CONTO:
O BIFE E A PIPOCA
1º
Capítulo
CARTA
DE AMIGO
Oi Guilherme!
Outro dia eu olhei no mapa pra ver onde é que é Pelotas. Puxa! Como a gente ficou longe de repente, hem? Eu não tinha nem pensado que Pelotas era tão lá no finzinho do Brasil. O meu pai diz que carioca morre de frio aí no Sul quando chega o inverno. Então eu pensei que você tem que vir passar as férias de julho no Rio. Aqui em casa, é claro. Primeiro pra não morrer de frio. Segundo, pra gente ir junto à praia que nem ia antes.
Hoje foi o 1ºdia de aula.
Achei tão esquisito você não estar lá.
Lembra? A gente se conheceu na 1ªsérie.
Depois foi junto pra 2ª,3ª e 4ª.
E aí né combinou mais nada porque era claro que a gente ia junto pra 5ª.
E aí você vai e se muda pro Rio Grande do Sul.
Ora, francamente.
Só você que foi embora: o resto da turma é toda a mesma
Mas entraram duas garotas novas
Uma é metida a besta, mas em compensação se chama Renata, que acho um nome lindo. A outra parece legal, mas não desgruda da Renata.
Assim fica difícil.
Ah! mas tem uma novidade: nossa escola agora dá bolsa pra aluno pobre. E então tem também um garoto novo: bolsista. Ouvi dizer que ele mora na favela; se chama Turíbio Carlos; e sentou no mesmo lugar que você sentava. Mas não falou nem olhou pra ninguém.
Quem sabe o emprego do teu pai não dá certo e vocês voltam aqui pro Rio?
Não tô querendo que o teu pai fique sem emprego, não é isso, mas é que eu acho tão chato não ver mais você do meu lado lá na classe. E a escola aí é legal?
Um grande abraço do
Rodrigo
2º
capítulo
NA
SALA DE AULA
O professor de geografia perguntou:
- Como é o seu nome?
- Turíbio Carlos.
- Como?
- Turíbio Carlos.
- Levantou. E levantou também um pouco a voz:
- Mas lá em casa me chamam de Tuca.- Quem sabe aqui na escola você também fica sendo Tuca? E o Tuca arriscou:
- Eu topo. O professor de geografia resolveu:
- Então pronto. - E escreveu na ficha:
- Tuca. A turma riu: era a primeira vez que eles ouviam o Tuca falar: ele não puxava conversa não entrava em grupo nenhum, e na hora do recreio ficava sempre estudando.
E pela primeira vez o Tuca falou com um colega:
- Nossa! nunca vi tanta manteiga e tanto queijo num pão só. Começaram a conversar. Primeiro de idade: o Rodrigo tinha 11 anos e o Tuca já ia fazer 14! O Rodrigo olhou espantado pra ele:
- É mesmo?!- Não pareço não?
- Bom... - e o Rodrigo olhou pro pão. O Tuca era tão miúdo que ele até tinha pensado que os dois eram da mesma idade. E aí falaram de estudo.
- Sabe que eu era o 1º da classe lá na minha escola? Outra vez o Rodrigo se espantou: naqueles primeiros dias de aula já tinha dado pra ver que o Tuca estava sempre por fora.
- Foi por isso que eu ganhei a bolsa de estudo por aqui.
O Rodrigo só disse: humm.
O Tuca meio que riu:
-“Escola de rico" feito a gente diz.
- Acho que eu não vou aguentar a barra: o estudo aqui é mais adiantado, é diferente, sei lá, eu só sei que não tá dando. E o pior é isso aqui - olhou pro caderno e espichou um queixo desanimado: a tal da matemática.
- Você não fez o trabalho que a gente tem que fazer?
_ De que jeito? Eu não saco nada disso. O Rodrigo olhou pro relógio:
_ Eu tô quase acabando o meu. Quer que depois eu te dê uma explicação? E o Tuca falou:
- Puxa, cara, saquei tudo que você me ensinou; acho que você vai ter que ser professor.
E no dia seguinte lá estava o Rodrigo outra vez explicando. E o Tuca se animando: “Agora, sim, tô Sacando!”
- Como é o seu nome?
- Turíbio Carlos.
- Como?
- Turíbio Carlos.
- Levantou. E levantou também um pouco a voz:
- Mas lá em casa me chamam de Tuca.- Quem sabe aqui na escola você também fica sendo Tuca? E o Tuca arriscou:
- Eu topo. O professor de geografia resolveu:
- Então pronto. - E escreveu na ficha:
- Tuca. A turma riu: era a primeira vez que eles ouviam o Tuca falar: ele não puxava conversa não entrava em grupo nenhum, e na hora do recreio ficava sempre estudando.
E pela primeira vez o Tuca falou com um colega:
- Nossa! nunca vi tanta manteiga e tanto queijo num pão só. Começaram a conversar. Primeiro de idade: o Rodrigo tinha 11 anos e o Tuca já ia fazer 14! O Rodrigo olhou espantado pra ele:
- É mesmo?!- Não pareço não?
