domingo, 31 de julho de 2022

REPORTAGEM: COMO SURGIU A TATUAGEM? REVISTA MUNDO ESTRANHO - COM GABARITO

 Reportagem: Como surgiu a tatuagem?

                     Revista Mundo Estranho

        Tudo indica que a prática de marcar o corpo é tão antiga quanto a própria humanidade. Mas, como é impossível encontrar corpos de eras tão remotas com a pele preservada, temos de nos basear em amostras mais recentes. É o caso de múmias egípcias do sexo feminino, como a de Amunet, que teria vivido entre 2160 e 1994 a.C. e apresenta traços e pontos inscritos na região abdominal – indício de que a tatuagem, no Egito Antigo, poderia ter relação com cultos à fertilidade. Um registro bem mais antigo foi detectado no famoso Homem do Gelo, múmia com cerca de 5300 anos descoberta em 1991, nos Alpes. As linhas azuis em seu corpo podem ser o mais antigo vestígio de tatuagem já encontrado – ou, então, cicatrizes de algum tratamento medicinal adotado pelos povos da Idade da Pedra. Mesmo com tantas incertezas, os estudiosos concordam que, já nos primórdios da humanidade, a tatuagem deve ter surgido na busca de tentar preservar a pintura do corpo.

        "Um dos objetivos seria permitir ao indivíduo registrar sua própria história, carregando-a na pele em seus constantes deslocamentos", afirma a artista plástica Célia Maria Antonacci Ramos, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), autora do livro Teorias da tatuagem. A prática se difundiu por todos os continentes, com diferentes finalidades: rituais religiosos, identificação de grupos sociais, marcação de prisioneiros e escravos (como a tatuagem era usada pelo Império Romano), ornamentação e até mesmo camuflagem. No Ocidente, a técnica caiu em desuso com o cristianismo, que a proibiu – afinal, está escrito no Levítico, livro do Antigo Testamento: "Não façais incisões no corpo por causa de um defunto e não façais tatuagem". A tradição só foi redescoberta em 1769, quando o navegador inglês James Cook realizou sua expedição à Polinésia e registrou o costume em seu diário de bordo: "Homens e mulheres pintam seus corpos. Na língua deles, chamam isso de tatau. Injetam pigmento preto sob a pele de tal modo que o traço se torna indelével". 

        Cem anos depois, Charles Darwin afirmaria que nenhuma nação desconhecia a arte da tatuagem. De fato, dos índios americanos aos esquimós, da Malásia à Tunísia, a maioria dos povos do planeta praticava ou havia praticado algum tipo de tatuagem. Com a invenção da máquina elétrica de tatuar, em 1891, o hábito se espalhou ainda mais pela Europa e pelos Estados Unidos. No final do século XX, a pele desenhada, até então uma característica quase exclusiva de marinheiros e presidiários, tornou-se uma das mais duradouras modas jovens. [...].

         Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-surgiu-a-tatuagem. Acesso em: 15 out. 2015.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 57-8.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o objetivo da reportagem “Como surgiu a tatuagem”?

      Expor informações e dados para explicar a origem e a evolução da tatuagem.

02 – Procure explicar por que aparecem hipóteses nestes trechos:

I – “[...] É o caso de múmias egípcias do sexo feminino, como a de Amunet, que teria vivido entre 2160 e 1994 a.C. e apresenta traços e pontos inscritos na região abdominal – indício de que a tatuagem, no Egito Antigo, poderia ter relação com cultos à fertilidade.”

      Uma das preocupações do produtor de um texto expositivo e jornalístico é dar explicações, apoiadas em dados objetivos, reais e comprovados, para conferir credibilidade ao texto. Como o autor não dispõe de provas a respeito desse assunto, ele levantou hipóteses.

II – “[...] As linhas azuis em seu corpo podem ser o mais antigo vestígio de tatuagem já encontrado – ou, então, cicatrizes de algum tratamento medicinal adotado pelos povos da Idade da Pedra.”

      Chame a atenção dos alunos para as descrições: “Múmias egípcias do sexo feminino, como a de Amunet”, “apresenta traços e pontos inscritos na região abdominal”, “As linhas azuis”, etc.

