domingo, 17 de julho de 2022

CONTO: O VEADO E A ONÇA - PARTE 1 - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

 Conto: O VEADO E A ONÇA – Parte 1   

             Ana Maria Machado

        Há muitos e muitos anos, quando as mulheres e os homens que viviam por aqui eram índios, quando o chão era só de terra e quem voava mais alto no céu era o gavião, morava lá no fundo da mata um veado que um dia resolveu fazer uma casa.

        Andou de um lado para outro para escolher um lugar. Descobriu um platô interessante, no alto de um barranco, onde não ficava passando bicho toda hora. Era perto de um rio encachoeirado, se ele quisesse beber água. Era protegido por umas árvores grandes, que não deixavam o vento forte chegar.

        O veado resolveu que era aquele lugar que queria e começou a limpar o terreno. Arrancou uns matos rasteiros, tirou umas moitas que estavam atrapalhando, cortou os galhos mais baixos das árvores.

        Trabalhou o dia inteiro. Quando o sol foi se pondo, estava cansado e foi dormir na casa dos pais, para voltar no dia seguinte.

        Quando já era noite alta e a lua brilhava no céu, apareceu por ali uma onça que ultimamente vinha pensando muito em fazer uma casa. Aproveitava quando saía para caçar e procurava um terreno bom.

        A onça viu aquela clareira já limpinha e disse:

        – Que bom! Este lugar é perfeito! O deus da mata está me ajudando! Vou logo cortar umas varas para fazer esteios da casa e amanhã à noite eu começo ...

        Trabalhou a noite inteira. Quando o sol foi nascendo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais, para voltar na noite seguinte.

        Daí a pouco chegou o Veado. Viu aquela pilha de varas cortadas e preparadas e disse:

        – Que bom, estas varas estão perfeitas! O deus da mata está me ajudando! Vou marcar o lugar da casa e fincar os esteios no chão, bem firme...

        Trabalhou o dia inteiro. Quando o sol foi se pondo, estava cansado e foi dormir na casa dos pais, para voltar no dia seguinte.

        Daí a pouco chegou a onça. Viu os esteios já colocados e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Foi até um taquaral ali perto e tirou uma porção de taquaras, que são uma espécie de bambu, levinho. Fez uma pilha enorme.

        Trabalhou a noite inteira. Quando o sol foi nascendo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais, para voltar na noite seguinte.

        Daí a pouco chegou o veado. Viu aquela pilha de taquaras e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Foi pegando as taquaras uma a uma e fincando entre os esteios, nuns espacinhos pequenos, só deixando livre o lugar das portas e janelas. Depois, cortou uma porção de cipós e embiras para no outro dia amarrar o resto das taquaras atravessadas por cima daquelas, fazendo uns quadrados.

        Trabalhou o dia inteiro. Quando o sol foi se pondo, estava cansado e foi dormir na casa dos pais, para voltar no dia seguinte.

        Daí a pouco chegou a onça. Viu as paredes adiantadas, os cipós e as embiras cortados, e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Tratou de usar os cipós e as embiras para prender o resto das taquaras, fazendo uma malha forte de quadrados.

        Trabalhou noite inteira. Quando o sol foi nascendo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais, para voltar na noite seguinte.

        Daí a pouco chegou o veado. Viu aquela malha de taquaras pronta e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Foi buscar água no rio, misturou com a terra do alto do barranco, fez um barro bem barrento e foi jogando sobre a malha de taquaras para fechar os quadrados e ir fazendo as paredes. Conseguiu completar duas antes de escurecer.

        Trabalhou o dia inteiro. Quando o sol foi se pondo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais, para voltar no dia seguinte.

        Daí a pouco chegou a onça. Viu aquelas duas paredes fechadas e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Foi buscar mais água no rio, misturou com mais terra do alto do barranco, fez um barro bem barrento, trabalhou a noite toda e completou as outras duas paredes.

        Quando o sol foi nascendo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais. Para voltar na noite seguinte.

