sábado, 13 de agosto de 2022

REPORTAGEM: ZÉ NINGUÉM, QUE COLORE VÁRIOS MUROS CARIOCAS, GANHA LIVRO COM SUA HISTÓRIA - KARINA MAIA - COM GABARITO

Reportagem: Zé Ninguém, que colore vários muros cariocas, ganha livro com sua história

  Zé Ninguém atormentado pelo Espírito de Porco. Grafite de Tito estampado em muro da cidade do Rio de Janeiro em 2014.

        Zé Ninguém, que colore vários muros cariocas, ganha livro com sua história

        Personagem é criação do grafiteiro norte-americano Tito.

        Rio – É comum ver grafites espalhados por várias partes do Rio. No meio deles, a imagem de um homem laranja, de bigode e chinelo no pé tem se destacado cada vez mais. Estampado pelos muros cariocas, o personagem batizado como Zé Ninguém vem se multiplicando pela cidade há sete anos através dos traços do grafiteiro Alberto Serrano, mais conhecido como Tito. [...]

        [...] Filho de um porto-riquenho, ele trocou o Bronx pelo Rio em 2001 e logo se identificou com o que viu por aqui. “O Zé Ninguém é inspirado no meu pai. Ele também usava chinelo, shortinho e bigode quando morávamos no Bronx. Para mim, era engraçado. Mas, quando vim para o Brasil, encontrei um monte de gente que nem ele”, conta o artista.

        [...]

MAIA, Karina. Publicada em: 5 mar. 2015. Disponível em: http://odia.ig.com.br/diversao/2015-03-05/ze-ninguem-que-colore-varios-muros-cariocas-ganha-livro-com-sua-historia.html. Acesso em: 26 nov. 2015. (Fragmento).

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 300-1.

Entendendo a reportagem:

01 – Que sentido costuma ser atribuído ao substantivo comum zé-ninguém?

      Zé-Ninguém é uma pessoa qualquer, sem importância.

02 – Explique por que a atribuição desse nome contrasta com a origem do personagem Zé Ninguém.

      O personagem Zé Ninguém foi inspirado pelo pai do artista Tito, logo não é alguém sem importância.

03 – O que explica que o artista tenha escolhido esse nome para seu personagem?

      Embora tenha sido usado como substantivo próprio para dar nome ao personagem, Zé Ninguém traduz uma ideia de generalização, coerente com a afirmação do artista de que suas características o igualam a muitos outros brasileiros.

04 – As formas verbais usava e morava estão flexionadas no pretérito imperfeito do indicativo. Como se pode identificar esse tempo considerando apenas a estrutura dos dois verbos?

      As duas formas verbais apresentam a desinência -va.

05 – Se o verbo morar fosse substituído por residir, essa marca seria mantida? Por quê?

      Não; residir é um verbo da 3ª conjugação que emprega a desinência -ia; a desinência -va é usada apenas na 1ª conjugação.

06 – Observe agora as formas trocouidentificou e encontrei. O tempo verbal é responsável pela diferença nas terminações? Explique.

      Não. Os três verbos estão flexionados no pretérito perfeito do indicativo e pertencem à mesma conjugação, o que lhes daria a mesma terminação. A diferença é promovida pela pessoa gramatical, já que encontrei está flexionada na 1ª pessoa do singular, enquanto os outros dois estão na 3ª pessoa do singular.

07 – Qual é a diferença entre os parágrafos do texto, considerando a noção de tempo predominante em cada um?

      O 1º parágrafo contém verbos que indicam processos iniciados no passado e que se estendem até o presente; já o 2º trata de processos realizados predominantemente no passado.


QUADRINHOS: QUASE NADA - FABIO MOON E GABRIEL BÁ - COM GABARITO

Quadrinhos: Quase Nada

 

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFLXAmjgErTgB0KymPAVLhikiEcEdhivd_R0IAySXeH86FigHJxAs9bg16CmbGX6ILSjyO_-yfSQeFXvhEI-ItubMyeXktcgoDFP3IEprsSYTzdjtjT2uEPhtje2JoDrN5dn5B5mCP0VWDYDr0zXgjGr5WaGOFOLKspGzitjkOnEufW23kOGNIhBJy/s1600/quase.jpg

Fabio Moon e Gabriel Bá. Quase Nada. www.10paezinhos.com.br.

