Texto: Lembranças da Minha Infância
Minhas primeiras lembranças da infância
são do vilarejo de Qunu, nas montanhas onduladas e nos vales verdes do
território de Transkei, na região sudeste da África do Sul. Foi em Qunu
que passei os anos mais felizes de minha meninice, rodeado por uma família
tão cheia de bebês, crianças, tias e tios que não me lembro de estar
sozinho em nenhum único momento em que eu estivesse acordado.
Foi em Qunu que minha mãe me deu as
histórias que encheram minha imaginação, ensinando-me bondade e
generosidade enquanto preparava as refeições em uma fogueira, mantendo-me
alimentado e saudável. Em meus tempos de menino pastor, aprendi a amar
o campo, os espaços abertos e as belezas simples da natureza. Foi naquele
momento e naquele lugar que aprendi a amar esta terra.
Com meus amigos de meninice, aprendi
dignidade e o significado da honra. Ouvindo e assistindo reuniões dos
anciãos da tribo, aprendi a importância da democracia e de dar a todos uma
chance de ser ouvido. E aprendi sobre o meu povo, a nação Xhosa. Com meu
benfeitor e guia, o Regente, aprendi a história da África e da luta
dos africanos para serem livres.
Foram esses primeiros anos que
determinaram como seriam vividos os muitos anos plenos de minha longa
vida. Sempre que paro um momento e olho para trás, sinto imensa gratidão
por meu pai e minha mãe, e por todas as pessoas que me ajudaram a crescer
quando eu era apenas um menino, e que me transformaram no homem que sou
hoje. Foi isso que aprendi enquanto criança.
Agora que sou homem velho, são as
crianças que me inspiram. Meus queridos jovens: vejo a luz em seus olhos,
a energia de seus corpos e a esperança que está em seu espírito. Sei que
são vocês, e não eu, que consertarão nossos erros e levarão adiante tudo o
que está certo no mundo.
Se eu pudesse, de boa fé, prometer-lhes
a infância que tive, eu prometeria. Se eu pudesse prometer-lhes que cada
um de seus dias será de aprendizado e de crescimento, eu prometeria. Se eu
pudesse prometer-lhes que nada – nem guerras, nem pobreza, nem injustiças
– privará vocês de seus pais, de seu nome, de seu direito a uma boa infância, e
que essa infância levará vocês a uma vida plena e frutífera, eu
prometeria. Mas prometerei apenas o que eu sei que posso cumprir.
Vocês têm a minha palavra de que
continuarei a aplicar tudo o que aprendi no começo de minha vida, e tudo o que
aprendi a partir de então, para proteger os seus direitos. Trabalharei
todos os dias, de todas as maneiras que conheço, para apoiá-los enquanto
crescerem. Buscarei suas vozes e suas opiniões, e farei com que outras
pessoas também as ouçam.
Trecho extraído da
publicação Situação Mundial da Infância, 2001 Uni
Entendendo o texto:
01 – Que significado tem
para Mandela o vilarejo de Qunu?
As melhores lembranças, os anos mais
felizes de sua meninice rodeado pela família, por histórias que encheram sua
imaginação ensinando-me bondade e generosidade.
02 – Por que estes primeiros
anos foram determinantes de como seriam vividos os muitos anos plenos de sua
longa vida?
Tudo que aprendeu
com pai, sua mãe e todas as pessoas que o ajudaram a crescer quando era apenas
um menino, e que me transformaram no homem que sou hoje.
03 – Ele diz que agora é
velho e o que inspira são as crianças, por quê?
Diz que vê a luz
em seus olhos, a energia em seus corpos e a esperança em seu espírito, e que
elas consertarão nossos erros e levarão adiante tudo o que está certo no mundo.
04 – Mandela conta que
aprendeu o que com estas pessoas:
a)
Com seus amigos de meninice.
Aprendeu dignidade e o significado da honra.
b)
Ouvindo e assistindo reuniões dos anciões da
tribo.
Aprendeu a importância da democracia e de dar a todos a chance de
ser ouvido.
c)
Com o benfeitor e guia.
Aprendeu sobre seu povo, a nação Xhosa.
d)
Com o Regente.
Aprendeu a história da África e da luta dos africanos para serem
livres.
05 – Mandela no 6°
parágrafo, usa o verbo poder no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo, “Se eu
pudesse”, para:
a)
Indicar dúvidas.
b)
Expor seus desejos.
c)
Mostrar suas incertezas.
d)
Anunciar as probabilidades.