- Bom... - e o Rodrigo olhou pro pão. O Tuca era tão miúdo que ele até tinha pensado que os dois eram da mesma idade. E aí falaram de estudo.
- Sabe que eu era o 1º da classe lá na minha escola? Outra vez o Rodrigo se espantou: naqueles primeiros dias de aula já tinha dado pra ver que o Tuca estava sempre por fora.
- Foi por isso que eu ganhei a bolsa de estudo por aqui.
O Rodrigo só disse: humm.
O Tuca meio que riu:
-“Escola de rico" feito a gente diz.
- Acho que eu não vou aguentar a barra: o estudo aqui é mais adiantado, é diferente, sei lá, eu só sei que não tá dando. E o pior é isso aqui - olhou pro caderno e espichou um queixo desanimado: a tal da matemática.
- Você não fez o trabalho que a gente tem que fazer?
_ De que jeito? Eu não saco nada disso. O Rodrigo olhou pro relógio:
_ Eu tô quase acabando o meu. Quer que depois eu te dê uma explicação? E o Tuca falou:
- Puxa, cara, saquei tudo que você me ensinou; acho que você vai ter que ser professor.
E no dia seguinte lá estava o Rodrigo outra vez explicando. E o Tuca se animando: “Agora, sim, tô Sacando!”
3º
capítulo
CARTA
DE AMIGO
Alô, Guilherme, tudo bem?
Você lembra quando a gente conversava do que ia ser quando crescer?
Você sempre sabia o que queria, só que a toda hora mudava: médico, arquiteto, escritor.
Eu não. Lembra? Eu nunca sentia muita vontade de ser nada.
E daquela última vez que a gente conversou eu até te disse: acho que eu não vou ser nada de tanto que u não sei o que que eu quero ser.
Mas agora você vai ficar bobo: esta semana - até que enfim!! - eu descobri o que que eu quero.
Adivinha.
Pensa bem.
Resposta de cabeça para baixo.
PROFESSOR(no livro está escrito de cabeça para baixo)
Isso mesmo!
Tá duvidando? No princípio eu também duvidei.
Tudo começou por causa do Tuca, aquele bolsista que veio pra escola e que senta no mesmo lugar que você sentava. Eu comecei dando explicações de matemática pra ele. Mas agora eu estou dando aula de tudo. Pra ver se ele alcança a turma. Senão ele é capaz de perder essa bolsa.
Eu nunca tinha pensado que eu ia gostar de ensinar, mas, sabe? quando o Tuca saca o que eu explico me dá uma sensação assim de... sei lá, isso eu não sei explicar. Só sei que é bom .
Então eu resolvi que eu vou ser professor.
E você? Continua mudando de profissão a toda a hora?
Vê se escreve, viu, cara? Abração do
RODRIGO
Você lembra quando a gente conversava do que ia ser quando crescer?
Você sempre sabia o que queria, só que a toda hora mudava: médico, arquiteto, escritor.
Eu não. Lembra? Eu nunca sentia muita vontade de ser nada.
E daquela última vez que a gente conversou eu até te disse: acho que eu não vou ser nada de tanto que u não sei o que que eu quero ser.
Mas agora você vai ficar bobo: esta semana - até que enfim!! - eu descobri o que que eu quero.
Adivinha.
Pensa bem.
Resposta de cabeça para baixo.
PROFESSOR(no livro está escrito de cabeça para baixo)
Isso mesmo!
Tá duvidando? No princípio eu também duvidei.
Tudo começou por causa do Tuca, aquele bolsista que veio pra escola e que senta no mesmo lugar que você sentava. Eu comecei dando explicações de matemática pra ele. Mas agora eu estou dando aula de tudo. Pra ver se ele alcança a turma. Senão ele é capaz de perder essa bolsa.
Eu nunca tinha pensado que eu ia gostar de ensinar, mas, sabe? quando o Tuca saca o que eu explico me dá uma sensação assim de... sei lá, isso eu não sei explicar. Só sei que é bom .
Então eu resolvi que eu vou ser professor.
E você? Continua mudando de profissão a toda a hora?
Vê se escreve, viu, cara? Abração do
RODRIGO
4º
Capítulo
- VOCÊ GOSTA DE PIPOCA?
- O quê?
O Tuca cochichou mais alto:
- Você gosta de pipoca? - (Estavam no meio da aula de português.) O Rodrigo fez que sim.- Todo sábado a minha irmã faz pipoca...O Rodrigo fez cara de quem diz ah é? E depois de um tempo o T uca acabou a frase:
- ...mas pipoca só é bom na hora.- O quê?- Pipoca só é bom na hora que faz...
-Ah é. O T uca ficou quieto. Mas depois continuou:
- ...se não fosse, eu trazia a pipoca pra gente comer aqui na escola.
- E a aula já estava no fim quando ele acabou de pensar no assunto:
- Quer ir comer pipoca lá em casa no sábado? O Rodrigo fez que sim. Naquele dia, quando os dois se despediram o T uca resolveu o seguinte:
- No sábado, eu venho te encontrar aqui embaixo: você não vai saber subir o morro sozinho. É que eu moro lá no alto, sabe.
