Reportagem: Produção de lixo eletrônico
é cinco vezes maior que há 14 anos
Segundo
relatório da ONU sobre dispensa de eletrônicos diz que brasileiro produz 7 kg
de lixo eletrônico cada um
10/11/2014 | 20h53 – Por Agências
– Agências
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Lixo eletrônico em Tóquio,
no Japão. FOTO: Reuters
VIENA – Milhões de celulares, câmeras
digitais, computadores, tablets e outros gadgets eletrônicos acabam a cada ano
no lixo comum, o que representa um enorme perigo para a saúde e para o meio
ambiente, segundo adverte as Nações Unidas.
E o problema só cresce. Se no ano 2000
foram produzidas cerca de 10 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos,
agora são 50 milhões, equivalente a oito vezes o peso da pirâmide egípcia de
Gizé.
Esse número significa que cada
habitante do planeta produz em média sete quilos de lixo tecnológico e os
cálculos da ONU preveem que nos próximos três anos esses resíduos aumentarão em
um terço.
O lixo per capita produzido varia de
acordo com a riqueza e consciência ambiental de cada país, e vai desde os 63 kg
gerado por um cidadão do Catar, passando pelos quase 30 de um americano, os 23
de um alemão, os 18 de um espanhol, os sete de um brasileiro ou os 620 gramas
de um malinês.
Muitos aparelhos eletrônicos, que têm
vida útil cada vez mais curta, estão carregados de metais pesados muito
prejudiciais à saúde.
Materiais como chumbo, mercúrio, cádmio
e zinco podem ser uma fonte contaminante no longo prazo se não forem reciclados
de forma adequada.
Isso só acontece com uma parte mínima
parte de todo esse lixo, denunciam a ONU e grupos de proteção do meio ambiente.
O Escritório das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (ONUDI), com sede em Viena, calcula que em 2016 os países
em desenvolvimento produzirão mais lixo eletrônico que os industrializados.
Um desafio ainda maior porque essas
nações contam com menos meios para abordar o problema.
Para dar uma resposta a esta situação,
a ONU lançou a Iniciativa Step, para promover a reutilização e aumentar o ciclo
vital dos produtos eletrônicos.
Ruediger Kuehr, secretário-executivo da
Step, reconhece que embora este seja um problema ambiental subestimado, pelo
menos está começando a figurar na agenda política internacional.
“Estamos muito no início, por enquanto
não podemos dizer que estamos no bom caminho, mas pelo menos está ocupando um
espaço na agenda política”, explicou o especialista alemão à Agência Efe em
Viena.
“Os governos conscientes sabem que isto
é uma bomba-relógio e que devem tomar decisões”, assegurou.
O problema afeta todos os países,
porque em nenhum lugar se recicla o suficiente, falta conscientização sobre o
problema e há uma visão subdimensionada dos riscos.
“Os
consumidores (nos países industrializados) não são totalmente conscientes do
desafio que o lixo eletrônico representa”, por considerarem que é um problema
distante, que afeta as equipes que desmontam de forma rudimentar esses
equipamentos na África ou Ásia.
E embora esse tipo de reciclagem em
precárias condições seja muito perigoso, é só uma parte do problema.
A questão de fundo é que “só uma
pequena parte do material eletrônico é reciclada em países como Alemanha, Reino
Unido ou Estados Unidos”, lembrou Kuehr.
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tecnológicas começaram a tomar “responsabilidade sobre o lixo eletrônico
gerado” a partir de diferentes programas, e volta suas críticas ao consumidor,
que exige tecnologia ao menor custo possível.
“É preciso criticar o consumidor, que
quer a última tecnologia por muito pouco dinheiro. E isso se traduz em
dificuldade de reparar problemas ou produtos de baixíssima qualidade, o que
reduz a vida destes produtos”, ressaltou.
“Se
levantassem a voz e dissessem que querem equipamentos baratos, mas também que
possam ser consertados ou renovados para que sirvam melhor no futuro, porque
são conscientes das implicações ambientais, então as companhias responderiam”,
opinou.
Por isso, Kuehr defende campanhas
públicas e educativas para conscientizar sobre este problema e sobre o impacto
no meio ambiente, e esclarece que se não forem dadas respostas a esta situação
“será difícil criar inovações tecnológicas sustentáveis” no futuro.
Para este especialista, o objetivo de
longo prazo é “fechar o ciclo e chegar a um modelo sustentável”, no qual as
empresas possam criar novos equipamentos utilizando materiais dos antigos.
Além disso, os velhos equipamentos
possuem componentes de grande valor, como ouro, prata e platina, utilizados por
sua estabilidade e capacidade motora em computadores e portáteis.
Outro problema é a exportação ilegal de
lixo tecnológico dos países mais desenvolvidos para os menos desenvolvidos,
especialmente dos EUA e da Europa.
