terça-feira, 17 de julho de 2018

CRÔNICA: RECADO AO SENHOR 903 - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

CRÔNICA: Recado ao Senhor 903
   

 “Vizinho,       
                  
     Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor.
        Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
        […] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”
                                                                                      Adaptado de:

Entendendo o texto:
01 – Vamos ver como está sua compreensão de texto? Analise as alternativas:
I – O apartamento 903 é muito barulhento.
II – O apartamento 1003 é muito silencioso.
III – O apartamento 1005 está vazio.
IV – O apartamento 305 é um escritório de advocacia.
V – O apartamento 1003 não é silencioso.
Em relação ao texto, qual ou quais são incorretas?
a) I e II
b) I, II e III
c) I, II, III e IV
d) I, II, III e V
e) II e III.

02 – O morador do 1003 recebeu, consternado, a visita do zelador que falava sobre a reclamação de barulho desse apartamento. Em relação à palavra consternado, podemos substituí-la, sem prejuízo do sentido contextual por:
a) comovido
b) lisonjeado
c) ignorado
d) chateado
e) feliz.

03 – “O regulamento do prédio é explícito”, diz o morador do 1003. Para dizer o contrário, conforme o contexto, a alternativa correta seria:
a) O regulamento do prédio é claro.
b) O regulamento do prédio é bom.
c) O regulamento do prédio é inequívoco.
d) O regulamento do prédio é evidente.
e) O regulamento do prédio é obscuro.

04 – Marque C para CONCORDA COM O TEXTO e D para DISCORDA DO TEXTO:
(D) O morador do 903 recebeu reclamação do morador do 1003.
(D) O morador do 903 recebeu reclamação do zelador do 1003.
(C) O morador do 903 recebeu pedido de desculpas do morador do 1003.
a) D – D - C
b) C – C - C
c) D – D - D
d) D – C - C
e) D – C – D.

05 – Conforme o último parágrafo do texto, pode-se afirmar que:
a) o morador do 1003 acredita que precisaria morar em outro lugar.
b) o morador do 903 não aceitou o pedido de desculpas.
c) o morador do 903 aceitou o pedido de desculpas.
d) o morador do 1003 idealiza outra forma de viver.
e) o zelador mora no apartamento 103, que fica no térreo.

06 – As palavras murmúrio e brisa, presentes no fim do texto, trazem o mesmo sentido de:
a) pouca intensidade.
b) muita intensidade.
c) neutralidade.
d) motivação.
e) consciência ecológica.
Observação: O murmúrio representa ruído de pouca intensidade, e a brisa vento com pouca intensidade.



TEXTO PARA SÉRIES INICIAIS: A GRANDE CORRIDA - GRAÇA - COM GABARITO

Texto A grande corrida 


   Juarez e Luís são jóqueis. Eles vão participar da corrida mais importante do ano.
       Relâmpago é o cavalo de Juarez, e alazão é o cavalo de Luís. Os dois cavalos são muito velozes e a disputa vai ser difícil.
        Quando é dado o tiro de largada, os dois logo se emparelham. Juarez sabe que relâmpago está bem treinado, por isso diz com autoridade:
        – vamos, relâmpago! você é capaz!
     No final, relâmpago deixa todos os animais para traz e se torna o grande vencedor da corrida.
    Luís, que foi o vice-campeão, cumprimentou seu colega e disse:
   – Um dia alazão chega lá. Por enquanto, relâmpago é imbatível. Parabéns!
        Juarez levanta o troféu e tira várias fotos com seu cavalo, o campeão da corrida.
                                                                                   Graça
01 – Qual é o título do texto?
      A grande corrida.

02 - Quem é o autor?
      Graça. 
03 – O que vão disputar Juarez e Luís?
      Eles vão participar da corrida mais importante do ano.

04 – Quem são os personagens do texto?
      Juarez e seu cavalo relâmpago; e Luís e seu cavalo alazão.

05 – Quem vence a corrida?
      Juarez e relâmpago venceram a corrida.