- Então você se encontra comigo na minha casa: a gente almoça e depois vai. Tuca não respondeu logo. Ficou olhando pro tênis. Depois perguntou devagar:
- Almoçar na sua casa?
-É. Se olharam.
- Então tá.
E foi assim. No sábado ao meio-dia o Tuca estava chegando na casa do Rodrigo. Ele nunca tinha pisado num edifício daqueles: porteiro, tapete, espelho por todo lado, elevador subindo macio, empregada abrindo a porta pra ele entrar.
Ele entrou. E quando viu o tamanho da sala com TV, aparelho de som, armário em toda a parede (uma porta estava aberta, nossa! quanta roupa lá dentro); e quando o Rodrigo perguntou:
- tá com sede?
- tô - e foram na geladeira o Rodrigo encheu um copo de suco de laranja:
- toma.
Quando a porta da geladeira se fechou, o Tuca achou que o Rodrigo não ia achar uma ideia assim tão formidável subir uma favela todinha pra ir comer pipoca lá em cima. Foi nessa hora que o rabo do olho viu os bifes que a cozinheira estava temperando. Era impressão? Ou era bife-feito-o-bife-lá-da-esquina? O olho todo virou pro bife e o Tuca foi se esquecendo da vida. E aí? Será que Rodrigo vai querer ir até a casa do Tuca? Ou Tuca vai ficar com vergonha de levar seu amigo até a casa dele?
O Tuca cochichou mais alto:
- Você gosta de pipoca? - (Estavam no meio da aula de português.) O Rodrigo fez que sim.- Todo sábado a minha irmã faz pipoca...O Rodrigo fez cara de quem diz ah é? E depois de um tempo o T uca acabou a frase:
- ...mas pipoca só é bom na hora.- O quê?- Pipoca só é bom na hora que faz...
-Ah é. O T uca ficou quieto. Mas depois continuou:
- ...se não fosse, eu trazia a pipoca pra gente comer aqui na escola.
- E a aula já estava no fim quando ele acabou de pensar no assunto:
- Quer ir comer pipoca lá em casa no sábado? O Rodrigo fez que sim. Naquele dia, quando os dois se despediram o T uca resolveu o seguinte:
- No sábado, eu venho te encontrar aqui embaixo: você não vai saber subir o morro sozinho. É que eu moro lá no alto, sabe.
- Então você se encontra comigo na minha casa: a gente almoça e depois vai. Tuca não respondeu logo. Ficou olhando pro tênis. Depois perguntou devagar:
- Almoçar na sua casa?
-É. Se olharam.
- Então tá.
E foi assim. No sábado ao meio-dia o Tuca estava chegando na casa do Rodrigo. Ele nunca tinha pisado num edifício daqueles: porteiro, tapete, espelho por todo lado, elevador subindo macio, empregada abrindo a porta pra ele entrar.
Ele entrou. E quando viu o tamanho da sala com TV, aparelho de som, armário em toda a parede (uma porta estava aberta, nossa! quanta roupa lá dentro); e quando o Rodrigo perguntou:
- tá com sede?
- tô - e foram na geladeira o Rodrigo encheu um copo de suco de laranja:
- toma.
Quando a porta da geladeira se fechou, o Tuca achou que o Rodrigo não ia achar uma ideia assim tão formidável subir uma favela todinha pra ir comer pipoca lá em cima. Foi nessa hora que o rabo do olho viu os bifes que a cozinheira estava temperando. Era impressão? Ou era bife-feito-o-bife-lá-da-esquina? O olho todo virou pro bife e o Tuca foi se esquecendo da vida. E aí? Será que Rodrigo vai querer ir até a casa do Tuca? Ou Tuca vai ficar com vergonha de levar seu amigo até a casa dele?
5º
Capítulo
O
BIFE LÁ DA ESQUINA
Quando Tuca saía da escola, ele ia direto ajudar um amigo a lavar carro.
Quer dizer, não era bem um amigo, era mais um patrão.
Ou melhor, não era bem um patrão, era mais um patrão. Quer dizer, não era bem um sócio... Um momentinho vamos começar outra vez: quando o Tuca saía da escola, ele ia direto ajudar um cara a lavar carro. O cara era faxineiro de um edifício lá na Rua São Clemente. Ganhava salário mínimo. Então, pro dinheiro não ficar assim tão mínimo, ele lavava os carros dos moradores do edifício e ganhava em dobro.
Um dia o Tuca passou por ali procurando um biscate, já que emprego ele não encontrava mesmo. Conversa vai, conversa vem, o faxineiro perguntou se o Tuca não queria fazer sociedade naquele negócio de lavar carro.
- Sociedade como?
_ Você pega aí um ou outro carro pra lavar e eu te dou 10% de tudo que eu ganho.
O Tuca achou ótimo. E naquele dia mesmo começou a trabalhar.