03 – Os textos expositivos costumam explicar as motivações dos fatos e eventos expostos. Segundo o texto, o que motivou a difusão da tatuagem?

      Rituais religiosos, registro pessoal ou de pertencimento a grupos sociais, marcação de prisioneiros e escravos (como a tatuagem era usada pelo Império Romano), ornamentação, camuflagem.

04 – Em que o Cristianismo se baseou para proibir a tatuagem?

      Em um trecho do livro “Levítico”, do Antigo Testamento: “Não façais incisões no corpo por causa de um defunto e não façais tatuagem".

05 – O texto dá pistas a respeito da origem da palavra TATUAGEM? Explique:

      Sim. Na língua polinésia a prática de pintar os corpos era chamada TATAU. Explica que a palavra tatuagem, em português, pode ter origem no termo tatouage (do francês), ou no termo tatoo (do inglês).

06 – O que motivou a difusão e a popularização da tatuagem, que passou a ser uma das marcas da cultura jovem?

        A invenção da máquina elétrica de tatuar, em 1891.

07 – Você deve ter observado que nesse texto predomina o emprego de formas verbais no presente do indicativo, pois o texto faz referência a processos permanentes. Explique o uso dos verbos no futuro do pretérito e de outros termos e expressões destacados, no trecho a seguir:

        “[...] É o caso de múmias egípcias do sexo feminino, como a de Amunet, que teria vivido entre 2160 e 1994 a.C. e apresenta traços e pontos inscritos na região abdominal – indício de que a tatuagem, no Egito Antigo, poderia ter relação com cultos à fertilidade. Um registro bem mais antigo foi detectado no famoso Homem do Gelo, múmia com cerca de 5300 anos descoberta em 1991, nos Alpes. As linhas azuis em seu corpo podem ser o mais antigo vestígio de tatuagem já encontrado – ou, então, cicatrizes de algum tratamento medicinal adotado pelos povos da Idade da Pedra. [...]”.

      Foram empregadas essas marcas linguísticas porque não havia provas concretas para fazer as afirmações com certeza.

 

REPORTAGEM: JOVEM CRIA PROJETO DE INCENTIVO À LEITURA NO METRÔ - FOLHA UOL - COM GABARITO

 Reportagem: Jovem cria projeto de incentivo à leitura no metrô

       O desenvolvedor de software Fernando Tremonti, 26, criou há três semanas um projeto para incentivar as pessoas a lerem nos vagões dos trens da CPTM e do Metrô de São Paulo.

        O jovem “abandona” diariamente um livro em alguma composição. Começou na linha 2-verde, mas já passou por outros ramais da malha de transportes sobre trilhos da cidade.

        “A literatura foi muito importante para mim. Gostaria que fosse para os passageiros também. Muita gente não faz nada nesse tempo livre nos trens, podia ler mais”, diz.

        Tremonti diz que lê durante todo o trajeto entre a estação Barra Funda, no bairro onde mora na zona oeste, e a estação Vergueiro, onde trabalha, na região central.

        Por enquanto, ele só “esqueceu” livros de sua biblioteca particular. “Mas já estou recebendo doações para aumentar a oferta”, diz.

        Nos livros, Tremonti deixa um recado pedindo para que quem encontre um exemplar tire uma foto com a obra e depois a publique nas redes sociais com a hashtag#leituranovagão.

        O projeto “Leitura no Vagão” já possui perfis no Twitter e no Facebook.

          Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/186535-jovem-cria-projeto-de-incentivo-a-leitura-no-metro.shtml. Acesso em: 15 out. 2015.

              Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 55-6.

Entendendo a reportagem:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Software: A sequência de instruções escritas para serem interpretadas por um computador com o objetivo de executar tarefas específicas. Também pode ser definido como os programas que comandam o funcionamento de um computador.

·        CPTM: Sigla de Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

·        Composição: reunião dos vagões que compõem um trem.