06 - Crie um outro nome para esta história.
      Resposta pessoal do aluno.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): CORAÇÃO CIVIL - MILTON NASCIMENTO - COM GABARITO

Música(Atividades): Coração Civil

                                           Milton Nascimento

Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade nos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país

Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ter amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder,

Eu quero ver

São José da Costa Rica, coração civil
Me inspire no meu sonho de amor, Brasil
Se o poeta é o que sonha o que vai ser real
Bom sonhar coisas boas que o homem faz
E esperar pelos frutos no quintal

Sem polícia, nem a milícia,
Nem feitiço, cadê poder?
Viva a preguiça, viva a malícia
Que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia
Eu vou levando a vida
Eu viver bem melhor
Doido pra ver o meu sonho teimoso,
Um dia se realizar

                            Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento

Entendendo a canção:
01 – O que fala a letra desta canção?
      Fala de fantasias, de vida feliz, de sonho de uma sociedade melhor, sem problemas.

02 – Você gostou da letra desta canção? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Dê quem é a composição desta canção?
      Fernando Brant e Milton Nascimento.

04 – O que quer dizer no texto: Quero a utopia?
      É plano, ideal ou desejo impossível de realizar.

05 – A partir da canção, faça observação ou críticas para pensarmos a invenção da democracia no Brasil.
      Correspondente à época da ditadura no Brasil, não havia liberdade de expressão, e as questões eram muito restritas quanto à imprensa, opiniões das pessoas, aplicação de políticas contrárias ao regime que eram proibidas, entre outros fatores relacionados. Assim, a utopia, como um estado ideal, de realização, sonho e felicidade. Assim, ele apresenta nos trechos, como “Sonhar coisas boas”; “Viver bem melhor”; “gente feliz”, felicidade, alegria, justiça, entre outros. Temos a luta pela democracia em que as pessoas possam participar da política, ter direito ao voto, participar de manifestações, ter liberdade de expressão e com seus direitos e deveres a partir de uma constituição.

06 – Qual o objetivo o autor tinha quando compôs esta canção?
      Impor uma política onde o povo é que fala, onde todos têm voz, onde é possível fazer planos, e também viver o momento, uma sociedade onde temos direito ao “Vinho” e também ao “Pão”, onde há justiça, mas que também possa haver malícia, um lugar onde seja possível sonhar e realizar.

07 – Por que o autor citou São José da Costa Rica?
      Esta canção foi escrita porque a Costa Rica aboliu o seu exército, o único país latino sem exército

FILME(ATIVIDADES): MORTE AO REI - MIKE BARKER - SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

fILME(ATIVIDADES): MORTE AO REI

Data de lançamento 2003 (1h 42min)
Direção: Mike Barker
Gêneros HistóricoGuerra
Nacionalidade Reino Unido


SINOPSE E DETALHES
        Inglaterra, 1645. A nação está em ruínas. A guerra civil que dividia o país terminou. Os puritanos derrubaram o Rei Charles I (Rupert Everett), ganhando assim a batalha contra a corrupção. Surgem dois heróis pós-guerra; O Lorde General Thomas Fairfax (Dougray Scott) e o General Oliver Cromwell (Tim Roth). A missão de ambos é unir e reformar o país. Fairfax, membro da aristocracia, quer uma reforma moderada enquanto Cromwell exige a execução do Rei. O rei deposto acredita que seu reinado foi roubado por Fairfax e está determinado a reconquistá-lo. Encontra em Lady Anne Fairfax (Olivia Williams) uma simpatizante que se mantém fiel à monarquia. Fairfax se encontra cada vez mais dividido entre a fidelidade à esposa, Lady Ane, preservando sua classe social, e à causa revolucionária de seu companheiro. Cromwell age de forma cada vez mais agressiva e brutal e Fairfax percebe que precisa detê-lo, iniciando-se assim uma batalha onde a traição e a conspiração são as principais armas dos dois homens mais poderosos do país.

Entendendo o filme:

01 – Quais eram os grupos que se enfrentaram na guerra que Oliver Cromwell participou?
      Oliver Cromwell tinha um exército Puritano, que usou para enfrentar a Dinastia Stuart (onde foi criada a Lei do Cercamento) que deixou descontentes diversas pessoas.

02 – O que eles queriam? Qual o motivo da luta?
      O conflito se iniciou quando o parlamento impôs ao rei Carlos I a petição dos direitos, onde dizia que problemas com impostos, prisões, julgamentos e convocações do exército dó seriam possíveis com autorização do parlamento. O rei aceitou a imposição, mas não cumpriu. Após uma reunião onde o parlamento criticou as atitudes do rei, o mesmo dissolveu o parlamento e governou sem ele por onze anos.