Mas aí foi acontecendo o seguinte: mal o Tuca chegava, o faxineiro ia pro botequim da esquina tomar umas e outras; quando voltava, se ajeitava num escurinho da garagem; logo depois estava roncando.
E o Tuca ficava lavando sozinho tudo que é carro que tinha pra lavar.
Um dia o Tuca achou que estava trabalhando sozinho demais e que então a tal matemática dos 10% não estava bem certa: reclamou.
O faxineiro não gostou:
_ Escuta aqui, meu irmão, tem pelo menos100 moleques que passam todo dia aí na rua querendo pegar esse emprego que eu te dei. Os trocados que o Tuca recebia lá na
garagem bem que ajudavam pra ir levando comida pra casa. Então, o que que era melhor, quer dizer, pior: continuar de matemática
esquisita ou perder o biscate?
E o Tuca continuou lavando carro...
6º Capítulo
O
ALMOÇO
Foi só o Tuca sentar pra almoçar que o olho não teve mais
sossego: pra cá, pra lá, pra cá, pra lá, querendo ver disfarçado o garfo que o
pai do Rodrigo pegava, o jeito que o Rodrigo dava no guardanapo, o que que a
mãe do Rodrigo fazia com o pratinho do lado, e mais as duas facas, e mais os
três garfos, e mais a colher, e nossa! Que monte de coisa em cima daquela mesa,
e o olho pra cá, pra lá, pra cá, pra lá, na aflição de copiar. A empregada
serviu uma tigelinha pra cada um. O Tuca viu todo mundo começando a comer. Será
que o almoço era aquilo e pronto? Olhou de rabo de olho pra mãe do Rodrigo. Ela
estava botando um tiquinho de manteiga no pão. O Tuca foi ficando hipnotizado
outra vez: a mão dela tinha um anel em cada dedo. - Você também é que nem -O
Rodrigo? filho único? O Tuca acordou:- Humm?- Você também é filho único?- Não:
eu tenho dez irmãos. A mãe do Rodrigo se engasgou pequeno:- Dez?!
O T uca fez que sim, humm!! que coisa mais gostosa era aquela da tigela.
- E o seu pai? o que que ele faz?
O Tuca sentiu a testa suando. Em vez de responder, esvaziou a tigelinha.
Meio que tomou fôlego. Pegou o garfo e espetou no bife, ah, que coisa mais linda: tanta força pra quê?! o garfo tinha se enterrado macio que só vendo, e o Tuca, entusiasmado, pegou a faca pra cortar o bife do mesmo jeito que o irmão mais velho (carpinteiro: pegava o serrote pra cortar madeira. Atacou! O bife não aguentou: escorregou pra fora do prato, deslizou pela toalha levando de companhia um ovo frito, duas rodelas de beterraba e um monte de grãos de arroz. Foi tudo se estatelar no tapete.
A empregada veio; primeiro disse xi! depois perguntou:
_Não é melhor botar um pouco de talco aqui no tapete pra chupar a gordura?
_É melhor, sim. A empregada saiu correndo.
_E vê se dá pra fazer outro bife pro menino!
- Não precisa não: por favor! - o T uca pediu. - Me dá aqui o seu prato. - A mãe do
Rodrigo estendeu a mão.
O Tuca ficou olhando outra vez pros anéis; a fome tinha sumido; e tinha aparecido uma vontade danada de fazer que nem a fome e sumir também.
O pai do Rodrigo resolveu puxar conversa: - O Rodrigo contou que você ganhou
uma bolsa do governo. - O Tuca fez que sim.
- Você teve sorte, rapaz, aquela escola custa uma nota firme. - O Tuca fez que sim.
- Como bolsista, você não tem que pagar nada, tem? - O Tuca fez que não. - E livro, caderno, todo o material escolar: eles também dão?
- O Tuca fez que sim. - Tudo?! - O Tuca fez que sim. - Mas que sorte!! Você está acompanhando bem o ensino lá?
- O Tuca fez que não.
A empregada voltou com uma lata de talco e uma escova; despejou talco no tapete; a sala ficou perfumada.
- Boto mais?
A mãe do Rodrigo levantou:
- Será que é preciso? - Examinou o tapete.
- Passa a escova aqui pra ver se não ficou nenhuma manchinha.
A empregada passou.
- Ainda tem mancha, sim senhora. Posso botar mais?
- Mas dizem que tapete não gosta de talco demais. - Virou pro pai do Rodrigo:
- O que que você acha, meu bem?
- O quê?
- Bota ou não bota mais talco?
O pai do Rodrigo levantou pra examinar o tapete.
- Olha, aqui saiu tudo - a empregada falou.
E escovou mais um pouco. .
- Pode botar mais um bocado aqui - o pai do Rodrigo mandou.
E quando a empregada virou a lata, a tampa de furinho caiu e o talco todo se despencou no chão (saiu até nuvem de talco voando pela sala).
- Xi! - o Rodrigo levantou.
- Depressa, depressa! vai buscar o aspirador
- A mãe do Rodrigo mandou.