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 297.

Entendendo os quadrinhos:

01 – A que pessoa do discurso se referem as formas verbais dos quadrinhos horizontais?

      À 3ª pessoa do singular.

02 – É possível reconhecer, no contexto dos quadrinhos, os sujeitos desses verbos? Justifique.

      Os sujeitos seriam os personagens que aparecem (ou são sugeridos) nas ilustrações.

03 – No contexto dessa HQ, a quem deve ser associada a figura do dinossauro no último quadrinho?

      O dinossauro representaria todas essas pessoas de hábitos antiquados, que mandam cartas pelo correio, carregam talão de cheques, etc.

04 – Como deve ser interpretada a fala desse animal pré-histórico?

      Uma das teorias mais aceitas para a extinção dos dinossauros indica que ela ocorreu devido à queda de um meteoro. Ao afirmar que seu “meteoro” ainda não chegou, o personagem sugere que alguns comportamentos aos moldes antigos ainda sobrevivem.

05 – Que morfema deveria ser acrescentado às formas verbais que aparecem nos quadrinhos horizontais para que exprimissem a 3ª pessoa do plural?

      A desinência -m.

06 – Explique o que mudaria na mensagem da HQ se tal alteração fosse feita.

      A referência no singular particulariza o comportamento, mostrando-o como algo raro; o uso do plural levaria à percepção de que muitas pessoas ainda guardam comportamentos mais antigos, o que contraria a ideia da HQ. 

CHARGE: O HENFIL - IVAN COSENZA DE SOUZA - COM GABARITO

 Charge: O Henfil

 

 Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq7R3LTlokRw0g2aAvutJ-4KnjFz14SJC95IEhwY0k-rAtijMR6xm2sfsjlucQIpjGmpPmwMXIctVBw9QdNtQAS1Z0INMoSlD5wj2AzorcyhOxLMrKr0Gi7AxR_k43IF5mswsf6yoEnJxadBGe4UR4TIH7ikdL5vUEdn67JsMiafOv3naLbLfE748h/s1600/poder.png

Copyright: Ivan Cosenza de Souza (henfil@globo.com)

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 292-3.

Entendendo a charge:

01 – A luta pela democracia foi o principal tema da vida política brasileira na década de 1980. De que modo a charge dialoga com ele?

      A charge mostra o desejo coletivo de retomar o poder, isto é, de impedir que ele seja exercido por uma minoria autoritária.

02 – Embora produzida nos anos 1980 em um contexto específico, essa charge tem sido bastante reproduzida em momentos diferentes da vida brasileira. O que justifica isso?

      A charge não faz uma referência determinada ao contexto histórico daquela época; ela abre possibilidades de falar da luta coletiva por mudanças, que pode ser estendida a outras situações.

03 – Observe as expressões faciais e corporais de cada personagem. Como elas refletem as falas?

      A posição do corpo e dos olhos de cada personagem explicita o referente do pronome pessoal contido na fala, como exemplifica aquele que diz “tu podes”, cujo olhar se volta diretamente ao leitor da charge, ou aquele que fala “nós podemos”, cujo corpo e expressão, voltados ao personagem anterior, sugerem aproximação e cumplicidade.

04 – A oração “Queremos o poder!” tem dois sentidos na charge. Explique-os.

      Poder pode se referir tanto ao governo, ao qual a luta democrática visava recuperar, como à própria capacidade ou direito de agir, de decidir.

05 – Que efeito é obtido pelo recurso de iniciar e finalizar a charge com o mesmo balão de fala?

      A repetição reforça a ideia de continuidade, persistência, necessária à luta.

 

TIRINHA: O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRECER? COM GABARITO

 Tirinha: O que você quer ser quando crescer?

