segunda-feira, 24 de junho de 2019

POEMA: PROFUNDAMENTE - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

POEMA: PROFUNDAMENTE
    

                                                                      Manuel Bandeira
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Entendendo o poema

1)   O tema central do poema de Manuel Bandeira é:
a)   A morte de pessoas queridas.
b)   As alegrias e estrondos das festas de São João.
c)   Os ruídos e músicas que cortavam o silêncio noturno.
d)   As brincadeiras ao pé das fogueiras.

2)   Na primeira parte do poema, o poeta relata um fato que ocorreu:
a)   No dia anterior ao momento da fala.
b)   Na época em que ele tinha seis anos de idade.
c)   Em um tempo em que ainda se festejava São João.
d)   Quando seus parentes estavam dormindo.

3)   Analise as seguintes afirmações.
I.             Utilizando-se das lembranças de uma noite de São João, o poeta exprime sua angústia pela ausência das pessoas queridas.
II.           Na primeira parte do poema “dormir profundamente” tem sentido denotativo, na segunda parte, sentido conotativo.
III.          Na segunda parte, o poeta não ouve mais as vozes do passado porque as pessoas a que se refere estão todas mortas.
IV.         As perguntas “onde estavam” (primeira parte) e “onde estão” (segunda parte) expressam os dois tempos a que se refere o poema.

Assinale a alternativa que contempla as afirmativas corretas.
a)   I e II
b)   II, III e IV
c)   III, IV
d)   I, II, III e IV

4)   O poema pode ser dividido em dois blocos, tendo em vista o aspecto temporal presente neles.
a)   Que blocos seriam esses? Comprove sua resposta recorrendo aos verbos que os compõem.
 Os blocos seriam divididos em duas partes, a primeira que representa o tempo presente do autor, enquanto a segunda representa memórias de sua infância

b)   Que sentidos têm os advérbios ontem (primeiro verso da quinta estrofe) no poema?
"Ontem" tem sentido temporal, significando que, o momento no qual o autor escreve o poema ocorre após o acontecimento que o autor leva como tema do poema.

c)   Você diria que há paralelismo entre os blocos? Justifique.
Sim, há paralelismo. O autor compara a mesma data festiva nos dois blocos, além de também comparar as coisas presentes nesta data, que antes eram de seus familiares, enquanto ele era criança e em seu tempo atual eram de outras pessoas e crianças na rua, enquanto ele era o mais velho.

5)   Sabendo que o tempo assume papel decisivo na construção do poema, explique a relação paralelística entre dois blocos do poema e as cenas que os constituem.
O foco do poema não se encontra no resgaste de um passado morto, mas no modo como o passado não deixou de atuar, fazendo parte do presente como lembrança que amplia a percepção do mundo.   



domingo, 23 de junho de 2019

POEMA: OVNI - FERREIRA GULLAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: OVNI
      Ferreira Gullar

Sou uma coisa entre coisas.
O espelho me reflete
Eu (meus 
Olhos)
Reflito o espelho.

Se me afasto um passo
O espelho me esquece:

— Reflete a parede
A janela aberta

Eu guardo o espelho
O espelho não me guarda
(Eu guardo o espelho
A janela a parede rosa
                  
Eu guardo a mim mesmo
Refletido nele):
Sou possivelmente 
Uma coisa onde o tempo
Deu defeito.
                              Ferreira Gullar. Sou uma coisa entre coisas. In: Vera Aguiar (Org.) Poesia fora da estante. Porto Alegre: Projeto, 2002. v. 2.

Entendendo o poema:
01 – Como é possível interpretar a afirmação do eu lírico na última estrofe: “Sou possivelmente / Uma coisa onde o tempo / Deu defeito”?
      O eu lírico guarda para si, em suas lembranças, tudo o que viveu: o tempo não foi capaz de apagar suas lembranças. Por isso, afirma que, com ele, o tempo deu defeito.