A empregada saiu correndo. O pai do Rodrigo se abaixou:
- Escova aqui, ó, ó - e deu a escova pra mãe. O Rodrigo apontou com o pé:
- Aqui é que tem um monte, ó.
- Ah, coitado do meu tapete! é talco demais: ele vai ficar manchado, aposto.
A empregada voltou correndo com o aspirador. Ligou.
- Passa aqui!
- Aqui, ó!
- Não: primeiro aqui!
O Tuca e a mesa-de-almoço se olharam feito se despedindo; o guardanapo enxugou um suor que pingava da testa; a cadeira foi pra trás pra deixar o Tuca levantar. E, de pé, olho no tapete, o Tuca ficou vendo o aspirador funcionar.
O T uca fez que sim, humm!! que coisa mais gostosa era aquela da tigela.
- E o seu pai? o que que ele faz?
O Tuca sentiu a testa suando. Em vez de responder, esvaziou a tigelinha.
Meio que tomou fôlego. Pegou o garfo e espetou no bife, ah, que coisa mais linda: tanta força pra quê?! o garfo tinha se enterrado macio que só vendo, e o Tuca, entusiasmado, pegou a faca pra cortar o bife do mesmo jeito que o irmão mais velho (carpinteiro: pegava o serrote pra cortar madeira. Atacou! O bife não aguentou: escorregou pra fora do prato, deslizou pela toalha levando de companhia um ovo frito, duas rodelas de beterraba e um monte de grãos de arroz. Foi tudo se estatelar no tapete.
A empregada veio; primeiro disse xi! depois perguntou:
_Não é melhor botar um pouco de talco aqui no tapete pra chupar a gordura?
_É melhor, sim. A empregada saiu correndo.
_E vê se dá pra fazer outro bife pro menino!
- Não precisa não: por favor! - o T uca pediu. - Me dá aqui o seu prato. - A mãe do
Rodrigo estendeu a mão.
O Tuca ficou olhando outra vez pros anéis; a fome tinha sumido; e tinha aparecido uma vontade danada de fazer que nem a fome e sumir também.
O pai do Rodrigo resolveu puxar conversa: - O Rodrigo contou que você ganhou
uma bolsa do governo. - O Tuca fez que sim.
- Você teve sorte, rapaz, aquela escola custa uma nota firme. - O Tuca fez que sim.
- Como bolsista, você não tem que pagar nada, tem? - O Tuca fez que não. - E livro, caderno, todo o material escolar: eles também dão?
- O Tuca fez que sim. - Tudo?! - O Tuca fez que sim. - Mas que sorte!! Você está acompanhando bem o ensino lá?
- O Tuca fez que não.
A empregada voltou com uma lata de talco e uma escova; despejou talco no tapete; a sala ficou perfumada.
- Boto mais?
A mãe do Rodrigo levantou:
- Será que é preciso? - Examinou o tapete.
- Passa a escova aqui pra ver se não ficou nenhuma manchinha.
A empregada passou.
- Ainda tem mancha, sim senhora. Posso botar mais?
- Mas dizem que tapete não gosta de talco demais. - Virou pro pai do Rodrigo:
- O que que você acha, meu bem?
- O quê?
- Bota ou não bota mais talco?
O pai do Rodrigo levantou pra examinar o tapete.
- Olha, aqui saiu tudo - a empregada falou.
E escovou mais um pouco. .
- Pode botar mais um bocado aqui - o pai do Rodrigo mandou.
E quando a empregada virou a lata, a tampa de furinho caiu e o talco todo se despencou no chão (saiu até nuvem de talco voando pela sala).
- Xi! - o Rodrigo levantou.
- Depressa, depressa! vai buscar o aspirador
- A mãe do Rodrigo mandou.
A empregada saiu correndo. O pai do Rodrigo se abaixou:
- Escova aqui, ó, ó - e deu a escova pra mãe. O Rodrigo apontou com o pé:
- Aqui é que tem um monte, ó.
- Ah, coitado do meu tapete! é talco demais: ele vai ficar manchado, aposto.
A empregada voltou correndo com o aspirador. Ligou.
- Passa aqui!
- Aqui, ó!
- Não: primeiro aqui!
O Tuca e a mesa-de-almoço se olharam feito se despedindo; o guardanapo enxugou um suor que pingava da testa; a cadeira foi pra trás pra deixar o Tuca levantar. E, de pé, olho no tapete, o Tuca ficou vendo o aspirador funcionar.
7º
Capítulo
A
PIPOCA
Assim que eles saíram do edifício o Tuca foi logo
dizendo:
- É melhor a gente ficar aqui por baixo: tá muito calor pra subir o morro.
Mas o Rodrigo não topou:
- Você não disse que tem uma porção de irmãos?
Então? vai ser legal conhecer eles todos. Vem! Falaram pouco até chegar no morro.
O caminho que subia era estreito. O Tuca foi na frente. Quase correndo. Feito querendo escapar da discussão que crescia lá dentro dele: um T uca dizendo que amigo-que-é-amigo não tá ligando se a gente mora aqui ou lá; o outro T uca não acreditando e cada vez mais arrependido da ideia de ir comer pipoca.