        E assim ficaram os dois. O veado alisou as paredes, a onça fez a cumeeira; o veado cortou folhas da palmeira, a onça cobriu o telhado; o veado foi buscar bambu grosso, a onça fez um encanamento que levava água do rio até a casa; o veado serrou umas tábuas, a onça fez as janelas e portas.

        Trabalharam muito, dia e noite, sempre achando que o deus da mata estava ajudando. Até que a casa ficou pronta.

        No fim do último dia trabalhado, todo animado, o Veado resolveu que não ia dormir na casa dos pais: ia ficar ali para passar a primeira noite em sua casinha nova.

        Tomou banho, comeu umas folhas gostosas, fez uma fogueirinha no quintal para espantar mosquito e ficou em frente da casa olhando as estrelas e esperando o sono chegar.

        Mas quem chegou foi a Onça. Quando viu aquela cena, ficou furiosa:

        – Mas que folga! Então não se pode mais nem sair para visitar parentes que logo aparece um malandro para invadir a nossa casa? Saia daqui imediatamente!

             MACHADO, Ana Maria. Histórias à brasileira. A moura torta e outras. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002. p. 35-9.

       Fonte: Língua portuguesa – Coleção Brasiliana – 5° ano – Ensino Fundamental – IBEP – 2ª ed. São Paulo – 2011. p. 32-7.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Clareira: terreno desmatado ou com poucas árvores, em mata ou bosque.

·        Cumeeira: parte mais alta do telhado.

·        Embiras (embira): árvore cuja casca produz um cipó usado para fabricar cordas, redes, cestos e outros utensílios; cipó usado para amarrar.

·        Esteios (esteio): peça de madeira ou ferro que serve para segurar ou escorar alguma coisa.

·        Platô: lugar elevado e plano.

02 – Como você imaginou que seria a construção de uma casa numa “parceria” entre um veado e uma onça?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Como foi possível o veado e a onça construírem uma casa sem se encontrar?

      Porque o veado trabalhava na construção durante o dia, e a onça trabalhava durante a noite.

04 – Onde eles moravam antes de terminar a casa?

      Na casa dos pais.

05 – Os dois animais, embora escolhessem o mesmo lugar para construir a casa, tiveram motivos diferentes. Reproduza a tabela abaixo em seu caderno e explique quais foram as razões de cada um para a escolha do lugar.

·        Veado: 2° parágrafo.

·        Onça: 7° parágrafo.

06 – Tanto o veado quanto a onça trabalharam na construção da casa. Escreva quem fez o quê.

a)   Cortou varas para o esteio. Onça.

b)   Marcou o lugar da casa e fincou os esteios. Veado.

c)   Pegou taquaras e fez uma pilha enorme. Onça.

d)   Fincou as taquaras entre os esteios e cortou cipós e embiras. Veado.

e)   Usou os cipós e as embiras para prender o resto das taquaras. Onça.

f)    Buscou água no rio, misturou com terra e fez as paredes com esse barro. Veado.

g)   Alisou as paredes. Veado.

h)   Fez a cumeeira. Onça.

i)     Cortou folhas de palmeiras. Veado.

j)     Cobriu o telhado. Onça.

k)   Buscou bambu grosso. Veado.

l)     Fez o encanamento. Onça.

m) Serrou umas tábuas. Veado.

n)   Fez janelas e portas. Onça.

07 – Quando a onça e o veado voltaram para o local onde a casa estava sendo construído, não estranhavam o fato da construção continuas avançando. Por quê? A quem eles atribuíram o fato?

      Atribuíram ao deus da mata.

08 – Apenas quatro alternativas respondem à próxima pergunta. Copie as alternativas corretas. O que o veado fez no fim do último dia da construção da casa?

   Ele resolveu que iria mais cedo para a casa dos pais.

·        Decidiu que passaria a primeira noite em sua casinha nova.

·        Deitou-se observando o teto e tirou um longo cochilo.