·        Hashtag: Palavra ou frase, precedida pelo símbolo #, que identifica mensagens relacionadas a um tópico específico. A hashtag é uma ferramenta que ajuda a envolver o público-alvo e aumentar o reconhecimento de uma campanha ou marca, pela internet e redes sociais.

02 – Releia os dois primeiros parágrafos e identifique os elementos dessa reportagem:

a)   O que aconteceu?

A criação, há três semanas, de um projeto de leitura: “O jovem ‘abandona’ diariamente um livro em alguma composição. Começou na linha 2-verde, mas já passou por outros ramais da malha de transportes sobre trilhos da cidade.”

b)   Onde aconteceu?

Nos vagões dos trens da CPTM e do Metrô de São Paulo.

c)   Com quem aconteceu?

O desenvolvedor de software: Fernando Tremonti, 26 anos.

d)   Quando aconteceu?

“Há três semanas”, a partir de meados de outubro de 2015.

e)   Com que finalidade?

Para incentivar as pessoas a lerem mais.

03 – Que outras informações são apresentadas no desenvolvimento do texto?

      São apresentadas outras informações detalhadas e ampliadas para ajudar o leitor a compreender o objetivo do projeto e como participar: as motivações do jovem para criar o projeto; as ações já realizadas; a declaração sobre a importância da leitura em sua vida; o que ele pede a quem se dispõe a integrar o projeto; e a indicação da hashtag para contato.

04 – No título, foi empregado o presente do indicativo:

        “Jovem cria projeto de incentivo à leitura no metrô”. Explique esse emprego, considerando que o fato relatado se situa no passado.

      O presente do indicativo foi empregado, no título, para aproximar os fatos do leitor.

05 – Explique o uso do pretérito perfeito do indicativo nestes dois trechos:
I – O desenvolvedor de software Fernando Tremonti, 26, CRIOU há três semanas um projeto para incentivar as pessoas a lerem nos vagões dos trens da CPTM e do Metrô de São Paulo.

II – COMEÇOU na linha 2-verde, mas já PASSOU por outros ramais da malha de transportes sobre trilhos da cidade.

      O pretérito perfeito foi empregado para indicar fatos que já ocorreram.

06 – Agora, explique o uso do presente do indicativo em:

I – O jovem ''ABANDONA'' diariamente um livro em alguma composição.

II – Tremonti diz que durante todo trajeto entre a estação Barra Funda, no bairro onde MORA na zona oeste, e a estação Vergueiro, onde TRABALHA, na região central.

      O presente do indicativo foi usado porque o redator relata, em discurso indireto, as ações que o jovem realiza habitualmente, no trajeto entre a sua casa e o trabalho.

 

POEMA: CHÃO - ONDJAKI - COM GABARITO

 Poema: Chão

             Ondjaki

palavras para manoel de barros

apetece-me des-ser-me;
reatribuir-me a átomo.
cuspir castanhos grãos
mas gargantadentro;
isto seja: engolir-me para mim
poucochinho a cada vez.
um por mais um: areios.
assim esculpir-me a barro
e re-ser chão. Muito chão.
apetece-me chãonhe-ser-me.

      ONDJAKI. Há prendisajens com o xão (O segredo húmido da lesma & outras descoisas). Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2002.

                Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 197-8.

Entendendo o poema:

01 – O poeta brinca com as palavras e cria novas expressões. Que desejo o eu poético expressa com o uso das expressões des-ser-me; re-ser chão, chãonhe-ser-me?

      Desejo de deixar de ser quem é (des-ser-me); se transformar em chão/terra (re-ser chão) e se conhecer ou se reconhecer como tal: um homem da terra, do chão (chãonhe-ser-me). Comente que esses versos parecem sugerir a busca de raízes e a comunhão com a terra.

02 – Considerando a dedicatória e o contexto do poema, o que pode sugerir o verso: assim esculpir-me a barro?

      É uma reiteração do desejo de fusão com a terra. Pode também ser uma referência intertextual para sinalizar a influência que teve do poeta brasileiro Manoel Barros.

03 – No caderno, explique estes versos:

cuspir castanhos grãos

mas gargantadentro;

isto seja: engolir-me para mim

      O eu lírico deseja integrar-se com elementos da natureza, como as sementes.