02 – De que outro modo poderia ocorrer a colocação pronominal no verso “O espelho me reflete”? Por que no texto foi utilizada essa posição do pronome em relação ao verbo?
      O espelho reflete-me. Por que, no Brasil, a próclise é mais frequente do que a ênclise.

03 – Nos versos “Eu guardo a mim mesmo / Refletido nele”, foi empregado o pronome oblíquo tônico: mim. Se, em vez de pronome oblíquo tônico, tivesse sido empregado pronome oblíquo átono, como ficariam esses versos?
      Eu me guardo / refletido nele.


CRÔNICA: ELA - (FRAGMENTO) - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO


Crônica: ELA – Fragmento.
             Luís Fernando Veríssimo

        Ainda me lembro do dia em que ela chegou lá em casa. Tão pequenininha! Foi uma festa. Botamos ela num quartinho dos fundos. Nosso Filho – Naquele tempo só tinha o mais velho – ficou maravilhado com ela. Era um custo tirá-lo da frente dela para ir dormir.
        Combinamos que ele só poderia ir para o quarto dos fundos depois de fazer todas as lições.
        -- Certo, certo.
        -- Eu não ligava muito para ela. Só para ver um futebol ou política. [...]

 
        Luís Fernando Veríssimo. O nariz & outras crônicas. 11. ed. São Paulo: Ática, 2003.

Entendendo a crônica:

01 – O narrador não informa precisamente quem chegou, mas dá algumas pistas. O que sabemos sobre ela?
      Era pequenininha, foi colocada no quarto dos fundos, o filho ficou maravilhado com ela.

02 – Qual é a palavra que se repete para se referir a quem chegou?
      A palavra “ela”.

03 – Que efeito a repetição dessa palavra traz para o texto?
      A repetição do pronome ela cria um suspense, pois não sabemos quem chegou.

04 – Levante uma hipótese sobre qual seria o motivo das mudanças no cotidiano da família. Justifique sua resposta com elementos do texto.
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Reescreva o texto no caderno, substituindo a palavra repetida pela hipótese que você levantou.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Copie do texto as palavras que substituem o substantivo filho.
      -lo, ele.

07 – Classifique as palavras que você copiou no item anterior.
      -lo: pronome pessoal do caso oblíquo.
      Ele: pronome pessoal do caso reto.

08 – Leia outro trecho da mesma crônica. “[...]Decidi que para as transmissões da copa do mundo ela deveria ser bem maior. E colorida. Foi a minha ruína. Perdemos a copa, mas ela continua lá, no meio da sala. Gigantesca. É o móvel mais importante da casa. Minha mulher mudou a decoração da casa para combinar com ela. Antigamente ela ficava na copa para acompanhar o jantar.
Agora todos jantam na sala para acompanhá-la." [...]

a)   Nesse trecho aparecem outras informações que permitem identificar a que se refere o narrador. Que informações são essas?
Ela foi substituída por uma maior e colorida; é gigantesca; é o móvel mais importante da sala.

b)   Reescreva o parágrafo, substituindo a palavra que se repete por outras que identifiquem a que se refere o narrador.
Resposta pessoal do aluno.

CONTO: O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ - JORGE AMADO - COM GABARITO

Conto: O gato malhado e a Andorinha Sinhá
         
                                  Jorge Amado

        A história em questão acontece entre o gato malhado e a andorinha Sinhá e se desenvolve em um parque muito arborizado e habitado por animais de várias espécies. Com o desenrolar da história percebemos que o tempo, com suas estações, cria uma atmosfera que influencia o humor dos personagens.

