quinta-feira, 4 de julho de 2019

POESIA: MORTE DO LEITEIRO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poesia: Morte do Leiteiro
   Carlos Drummond de Andrade  

        A Cyro Novaes

Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.

Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho

e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.

Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morados na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.

E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.

Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.

Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.

Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.

Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.

Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.
                                           Carlos Drummond de Andrade. In: Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro. Aguilar, 1967. p. 169-71.
Entendendo a poesia:

01 – O poeta faz uma oposição entre a “noite” e a “aurora”. Na realidade, o que significam esses termos no contexto da poesia?
      A noite prossegue mesmo com o leiteiro morte, onde o branco do leite encontrando-se com o sangue do leiteiro unem-se e formam um tom rosado que é identificado com a aurora, com o dia que nasce.

02 – Há um verso que “justifica” (do ponto de vista do assassino) a morte do leiteiro. Qual?
      “Ladrão? se pega com tiro”.

03 – De acordo com o texto, afirma-se:
I – Em plena madrugada, o leiteiro cumpri um papel fundamental na distribuição de um leite bom que alimenta inclusive gente ruim.
II – Na sua ríspida e barulhenta marcha, o leiteiro acorda todos que dormem nas casas nas quais o leite é entregue.
III – De forma premeditada, o morador mata o raivoso leiteiro que se aproxima também para assalta-lo.
IV – Devido a um trágico engano, um cidadão inocente é morto no exercício da profissão.
     As afirmativas corretas são, apenas.
a)   I e IV.
b)   II e III.
c)   II e IV.
d)   I, II e III.
e)   I, III e IV.

04 – Quanto as ideias do trecho acima e à sua estrutura linguística, julgue os itens a seguir.
        Entende-se pela leitura do verso “Há muita sede no país”, que quem tem sede é o povo, o coletivo que representa as pessoas que habitam o país.
a)   Certo.                                  b) Errado.

05 – Na sétima estrofe do poema, há uma construção irônica com relação ao “senhor” que assassina o leiteiro. O verso que expressa essa ironia é:
a)   “Quem quiser que chame médico”.
b)   “Polícia não bota a mão”.
c)   “Neste filho de meu pai”.
d)   “Está salva a propriedade”.
e)   “A noite geral prossegue”.

06 – Que expressão mostra que o morador pegou o revólver com rapidez e sem pensar no que estava fazendo?
      “O revólver da gaveta
      saltou para sua mão.”

07 – “E há sempre um senhor que acorda, resmunga e volta a dormir”. Por que naquela madrugada um morador acordou em pânico?
      Porque os ladrões infestam o bairro.

08 – Sobre a poesia, percebemos que o leiteiro, inconscientemente, deixa em cada manhã uma mensagem. Segundo o poeta, como ele consegue transmitir essa mensagem?
      O leiteiro deixa a mensagem do amor. De acordar cedo e dar a cada dia o melhor de si a quem quer que seja. Ele transfere seu amor em forma de trabalho para pessoas de bem.

09 – Releia os seguintes versos: “Há no país uma legenda, / que ladrão se mata com tiro.” Qual seria o sentido mais apropriado para o vocábulo “legenda”?
a)   Lenda.
b)   Lei.
c)   Norma.
d)   Ditado popular.

10 – O nome do leiteiro não é mencionado:
a)   Para dar a ideia de que se trata apenas de mais uma noite entre tantas outras comuns às grandes cidades.
b)   Para dar um ar de mistério ao texto.
c)   Para não expor o nome da vítima.
d)   Por se tratar de um trabalhador de pouca importância social.

11 – O texto explora a temática do medo, da violência das cidades. A expressão “luta brava da cidade” refere-se:
a)   À criminalidade, que cresce rapidamente.
b)   Ao desentendimento dos moradores, que se distanciam um dos outros à medida que a cidade cresce.
c)   A difícil sobrevivência nas cidades, devido a competitividade nos empregos, ao estresse no trânsito, entre outros problemas.
d)   A luta entre as classes sociais.

12 – Releia a oitava estrofe e diga o que ela expressa?
a)   Indignação.
b)   Compaixão.
c)   Indiferença.
d)   Displicência.