 

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhuEwtIUmh4bzKIYg4ZJTeUprll3vmkJjO_PjX6hF0myYCM2xI-AHPSasDDZtAKJsDi0DowQejoFi3xIBD92txrcrHhyl8qNXoctZEX2MaAnG2mnpI8ewTFSE_TJ52gMhMOzU0ziKdyibwRuMpLgLWFj1wSo3d6XJVfsDaSF5FeqiBxxffnsJdqTmM/w374-h185/crescer.jpg

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 291.

Entendendo a tirinha:

01 – Por que o texto da pergunta, no primeiro quadrinho, não apresenta um traço como nos demais?

      Porque não é uma fala da personagem da tirinha; é de alguém que não está em cena.

02 – Qual é a expectativa de resposta para essa pergunta convencional?

      Em geral, indica-se uma profissão.

03 – Compare as pessoas e as formas verbais usadas no segundo e no terceiro quadrinhos para caracterizar as ações dos adultos. Em que elas diferem? O que explica essa diferença?

      No segundo quadrinho, a personagem emprega principalmente formas verbais relativas à 1ª pessoa do plural (nós) para dizer que o grupo em que ela se inclui (as crianças) perderá a inocência ao se tornar adulto. No terceiro, ela usa formas que remetem à 3ª pessoa do plural (eles) ao referir-se aos adultos, agora excluindo-se do grupo.

04 – A personagem da tira, no segundo quadrinho, emprega a expressão a gente, mas faz a concordância da maioria dos verbos com a 1ª pessoa do plural. Que efeito é obtido com esse uso?

      A fala torna-se mais coloquial e confirma o traço infantil da personagem.

05 – Que significado tem, no contexto da tira, o verbo encolher? Por que seu uso é especialmente expressivo nesse caso?

      Encolher, nesse contexto, significa “diminuir, ficar menor”, dando a entender que o adulto perde algumas de suas capacidades, como sugere a fala do segundo quadrinho. O uso desse verbo é especialmente expressivo porque o opõe diretamente ao verbo crescer, usado na formulação da pergunta inicial.

 

TIRINHA: NÍQUEL NÁUSEA CORAÇÃO - FERNANDO GONSALES - COM GABARITO

 Tirinha: Níquel Náusea Coração

 

Fonte da imagem -  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg3ohF3dDQQ2vDsuOtBnsxfFIdKgKqTKrod7FG6IDCiQNIARLQpvYcMSW57pQmWio318CSRNxgp6HQIfB8dpVvngtmajfwmKri-0X_g8DcVem722yypXy_BHCuBTr--Nq-ypkcCzjSdYgxq4P9oXbjCkUG5qr95KiHdV9wgEUXhT0-rbEhe7NgYqJg/w360-h137/nausea.jpg

Fernando Gonsales. Níquel Náusea. Folhapress.

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 280.

Entendendo a tirinha:

01 – O que o leitor entende quando lê a primeira fala da tirinha?

      O leitor entende que o garoto vai desenhar o coração na árvore.

02 – Por que a revelação da identidade do personagem que emite essa fala é a principal responsável pelo humor da tira?

      A informação de que ele é Pinóquio, um boneco de madeira, recontextualiza a primeira fala e surpreende o leitor.

03 – Que sentimento a garota expressa diante da decisão do namorado?

      Admiração ou surpresa.

04 – O que essa mesma personagem transmite em sua expressão facial no último quadrinho? O que justifica tal sentimento?

      Transmite um sentimento de orgulho, porque a inscrição em Pinóquio equivale a uma tatuagem, algo feito para eternizar o amor dos namorados.

POEMA EM PROSA: O CHÁ, OS FANTASMAS, OS VENTOS ENCANADOS ... - MARIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema em prosa: O chá, os fantasmas, os ventos encanados..          