·        Tomou banho e comeu umas folhas gostosas.

·        Fez uma fogueirinha no quintal para espantar os mosquitos.

·        Ficou em frente da casa olhando as estrelas e esperando o sono chegar.

09 – Releia, a seguir, a introdução do conto e copie somente as três alternativas corretas, referentes a ela.

        “Há muitos e muitos anos, quando as mulheres e os homens que viviam por aqui eram índios, quando o chão era só de terra e quem voava mais alto no céu era o gavião, morava lá no fundo da mata um veado que um dia resolveu fazer uma casa.”

·        Nessa introdução estão apresentados: o tempo, o local da ação e os personagens.

·        Na introdução do conto, o tempo e o local são definidos de uma forma precisa.

·        Nessa introdução são apresentados: tempo, lugar e personagens.

·        O tempo “há muitos e muitos anos” e o local “lá no fundo da mata” não são tão importantes no conto, por isso aparecem de forma imprecisa.

10 – Nesta primeira parte do conto “O veado e a onça”, quais são as personagens?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O veado e a onça.

11 – Junto com um colega, localize no texto as expressões que se referem a essas personagens. Veja o exemplo e transcreva essas repetições. Exemplo: “Trabalhou o dia inteiro. / trabalhou a noite inteira”.

      Resposta pessoal do aluno.

12 – Os contos populares são histórias contadas oralmente de geração a geração. Na sua opinião, qual a importância das repetições para essas histórias?

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

sábado, 16 de julho de 2022

ANÚNCIO: ESTÃO TIRANDO O VERDE DA NOSSA TERRA - FUNDAÇÃO S.O.S. MATA ATLÂNTICA - COM GABARITO

 Anúncio: Estão tirando o verde da nossa terra

       

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjANZvSMS1mMO_NYjaHWgIdHtOrbS0vuQ1dF1YSdGbxmFklFL9-tmgN6usIRk-BbbSIsXYqvASJAbrGU9CgY6uqEXt0TNkrqyqO9Clvz8H5nCEktNoguMjJisjz2JXt69YDrq3Td6Ig1jpilIqcQMWmxMgK3HI0UCOiC7vBi8tLqekru-ZMjr0_n-n8/s1600/sos.jpg 
Este anúncio faz parte de uma campanha iniciada nos anos 1980 pela Fundação S.O.S. Mata Atlântica, uma das instituições ambientalistas mais conhecidas do Brasil.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 272-3.

Entendendo o anúncio:

01 – O que o anunciante pretendia com esse texto?

      Sensibilizar a população para o problema da devastação ambiental no Brasil.

02 – O título do anúncio baseia-se em uma metonímia. Explique por quê?

      Porque foi usado um termo (“o verde”) no lugar de outro com o qual o primeiro mantém uma relação de contiguidade, pertencimento (as florestas, a natureza).

03 – O predicado da oração que compõe o título desse anúncio é: “Estão tirando o verde da nossa terra”.

·        E o sujeito da oração? Como ele se classifica? Por quê?

É um sujeito indeterminado, porque não é possível identifica-lo nem pela terminação do verbo, que está na terceira pessoa do plural, nem pela relação com outros termos da oração.

04 – De acordo com o título, o anunciante e os leitores também são responsáveis pela destruição da natureza? Explique.

      Não, porque a responsabilidade pela ação de tirar “o verde da nossa terra” é atribuída a um sujeito indeterminado, diferente do anunciante e do leitor.

05 – Como o anunciante deveria reescrever o título se quisesse indicar:

I – Que tanto ele quanto os leitores também são responsáveis pela devastação ambiental?

      Estamos tirando o verde da nossa terra.

II – Que os leitores são responsáveis pela devastação ambiental, mas ele, o anunciante, não?

      Vocês estão tirando o verde da nossa terra.

ANEDOTA: UM GATUNO EM CASA - COM GABARITO

 Anedota: Um gatuno em casa

      A central de polícia recebe um telefonema:

        – Por favor, mande alguém urgente! Entrou um gato em casa!