CRÔNICA: HISTÓRIA ESTRANHA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO


Crônica: História estranha
                  Luís Fernando Veríssimo

       Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos.
        De repente dá com ele mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproximou-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás.
        O garoto fica olhando para a figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental!

               Luís Fernando Veríssimo. Comédias para se ler na escola.
 Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 43.
Entendendo a crônica:

01 – No texto podemos reconhecer dois tempos. Quais são eles? O que acontece em cada um deles?
      O plano do tempo presente e o da memória. No primeiro, o homem caminha no parque; no segundo, reencontra-se com um momento de sua infância.

02 – A maioria dos verbos está conjugada no tempo presente. O que esse tempo expressa no texto?
      O tempo presente expressa a ideia da ação que ocorre no momento em que se fala.

03 – Em algum momento, o narrador utiliza o pretérito perfeito e o imperfeito. Que efeito de sentido tem essa mudança para o que está sendo contado?
      O pretérito prefeito é usado para mostrar o momento específico da lembrança, e o imperfeito detalha como o narrador era.

04 – Copie do texto os advérbios e as locuções adverbiais. Que circunstâncias eles expressam?
      Lugar: “por um parque”, “perto de um banco”, “no parque”, “nos seus ombros”, “nos seus olhos”, “para trás”.
      Modo: “de repente”, “um dia”, “depois”.
      Negação: “não”.
      Modo: “longamente”.

05 – Imagine que o autor queira reescrever o texto sem os advérbios e as locuções adverbiais. Como ficaria a história?
      O leitor não poderá entender bem a história, pois não saberia em que circunstâncias ocorreu o fato.

terça-feira, 2 de julho de 2019

CONTO: O RETRATO OVAL - EDGARD ALLAN POE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: O Retrato Oval
      