             Mario Quintana

    Nasci no tempo dos ventos encanados, quando, para evitar compromissos, a “gente bem” dizia estar com enxaqueca, palavra horrível mas desculpa distinta. Ter enxaqueca não era para todos, mas só para essas senhoras que tomavam chá com o dedo mindinho espichado. Quando eu via aquilo, ficava a pensar sozinho comigo (menino, naqueles tempos, não dava opinião) por que é que elas não usavam, para cúmulo da elegância, um laçarote azul no dedo...

        Também se falava misteriosamente em “moléstias de senhoras” nos anúncios farmacêuticos que eu lia. Era decerto uma coisa privativa das senhoras, como as enxaquecas, pois as criadas, essas não tinham tempo para isso. Mas, em compensação, me assustavam deliciosamente com histórias de assombrações. Nunca me apareceu nenhuma.

        Pelo visto, era isso: nunca consegui comunicar-me com este nem com o outro mundo. A não ser através do “Tico-tico” e da poesia de Camões – do qual até hoje me assombra este verso único: “Que o menor mal de tudo seja a morte!”.

        Pois a verdadeira poesia sempre foi um meio de comunicação com este e com o outro mundo.

               QUINTANA, Mario. Sapo amarelo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984. p. 13. (Série O Menino Poeta, 5). © by Elena Quintana.

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 277-8.

Entendendo o poema em prosa:

01 – Ao usar a expressão gente bem para designar um grupo de pessoas, o eu lírico sugere concordância ou discordância em relação a essa qualificação? Justifique.

      O eu lírico sugere discordância, como revela o uso de aspas, indicativo de que a expressão costuma ser empregada por outras pessoas e ele não a absorveu.

02 – No trecho “Ter enxaqueca não era para todos, mas só para essas senhoras que tomavam chá com o dedo mindinho espichado”, que palavra contrasta com ? Por quê? Como ela se classifica?

      O pronome indefinido todos, usado para indicar totalidade, contrasta com a noção de exclusividade sugerida por só.

03 – Por que o pronome demonstrativo essas, no mesmo trecho, sugere uma impressão pessoal do eu lírico? Qual seria essa visão?

      Essas adquire um sentido crítico, pois o eu lírico afasta-se do grupo de senhoras ao empregar um pronome de segunda pessoa para referir-se a elas.

04 – Que ideia é retomada pelo pronome demonstrativo na oração “Quando eu via aquilo”? De que modo tal pronome se relaciona com a expressão o tempo dos ventos encanados?

      O pronome aquilo retoma a cena das senhoras tomando chá com o dedo mindinho espichado e institui entre elas e o eu lírico uma grande distância temporal, coincidente com a expressão o tempo dos ventos encanados.

05 – Que pronome está relacionado à ideia expressa na oração “menino, naqueles tempos, não dava opinião”? Por quê?

      O pronome comigo, que sugere que os pensamentos do menino não eram compartilhados.

06 – No trecho “por que é que elas não usam, para cúmulo da elegância, um laçarote azul no dedo...”, qual é a função do pronome que em negrito?

      Ele questiona a causa.

07 – Quando menino, o eu lírico não compreendia o sentido da expressão moléstias de senhoras. Por que essa expressão pode ser considerada um eufemismo?

      Provavelmente, referia-se ao termo menstruação, substituindo-o por algo menos explícito, na época considerado mais elegante.

08 – De que forma o uso dessa expressão sugere um passado distante?

      Atualmente, não há constrangimento no emprego de um termo como esse, que apenas designa uma característica física da mulher.

09 – Releia agora este outro trecho: “Era decerto uma coisa privativa das senhoras, como as enxaquecas, pois as criadas, essas não tinham tempo para isso”. O pronome essas poderia ser excluído sem prejudicar a estrutura da oração? Que efeito seu uso produz?

      Sim, pois o pronome apenas coloca seu referente (as criadas) em evidência, não interferindo no sentido da oração.

10 – Em “me assustavam deliciosamente com histórias de assombração”, qual é o sujeito da ação? Que palavra expressa o alvo desse sujeito? Justifique o uso dessa palavra.

      O sujeito é criadas, e o alvo, me, um pronome oblíquo átono usado como complemento para se referir à 1ª pessoa do discurso.