        “É tão impossível avivar o fogo com a neve quanto apagar o fogo do amor com palavras”.
                                                      Willian Shakespeare

        Jorge Amado descreve o gato malhado como alguém de meia idade, distante da juventude. “Não existia nos arredores nenhuma criatura mais egoísta e solitária que o gato malhado. Ele não tinha relações de amizade com os seus vizinhos e quase nunca respondia aos raros cumprimentos que por medo, e não por gentileza, alguns transeuntes lhe dirigiam.
        Nada alterava o dia a dia do parque até que a primavera chegou com as suas cores alegres, aromas inebriantes e sonoras melodias. O gato malhado estava dormindo quando a primavera chegou, repentina e poderosa. Mas a sua presença era tão insistente e forte que o acordou do seu sono sem sonhos, abriu os seus olhos castanhos e esticou os braços”.
        Neste novo estado primaveril, o gato malhado experimentou um estado de otimismo incomum. “Ele se sentia leve, queria falar sem compromisso, andar sem rumo e até mesmo conversar com alguém. Olhou em volta com seus olhos castanhos, mas não viu ninguém. Todos tinham fugido”.
        No entanto, “no galho de uma árvore a andorinha Sinhá piava e sorria para o gato malhado. Enquanto isso, dentro dos seus esconderijos, todos os habitantes do parque olhavam espantados para a andorinha Sinhá”.
        Jorge Amado relata como era a outra protagonista da história: “Quando ela passeava, risonha e coquete, não havia nenhum pássaro em idade de casar que não suspirasse por ela. Era muito jovem ainda, mas onde quer que estivesse, todos os jovens do parque se aproximavam.
        Ela ria com todos, mas não amava ninguém. Voava despreocupadamente de árvore em árvore pelo parque; era curiosa, gostava de conversar e era inocente de coração. Na verdade, não existia em nenhum parque da redondeza uma andorinha tão bela e gentil como a andorinha Sinhá”.
        A andorinha conversou com o gato malhado e chegou até a insultá-lo, um fato que os demais habitantes do parque viram como uma sentença de morte para o pássaro. Seus pais a haviam proibido de se relacionar com os gatos, pois eles eram os predadores naturais dos pássaros. Mas ela ignorou o conselho e conversou com ele.
        Naquela noite, a andorinha “deitou suavemente a cabeça na pétala de rosa que lhe servia de travesseiro e decidiu continuar a sua conversa com o gato no outro dia: – Ele é feio, mas é simpático… – murmurou ao adormecer.
        Quanto ao gato malhado, ele também pensava na arisca andorinha Sinhá. No entanto, havia algo que ele não possuía: um travesseiro. Além de feio e mau, o gato malhado era pobre e descansou a cabeça sobre os braços”.
        A doença do gato

        O gato estava muito cansado e achou que estava doente. Depois percebeu que tinha febre e foi buscar água do lago para se refrescar do ardor que sentia por dentro. E ali, nas águas do lago, ele viu o reflexo da andorinha Sinhá que o observava: “ele a reconheceu em cada folha, em cada gota de orvalho, em cada raio de sol do crepúsculo e em cada sombra da noite que se aproximava”. Quando ele conseguiu dormir, “sonhou com a andorinha e era a primeira vez que sonhava em muitos anos”.
        O gato malhado não percebeu que havia se apaixonado; não conseguiu reconhecer os seus sentimentos. Quando era jovem havia se apaixonado muitas vezes, quase todas as semanas, mas nunca deu muita importância a esses sentimentos. Na verdade, ele tinha machucado muitos corações. Quando acordou, se lembrou que tinha sonhado durante toda a noite com a andorinha, mas decidiu não se preocupar com isso.
        No entanto, durante toda a primavera ele seguiu a andorinha Sinhá para conversar e nunca faltava assunto. Logo, começaram a passear juntos pelo parque; ele caminhava pelo parque e ela o acompanhava voando ao seu lado. Vagavam sem rumo e comentavam sobre a cor das flores e a beleza do mundo.
        O gato malhado passou por uma transformação. Já “não ameaçava os outros seres vivos, não despedaçava as flores com suas patadas, não eriçava os pelos quando um estranho se aproximava, não repelia os cães eriçando os bigodes, os insultando entre dentes. Ele se tornou um ser suave e gentil, era o primeiro a cumprimentar os habitantes do parque, ele que antigamente não respondia aos cumprimentos que lhes dirigiam”.