04 – Explique o uso da conjunção mas e do termo explicativo isto seja nos versos acima.

      O verbo cuspir tem o sentido de expelir, pôr algo para fora. Com o uso da conjunção mas e da expressão explicativa isto seja o autor sinaliza que usou a palavra em sentido contrário ao dicionarizado: cuspir no sentido de engolir.

05 – Estabeleça uma relação entre o tema do poema e o título do livro em que foi publicado: Há prendisajens com o xão (O segredo húmido da lesma & outras descoisas).

      Pode sugerir o desejo de resgatar a origem, de comunhão com a terra e com outros seres vivos. O eu poético parece recuperar a História do povo africano, especialmente o angolano. Chame atenção para a grafia das palavras prendisajens, xão e húmido. As palavras lesma e descoisas são também muito usadas por Manoel de Barros em seus poemas: que falam geralmente sobre a terra, a natureza do pantanal mato-grossense.

06 – Você já leu ou ouviu algum poema do poeta angolano Ondjaki?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Para você, qual seria o tema de um poema com o título Chão?

      Resposta pessoal do aluno.

 

POEMA: ÁRIES (21 DE MARÇO A 20 DE ABRIL) - THIAGO DE MELLO - COM GABARITO

 Poema: Áries (21 de março a 20 de abril)

            Thiago de Mello

Eu sei que Marte te ajuda,

companheiro.
Conheço bem de perto esse poder apaixonado,
a generosa força do teu signo de fogo.
Mas não confies demasiado. Cuidado contigo,
vejo um cansaço ao oeste do teu olho.
É preciso ter paciência com as vaidades verdes.
Evita a canção do vento que inventa
o redemoinho nas palavras,
e quando o sol estiver a pino
evita as próprias palavras,
um autêntico Áries deve preferir não dizer
quando o dizer é confundir.
O sectarismo está cravando no teu sonho
os seus dentes de nácar,
e nem te dás conta. Ademais, não são de nácar.

 

Não desanimes nunca, segue trabalhando

pelo reinado da claridão,
que, como sabes, ou precisas saber,
tem o gosto da vida
e a cor do sangue antes do amanhecer.
Tua luta te reserva grandes alegrias,
tanto mais belas porque repartidas,
e no começo do verão
resolverás definitivamente
teu grande problema secreto:
mas só se tiveres força
de olhar o sol de frente.


Pelo outono,

ligeiras perturbações cardiovasculares,
proporcionais ao medo
que circula em tuas artérias.

 

Os mais jovens,

ou os que ainda não perderam a juventude,
devem adiar sua noite de bodas
por umas poucas luas,
e ganhar bem esse tempo
para aprender devagarinho
que o compartir não dói e te acrescenta
de uma força maior que a das estrelas.
Os Áries que já se casaram,
que tratem de levar o barco
por águas mansas,
sem fazer mal a ninguém.
Haverá um instante da primavera
no qual os varões de Marte
que ainda resguardam a infância
(cuidado que ela está agonizante no peito!)
estarão extremamente sensíveis
à beleza das mulheres em geral.
Nem todos sucumbirão.

 

No meio do último decanato,

chegará um sol cinzento com grandes ameaças
à pobre face deste lindo mundo nosso.
Mas não te alteres:
continua fazendo a tua parte,
humilde e organizado,
na construção da alegria.

 

As mulheres morenas

devem acalmar o gênio,
e preferir
sobriamente
o sortilégio do quartzo rosado.

MELLO, Thiago de. A canção do amor armado. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 45-46.

              Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 168-171.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Sectarismo: intolerância; intransigência.

·        Nácar: substância branca, brilhante, com reflexos coloridos (róseos), que se encontra no interior das conchas.

·        Bodas: festa comemorativa de aniversário de casamento: bodas de prata (25 anos de casados); bodas de ouro (50 anos de casados) etc.

·        Varão: indivíduo do sexo masculino; homem corajoso, esforçado, respeitável.

·        Sucumbir: não resistir, ceder; ser vencido; ser derrotado.