11 – Como você interpretou a afirmação “nunca consegui comunicar-me com este nem com o outro mundo”? Que importância tem o pronome demonstrativo na caracterização de um dos dois mundos citados?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O eu lírico sugere que teve dificuldades não apenas na comunicação com o outro mundo, aquele fantástico de que falavam as criadas, mas também com o mundo dele próprio, sugerindo que não se comunicava bem com as pessoas. O pronome este foi usado para enfatizar esse mundo real do eu lírico.

12 – De que maneira as memórias apresentadas no poema confirmam a dificuldade de comunicação do eu lírico?

      As memórias contadas revelam sua dificuldade em compreender certos atos das senhoras da época, sugerindo dificuldade de inserção no grupo social a que pertencia.

13 – No penúltimo parágrafo, a expressão a não ser introduz uma ressalva. Explique-a.

      A ressalva indica que, apesar da dificuldade de comunicação do eu lírico, a poesia funcionava como um elo entre ele e o mundo, fosse este o real ou o fictício.

POEMA EM PROSA: OCASO NO MAR - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Poema em prosa: Ocaso no mar

            Cruz e Sousa

     Num fulgor d’ouro velho o sol tranquilamente desce para o ocaso, no limite extremo do mar, d’águas calmas, serenas, dum espesso verde pesado, glauco, num tom de bronze.

        No céu, de um desmaiado azul, ainda claro, há uma doce suavidade astral e religiosa.

        Às derradeiras cintilações doiradas do nobre Astro do dia, os navios, com o maravilhoso aspecto das mastreações, na quietação das ondas, parecem estar em êxtase na tarde.

        Num esmalte de gravura, os mastros, com as vergas altas lembrando, na distância, esguios caracteres de música, pautam o fundo do horizonte límpido.

        Os navios, assim armados, com a mastreação, as vergas dispostas por essa forma, estão como a fazer-se de vela, prontos a arrancar do porto.

        Um ritmo indefinível, como a errante etereal expressão das forças originais e virgens, inefavelmente desce, na tarde que finda, por entre a nitidez já indecisa dos mastros...

        Em pouco as sombras densas envolvem gradativamente o horizonte em torno, a vastidão das vagas.

        Começa, então, no alto e profundo firmamento silencioso, o brilho frio e fino, aristocrático das estrelas.

        Surgindo através de tufos escuros de folhagem, além, nos cimos montanhosos, uma lua amarela, de face chara de chim, verte um óleo luminoso e dormente em toda a amplidão da paisagem.

             Disponível em: http://dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000076.pdf. Acesso em: 27 abr. 2016.

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 127.

Entendendo o poema em prosa:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Fulgor: brilho.

·        Ocaso: pôr do sol.

·        Glauco: verde-azulado.

·        Mastreações: conjuntos de mastros.

·        Vergas: vigas.

·        Etereal: sublime, divina.

·        Inefavelmente: de forma indescritível.

·        Chim: chinês.

02 – Os poemas simbolistas caracterizam-se pelo uso de palavras incomuns, de um vocabulário não coloquial, sofisticado. Relacione essa afirmação ao poema “Ocaso no mar” e justifique sua resposta com exemplos.

      No poema “Ocaso no mar”, Cruz e Sousa utiliza vocabulário incomum, não coloquial, sofisticado, tal como referido na afirmação. Exemplos: “Fulgor”, “Ocaso”, “Glauco”, “eteral”, “inefavelmente”, etc.

03 – Que fenômeno natural está sendo descrito no poema de Cruz e Sousa?

      O poema descreve o pôr do sol no mar e o início da noite, com o surgimento da lua e das estrelas.

04 – Os simbolistas valorizavam a ideia de sugestão. Encontre em “Ocaso no mar” exemplos que confirmam essa afirmação.