        O amor tem fronteiras?

        No final do verão, a andorinha e o gato jantaram juntos. Enquanto conversavam, o gato não se conteve e lhe disse que se não fosse um gato, a pediria em casamento. “Naquela noite, a andorinha não retornou. O gato tentava entender o que estava acontecendo com ele e se debatia com sentimentos contraditórios. Envolto em tristeza e solidão, decidiu conversar com a coruja”.
        No início, conversaram sobre vários assuntos sem importância. Mas a coruja era sábia e percebeu o que estava acontecendo. Sem esperar que ele perguntasse, ela lhe contou sobre os rumores que haviam no parque sobre os seus encontros com a andorinha.
        Todos pensavam mal dele e isso o enfureceu. No final, a velha coruja deu a sua opinião: “Velho amigo, não há nada a fazer. Como você pôde imaginar que a andorinha o aceitaria como marido? Nunca houve um caso assim, mesmo que ela o amasse”.
        No entanto, quando o outono chegou, o gato malhado procurou novamente a andorinha. Ela estava séria e distante, já não sorria mais e não demonstrava a mesma simpatia de outros tempos. O gato não conseguia esconder que estava muito triste. No seu coração ressoavam as palavras da coruja e só conseguia passear com a andorinha em silêncio.
        Nessa noite, o gato malhado voltou a ser o vilão de sempre. Ele perseguiu o pato preto, assustou o papagaio, arranhou o focinho de um cão e roubou e jogou fora os ovos do galinheiro. Todos os habitantes do parque espalharam a notícia e voltaram a temer o gato que parecia a encarnação da maldade.

        O final da história

        Depois de alguns dias, o gato recebeu uma carta da Andorinha Sinhá, graças a um pombo correio. Nele, ela dizia que uma andorinha nunca poderia se casar com um gato e que não deviam voltar a se ver.
        No entanto, também acrescentou que nunca havia sido tão feliz como durante os passeios pelo parque com ele. Terminou o bilhete com uma declaração que lhe queimou o coração: “Sempre sua, Sinhá”. O gato malhado leu essa carta várias vezes até guardar tudo na memória.
        Algum tempo depois, a andorinha apareceu sem aviso prévio. Ela estava tão linda e terna, como na primavera. Agia como se nada tivesse acontecido, como se a distância que os separava tivesse se diluído. O gato estava comovido, mas no final da tarde ele soube da verdade. “Ficaram juntos até que a noite chegou e então ela lhe disse que seria a última vez que ele a veria, porque iria se casar com um rouxinol. Por quê? Porque uma andorinha não pode se casar com um gato”.
        O gato malhado ficou arrasado com a notícia. Durante o casamento, ele não conseguiu aguentar e foi à festa. A andorinha, que conhecia o som dos seus passos, sabia que ele estava lá, deixou que uma das suas lágrimas fossem levadas pelo vento e caíssem nas mãos do gato.
        “Isto iluminou o caminho solitário do gato malhado na noite sem estrelas. O gato tomou a direção dos caminhos estreitos que conduzem para a encruzilhada do fim do mundo”.
        Definitivamente, uma bela história que nos lembra da eterna tristeza dos amores impossíveis.

        Moral da história: Todos nós temos preconceitos. Por muito que o mundo evolua, é quase impossível haver alguém que não tenha um único preconceito. Muitas vezes nem nos apercebermos que certas ideias ou gostos que manifestamos são preconceitos: aproximarmos-nos de pessoas mais magras ou mais gordas, mais altas ou mais baixos, gostar de estar só com pessoas mais novas ou mais velhas... Todos nós temos as nossas preferências e nem sempre nos apercebemos de que se trata de preconceitos. Se estes não nos levarem a afastar ou discriminar pessoas apenas por aquilo que aparentam ser, o problema não é grave. Mais ainda há quem marginalize os outros, baseado em conceitos de raça, crença, poder...
        Esta história do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá mostra como isso pode acontecer, como a felicidade de dois animais é colocado em causa porque pertencem a mundos diferentes.