        – Mas como assim? Um gato?

        – Sim, um gato! Ele invadiu a casa e está vindo na minha direção!

        – Calma. O senhor está disfarçando, querendo dizer que entrou um ladrão aí?

        – Não! Um gato mesmo, desses que fazem miau, miau. Ele vai me matar, e a culpa será de vocês. Venham agora!

        – Mas qual é o problema de um mero gatinho ter entrado na sua casa? Quem está falando?

        – O papagaio, caramba!

FEBEC (Federação Brasileira de Entidades de Combate ao Câncer). Almanaque da Cultura e Saúde. Voluntários contra o câncer, n° 4. p. 32.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 268.

Entendendo a anedota:

01 – De acordo com o texto, quem é a personagem principal?

      Um papagaio.

02 – Do que ele tinha tanto medo?

      De um gato, porque achava que seria devorado.

03 – Copie no caderno as orações destacadas. Sublinhe o sujeito e circule o verbo de cada uma delas.

      A central de polícia recebe um telefonema. Entrou um gato em casa! Ele vai me matar.

04 – Observe a posição do sujeito em relação ao verbo. O que você conclui?

      Na primeira e na terceira orações, o sujeito está antes do verbo. Na segunda oração, o sujeito está depois do verbo.

 

sábado, 9 de julho de 2022

CONTO: TREM FANTASMA - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

Conto: Trem Fantasma

            Moacyr Scliar

 Afinal se confirmou: era leucemia mesmo a doença de Matias, e a mãe dele mandou me chamar. Chorando, disse-me que o maior desejo de Matias sempre fora passear de Trem Fantasma; ela queria satisfazê-lo agora, e contava comigo. Matias tinha nove anos. Eu, dez. Cocei a cabeça.

          Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o Trem Fantasma. Teríamos de fazer uma improvisação na própria casa, um antigo palacete nos Moinhos de Vento, de móveis escuros e cortinas de veludo cor de vinho. A mãe de Matias deu-me dinheiro; fui ao parque e andei de Trem Fantasma. Várias vezes. E escrevi tudo num papel, tal como escrevo agora. Fiz também um esquema. De posse destes dados, organizamos o Trem Fantasma.

         A sessão teve lugar a 3 de julho de 1956, às 21 horas. O minuano assobiava entre as árvores, mas a casa estava silenciosa. Acordamos o Matias. Tremia de frio. A mãe o envolveu em cobertores. Com todo o cuidado colocamo-lo num carrinho de bebê. Cabia bem, tão mirrado estava. Levei-o até o vestíbulo da entrada e ali ficamos, sobre o piso de mármore, à espera.

         As luzes se apagaram. Era o sinal. Empurrando o carrinho, precipitei-me a toda velocidade pelo longo corredor. A porta do salão se abriu; entrei por ela. Ali estava a mãe de Matias, disfarçada de bruxa (grossa maquilagem vermelha). Olhos pintados, arregalados. Vestes negras. Sobre o ombro, uma coruja empalhada.(Invocava deuses malignos).

         Dei duas voltas pelo salão, perseguido pela mulher. Matias gritava de susto e de prazer. Voltei ao corredor.

        Outra porta se abriu – a do banheiro, um velho banheiro com vasos de samambaia e torneiras de bronze polido.

[...]

           Saindo dali entrei num quarto de dormir onde estava o irmão de Matias, como esqueleto (sobre o tórax magro, costelas pintadas com tintas fosforescentes; nas mãos, uma corrente enferrujada).

[...]

          Assim era o Trem Fantasma, em 1956.

          Matias estava exausto. O irmão tirou-o do carrinho e, com todo o cuidado, colocou-o na cama.

         Os pais choravam baixinho. A mãe quis me dar dinheiro. Não aceitei. Corri para casa.

        Matias morreu algumas semanas depois. Não me lembro de ter andado de Trem Fantasma desde então.

Moacyr Scliar. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 316-317.