                           Edgar Allan Poe

     O castelo no qual meu criado estava decidido a entrar à viva força, não consentindo que eu, ferido como estava, tivesse que passar a noite debaixo da chuvarada, era um grande edifício senhorial e melancólico, que durante muitos e muitos séculos, fora grito de guerra nos Montes Apeninos. Segundo nos disseram, tinha sido abandonado temporariamente por seus donos.
        Acomodamo-nos numa das salas menores, que era também a mais modestamente mobiliada. Estava situada num torreão um tanto afastado do corpo principal do castelo; seus móveis, seus adornos, ricos e luxuosos, pareciam maltratados pela ação do tempo e apenas conservavam poucos vestígios do antigo esplendor.
        Sobre as paredes caíam tapeçarias e troféus heráldicos, bem como grande quantidade de quadros modernos encerrados em molduras de ouro e madeiras finíssimas. Devido talvez ao delírio que me produzia a alta febre, senti crescer dentro de mim um grande amor por aqueles quadros que como prodigioso e estranho museu, tinha diante dos olhos.
        Mandei o criado fechar as pesadas portas e as altas janelas, pois era noite cerrada, e acender o candelabro de sete braços que encontrara sobre a mesa. Descerrei, em seguida, os cortinados de cetim e veludo que rodeavam o dossel de minha cama.
        Queria assim, se por acaso não chegasse a conciliar o sono, distrair-me ao menos na contemplação dos quadros na leitura de um livro de pergaminho que havia encontrado sobre a almofada, o qual parecia conter a descrição e a história de todas as obras de arte que se achavam encerradas naquele castelo.
        Passei quase toda a noite lendo. Naquele livro estava realmente a história dos quadros que me rodeavam. E as horas transcorreram rapidamente e, sem que eu percebesse, chegou a meia-noite. A luz do candelabro me feria os olhos e, sem que meu criado o notasse, coloquei-o de tal modo que somente projetasse seus tênues raios sobre a superfície escrita do livro. Mas aquela troca de luz produziu um efeito inesperado. Os resplendores das numerosas velas projetaram-se então sobre um quadro da alcova que uma das colunas do leito até então tinha envolto numa sombra profunda. Era o retrato de uma jovem quase mulher. Dirigi ao quadro uma olhadela rápida e fechei os olhos.
        Não o compreendi bem a princípio. Mas, enquanto minhas pupilas permaneciam fechadas, analisei rapidamente a razão que mas fazia cerrar assim. Era um movimento involuntário para ganhar tempo, para assegurar-me de que minha vista não me tinha enganado, para acalmar e preparar meu espírito para uma contemplação mais serena. Ao cabo de alguns momentos olhei de novo para o quadro, desta vez fixa e penetrantemente.
        Já não podia duvidar, ainda que o quisesse, de que então via muito claramente. O primeiro esplendor da chama do candelabro sobre a tela tinha dissipado a confusão de meus sentidos e chamara à realidade. O retrato era de uma jovem. Um busto; a cabeça e os ombros pintados nesse estilo que chamam, em linguagem técnica, estilo de “vinheta”; um tanto da “maneira” de Sully em suas cabeças prediletas. O seio, os braços e os cachos de cabelos radiantes fundiam-se imperceptivelmente na sombra que servia de fundo ao junto. A moldura era oval, dourada e trabalhada ao gosto moderno. Como obra de arte não se podia encontrar nada mais adorável do que a própria pintura. Mas pode ser que não fosse nem a execução da obra nem a beleza daquele semblante juvenil que me impressionou tão súbita e fortemente. Devia acreditar ainda menos que a minha imaginação, saindo de um sonho, tivesse tomado aquela mulher por uma pessoa viva.
        Vi, em primeiro lugar, que os pormenores do desenho, o estilo e o aspecto da moldura não me deixariam nenhuma ilusão, ainda que momentânea, dissipando imediatamente semelhante encantamento. Fazendo estas reflexões, permaneci estendido uma hora inteira, com os olhos cravados no retrato.
        Tinha adivinhado que o “encantamento” da pintura era uma expressão vital, absolutamente adequada à própria vida, que primeiro me tinha feito estremecer e que finalmente me subjugara, aterrorizado. Com um terror profundo e insopitável, coloquei de novo o candelabro na sua primitiva posição.
        Tendo ocultado assim a minha vista a causa dessa profunda agitação, procurei ansiosamente o livro que continha a análise do quadro e sua história. Fui em busca do número que designava o retrato oval e li o seguinte relato:
        “Era uma jovem de rara beleza e cheia de jovialidade. Maldita foi a hora em que viu e amou o artista, casando-se com ele! Ele, apaixonado, estudioso, amava, mais do que sua esposa, a sua Arte; ela, uma jovem de rara beleza e não menos amável do que cheia de jovialidade – nada mais do que luz e sorrisos – ágil como a lebre solta no campo – amando e acariciando todas as coisas – não odiando mais do que a Arte, que era sua rival – não temendo mais do que a palheta e os pincéis. Foi uma coisa terrível para ela ouvir o pintor falar do desejo de pintar sua esposa. Mas esta era obediente, e sentou-se com doçura durante longas semanas no sombrio e alto “atelier” da torre, onde a luz penetrava por uma claraboia de cristal. Mas ele, o pintor, punha seu destino e sua glória no retrato, que avançava em cores de hora para hora e de dia para dia…
        E ele era um homem apaixonado e estranho, que se perdia em sonhos, tanto que “não queria” ver que a Luz que filtrava tão lugubremente naquela torre afastada, extenuava a saúde e a alma de sua mulher, que enfraquecia visivelmente aos olhos de todo o mundo, exceto aos dele.
        Contudo, ela sorria sempre, sem se queixar, porque via que o pintor sentia um prazer doido e ardente na sua tarefa e trabalhava noite e dia para pintar aquela que amava tanto, mas que se tomava de dia para dia mais lânguida e mais débil. E, na verdade, os que contemplavam o retrato falavam em voz baixa da extrema semelhança do original como de uma prodigiosa maravilha e como de uma prova não menor do talento do pintor do que de seu profundo amor por aquela a quem pintava ato milagrosamente bem.
        Todavia, mais tarde, quando a tarefa se aproximava de seu fim, já ninguém podia visitar a torre: o pintor tinha enlouquecido com o ardor de seu trabalho e não tirava os olhos da tela senão para ver a fisionomia da mulher. E “não queria” ver que as cores que gravava na tela ele as ia tirando das faces daquela que estava sentada à sua frente. E quando, decorridas muitas semanas, já faltava muito pouco trabalho – nada mais do que uma pincelada sobre os lábios e uma sombra sobre os olhos – o espírito da mulher palpitou como a chama próxima a extinguir-se palpita numa lâmpada; e então o pintor deu a pincelada sobre os lábios e a sombra sobre os olhos e, durante um momento, quedou em êxtase ante o trabalho que tinha realizado; um minuto depois, quando o olhava extasiado, um estremecimento de terror percorreu seu corpo e começou a gritar com voz aguda e destemperada.
        – É a vida, é a própria vida que eu aprisionei na tela!
        E, quando se voltou para contemplar sua esposa, viu que ela estava morta.”
                    Edgar Allan Poe. O gato preto e outros contos. São Paulo: Hedra, 2008. p. 65-9.