      No poema “Ocaso no mar”, em lugar de simplesmente descrever o pôr do sol no mar e o início da noite, o poeta sugere esses fenômenos. O sol não é apenas amarelo: há nele um “fulgor d’ouro velho”, o mar é “dum espesso verde pesado”, “num tom de bronze”. No céu, há uma doce suavidade astral e religiosos”, etc.

05 – Que recursos utilizados por Cruz e Sousa intensificam a sonoridade do poema?

      Em algumas passagens, Cruz e Sousa faz uso de aliterações e assonâncias.

TIRINHA: MULHER DE 30 - COMPRINHAS PARA EMAGRECER - CIBELE SANTOS - COM GABARITO

 Tirinha: Mulher de 30 – Comprinhas para emagrecer

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4_wLOE9OZncps1mn-hnPq-5zAyF1RLjsix_twq2V9ZnkKBECCRoHG-Q32Cs_7n241x5nmuSFroddNGtVr6uUbDp1Eabn9lbZAVBozO8VIpdKNHP4fdS3y-_eHe2NGFrcptrmmbHjMMIW0MJfFa1Wldlms_hwxjKdwiqYOs1i6rcBBICfYu6CExC2V/w389-h182/SHAKE.jpg

Cibele Santos. Mulher de 30 comprinhas para emagrecer. www.mulher30.com.br.

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 271.

Entendendo a tirinha:

01 – Qual é a característica da lista de compra da personagem nos dois primeiros quadrinhos?

      Os produtos visam à dieta que ela pretende fazer.

02 – O que produz o humor no último quadrinho?

      A preocupação em comprar chocolates, produto que contrasta com a lista de produtos diet preparada pela personagem.

03 – Que palavra da tira sugere que o consumo de chocolate é um hábito? Justifique.

      A palavra meus. Ao usar esse pronome possessivo, a personagem se apropria dos chocolates e sugere que eles já fazem parte de sua dieta habitual.

04 – Qual é a função mais comum do pronome possessivo?

      Estabelecer uma relação de posse.

05 – Pode-se dizer que nossa exerce a função de pronome possessivo nesse contexto? Por quê?

      Não; nossa, nesse caso, é uma palavra (interjeição) que exprime surpresa.

TIRINHA: ZOÉ E ZEZÉ - PRONOME - COM GABARITO

Tirinha: Zoé e Zezé

 

Fonte da imagem : https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwXi7EnIwgwD2A7G6xEAhaGkkGrLN9SBB4zmUn6URVz7sc15IBSabQpC_PsrcthBZgZlV626bKFV59mtUGSP6nGOpeU3WTANBWSLPxEMGXdRGC6Fml931DtAgcFjdkFQ2mY3CZtHKRU41CVC_0zHD4ee3r17U8rXlr4cc-Tl7TXz31rP_LbKRqjKmA/w416-h163/zo%C3%A9.jpg

© 2016 KING FEATURES SYNDICATE/IPRESS

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 266.

Entendendo a tirinha:

01 – O humor da tira é construído principalmente sobre o comportamento de um dos personagens. Explique essa ideia.

      O humor está construído sobre o comportamento do garotinho, que se considera inteligente por dominar a língua do “balbucio”.

02 – Um pronome foi empregado de maneira informal. Transcreva no caderno o período em que isso ocorre.

      “Você consegue entender ela?”

03 – O uso desse pronome na tirinha pode ser considerado inadequado? Por quê?

      Não há inadequação, porque se trata de uma conversa informal, familiar.

04 – Reescreva o período de modo a adequá-lo a um contexto formal.

      Você consegue entendê-la? 

TIRINHA: GARFIELD CANÁRIO - JIM DAVIS GARFIELD - COM GABARITO

 Tirinha: Garfield canário

 

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6TJ_iv4aMNYV69VeFQ639LTGrvnmj_bw5FR3TYmkO0AiqtFuXqTwcH5kOzhoNsSuJOBpFqr5NQqvlmSjCPAB7IPYaPE6ap7KmyQdgNG_IP7Coy0iR_JUMP24drGyDazHfIU09xvKb3Lkjet55fi8ErLbV6Uhw3LIS2SwI-7bZlNU_PY6l3KrxrYxl/w380-h225/canario.jpg

GARFIELD, JIM DAVIS © 1981 Paws, inc. all rights Reserved/dist. Universal Uclick

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 260-1.