Entendendo o texto

01. O gênero provém de uma esfera social, ou seja, ele é produzido a partir da interação verbal (oral ou escrita) entre as pessoas que exercem uma mesma atividade com a linguagem. Então, assinale a alternativa que indica a esfera a que pertence o texto “O trem fantasma” de Moacyr Scliar.

          (x) esfera cotidiana

         (  ) esfera publicitária

        (  ) esfera literária

        (  ) esfera escolar

        (  ) esfera jurídica

02. Os textos do gênero conto, no decorrer de sua narrativa, sempre estão ligados a alguma temática do cotidiano. Identifique qual é o assunto desse conto.

O trem fantasma.

03. Contemporâneo é o tempo atual. Nesse caso, você considera esse conto como contemporâneo? Explique o porquê a partir do contexto do texto e de sua temática.

Sim. Atualmente têm nos parques de diversões. Porque fala do trem fantasma “...Assim era o Trem Fantasma, em 1956.”

    04.Qual era a relação entre o narrador e Matias?

        O narrador era amigo de Matias.

05.O que a mãe de Matias doente pediu ao narrador?

          Pediu para o narrador ajudá-la a realizar um desejo de seu filho; ir no trem fantasma.

06. Após o pedido da mãe, o que o narrador fez?

        Foi no Trem Fantasma várias vezes e escrevi tudo num papel e fiz também um esquema.

07.Além do narrador, quem são os outros personagens do Trem fantasma?

Matias, os pais dele e o irmão.

08. Qual era a intenção de todos eles ao fazerem aquilo?

Deixarem o Matias feliz, realizando um desejo.

09.Esse conto traz ensinamentos. Em sua opinião quais?

Resposta pessoal.

     10. O narrador participa ou não da história? Retire um trecho do texto, para comprovar sua resposta.

            Sim, participa da história. É narrador-personagem.

             “...e a mãe dele mandou me chamar...”

      11- O texto apresenta uma sequência de fatos, com certa ordem cronológica dos acontecimentos. Sendo assim esse texto pertence a qual sequência tipológica?

         (  ) expositiva

         ( x ) narrativa

         (  ) descritiva

         (  ) injuntiva

         (  ) argumentativa

      Retire do texto um trecho que comprove sua resposta:

      “A mãe de Matias deu-me dinheiro; fui ao parque e andei de Trem Fantasma. Várias vezes. E escrevi tudo num papel, tal como escrevo agora. Fiz também um esquema. De posse destes dados, organizamos o Trem Fantasma.”

 

CONTO: PEGA LADRÃO, PAPAI NOEL! - MARCOS REY - COM GABARITO

 CONTO: Pega ladrão, Papai Noel!

                 Marcos Rey

Ele não era bem um Papai Noel, pois trabalhava numa grande loja, a Emperor, aquela grande, da avenida. Consta, inclusive, que fez um curso de seis semanas para testar e aperfeiçoar sua tendência vocacional, obtendo boa nota. Mas seu visual, mesmo sem uniforma, impressionou favoravelmente a banca examinadora: era gordo, como convém a um Papai Noel; tinha olhos da cor do céu e a capacidade de sorrir durante horas inteiras sem nenhum motivo aparente. Aliás, um Papai Noel é isto: uma mancha vermelha que sabe rir e às vezes fala.

         -Você está ótimo! – disse-lhe o chefe da seção de brinquedos. – As crianças vão adorá-lo!

Era véspera de Natal e a loja andava preocupadíssima com as vendas, inferiores ao ano anterior. E preocupada com outra coisa, ainda: o incrível número de furtos, razão por que o Papai Noel além de sorrir e estimular as vendas teria que ser também um olheiro, um insuspeito fiscal de seção.

Ele passeava pelo atraente departamento de brinquedos eletrônicos, juntamente com seu sorriso, e acabara de passar a mão nos cabelos louros de um garotinho, quando viu. Viu o quê? Um homem, e mais que ele, sua mão surrupiando um trenzinho de pilha, imediatamente metido nua bolsa. Interrompendo em meio seu sorriso, Papai Noel deu um passo firme, fez voz de vigia:

          -Por favor, me deixe ver essa bolsa!