Entendendo o conto:
01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        À mourisca: ao estilo mourisco; estética originária de povos árabes do norte da África, cujo trabalho em relevo privilegia formas geométricas e arabescos.
·        Filigrana: espécie de renda de metal.
·        Apeninos: cordilheira do norte da Itália.
·        Arabesco: ornamento inspirado na arte islâmica.
·        Nicho: Cavidade feita na parede para colocar estátuas, livros, etc.
·        Bruxulear: mover-se fracamente.
·        Torreão: torre larga em castelo.

02 – Esse conto pode ser dividido em duas partes, e em cada uma se narra uma história passada em um tempo diferente.
a)   Quais são os principais acontecimentos de cada uma das partes?
1ª parte: um homem ferido se abriga em um castelo abandonado, onde vê um retrato e, em um livro que trata das pinturas expostas nas paredes do castelo, lê a história dessa pintura.
2ª parte: uma bela jovem casa-se com um pintor que coloca a arte acima de tudo. Ela aceita posar para um retrato. À medida que a pintura do retrato avança, a jovem vai perdendo a saúde, mas o marido se recusa a perceber isso. Quando ele dá a última pincelada e constata que há vida na pintura, percebe que a amada está morta.

b)   Qual é a mais antiga e qual é a mais recente?
A 2ª é a mais antiga. E a 1ª é mais recente.

03 – Releia o início do conto:
a)   O que se informa sobre a identidade do narrador e sobre a circunstância que o levou a abrigar-se no castelo?
Quase nada, mais pode-se deduzir que o narrador seja um homem rico, pois viaja com um criado, e que a viagem seja pelos montes Apeninos, na Itália.

b)   Que sentidos essas informações ou a falta delas acrescentam a essa narrativa?
A falta de detalhes sobre o narrador e sobre os motivos de sua estada no castelo ajuda a criar o clima de mistério que está presente em toda a narrativa.

04 – O narrador é um elemento importante para marcar as duas histórias. Como esse recurso aparece no conto?
      O primeiro narrador é o homem ferido que pernoita no castelo. Sua narrativa em primeira pessoa soa como um depoimento, um relato. O segundo é um narrador em terceira pessoa, desconhecido, e sua narrativa é o registro escrito de uma história que teria se passado.

05 – Na narrativa, ocorre um fato inusitado.
a)   Que fato é esse?
A jovem perde a vida ao mesmo tempo que seu retrato ganha vitalidade.

b)   Em qual das duas histórias se passa esse fato?
Na segunda história.

c)   Por que ele pode ser considerado inusitado?
Porque há elementos irreais, como a transferência da vida da moça para o retrato.

06 – Em “O retrato oval”, uma combinação de fatores cria o suspense, elemento fundamental em seu enredo. Um desses fatores é a forma de apresentar o espaço ao leitor.
a)   Com base nas palavras do narrador, indique as características do castelo.
Antigo, comum nos Apeninos, grandioso, sombrio, abandonado.
b)   De acordo com o texto, quais são as características do quarto:
·        Caracterização geral: localizado em um torreão afastado do castelo, menor que os demais.
·        Paredes: cobertas por tapeçarias.
·        Quadros: pesados com molduras de arabescos dourados.
·        Forma de iluminação: iluminação a vela.
·  Cama: envolvido por um cortinado de veludo negro arrematado por franjas.

c)   Em geral, quais os traços predominantes nesses espaços?
Predominam, no castelo e no quarto, a escuridão e um ambiente pesado, soturno.