Entendendo a tirinha:

01 – De que tipo de show ou programa Garfield parece participar?

      Ele parece participar de um show de talentos ou de um espetáculo de humor.

02 – Que função tem a lua ao fundo na composição da cena?

      A lua faz as vezes de refletor, objeto comum no teatro.

03 – Que reação ele espera obter com a história que conta?

      O riso dos espectadores.

04 – Veja o último quadrinho: o que o gato está fazendo?

      O gato faz uma espécie de dança para marcar o final de seu número.

05 – Na fala de Garfield existem dois pares de interlocutores. Quais são eles?

      Garfield e o canário; Garfield e o público.

ROMANCE: CAPITU - OLHOS DE RESSACA - CAP. XXXII - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Romance: Capitu – Olhos de ressaca – Cap. XXXII

    Machado de Assis

        [...]

        Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as coisas, como eu. É o que contarei no outro capítulo. Neste direi somente que, passados alguns dias do ajuste com o agregado, fui ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D. Fortunata, que estava no quintal, nem esperou que eu lhe perguntasse pela filha.

        — Está na sala, penteando o cabelo, disse-me; vá devagarzinho para lhe pregar um susto.

        Fui devagar, mas ou o pé ou o espelho traiu-me. Este pode ser que não fosse; era um espelhinho de pataca (perdoai a barateza), comprado a um mascate italiano, moldura tosca, argolinha de latão, pendente da parede, entre as duas janelas. Se não foi ele, foi o pé. Um ou outro, a verdade é que, apenas entrei na sala, pente, cabelos, toda ela voou pelos ares, e só lhe ouvi esta pergunta:

        — Há alguma coisa?

        — Não há nada, respondi; vim ver você antes que o Padre Cabral chegue para a lição. Como passou a noite?

        — Eu bem. José Dias ainda não falou?

        — Parece que não.

        — Mas então quando fala?

        — Disse-me que hoje ou amanhã pretende tocar no assunto; não vai logo de pancada, falará assim por alto e por longe, um toque. Depois, entrará em matéria. Quer primeiro ver se mamãe tem a resolução feita...

        — Que tem, tem, interrompeu Capitu. E se não fosse preciso alguém para vencer já, e de todo, não se lhe falaria. Eu já nem sei se José Dias poderá influir tanto; acho que fará tudo, se sentir que você realmente não quer ser padre, mas poderá alcançar?... Ele é atendido; se, porém... É um inferno isto! Você teime com ele, Bentinho.

        — Teimo; hoje mesmo ele há de falar.

        — Você jura?

        — Juro! Deixe ver os olhos, Capitu.

        Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...

        Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divino Dante; mas eu não estou aqui para emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe, — para dizer alguma coisa, — que era capaz de os pentear, se quisesse.

        — Você?

        — Eu mesmo.

        — Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.

        — Se embaraçar, você desembaraça depois.

        — Vamos ver.

        [...].

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Machado de Assis: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. v. 1, p. 842-843. Fragmento.

      Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 88-90.

Entendendo o romance:

01 – Com um propósito bastante objetivo, o narrador estabelece uma relação entre a metonímia (“espelhinho de pataca”, “comprado de um mascate italiano”, de “moldura tosca”, “argolinha de latão”, etc.) e a condição social de Capitu e de sua família. Qual é o interesse do narrador em revelar a condição econômica de Capitu?

      Capitu cobra insistentemente de Bentinho uma posição sobre a intervenção de José Dias junto a D. Glória para que o filho deixe o seminário. Logo depois é indicada ao leitor a condição social da moça. Com isso, o narrador talvez tenha querido dizer que Capitu estava interessada em casar-se logo com ele por causa da condição social privilegiada do rapaz.

02 – A agressividade explícita contida na fala de Capitu, reproduzida a seguir, permite-nos inferir duas leituras sobre suas motivações para desejar tanto a saída de Bentinho do seminário.