Nem todo susto é paralisante: o homem, sem largar a bolsa, saiu em disparada pela seção de brinquedos, empurrando pessoas, chutando coisas, derrubando e pisando em brinquedos. Atrás desse furacão, seguia outro furacão, este encarnado, o Papai Noel, que repetia em cores mais vivas os desastres provocados pelo primeiro. A cena prosseguiu com mais dramaticidade e ruídos na escadaria da loja, pois a seção de brinquedos era no sexto andar. No quarto pavimento, Papai Noel chegou a grampear o ldrão pelo braço, mas este conseguiu escapar, livrando oito degraus entre o quarto e o segundo andares, Aí, novamente, Papai Noel pôs a mão enluvada no fugitivo, mas um grupo de pessoas que saía do elevador poluiu a imagem e ele tornou a ganhar distância.

Na avenida a perseguição teve novos aspectos e emoções. A pista era melhor para corridas, mas ainda maior o número de pessoas e obstáculos. O ladrão, logo à saída da loja, chocou-se com uma mulher que carregava mil pacotes, pacotinhos e pacotões. Foram todos para o chão. Um propagandista de longas pernas de pau fez uma aterrissagem forçada, que o aeroporto de Congonhas teria desaconselhado devido ao mau tempo. O Papai Noel também empurrava, esbarrava e derrubava, aduzindo ao seu esforço o clássico “pega ladrão!”, um refrão tão comum na cidade que não entendo como ainda não musicaram. Na primeira esquina, quase... Um carro bloqueou a fuga do homem, que ficou hesitante enquanto seu colorido perseguidor se aproxima em alta velocidade.

Consta que Papai Noel perseguiu o ladrão inclusive no Minhocão, de ponta a ponta, onde é proibida a circulação de pedestres. Também sem resultado.

A história, que nem história é, podia acabar aqui, mas prefiro que acabe lá.

Lá, onde?

Naquele quarto de subúrbio.

Aquela noite, o ladrão, à meia-noite em ponto, deu para o filho o belo presente das lojas Emperor, o trenzinho de pilha, que tinha luzes diversas e até apitava, excessivamente incrementado para qualquer garoto pobre.

O menino, que sabia dos apuros do pai, não recebeu alegremente a maravilha eletrônica.

-Papai, o senhor não devia ter comprado.

- Mas não comprei.

- Ahn?

- Ganhei.

- De quem?

               - De Papai Noel, ora. Bom cara. Nem precisei pedir, Ele correu atrás de mim e me deu o presente. Disse que a pilha dura três meses. Legal, não?

In: Antônio de AlcântArA MAchAdo et al. De conto em conto. São Paulo: Ática, 2006. p. 42-46. (Coleção Quero Ler: Contos).

http://biaatividades.blogspot.com/2013/01/texto-pega-ladrao-papai-noel.html

Desvendando o texto

01. Por que o homem roubou o trenzinho de pilha?

      Para presentear seu filho na noite de Natal.

02. O que você acha da atitude do ladrão?

      Responda pessoal.

03. Você acha que o presente é o que mais importa no Natal?

       Resposta pessoal.

04. Relacione o texto com a frase: “Os fins não justificam os meios”.

      O fato de ele querer dar um presente para seu filho, não ter como comprar e por isso roubar. Nada justifica esta atitude.

05. O conto se inicia com a apresentação de um personagem: um Papai Noel recém-contratado.

a) Que características tornavam aquele homem ideal para o cargo?

     Era gordo, como convém a um Papai Noel; tinha olhos da cor do céu e a capacidade de sorrir durante horas inteiras sem nenhum motivo aparente.

b) Além das habituais funções, esse Papai Noel teria um trabalho especial. Qual? Por que ele havia se tornado necessário?