·        Decanato: cada uma das três partes de dez graus em que se divide o signo do zodíaco.

·        Sortilégio: fascinação, sedução; bruxaria.

·        Quartzo: mineral ou “cristal de rocha” dura e transparente, de várias cores.

02 – Você já leu algum poema de Thiago de Mello?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – O que a expressão “horóscopo para os que estão vivos” lhe sugere?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Que temáticas ou assuntos poderiam estar presentes em um livro intitulado A canção do amor armado?

      Resposta pessoal do aluno.

Horóscopo para os que estão vivos”: intertextualidade

        O poeta Thiago de Mello emprega o recurso da intertextualidade para construir o poema “Áries”, que integra um poema maior, intitulado “Horóscopo para os que estão vivos”, por sua vez, parte do livro A canção do amor armado.

        O poema “Áries” é uma paródia, pois sua construção se apropria do sentido do gênero “horóscopo” e o transgride.

        O termo horóscopo tem o sentido de “previsão astrológica”, isto é, previsão baseada nas posições dos planetas e dos signos zodiacais no momento em que a pessoa nasceu. Com base nisso, são feitas análises da personalidade e previsões a respeito do futuro dos nascidos em cada signo. Os horóscopos diários, publicados em veículos de comunicação, têm o objetivo de orientar os leitores e/ou ouvintes a respeito de suas emoções e comportamentos.

05 – Explique o título do poema: “Áries (21 de março a 20 de abril)”

      É composto de elementos linguísticos do gênero parodiado, o horóscopo: o nome de um dos signos do zodíaco (Áries) e os dias de nascimento de todos os nascidos sob esse signo: de 21 de março a 20 de abril.

06 – Explique o uso dos seguintes termos e expressões:

        Marte te ajuda; signo de fogo; um autêntico Áries; último decanato.

      São termos e expressões específicos do gênero parodiado: o horóscopo.

07 – Releia e explique os seguintes versos:

        Conheço bem de perto esse poder apaixonado, a generosa força do teu signo de fogo.

      Descrição positiva de quem pertence a um dos signos influenciados pelo elemento fogo (no caso, o signo de Áries).

08 – Releia e explique as seguintes expressões:

        Mas não confies demasiado; Cuidado contigo; É preciso ter paciência; evita as próprias palavras; Não desanimes nunca, segue trabalhando; Mas não te alteres

      São conselhos e advertências presentes em textos de autoajuda, como os horóscopos.

09 – Releia e explique estas outras expressões:

        Ganhar bem esse tempo / para aprender devagarinho; levar o barco / por águas mansas; sem fazer mal a ninguém; continua fazendo a tua parte, / humilde e organizado; devem acalmar o gênio

      São incentivos à prática de atos virtuosos, de boas ações, presentes em textos de autoajuda, como os horóscopos. Comente o uso do diminutivo devagarinho que dá um tom coloquial e afetivo aos versos.

10 – Para divulgar mensagens políticas, durante o período da censura e da ditadura militar (após 1964), os artistas empregavam a linguagem figurada em suas obras. Considerando essa informação:

a)   Explique o uso de metáforas nos versos a seguir.

·        No meio do último decanato, / chegará um sol cinzento com grandes ameaças / à pobre face deste lindo mundo nosso.

·        Mas não te alteres: / continua fazendo a tua parte, / humilde e organizado, / na construção da alegria.

·        Pelo outono, / ligeiras perturbações cardiovasculares, / proporcionais ao medo / que circula em tuas artérias.

·        Não desanimes nunca, segue trabalhando / pelo reinado da claridão.

As metáforas podem estar associadas a denúncias à censura, à ditadura militar, constituir um apelo ao engajamento nas causas políticas e sociais, assim como um apelo pela defesa dos direitos humanos. O eu poético pede ao leitor que não desanime de lutar pelo fim da ditadura.

b)   Explique o título do poema maior, no qual está inserido o poema “Áries”, entre outros onze signos/ poemas: “Horóscopo para os que estão vivos”.