Entendendo o conto:

01 – Indique o nome da primeira personagem que aparece neste capítulo?
        É o gato malhado.

02 – Faça a característica física e psicológica do gato.
      Características física: um gato feio, gordo, forte, às riscas amarelas e negras, gato de meio idade, com olhos que transmitem maldade e grande bigodes.

      Características psicológica: solitário, egoísta, mal humorado, antipático, desagradável, convencido e insensível.

03 – por que motivo se assustaram os animais do parque?
      Os animais do parque assustaram-se porque pensavam que o gato ia matar a Andorinha.

04 – A Andorinha não fugiu. Por quê?
      A Andorinha não fugiu porque como não conseguia voar, não a podia alcançar.

05 – Na opinião da Andorinha, o Gato Malhado era.
      Tolo, feíssimo e convencido.

06 – De que modo reagiu o Gato Malhado à crítica da Andorinha?
      O Gato Malhado, fez o inesperado: riu-se da crítica da Andorinha.

07 – O que significa a expressão: “riso espantosa de quem se havia desacostumado de rir”?
      A expressão significa que o Gato já não se ria há muito tempo.

08 – Reações dos outros animais:
      A árvore Pau-Brasil tremeu de medo, o Cã Dinamarquês pensou que o Gato se ia vingar da Andorinha, o Reverendo Papagaio fechou os olhos e a Andorinha voou um galho mais alto.

09 – Sensações visuais, olfativas e auditivas presentes nesta estação.
      Sensações visuais: “vestidas de luz e de cores”; “riscas amarelas e negras”; ...
      Sensações auditivas: “seguem o cacarejar da orgulhosa galinha”; “murmuravam”; ...
      Sensações olfativas: “olorosa de perfumes sutis”; “botões nasciam perfumados”; ...

10 – Como se designam as expressões “Santo Deus!”; “Ui” e “Ai, Meu Deus”? Quais os sentimentos que exprimem?
      As expressões “Santo Deus”; “Ui” e “Ai, Meu Deus!” são interjeições que exprimem medo, susto e terror.

11 – A estação do verão é curta, por quê?
      A estação do verão é curta, passou rapidamente “com o seu sol ardente e noites cheias de estrelas”, pois é sempre rápido o tempo de felicidade. “O tempo é um ser difícil”, isto é, quando queremos que o tempo passe depressa (momentos de infelicidade) ele vai andando devagar, pormenorizando cada momento. Quando há o desejo de viver para sempre um capítulo de uma vida o tempo corre. Então, esta estação ser curta deve-se ao facto do tempo em que a Andorinha e o Gato estiveram juntos passasse num ápice. A Andorinha pergunta ao Gato o porque da sua infelicidade.

12 – O que é que o Gato lhe responde?
      O Gato diz-se que se ela não fosse uma Andorinha lhe pedia para casar com ele.

13 – Qual a reação da Andorinha?
      A Andorinha não ficou surpreendida pois já sabia o que se passava no coração do Gato; zanga também não deveria ser pois aquelas palavras foram-lhe gratas, mas tinha medo, ele era um Gato e os gatos são inimigos das andorinhas.

14 – Como se sente o Gato Malhado quando resolve ir conversar com a Coruja?
      O Gato Malhado sente-se só, triste e confuso.

15 – A Coruja sugere a única solução para vencer a lei das andorinhas. Qual?
      A solução que a Coruja sugere é uma revolução de mentalidades e de comportamentos.

16 – Na opinião da Coruja a lei das andorinhas impede o casamento entre o Gato e a Andorinha. Transpondo para o plano humano, esta lei representa...
      Representa um tipo de conduta social e racial interiorizada pela sociedade.