Um olheiro, um insuspeito fiscal de seção, porque aumentou o número de furtos no departamento de brinquedos eletrônicos.

06. Releia o seguinte trecho. “Ele passeava pelo atraente departamento de brinquedos eletrônicos, juntamente com seu sorriso, e acabara de passar a mão nos cabelos louros de um garotinho, quando viu. Viu o quê?”

Um homem, e mais que ele, sua mão surrupiando um trenzinho de pilha.

a)    A expressão “juntamente com seu sorriso” contribui para a impressão de que o Papai Noel age de modo simpático, divertido ou fingido? Por quê?

Para que ninguém suspeite que também está fiscalizando o departamento.

b)    Por que você acha que o narrador usou a expressão “quando viu. Viu o quê?” em lugar de contar diretamente o que foi visto?

Resposta pessoal.

c)     O que o Papai Noel fez depois de ter visto o que viu? Por que ele agiu assim?

Papai Noel deu um passo firme e fez voz de vigia:

 - Por favor, me deixe ver essa bolsa!

07. A partir do sexto parágrafo, a narrativa começa a ficar parecida com cenas de filmes de ação.

a) Por que temos essa impressão?

    Porque o ladrão corre e o Papai Noel o persegue incansavelmente, sem se importar com as pessoas nas ruas.

   b) A relação com o cinema é explorada pelo próprio narrador no oitavo parágrafo. Que palavras ou expressões do texto se referem a essa arte?

         A história, que nem história é, podia acabar aqui, mas prefiro que acabe lá.”

c)   A narrativa se passa em São Paulo. Quais características dessa cidade contribuem para a construção das cenas de perseguição? 

 O aeroporto de Congonhas, a   galeria da Barão e o  Minhocão.

08. O final da história surpreende o leitor.

       A história se passa em uma época específica do ano. Como ela ajuda a justificar a ação do personagem?

    A época é Natal. Nesse tempo as pessoas ficam mais sensíveis, porque comemora o nascimento do menino Jesus.

09. Releia um dos parágrafos do final do conto. “A história, que nem história é, podia acabar aqui, mas prefiro que acabe lá.”

 a) A que se refere o termo ?

      Refere-se a criança recebendo o presente de Natal.

b) Se a história terminasse aqui, falaria de um roubo. O que muda quando o narrador dá continuidade a ela.

     Muda o espaço onde a história se passa, pois agora já é o ambiente da casa, onde a criança recebe o presente.

10- Durante a perseguição, você torcia pela captura do ladrão? Por quê?

     Resposta pessoal.

11.  Enumere os fatos na ordem em que apareceram no texto:

     ( 3  ) A fuga e a perseguição

     (  5  )  A entrega do presente

     (  1  )  A apresentação do Papai Noel

     (  4  ) A interferência do narrador

     (  2  )  O roubo e o flagrante

12.  “Ele não era bem um Papai Noel, pois trabalhava numa grande loja.”

      Por essa passagem, entende-se que:

     a) Não existe Papai Noel de verdade.

     b)   O verdadeiro Papai Noel não precisa trabalhar em lugar nenhum.

     c)   Há muitas pessoas que se fazem passar pelo bom velhinho.

     d)  As lojas enganam os seus compradores com falsos velhinhos.

    e)   Nem todo Papai Noel gosta do seu trabalho.  

13.  Observando o primeiro parágrafo, pode-se afirmar que um Papai Noel deve ter todas estas características, exceto:

     a) doçura no olhar

     b)  sorriso constante

     c)  aparência favorável

     d)   voz forte e imponente

     e)  vocação para o papel

14.  A relação causa-consequência se encontra incorreta em:

       a)   A loja vendera pouco. X Contrataram o Papai Noel.

       b)   Havia muitos furtos na loja. X O Papai Noel deveria fiscalizar os compradores.

       c)  O Papai Noel viu um homem roubando um brinquedo. X O homem fugiu, levando o que roubara.

       d)   Havia muitos obstáculos dentro e fora da loja. X Papai Noel não conseguia alcançar o ladrão.

       e)  Papai Noel entendeu o motivo de o homem ter roubado o trenzinho. X  Papai Noel desistiu da perseguição.