07 – Qual é a importância do trecho “As horas passaram céleres e agradáveis até que a meia-noite escura se instalou” para acentuar o clima de mistério do conto?
      No imaginário dos leitores, à meia-noite é um horário carregado de sentido. Em diversos contos, é a hora em que os feitiços se desfazem ou em que um encantamento se inicia.

08 – Outro elemento que contribui para construir o suspense nesse conto é a forma de apresentar o retrato ao leitor.
a)   Pela visão até a compreensão do efeito que o retrato produz no narrador, quanto tempo se passou? Quais são os parágrafos que narram esse acontecimento?
Desde a percepção até a compreensão do efeito que o quadro lhe causava, transcorre cerca de uma hora, segundo o narrador. Esse processo é narrado do parágrafo 3 ao 5.

b)   Como o quadro e sua imagem são descritos na narrativa: de uma vez ou de modo gradual? Que efeito isso gera?
O quadro e a imagem são apresentados aos poucos: primeiro, os aspectos gerais; depois, os detalhes. O leitor demora a saber o que causa sobressalto na personagem.

09 – A personagem, em determinado momento do conto, admite seu estado de delírio.
a)   O que causou impressão tão forte na personagem que ela julgou ser um delírio?
A extrema perfeição da expressão do rosto retratado, chegando a confundi-lo com o de uma mulher real.

b)   Por que, para a coerência do conto, essa informação é importante?
Ao final do conto, revela-se que a imagem do rosto era tão perfeita que o retrato sorvera a vida da moça que retratava.

10 – A personagem principal pode mencionar, com suas palavras, o conteúdo do que tinha lido no livro. No entanto, sua opção por transcrever o trecho tem uma função. Explique-a.
      A transcrição contribuiu para a verossimilhança interna do conto, pois confere autenticidade ao relato.

11 – A segunda história tem um papel na construção da narrativa como um todo. Qual é o papel dela no esclarecimento dos fatos?
      Ela esclarece a história do quadro que causa espanto no narrador. Com a morte da jovem, sua vida parece ter sido entregue ao quadro, o que, em princípio, justificaria a impressão do observador do retrato.


HISTÓRIA EM QUADRINHOS - PONTUAÇÕES - COM GABARITO


HISTÓRIA EM QUADRINHOS - PONTUAÇÕES

Entendendo a história:
01 – Por que o amigo de Jon está chorando?
      O amigo acreditava que um cão protegia muito mais as pessoas do que um gato; porém, Garfield demonstrou o contrário, ao correr atrás do cão de Jon.

02 – Observe asa frases da tira. Quais foram as pontuações utilizadas?
      Ponto de exclamação e pontos finais.

03 – A vírgula pode ser usada nessas frases? Por quê?
      Não, porque não se separa com vírgula o sujeito do seu predicado, nem o verbo de seus complementos.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS - VERBO TRANSITIVO E INTRANSITIVO - COM GABARITO



HISTÓRIA EM QUADRINHOS - VERBO TRANSITIVO E INTRANSITIVO


Fernando Gonsales. Níquel Náusea: vá pentear macacos! São Paulo: Devir, 2004. p. 42.
Entendendo a história:

01 – A mãe sugeriu que o garoto fosse brincar com o cachorro. O que o leitor pode supor que o menino fará?
      Jogar bola para o cachorro pegar, passear com o cão, etc.

02 – O último quadrinho surpreende o leitor. Por que isso ocorre?
      Porque o leitor provavelmente imaginava outro tipo de brincadeira.

03 – Retire do primeiro quadrinho uma oração que tenha um verbo com sentido completo. Classifique-o sintaticamente.
      “Meu vídeo game quebrou”. Quebrou: verbo intransitivo.