E atrás dos dois lá ia o Rodrigo, querendo assobiar pra disfarçar. Querendo mas não podendo: já estava botando a alma pela boca de tanto subir.
Quantas vezes, com a luz de tudo que é barraco se espalhando pelo morro, o Rodrigo tinha escutado dizer: que bonito que é favela de noite! as luzes parecem estrelas.
E o Rodrigo ia olhando cada barraco, cada criança, cada bicho, vira-lata, porco, rato, olhando tudo que passava: bonito? estrela? cadê?!
Não era à toa que quando caía chuva forte sempre falavam de barraco desabando no morro, e o Rodrigo parava no caminho pra ficar vendo como é que alguém podia morar num troço tão parecendo que ia despencar se a gente desse um soprão.
Será que criança nenhuma tinha sapato?
E aquele cheiro de lata de lixo? não ia passar não?
E toca a querer assobiar pra disfarçar o susto de ver tanta gente assim vivendo tão feito bicho.
Quando chegaram no alto, o Rodrigo estava sem fôlego. O T uca parou:
- Eu moro aqui. - Entrou.
Só os irmãos pequenos estavam em casa.
Quatro. O Tuca foi apresentando cada um. Os grandes ainda estavam "lá em baixo se virando"; e a irmã mais velha tinha saído.
- Mas, e a pipoca? - o Tuca quis logo saber -, ela esqueceu que ia fazer pipoca pra gente?
- Não - um irmão explicou -, ela já fez. Mas ficou com medo da gente comer tudo antes de você chegar e então guardou ali espichou o queixo pra uma porta que estava fechada.
Fez cara de sabido e piscou o olho: - A chave tá na vizinha...
Enquanto o garoto falava, o Rodrigo ia olhando pro barraco: dois cômodos pequenos, um puxado lá fora pro fogão e pro tanque, e a tal porta fechada que o garoto tinha mostrado e que devia ser um outro quarto; ou quem sabe o banheiro? Juntando tudo, o tamanho era menor que a cozinha da casa dele; e eram onze irmãos morando ali! e mais a mãe?!
Uma vez o T uca tinha contado pro Rodrigo: "O meu pai era marinheiro. Só aparecia em
casa de vez em quando. Um dia ele não apareceu mais.
Ele morreu? Ninguém sabe.
E a tua mãe? Ela mora lá com a gente. Mas quem faz de mãe lá em casa é a minha irmã mais velha. Por quê
É que a minha mãe...é doente.
O que que ela tem?
Tem lá umas coisas. Mas a minha irmã é a pessoa mais legal que eu vi até hoje: aguenta qualquer barra.
O Tuca virou pro Rodrigo:- Tá vendo que vista legal a gente tem aqui de cima? - Legal mesmo.
- Nesse canto é que eu estudo. Tem que ser de noite, porque quando eu saio da escola eu vou lavar carro. E também de noite tá todo mundo dormindo, é mais quieto.
-É.
- Só que de noite eu tô cansado. E também não é bom ficar de luz acesa: gasta eletricidade.
Então eu deixo pra estudar no recreio.
-É. OS dois ficaram quietos.
A criançada pequena olhando. Lá pelas tantas o Tuca quis acabar com a discussão que continuava dentro dele:
- Vam' embora, Rodrigo. Você agora já sabe onde eu moro e se quiser aparecer à casa é sua.
- Mas, e a pipoca? - o Rodrigo perguntou.
Não precisou mais nada: a criançada desatou a falar na pipoca, a querer a pipoca, a pedir a pipoca. Uma barulhada! O Tuca ficou olhando pro chão. De repente saiu correndo. Pegou a chave na casa da vizinha. Abriu a porta que estava trancada.
Era um quarto com uma cama, um armário velho de porta escancarada e uns colchões no chão. Tinha uma mulher jogada num colchão. Tinha uma panela virada no chão.
Tinha pipoca espalhada em tudo.
A criançada logo invadiu o quarto e começou a catar pipoca no chão.
Ninguém ligou pra mulher querendo se levantar do colchão.
O Rodrigo estava de olho arregalado. O Tuca olhou pra ele. Olhou pra mulher.
Olhou pras pipocas sumindo.
- Pronto - ele resolveu -, você não vai comer pipoca do chão, vai? Então não tem mais nada pra gente fazer aqui. - Empurrou o Rodrigo pra fora do barraco. - Agora você já sabe? caminho. Desce por lá. - Apontou.
O Rodrigo estava atarantado:
- Lá onde?
- Vem! Eu te mostro. - E desceu correndo na frente. Num instantinho chegou na curva que ele tinha mostrado. Respirou fundo. Vem do perfume do talco. Olhou pro lado: este lameiro medonho naquele pedaço do morro tinha chovido forte na véspera e uma mistura de água e de lixo tinha empoçado ali.
O Rodrigo chegou de língua de fora: e tinha descido tão depressa que mais parece cabrito.