Segundo estimativas da Agência Europeia
do Meio Ambiente, pelo menos 250 mil toneladas de resíduos eletrônicos saem a
cada ano da União Europeia de forma ilegal como bens de segunda mão, quando na
realidade são produtos inutilizáveis.
Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/link/onu-adverte-que-lixo-eletronico-e-bomba-ecologica-para-o-planeta/. Publicado
em: 10 nov. 2014. Acesso em: 7 jan. 2015.
Fonte: Livro Língua
Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição.
São Paulo, 2015 – Moderna. p. 151-5.
Entendendo a reportagem:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Gadgets: dispositivos eletrônicos portáteis, como celulares, tablets,
etc.
·
Per
Capita: expressão latina que significa
“por pessoa”.
·
Subestimado: desprezado; que recebeu pouca atenção.
·
Subdimensionada: calculada com pouca precisão.
02 – Você já ouviu falar em
lixo eletrônico? Sabe o que o diferencia do lixo orgânico?
Resposta pessoal
do aluno.
03 – Você já trocou de
aparelho celular? Como descartou antigo?
Resposta pessoal
do aluno.
04 – Que problemas você
acredita haver no descarte sem cuidado de aparelhos eletrônicos, como, por
exemplo, o televisor?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão:
Possibilidade de aproveitamento dos materiais recicláveis e do uso de certos
lixos orgânicos para a produção de adubo.
05 – Do que trata a
reportagem e qual é sua principal fonte?
Trata do aumento
de descarte de lixo eletrônico, tomando por fonte um relatório da Organização
das Nações Unidas (ONU).
06 – Por que o lixo
eletrônico precisa ser reciclado?
Porque esse tipo
de lixo tem metais pesados, muito prejudiciais à saúde, e o descarte inadequado
poderia causar contaminação por esses metais.
07 – Qual é a quantidade
média de lixo eletrônico produzido por brasileiro?
Está em torno de
sete quilos.
08 – Que relações você estabeleceria
entre a quantidade de lixo eletrônico brasileiro e as informações que leu?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Esse
dado alarmante, já que, conforme relatado na notícia “quase metade do que os
brasileiros jogam fora (41,7%) ainda vai para lixões.
09 – Releia: “Os governos
conscientes sabem que isto é uma bomba-relógio e que devem tomar
decisões”.
a)
A que se refere a palavra destacada?
O pronome isto retoma o problema que foi discutido antes: o aumento
de lixo eletrônico e a falta de sua reciclagem.
b)
O que o representante da ONU, Ruediger Kuehr,
quis dizer com a metáfora “bomba-relógio”?
Quis dizer, que se não for tomada uma providência enérgica, o
problema do lixo eletrônico poderá causar danos irreversíveis, como em uma
explosão, se nada for feito a tempo.
10 – Além dos governantes, a
quem mais Ruediger Kuehr critica como responsável pelo aumento do lixo
eletrônico?
O consumidor.
a)
Que argumento ele usa para isso? Que tipo de
argumento é esse?
Ele argumenta que o consumidor “quer a última tecnologia por muito
pouco dinheiro. E isso se traduz em dificuldade de reparar problemas ou em
produtos de baixíssima qualidade, o que reduz a vida desses produtos”. Trata-se
de um argumento que explora relações de causa e consequências.
b)
O que você pensa sobre essa opinião? Por quê?
Resposta pessoal do aluno.
11 – A reportagem é composta
também por um infográfico. O que ele apresenta para o leitor?
O infográfico se trata de uma
apresentação do ciclo de separação e reciclagem do lixo eletrônico.
12 – Considerando o que você
leu sobre a reciclagem de lixo eletrônico, na própria reportagem, e sobre o
destino de quase metade do lixo produzido pelos brasileiros, aponte que
incoerência há no título do infográfico?
O título sugere
que o eletrônico descartado pelo leitor vai para esse ciclo, o que,
infelizmente, está bem longe de ser uma realidade, conforme nos informa a
própria reportagem e como podemos depreender dos dados apresentados na notícia
antes lida.
13 – Releia os dois últimos
parágrafos:
“Outro
problema é a exportação ilegal de lixo tecnológico dos países mais
desenvolvidos para os menos desenvolvidos, especialmente dos EUA e da Europa.
Segundo estimativas da Agência Europeia
do Meio Ambiente, pelo menos 250 mil toneladas de resíduos eletrônicos saem a
cada ano da União Europeia de forma ilegal como bens de segunda mão, quando na
realidade são produtos inutilizáveis.”
·
Como deve ser compreendida a expressão exportação ilegal?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Como
crime, levando-se, de forma disfarçada, lixo eletrônico para países menos
desenvolvidos, transferindo o problema para esses países e colocando suas
populações em risco.