04 – Como se classifica sintaticamente o verbo brincar no segundo quadrinho da tira? Explique por que é assim classificado.
      Verbo transitivo indireto. É transitivo porque é um verbo que necessita de um complemento para integrar seu sentido. É indireto porque esse complemento se liga a ele por meio de uma preposição.

05 – Quais são as formas verbais presentes na fala do cachorro?
      Pensar, quebrou, vai quebrar.

06 – Classifique esses verbos quanto à transitividade.
      Pensar: verbo intransitivo; Quebrou: verbo transitivo direto; Quebrar: verbo transitivo direto.

07 – Observe o verbo quebrar no primeiro e no último quadrinhos. Por que o mesmo verbo tem classificações sintáticas diferentes?
      Dependendo do contexto, um mesmo verbo pode ter sentido completo ou não; por isso, para classifica-lo sintaticamente é preciso observar em que situação ele está empregado.


MENSAGEM ESPÍRITA: LESÕES NA ALMA- DIVALDO P. FRANCO (JOANNA DE ÂNGELIS) - PARA REFLEXÃO


MENSAGEM: LESÕES NA ALMA

         Diante dos acontecimentos infelizes que te surpreendam na senda por onde segues buscando a renovação, resguarda-te na fé iluminada que te impulsiona ao trabalho nobilitante.
        Se agasalhas azedumes, cultivando mágoas e mantendo ódios, estás em perigo. Se te deténs na maledicência, ou na ociosidade, ou te conduzes sob chuvas de impropérios que partem da tua revolta, estás à borda de terrível despenhadeiro.
        Se sustentas rivalidades e aceitas o desafio das ofensas ou te interessas pela preservação das inimizades, encontras-te na fronteira do desequilíbrio. Preserva-te na calma ante qualquer provação ou sob torrentes de ameaças, sem te dares a oportunidade de sintonizar na faixa da agressão.
         Esses inimigos que agasalhas e vitalizas com assiduidade produzem-te graves lesões na alma, desarticulando as engrenagens sutis encarregadas do equilíbrio fisiopsíquico que se te faz necessário.
        Da alma procedem as realizações edificantes e os processos degenerativos que se exteriorizam no corpo. Ulcerações do estômago e do duodeno, problemas hepáticos e disfunções intestinais, manifestações cancerígenas e distúrbios da emotividade, propiciadores da ansiedade, da neurose, da psicose e de outras alienações têm as suas nascentes nos fulcros em desalinho da alma encarnada.
         Enfermidades perfeitamente evitáveis no campo da mente e nos painéis físicos derivam do descontrole da vontade e da má usança dos valores que a vida proporciona para o progresso.
       Dirás que realizarás o mesmo além, depois. Talvez o faças, possivelmente, não. Para nos amar, renunciou à tranqüilidade, sofrendo-nos. E renunciando à própria elevação, aguarda por nós. Quem se acostuma a desertar, mais dificilmente permanece, quando chega o momento do testemunho, que jamais deixa de ocorrer.
         Faze um compromisso contigo e entrega-te a Deus, perseverando na realização que enfrenta os fatores infelizes deste instante e dedica-te a modificar as paisagens inditosas que predominam nesta hora histórica de dor. Desistir, nunca!

domingo, 30 de junho de 2019

POEMA: POEMINHA DA CIÊNCIA SEM PRESCIÊNCIA - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

Poema: Poeminha da ciência sem presciência
                                 Millôr Fernandes
Eu sou da geração
Que mais se boquiabriu
E esbugalhou os olhos,
Imbecil,
À florescência
Da ciência.
Me maravilhei com a sulfa,
A vitamina,
O transistor, o laser
E a penicilina.
Ante-televisão
Bestei com a teleobjetiva


A quarta dimensão
O quilouóti posto na locomotiva
O relógio digital
O computador e a computação
A lente helicoidal
E a radiografia,
Babei com a holografia!
Embora pró
Sou também pré-jatopropulsão
O que me torna preprojatopró,
Termo que não ocorreria
À minha vó
Tenho a vaga impressão
De que a ciência
Brochará sua invenção
Quando morrer o espanto
Da minha geração
                                                      Millôr Fernandes 
Entendendo o poema:

01 – Procure no dicionário o significado das palavras abaixo:

·        Presciência: Conhecimento do futuro.