- Pô, cara! - ele reclamou -, assim não. Você quase me mata nessa des...
Mas o Tuca já tinha virado pra ele de feia e já estava gritando:
- Não precisa me dizer! eu sei muito bem que não dá. Como é que vai dar pra gente amigo com você cheirando a talco...
-Eu?! - ...e eu aqui nesse lixo todo.
Você é que ainda não sabe de tudo. Quer saber mais, quer? quer? - Pegou o Rodrigo pela camisa. - Quando a minha irmã traz minha mãe daquele jeito é porque a minha mãe já tá tão bêbada que faz qualquer besteira pra continuar bebendo mais. - Começou a sacudir o Rodrigo. - Você olhou bem pra cara dela, olhou? pena que ela não tava chorando e gritando pra você ver. Ela chora e grita (feito neném com fome pedindo cachaça por favor.
- Me solta, Tuca!
- Solto! solto, sim. Mas antes ,..ocê vai ficar igual a mim. - E botou toda a força que tinha pra derrubar o Rodrigo no lameiro.
O Rodrigo deu pra trás.
O Tuca não largou; puxou de volta.
O Rodrigo outra vez conseguiu dar pra trás.
Mas o Tuca foi puxando ele de novo. E quando sentiu os pés se encharcando se atirou no lameiro levando o Rodrigo junto. Aí largou.
O Rodrigo levantou num pulo. Não precisava tanta pressa: ele já estava imundo, pingando lixo.
O Tuca levantou devagar. E de cabeça baixa foi subindo o morro de volta pra casa.
- É melhor a gente ficar aqui por baixo: tá muito calor pra subir o morro.
Mas o Rodrigo não topou:
- Você não disse que tem uma porção de irmãos?
Então? vai ser legal conhecer eles todos. Vem! Falaram pouco até chegar no morro.
O caminho que subia era estreito. O Tuca foi na frente. Quase correndo. Feito querendo escapar da discussão que crescia lá dentro dele: um T uca dizendo que amigo-que-é-amigo não tá ligando se a gente mora aqui ou lá; o outro T uca não acreditando e cada vez mais arrependido da ideia de ir comer pipoca.
E atrás dos dois lá ia o Rodrigo, querendo assobiar pra disfarçar. Querendo mas não podendo: já estava botando a alma pela boca de tanto subir.
Quantas vezes, com a luz de tudo que é barraco se espalhando pelo morro, o Rodrigo tinha escutado dizer: que bonito que é favela de noite! as luzes parecem estrelas.
E o Rodrigo ia olhando cada barraco, cada criança, cada bicho, vira-lata, porco, rato, olhando tudo que passava: bonito? estrela? cadê?!
Não era à toa que quando caía chuva forte sempre falavam de barraco desabando no morro, e o Rodrigo parava no caminho pra ficar vendo como é que alguém podia morar num troço tão parecendo que ia despencar se a gente desse um soprão.
Será que criança nenhuma tinha sapato?
E aquele cheiro de lata de lixo? não ia passar não?
E toca a querer assobiar pra disfarçar o susto de ver tanta gente assim vivendo tão feito bicho.
Quando chegaram no alto, o Rodrigo estava sem fôlego. O T uca parou:
- Eu moro aqui. - Entrou.
Só os irmãos pequenos estavam em casa.
Quatro. O Tuca foi apresentando cada um. Os grandes ainda estavam "lá em baixo se virando"; e a irmã mais velha tinha saído.
- Mas, e a pipoca? - o Tuca quis logo saber -, ela esqueceu que ia fazer pipoca pra gente?
- Não - um irmão explicou -, ela já fez. Mas ficou com medo da gente comer tudo antes de você chegar e então guardou ali espichou o queixo pra uma porta que estava fechada.
Fez cara de sabido e piscou o olho: - A chave tá na vizinha...
Enquanto o garoto falava, o Rodrigo ia olhando pro barraco: dois cômodos pequenos, um puxado lá fora pro fogão e pro tanque, e a tal porta fechada que o garoto tinha mostrado e que devia ser um outro quarto; ou quem sabe o banheiro? Juntando tudo, o tamanho era menor que a cozinha da casa dele; e eram onze irmãos morando ali! e mais a mãe?!
Uma vez o T uca tinha contado pro Rodrigo: "O meu pai era marinheiro. Só aparecia em
casa de vez em quando. Um dia ele não apareceu mais.
Ele morreu? Ninguém sabe.
E a tua mãe? Ela mora lá com a gente. Mas quem faz de mãe lá em casa é a minha irmã mais velha. Por quê
É que a minha mãe...é doente.
O que que ela tem?
Tem lá umas coisas. Mas a minha irmã é a pessoa mais legal que eu vi até hoje: aguenta qualquer barra.
O Tuca virou pro Rodrigo:- Tá vendo que vista legal a gente tem aqui de cima? - Legal mesmo.
- Nesse canto é que eu estudo. Tem que ser de noite, porque quando eu saio da escola eu vou lavar carro. E também de noite tá todo mundo dormindo, é mais quieto.
-É.