Provavelmente, esse título faz referência às pessoas que sobreviveram a perseguições políticas, prisões, sequestros, torturas, desaparecimentos e assassinatos praticados durante a ditadura militar. O poema seria dedicado às pessoas que sobreviveram a isso, fazendo previsões a respeito de seu “futuro”.

c)   Explique o título do livro de Thiago de Mello em que o poema foi publicado: A canção do amor armado.

A expressão “amor armado” é um paradoxo, que consiste no emprego de palavras com sentidos contrários: amor = o bem; armado = o mal. Assim, ele pode ser interpretado como a necessidade de lutar sem cometer violência; de lutar sem abrir mão do sentimento amoroso.

11 – Quais são os objetivos comunicativos desse poema? Explique.

      Objetivo poético e estético, por meio do trabalho com a linguagem; objetivo de emocionar o leitor e de convencê-lo a lutar pela construção da alegria, da liberdade, da solidariedade e do compartilhamento, sem desanimar.

12 – Explique o uso na construção do poema de:

a)   Verbos no modo imperativo, como em:

·        [...] não confies demasiado.

·        [...] não te alteres: / continua fazendo a tua parte.

O modo imperativo é usado para dar orientações, conselhos: o tom do poema é de autoajuda.

b)   Verbos no futuro do presente do indicativo, como em:

·        Haverá um instante da primavera.

·        Chegará um sol cinzento com grandes ameaças.

Os verbos estão no futuro do presente do indicativo são usados para fazer previsões, como nos horóscopos.

 

 

POEMA: AGIOTAGEM - MÁRIO CHAMIE - COM GABARITO

 Poema: Agiotagem

             Mário Chamie

                         Um

                         dois

                         três
                o juro: o prazo
         o pôr / o cento / o mês /
                        o ágio
             p o r c e n t á g i o.

                        dez
                        cem

                        mil
             o lucro: o dízimo
            o ágio / a mora / a
           monta em péssimo
            e m p r é s t i m o.

                     muito

                     nada

                     tudo
            a quebra: a sobra
              a monta / o pé /
             o cento / a quota

                h a j a n o t a

                     Agiota.

CHAMIE, Mário. Indústria. São Paulo: Mirante das Artes, 1967. s/p.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 162-3.

Entendendo o poema:

01 – O que seria uma poesia práxis?

      Seria uma poesia que indica ação.

02 – Para você como seria um poema dessa vertente estética?

      Resposta pessoal do aluno.     

        A “práxis” da poesia

        Práxis (do grego práxis, que indica ação) significa atividade prática, exercício, uso. Segundo Mário Chamie, poeta e teórico dessa tendência, as palavras são como uma “energia a ser transformada” ou “corpos vivos”, que geram outras palavras e interagem com o leitor.

        Os poemas práxis resultam de um levantamento de palavras dentro do campo semântico do tema escolhido para o texto.

03 – Qual é o campo semântico das palavras escolhidas para compor o poema Agiotagem? Exemplifique.

      Do mundo financeiro, do lucro, do dinheiro: juro, prazo, ágio, lucro, dízimo, mora, empréstimo, quebra, quota, nota, agiota, etc.

04 – Que classe de palavras inicia e dá suporte à temática e ao desenvolvimento do poema?

      Os numerais: um, dois, três, cento, dez, cem, mil.

05 – Encontre no poema um exemplo de palavra nova, gerada de outras palavras. A partir de que outras palavras ela foi gerada?

      A palavra porcentágio (gerada de por, cento e ágio).

06 – Pelo contexto do poema, interprete a palavra hajanota.

      Palavra formada a partir de haja (do verbo haver) + o substantivo nota (dinheiro). Ou, de (também do verbo haver) + janota (indivíduo vestido com apuro exagerado; elegante) para qualificar um agiota.

 

 

 

POEMA: MAHIN AMANHÃ - MIRIAM ALVES - COM GABARITO

 Poema: Mahin amanhã

             Miriam Alves

Ouve-se nos cantos a conspiração

vozes baixas sussurram frases precisas

escorre nos becos a lâmina das adagas

Multidão tropeça nas pedras

                                 Revolta

há revoada de pássaros

         sussurro, sussurro:

“é amanhã, é amanhã.

