ENTREVISTA – MARTIN SELIGMAN
O psicólogo
americano, criador da psicologia positiva, diz que uma vida boa é mais do que
manter um sorriso no rosto e está ao alcance de qualquer um.
Letícia Sorg
Entrevista publicada na Revista Época, disponível em: https://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI235122-15228,00.html
Um dos principais defensores da importância da felicidade, o psicólogo americano Martin Seligman está revendo seus conceitos. Em seu novo livro, Flourish (Florescer) , que será lançado no Brasil em outubro pela editora Objetiva, ele afirma que as emoções positivas estão supervalorizadas e que há pelo menos cinco caminhos para viver bem – ou florescer. Seligman explica sua nova teoria.
QUEM É
Nascido em 1942 em Albany, Nova York, Martin
Seligman tem sete filhos e quatro netos
O QUE FEZ
Ex-presidente da Associação Americana de
Psicologia, é criador da psicologia positiva
O QUE PUBLICOU
Mais de 20 livros, entre eles Felicidade autêntica (2002) e Florescer (2011)
ÉPOCA – Flourish questiona o papel da felicidade que o senhor antes defendia. O senhor está renegando sua própria teoria?
Martin Seligman – Minha ciência sempre foi um trabalho em
construção. Não estou renegando, apenas corrigindo e ampliando o que fiz antes.
Renegar é uma palavra forte demais, já que fazer ciência é mudar de ideia.
Seligman – Deixar de entender a felicidade, as emoções positivas,
como o objetivo final comum, como o único fator no qual as pessoas baseiam suas
escolhas. Em vez disso, há cinco objetivos: felicidade, relacionamentos,
propósito, engajamento e realizações. Se você pensar num avião, não há um único
número que diga como ele está. É preciso checar altitude, velocidade, nível de
combustível, temperatura. De maneira semelhante, os humanos são muito
complicados e não dependem de um único fator.
ÉPOCA – Não é o caso, então, de ampliar o que entendemos por
felicidade?
Seligman – É preciso restringir o conceito de felicidade. Perseguir
só a felicidade é enganoso. Não que eu seja contra a carinha sorridente
perpetuada por Hollywood, mas as emoções positivas são só parte do que motiva
as pessoas.
ÉPOCA – A personalidade é o fator mais importante para a felicidade. Como
ela influencia nossa capacidade de florescer?
Seligman – Um de meus principais interesses é a resiliência, a
capacidade de recuperação quando algo de ruim acontece. Descobrimos que a
personalidade ajuda a prever quem, diante de um desafio, vai ficar deprimido ou
crescer. Em geral, os otimistas são aqueles que superam as dificuldades. Não
importam os fatores externos, mas quanto você considera que a dificuldade é
temporária, e a realidade mutável.
ÉPOCA – Quem é pessimista também pode florescer?
Seligman – Você pode ser deprimido e florescer; ter câncer, ser
esquizofrênico e florescer. Essas condições atrapalham, mas não anulam a
possibilidade. Essa é a principal vantagem de olhar para os cinco fatores, em
vez de só ver as emoções positivas. Há muitas maneiras de aumentar seu
engajamento, de melhorar suas relações pessoais, de ter mais propósito e de se
sentir realizado. É possível aumentar a duração e a intensidade da felicidade,
mas apenas dentro dos limites biológicos de quem você é. Se só as emoções positivas
importassem, o máximo que poderíamos melhorar é de 5% a 15%.
ÉPOCA – Se a felicidade não é assim tão importante, por que governos como
o do Reino Unido estão começando a medi-la?
Seligman – Há quem diga que governos devem pensar em aumentar a
felicidade das pessoas. Eu digo que é preciso aumentar os cinco elementos.
Pense em Madre Teresa. Era solitária, mas teve uma vida cheia de sentido e
floresceu ajudando os outros. Fazemos trocas, e é isso que os governos têm de
fazer.
SORG,Letícia. ELIAS,Juliana. O mito da
felicidade.Época.
Disponível em: http://revistaepocaglobo.com/Revista/Epoca/O.EM1235122-15228html
Acesso em: 22 fev 2018.
Leia
mais: https://psicoterapiaepsicologia.webnode.com.br/products/entrevista-martin-seligman/
Entendendo o texto
01. De que modo Martín Seligman
justifica não estar “renegando” sua própria teoria?
O psicólogo
alega tratar-se de uma correção e de uma ampliação de seu trabalho, já que sua
ciência sempre foi um trabalho em construção o que, segundo ele, fazer ciência
é mudar de ideia.
02. Explique a principal
mudança apresentada no livro Flourish, segundo a entrevista.
A felicidade
e as emoções deixam de ser consideradas o único fator no qual as pessoas
baseiam suas escolhas, em vez disso, há cinco objetivos: felicidade,
relacionamentos, propósito, engajamento e realizações.
03. Por que Martin Seligman
afirma que essas mudanças não correspondem a uma ampliação do que entendemos
por felicidade?
Segundo o
psicólogo, o conceito de felicidade deve ser restrito, pois perseguir apenas a
felicidade é enganoso.
04. Considerando as regras
de concordância nominal, leia as orações inspiradas na reportagem e responda às
perguntas que seguem.
I.
Buscamos
sentimentos e emoções positivas.
a)A concordância do adjetivo “positivas” está adequada às
regras da norma-padrão da língua portuguesa? Por quê?
Sim, o adjetivo na função de adjunto adnominal,
localizado depois dos substantivos, pode concordar com o substantivo mas
próximo.
b)Existe outra possibilidade de concordância para esse
adjetivo? Explique.
Sim, nesse caso, o adjetivo também poderia
concordar com todos os substantivos.
c)Como seria feita a concordância desse adjetivo se ele
estivesse antes dos substantivos?
Antes dos substantivos, na função de adjunto
adnominal, o adjetivo só pode concordar com o substantivo mais próximo.
II. Os efeitos e as causas das dificuldades são temporários.
a)Por que a concordância do adjetivo “temporários” está no
masculino plural?
Porque, nesse enunciado, desempenha papel de
predicativo do sujeito e está depois dos substantivos assim, deve,
obrigatoriamente, concordar com todos eles.
b)Haveria a possibilidade de o adjetivo concordar no singular?
No caso desse enunciado não.