·        Holografia: É uma técnica de registro de padrões de interferência de luz, que podem gerar ou apresentar imagens em três dimensões.

02 – Como a poesia caracteriza a sua própria geração?
      A que mais se boquiabriu e esbugalhou os olhos quando floresceu a ciência.

03 – A razão pela qual o poeta “bestou” com a teleobjetiva pode ser descoberta num prefixo. Aponte-o e explique seu uso.
      “Bestei com a teleobjetiva / A quarta dimensão”. O poeta fala da câmera fotográfica, e quarta dimensão refere-se ao zoom.

04 – Aponte os dois prefixos que falam da atitude do poeta diante da jatopropulsão.
      A prefixo é pré, que denota antecipação; que ocorre com antecedência.

05 – Qual é a vaga impressão de que nos fala o poeta?
      De que a ciência brochará sua invenção quando morrer o espanto da minha geração.

06 – O poeta cria um interessante neologismo no texto, abusando dos prefixos. Identifique-o e comente-o.
      O neologismo é preprojatopró. Que significa a antecipação e a anterioridade de um movimento que é lançado com grande força.

07 – Que sentido tem cada um dos prefixos grifados nas frases abaixo?
a)   Ele é o vice.
É a pessoa que ocupa um cargo imediatamente inferior a outro.

b)   É o ex da Marcinha!
Para indicar que uma pessoa deixou de ser algo: ex-amigo, ex-marido.

08 – O que você acha que querem dizer os prefixos grifados nas frases abaixo:
a)   Aquele sujeito não desiste. É um eterno re.
Prefixo re – elemento designativo de repetição.

b)   Ali não acontece nada. É um constante pós.
Prefixo pós – posterioridade (significa depois, atrás, após, posterior).

09 – Sua geração é tão fascinada com a ciência como a do poeta? Você também é pró em se tratando de avanços tecnológicos? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.


CONTO: GOLPE DE VISTA - FRAGMENTO - VILMO JOSÉ PALAORO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Golpe de vista – fragmento
          
       Vilmo José Palaoro

        "Mais de meia hora esperando o maldito Ipiranga, que não costumava demorar. Naquele dia, porém, tudo estava infernal: trânsito engarrafado, cidade cheia e mais de setecentos mil demônios incomodando, além do terrível vento noroeste que alterava para pior o [...] humor do paulistano.
        Várias pessoas se tinham proposto a ajudar-me, mas com a chegada de seus ônibus me haviam deixado. Agora só restava uma senhora a dois passos de mim. Esperei por um minuto e resolvi abordá-la com delicadeza, pedindo educadamente:
        – Por favor, seria possível a senhora me avisar quando passar o Ipiranga?
        – Claro, filho. Se o meu ônibus não passar antes, ajudo com muito gosto.
        – Obrigado.
        Lá se foram mais uns bons dez minutos e nada.
        De súbito a mulher cutucou-me e disse gentilmente:
        – O Ipiranga passou, viu?"

                                Vilmo José Palaoro. Golpe de vista. São Paulo: Atual, 2002. p. 33.

Entendendo o conto:

01 – Utilize as Palavras: dez – noroeste – cheia – o – terrível – a – o – um – o – bons – maldito – várias – a – engarrafado – seus – meu – uns – uma – dois. Para completar as lacunas no texto:  
      Sugestão: 0 – maldito – engarrafado – cheia – terrível – noroeste – Várias – a – seus – uma – dois – um – a – o – o – meu – uns – bons – dez.

02 – Depois de completar o texto, compare suas respostas com a d seus colegas e responda: Qual é a função dessas palavras para a construção do sentido do texto?
      Elas caracterizam os substantivos, qualificando-os.

03 – Identifique a que classe gramatical pertencem as palavras que você inseriu.
      Numerais: dez, dois, um; Adjetivos: noroeste, cheia, terrível, bons, maldito, engarrafado; Artigos: o, a, uns, uma; Pronomes: várias, seus, meu.

04 – Como podem ser classificados sintaticamente essas palavras?
      Como adjuntos adnominais.