         Mahin falou, é amanhã”

A cidade toda se prepara

        Malês

                     bantus

                                   geges

                                                nagôs

vestes coloridas resguardam esperanças

aguardam a luta

Arma-se a grande derrubada branca

a luta é tramada na língua dos Orixás

                             “é aminhã, aminhã”

        Malês

                     bantus

                                   geges

                                                nagôs

“é aminhã, Luiza Mahin falô”

ALVES, Miriam. Mahin amanhã. In: Quilombhoje (Org.). Cadernos negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje, 1998. p. 104.

              Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 194.

Entendendo o poema:

01 – Registre no caderno as alternativas que interpretam adequadamente o poema:

a)   Evidencia a ideia de que fronteiras étnicas e linguísticas dificultam o intercâmbio cultural entre africanos e afrodescendentes.

b)   Imagina uma possível união dos negros pertencentes a grupos étnicos culturais diferentes na luta pela defesa da cidadania.

c)   Revê criticamente o registro oficial de um fato histórico, que envolve a memória dos negros no Brasil.

d)   Retém imagens auditivas e visuais que recompõem o passado transfigurado por meio de uma representação linguística criativa.

e)   Utiliza o verso “a luta é tramada na língua dos Orixás” (linha 18) para ressaltar que a cultura e a religiosidade africanas transitam no espaço do sagrado e do não sagrado.

f)    Apresenta imagens e pensamentos inseridos numa trama épica em que os protagonistas lembram um passado de glórias.

 

 

 

POEMA: O QUE É QUE EU QUERO PARA A VIDA? GONÇALO M. TAVARES - COM GABARITO

 Poema: O que é que eu quero para a vida?

             Gonçalo M. Tavares

25.
O que é que eu quero para a vida?
Oh, essa pergunta.

Quando era novo queria ser mais velho.
Depois comecei a querer ser mais novo.
Se pudéssemos ficar na idade em que não queremos ser mais
novos nem mais velhos, seria o ideal.
Mas nem sequer me lembro se essa idade existiu, quanto mais.

O que é que eu quero para a vida?
Logo de manhã a fazerem-me essa pergunta.
Se ma fizessem de noite eu sabia o que responder:
— Quero dormir!
Mas, assim, a fazerem-me a pergunta logo pela manhã, fico
sem palavras.

Voltem logo à noite, está bem?
Eu logo vos respondo.

TAVARES, Gonçalo M. O homem ou é tonto ou é mulher. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005. p. 47.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 198-9.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema do poema? 

      Dúvida e dificuldade em resolver questões existenciais; insatisfação do ser humano.

02 – De que forma o eu lírico trata o tema? 

      Com humor.

03 – Como você interpreta os versos a seguir? 

a)   "Oh, essa pergunta."

O eu lírico expressa que essa é uma pergunta recorrente. Pode expressar tédio, cansaço pela dificuldade em responde-la.

b)   "Mas nem sequer me lembro se essa idade existiu, quanto mais."

Expressa a dificuldade do eu lírico em se sentir satisfeito, pois nem consegue se lembrar de quando foi feliz.

04 – Qual é a diferença entre os poemas de José Craveirinha, Ondjaki e Gonçalo M. Tavares?

      Os poemas de José Craveirinha e Ondjaki apresentam dicção poética e temas africanos; o poema de Gonçalo M. Tavares tem caráter existencial/existencialista e, nesse sentido, reflete a dicção poética europeia, de Portugal.

05 – O poema apresenta marcas da literatura contemporânea? Justifique.

      Sim. A linguagem é prosaica, cotidiana, concisa; não há preocupação com a forma tradicional.

06 – Identifique características da língua portuguesa de Portugal no poema. 

      O uso do infinitivo: "Logo de manhã a fazerem-me essa pergunta."; "[...] a fazerem-me a pergunta logo pela manhã [...]". Emprego do pronome pessoal: "Se ma fizessem de noite eu sabia o que responder". 

07 – Você já fez esta pergunta: “O que é que eu quero para a vida?”.

      Resposta pessoal do aluno.