 15. Todos os motivos contribuíram para o insucesso do papai Noel, exceto:

     a)  A localização da seção de brinquedos.

    b)   O peso do próprio corpo.

    c)   A agilidade do homem “ladrão”.

    d)   O movimento de clientes dentro da loja.

    e)   O trânsito confuso =nas avenidas por onde passaram.

16.  A partir do sexto parágrafo, a narrativa começa a ficar parecida com cenas de filmes de ação.

      a) Por que temos essa impressão?

      (  ) porque narra a passagem de um furacão devastando uma loja de brinquedos.

     (  ) porque narra detalhes de um desastre e suas dificuldades.

     (  ) porque narra o drama de um ladrão.

    (x ) porque narra uma perseguição, com momentos em que o ladrão é quase capturado.

      b) A relação com o cinema é explorada pelo próprio narrador no oitavo parágrafo. Que palavras ou expressões do texto se referem a essa arte?

      (  ) ladrão, brinquedo, galeria.

      (  ) Papai Noel, brinquedo, bom velhinho.

      (x ) espectadores, câmera 2, fotogramas ( ) impressão, milhas, quilômetros.

     c) A narrativa se passa em São Paulo. Quais características dessa cidade contribuem para a construção das cenas de perseguição?

      (x ) cidade populosa e movimentada.

      (  ) cidade com poucos habitantes.

     (  ) cidade tranquila e sem movimento.

     (  ) cidade pequena e sem conflitos.

 

 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

MÚSICA(ATIVIDADES): O AMOR É FILME - CORDEL DO FOGO ENCANTADO - COM GABARITO

 Música(Atividades): O Amor É Filme

                                                      Cordel Do Fogo Encantado

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

Um belo dia, a gente acorda e hum...
Um filme passou por a gente
E parece que já se anunciou o episódio dois
É quando a gente sente o amor
Se abuletar na gente tudo acabou bem,
Agora o que vem depois

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

É quando as emoções viram luz,
E sombras e sons, movimentos
E o mundo todo vira nós dois,
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom In dá ré e sobem os créditos

O amor é filme e Deus, espectador!

LIRINHA. In: trilha sonora do filme Lisbela e o prisioneiro. Natasha Records, 2003. Disponível em: http://letras.terra.com.br/cordel-do-fogo-encantado/153398/. Acesso em: 28 jan. 2015. Fragmento.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 181-2.

Entendendo a música:

01 – O compositor da canção se inspirou no jeito que se pronuncia a palavra aboletar e por isso escreveram abuletar.

·        O que será que ela pode significar na canção? Indique suas hipóteses.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Na variação linguística é muito comum a troca o pelo u, no diálogo oral.

02 – Consulte o verbete aboletar em um dicionário e procure, entre os significados esperados, aqueles que ajudariam a dar sentido a essa palavra no verso em que ela aparece.

      A ideia de “alojar-se, instalar, fazer morada”.

03 – Segundo a canção, depois que o amor “se abuleta” na gente, vem a continuação do filme.

·        Indique o verso que faz referência aos recursos próprios da linguagem cinematográfica para expressar como se sente quem ama.

“É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos”.

04 – Veja a definição de zoom in em um glossário de termos técnicos da linguagem do cinema.

·        Releia o verso: “E o mundo todo vira nós dois”. Pode-se dizer que esse verso imita, com palavras, o movimento de zoom in do cinema? Por quê?

Sim, pois é como se, pelos olhos de quem ama, acontecesse um zoom in: o foco vai fechando, fechando, até que o mundo (o plano geral) se torne apenas os dois amantes (com foco no particular).

05 – Você se lembra de alguma metáfora para o amor? Ela é boa ou ruim? Conte-a para seus colegas.

      Resposta pessoal do aluno.