17 – Tristes e em silêncio, o Gato e a Andorinha “tinham ambos o ar de quem quer evitar um assunto que se impõe”. Que assunto é esse?
      O assunto que é evitado pelo Gato e a Andorinha é a separação inevitável deles, devido aos rumores e à lei das andorinhas.

18 – O que aconteceu durante o casamento da Andorinha e do Rouxinol?
      Durante o casamento da Andorinha e do Rouxinol, onde estavam presentes todos os animais do parque menos o Gato Malhado que permanecia solitário, caiu sobre o Gato uma pétala das rosas vermelhas e este colocou-a no seu peito.

19 – A andorinha deixou cair uma pétala de rosa com que intensão?
      A Andorinha deixou cair uma pétala de rosa com a intensão de iluminar o caminho do gato que estava só e triste.

20 – Por que era este amor impossível?
      Este amor era impossível porque a Andorinha e o Gato são seres de espécies diferentes e, até, inimigos.

21 – Qual é o acontecimento mais importante desta narrativa?
      O acontecimento mais importante desta narrativa é o desenrolar da paixão entre o Gato Malhado e a Andorinha Sinhá.
     


TEXTO: RECEITA DE NEUROSE - JÔ SOARES - COM QUESTÕES

Texto: Receita de Neurose
        

   Jô Soares

        Pegam-se quatro idas à cidade todo dia, duas pitadas de monóxido de carbono em cada respirada, sem esquecer da buzinada no trânsito constante.
        Juntam-se um terno e uma gravata, para mulheres um vestido justo e um terninho num salto alto apertando os dedinhos, com 40 graus à sombra. E sem protetor solar. Xingam-se uns 3 motoristas, escutam-se uns seis xingamentos.
        Atravessa-se a avenida, sem correr, de lá pra cá, na hora do rush. Tropeça numa pedra ou enfia-se num buraco e reza pra não ter torcido o pé ou quebrado o salto. Nisso o celular toca, está no fundo da bolsa ou no bolso da calça e depois de ter feito tanto esforço para atender. Era engano ou alguém de casa ligando a cobrar perguntando-se vai demorar muito pra chegar!
        Espera-se uma condução durante duas horas e volta-se pra casa, de preferência em pé, no ônibus cheio. Ou numa Van pirata. Cheia de gente cansada, motorista e trocador estressados. Riocard não passa, o trocador não tem troco a roleta emperra. No corredor, que já não é mais um corredor de tanta agente amontoada, ficamos ali exprimidos pensando:
        -- Como vou sair daqui, pela janela? E sacode pra lá e pra cá, lugar pra sentar? Isso é artigo de luxo. De repente uma freada, pra descansar o sacolejo. Nem dá pra sentir é tanta gente que até amortece. Enfim, de volta ao lar.
        Depois, é só levar ao divã do analista, quatro vezes por semana, durante quinze anos!
        Mas isso se você ganhar na loteria, receber uma herança. Na pior das hipóteses, casar com milionário.
                                                                          Jô Soares
Entendendo o texto:

01 – Observe, no texto “Receita de neurose”, o uso dos verbos: pegam-se, juntam-se, xingam-se, escutam-se, atravessa-se, espera-se, volta-se

Responda:
a)   É possível determinar a quem os verbos se referem?
Não. Pode ser qualquer pessoa; não há determinação do sujeito.

b)   Com que objetivo foram empregadas essas formas verbais?
Para generalizar, isto é, para mostrar que qualquer pessoa pode passar por isso.

02 – Na sua opinião, por que o autor aborda as neuroses do dia-a-dia numa cidade grande em forma de receita?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Para conferir humor ao texto.

03 – Que “ingrediente” da receita você considera o maior causador de neurose no ser humano? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Estabeleça possíveis consequências para as situações destacadas abaixo:
·        Estar de terno e gravata a 40 graus à sombra: sentir calor, mal-estar.

