual o motivo que leva o protagonista a se passar por mulher?

a)   Para encontrar um emprego.

b)   Para fugir do esquadrão de fuzilamento.

c)   Para viver uma nova identidade.

d)   Para se aproximar de alguém que ama.

05 – Por quanto tempo o protagonista vive como mulher?

a)   Alguns meses.

b)   Alguns anos.

c)   Uma década.

d)   Toda a vida.

06 – Qual a importância da Segunda Guerra Mundial para a trama do filme?

      A Segunda Guerra Mundial serve como pano de fundo para a história, criando um contexto de conflito e instabilidade que força o protagonista a tomar decisões extremas. A guerra molda a personalidade de Paul e impacta diretamente sua decisão de desertar e se disfarçar.

07 – Como a experiência de viver como mulher transforma o protagonista?

      A experiência de viver como mulher proporciona a Paul uma nova perspectiva de mundo e o obriga a questionar sua identidade e seus valores. Ele vivencia uma transformação profunda, aprendendo a lidar com as dificuldades e preconceitos de uma sociedade machista.

08 – Quais os desafios enfrentados por Paul ao tentar voltar a viver como homem após a guerra?

      Ao tentar retornar à sua vida anterior, Paul enfrenta diversos desafios, como a rejeição social, a dificuldade de se adaptar à nova realidade e a necessidade de reconstruir sua identidade. Ele precisa lidar com as sequelas emocionais e psicológicas da guerra e da longa experiência vivida como mulher.

09 – Qual a mensagem principal do filme?

      O filme "Anos Dourados" levanta questões sobre identidade, gênero, preconceito e a capacidade humana de adaptação. Ele nos convida a refletir sobre os desafios enfrentados por aqueles que se desviam dos padrões sociais e a importância da aceitação e da compreensão.

10 – Como você interpreta o título "Anos Dourados"?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O título "Anos Dourados" pode ser interpretado de forma ambígua. Por um lado, pode se referir aos anos que Paul viveu como mulher, um período em que ele experimentou uma nova liberdade e identidade. Por outro lado, pode ser uma ironia, já que a guerra foi um período marcado por sofrimento e perda. O título pode sugerir que, apesar das dificuldades, Paul encontrou momentos de felicidade e realização em sua vida.