- Só que de noite eu tô cansado. E também não é bom ficar de luz acesa: gasta eletricidade.
Então eu deixo pra estudar no recreio.
-É. OS dois ficaram quietos.
A criançada pequena olhando. Lá pelas tantas o Tuca quis acabar com a discussão que continuava dentro dele:
- Vam' embora, Rodrigo. Você agora já sabe onde eu moro e se quiser aparecer à casa é sua.
- Mas, e a pipoca? - o Rodrigo perguntou.
Não precisou mais nada: a criançada desatou a falar na pipoca, a querer a pipoca, a pedir a pipoca. Uma barulhada! O Tuca ficou olhando pro chão. De repente saiu correndo. Pegou a chave na casa da vizinha. Abriu a porta que estava trancada.
Era um quarto com uma cama, um armário velho de porta escancarada e uns colchões no chão. Tinha uma mulher jogada num colchão. Tinha uma panela virada no chão.
Tinha pipoca espalhada em tudo.
A criançada logo invadiu o quarto e começou a catar pipoca no chão.
Ninguém ligou pra mulher querendo se levantar do colchão.
O Rodrigo estava de olho arregalado. O Tuca olhou pra ele. Olhou pra mulher.
Olhou pras pipocas sumindo.
- Pronto - ele resolveu -, você não vai comer pipoca do chão, vai? Então não tem mais nada pra gente fazer aqui. - Empurrou o Rodrigo pra fora do barraco. - Agora você já sabe? caminho. Desce por lá. - Apontou.
O Rodrigo estava atarantado:
- Lá onde?
- Vem! Eu te mostro. - E desceu correndo na frente. Num instantinho chegou na curva que ele tinha mostrado. Respirou fundo. Vem do perfume do talco. Olhou pro lado: este lameiro medonho naquele pedaço do morro tinha chovido forte na véspera e uma mistura de água e de lixo tinha empoçado ali.
O Rodrigo chegou de língua de fora: e tinha descido tão depressa que mais parece cabrito.
- Pô, cara! - ele reclamou -, assim não. Você quase me mata nessa des...
Mas o Tuca já tinha virado pra ele de feia e já estava gritando:
- Não precisa me dizer! eu sei muito bem que não dá. Como é que vai dar pra gente amigo com você cheirando a talco...
-Eu?! - ...e eu aqui nesse lixo todo.
Você é que ainda não sabe de tudo. Quer saber mais, quer? quer? - Pegou o Rodrigo pela camisa. - Quando a minha irmã traz minha mãe daquele jeito é porque a minha mãe já tá tão bêbada que faz qualquer besteira pra continuar bebendo mais. - Começou a sacudir o Rodrigo. - Você olhou bem pra cara dela, olhou? pena que ela não tava chorando e gritando pra você ver. Ela chora e grita (feito neném com fome pedindo cachaça por favor.
- Me solta, Tuca!
- Solto! solto, sim. Mas antes ,..ocê vai ficar igual a mim. - E botou toda a força que tinha pra derrubar o Rodrigo no lameiro.
O Rodrigo deu pra trás.
O Tuca não largou; puxou de volta.
O Rodrigo outra vez conseguiu dar pra trás.
Mas o Tuca foi puxando ele de novo. E quando sentiu os pés se encharcando se atirou no lameiro levando o Rodrigo junto. Aí largou.
O Rodrigo levantou num pulo. Não precisava tanta pressa: ele já estava imundo, pingando lixo.
O Tuca levantou devagar. E de cabeça baixa foi subindo o morro de volta pra casa.
[...]
Fonte: Fragmento do Conto foi retirado do livro: “Tchau” da
autora Lygia Bojunga Nunes
Entendendo o Conto
1) Quando
lemos o título do conto qual a sua primeira impressão?
De que iremos ler
um texto sobre comida.
2) Que
assuntos são tratados no Conto?
Retrata a difícil realidade da vida na favela, em contraste com o
mundo de luxo, vaidade e conforto.
3) Onde
se passa a história?
Na escola, na casa
de Rodrigo e de Tuca.
4) Quem
são os principais personagens?
Tuca, Rodrigo e
Guilherme.
5) No
conto aparecem várias palavras de uso coloquial, próprias da fala. Cite
algumas.
Tô, tava, hem,
humm, ocê.
6) Você
já teve um amigo que foi embora para um lugar distante?
Resposta pessoal.
7) A
autora neste conto busca despertar a atenção do leitor para quê?
Para as fragilidades de muitas famílias brasileiras geradas pela
desigualdade social.
8) Que
temáticas traz o conto?
Temáticas corriqueiras do cotidiano das pessoas, como a desigualdade
social, característica de um país subdesenvolvido como o Brasil, afetando
tantos pessoas com a fome, a pobreza, a favelização, a marginalização, etc.
9) Como
finaliza o Conto?
Finaliza destacando a possibilidade de amizade entre pessoas de
diferentes classes sociais, necessitando apenas de algo em comum para
fortificar a amizade, pois a verdadeira amizade não tem barreiras.