·        Esperar a condução em pé, durante duas horas: sentir cansaço, dor nas pernas.

·        Atravessar a rua na hora do rush: correr perigo de ser atropelado.

·  Ouvir constantemente o som da buzina no trânsito: sofrer problemas de audição, causar irritação.
     

sábado, 22 de junho de 2019

POEMA: PROCURAR O QUÊ - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: PROCURAR O QUÊ      

    Carlos Drummond de Andrade

        O que a gente procura muito e sempre não é isto nem aquilo.
        É outra coisa.
        Se me perguntam que coisa é essa, não respondo,
        Porque não é da conta de ninguém o que estou procurando.
        Mesmo que quisesse responder, eu não podia. Não sei o que procuro.
        Deve ser por isso mesmo que procuro.
        Me chamam de bobo porque vivo olhando aqui e ali, nos ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas folhas de bananeira, nas gretas do muro, nos espaços vazios.
        Até agora não encontrei nada. Ou, encontrei coisas que não eram a coisa procurada sem saber, e desejada.
        Meu irmão diz que não tenho mesmo jeito, porque não sinto o prazer dos outros na água do açude, na comida, na manja, e procuro inventar um prazer que ninguém sentiu ainda. 
        Ele tem experiência de mato e de cidade, sabe explorar os mundos, as horas. Eu tropeço no possível, e não desisto de fazer a descoberta do que tem dentro da casca do impossível.
        Um dia descubro. Vai ser fácil, existente, de pegar na mão e sentir. Não sei o que é. Não imagino forma, cor, tamanho. Nesse dia vou rir de todos. 
        Ou não. A coisa que me espera, não poderei mostrar a ninguém. Há de ser invisível para todo mundo, menos para mim, que de tanto procurar fiquei com merecimento de achar e direito de esconder.

                                                      Carlos Drummond de Andrade 
Entendendo o poema:

01 – Como o eu lírico entende o significado da palavra PROCURAR?
      Como um ato de buscar por alguma coisa, tentar encontrar, embora não tem tanta certeza do que busca.

02 – É possível caracterizar a pessoa que nos fala no poema?
      Sim, ele está na infância, época de grandes descobertas, de grandes aventuras para o conhecimento do mundo.

03 – Como é caracterizada a coisa que a gente procura muito?
      O que a gente procura muito não é isto nem aquilo. É outra coisa.

04 – Qual a atitude em relação às perguntas das pessoas?
        Não respondo, porque não é da conta de ninguém o que estou procurando.

05 – O que nosso herói acaba admitindo sobre o que tanto procura?
      Ele admite que mesmo que quisesse responder, não podia porque não sabia o que procurava.

06 – Por que nosso eterno investigador é chamado de bobo?
      Porque vive olhando aqui e ali, nos ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas folhas de bananeira, nas gretas do muro, nos espaços vazios.

07 – O que pensa o irmão do nosso herói?
      Diz que ele não tem jeito mesmo, pois procura inventar um prazer que ninguém sentiu antes.

08 – Retire do texto a passagem em que nosso herói afirma não se dar bem com o que o mundo oferece, sentindo necessidade de procurar coisas novas.
      “...porque não sinto o prazer dos outros na água do açude, na comida, na manja, e procuro inventar um prazer que ninguém sentiu ainda.”    

09 – Qual o contraste estabelecido entre nosso herói e seu irmão?
        O irmão tem experiência de mato e de cidade, sabe explorar os mundos, as horas, e ele tropeça no possível.

10 – Que certeza tem nosso herói?
      Tem certeza que um dia irá descobrir.

11 – Por que o nosso herói constata que não poderá rir de todos?
      Porque a coisa que busca, não poderá mostrar a ninguém, haverá de ser invisível para todo mundo, menos para ele.

12 – E você? Já terminou essa eterna busca? Já resolveu essa insatisfação, já encontrou a eterna outra coisa?
      Resposta pessoal do aluno.