        “— Que tem, tem, interrompeu Capitu. E se não fosse preciso alguém para vencer já, e de todo, não se lhe falaria. Eu já nem sei se José Dias poderá influir tanto; acho que fará tudo, se sentir que você realmente não quer ser padre, mas poderá alcançar?... Ele é atendido; se, porém... É um inferno isto! Você teime com ele, Bentinho.”

a)   Qual seria a primeira leitura (a favor de Capitu)?

A primeira leitura – mais romântica – estaria ligada ao profundo amor que Capitu nutre por Bentinho, o que justificaria seu aborrecimento com ele, com José Dias e com D. Glória.

b)   Qual seria a segunda leitura (contra ela)?

A segunda leitura estaria ligada aos interesses de ascensão social de Capitu. Nesse ponto de vista, não se casar com Bentinho – pelo fato de ele ser obrigado a ser padre – representaria permanecer naquela situação financeira modesta, cuja metonímia do espelho denuncia e reforça.

c)   Explique de que maneira essas duas possibilidades de leitura reforçam a ambiguidade de Capitu.

Capitu – filtrada pelos olhos de Bentinho – Dom Casmurro – poderia ser vista tanto como uma mulher ingênua, motivada unicamente pelo amor, quanto como uma mulher manipuladora, motivada por interesses financeiros.

03 – Por que Bentinho se lembra de observar os olhos de Capitu depois de ela pedir a ele que jure que José Dias vai tentar convencer D. Glória?

      Porque, de alguma forma, Bentinho – ainda que adolescente e ingênuo – desconfia de que está sendo manipulado, o que confirmaria a definição de José Dias para os olhos de Capitu: “[...] de cigana oblíqua e dissimulada”.

04 – Uma das metáforas mais conhecidas da literatura brasileira, ligadas à caracterização dos olhos de uma mulher, está no capítulo que você acabou de ler.

a)   Que comparação o narrador faz para construir sua metáfora?

O narrador compara os olhos de Capitu à ressaca do mar.

b)   Explique a metáfora utilizada por Betinho ao falar dos olhos de Capitu.

Bentinho defende que, assim como as ondas do mar quando recuam da praia em dias de ressaca, os olhos de Capitu possuíam uma força misteriosa que poderia arrastar o observador “para dentro” deles e, eventualmente, afoga-lo.

 

QUADRO: ENTERRO EM ORNANS - GUSTAVE COURBET - COM GABARITO

 Quadro: Enterro em Ornans

              Gustave Courbet

 

Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2cmBw5o1yHhFGYBDXwB_OZGFliDns1C27JyRT6rfK2Hepl4m21Nso7EO2PXZXUqjvcy_IQKwkiic078G3wjfd3uuypGskfC6OfgmB7gvg5eZVz95I48LfUKZqOXmGTK_da8n3ZgYQojVcVVHCN0_I6Nt-hkYyUtZWqk2Tk2Ot_l-8yStXu2Jxn08c/s320/museu.jpg

MUSEU D’ORSAY, PARIS

COURBET, Gustave. Enterro em Ornans. 1850. Óleo sobre tela, 315 × 668 cm.

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 65.

Entendendo o quadro:

01 – O que está representado na tela de Courbet?

      Um enterro.

02 – Em que lugar se passa a cena?

      No cemitério de uma aldeia bastante simples.

03 – Que tipo de pessoas está retratado na tela?

      Pessoas simples e comuns. Não há nobres nem figuras mitológicas ou personagens de grandes romances.

04 – Observe que o quadro, apesar da triste cena representada, mostra vivacidade e movimento. De que modo o pintor conseguiu esse efeito?

      Retratando as pessoas olhando para várias direções, além de usar fortes contrastes de luz e cores.

05 – Essa pintura é de grandes dimensões (315 × 668 cm), e o retrato dos modelos é feito em escala natural. Que efeito tem essa opção para a representação da cena?

      O efeito de aproximar-se do real.