03 – Quem era Oliver Cromwell?
      Foi um militar, ditador inglês e líder da Revolução Puritana que ocorreu na Inglaterra e substituiu a Monarquia por uma República. Governou como ditador com o título de Lorde Protetor do Estado Unificado (Inglaterra, Escócia e Irlanda).

04 – O que constava no Tratado que queriam que o rei assinasse?
      O rei Carlos I foi obrigado a assinar a Petição de Direitos, um documento que tornaria obrigatória a convocação regular do Parlamento e colocava os gastos do exército sob o controle de seus membros.

05 – Que poder tinha o Parlamento naquele momento?
      Absolutismo.

06 – Por que decidiram decapitar o rei?
     Criou-se uma comissão para o julgamento do rei e foi declarado culpado por traição, Carlos I foi decapitado em 1649.

07 – O que Oliver tornou-se após a morte do rei?
      Após a morte do monarca, Oliver Cromwell proclamou a república no país e ele assumiu o governo. Com o apoio do parlamento.

08 – Como foi o seu governo?
      Cromwell decretou, em 1651, o Ato de Navegação, medida de caráter mercantilista, que determinava que todo o transporte de mercadorias para a Inglaterra tinha que ser feito somente por navios ingleses. Não tendo que gastar dinheiro com fretes.
      Essa medida ajudou para que a Inglaterra se tornasse a maior potência marítima.
      Realizou várias reformas e favoreceu a ascensão econômica da burguesia.

09 – Quais os motivos que levaram à Inglaterra a tornar-se monarquia novamente?
      Em 1658, após a morte de Oliver Cromwell, pois ele não tinha sucessor, decidem restaurar a Monarquia.

10 – O período em que Oliver Cromwell dirigiu a Inglaterra, decretando, entre outros, o Ato de Navegação que consolidou a marinha inglesa em detrimento da holandesa, ficou conhecido como:
a)   Monarquia Absolutista.
b)   Monarquia Constitucional.
c)   Restauração Stuart.
d)   República Puritana.
e)   Revolução Gloriosa.

11 – A morte de Cromwell, em 1658, desencadeou uma nova onda revolucionária na Inglaterra, pois seu filho e sucessor, Richard, não conseguiu ter a mesma força política do pai. A situação na Inglaterra só se estabeleceu em 1688, com a chamada:
a)   Revolução Anarquista.
b)   Reforma Anglicana.
c)   Revolução dos Navegadores.
d)   Revolução Gloriosa.
e)   Revolução Industrial.





CRÔNICA: A VAGUIDÃO ESPECÍFICA -MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

CRÔNICA: A Vaguidão Específica
                 Millôr Fernandes

             "As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica."
                      Richard Gehman

        -- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
        -- Junto com as outras?
        -- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
        -- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
        -- Aquele de quando choveu?
        -- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
        -- Que é que você disse a ele?
        -- Eu disse pra ele continuar.
        -- Ele já começou?
        -- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
        -- É bom?
        -- Mais ou menos. O outro parece mais capaz. 
        -- Você trouxe tudo pra cima?
        -- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
        -- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
        -- Está bem, vou ver como.

Entendendo o texto:
01 – O texto é um diálogo:
a)   Entre dois homens.
b)   Entre duas crianças.
c)   Entre um homem e uma mulher.
d)   Entre duas mulheres.

02 – Que palavras do texto serviram de pistas para você responder a questão anterior?
        “-- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.”
        “—Sim senhora.”

03 – Qual é a relação entre as pessoas que dialogam no texto?
      Relação de patroa e empregada.

04 – Indique palavras do texto que contribuem para dar a ideia de algo vago, impreciso.
      Isso, outras, alguém, tudo, coisas, resto.

05 – Por que o título do texto é “Vaguidão Específica”?
      Segundo Richard Gehman, vago-específica é a maneira de falar das mulheres. E o texto traz a conversa de duas mulheres.

06 – Você compreendeu que o discurso é a forma concreta da manifestação individual da língua e essa manifestação implica a intencionalidade discursiva, a qual está presente em toda interação verbal. Com base nessa informação, e após a leitura do texto o autor explora intencionalmente a indeterminação da linguagem para comprovar o quê?
      Comprovar que, uma vez que se desconheça o contexto da comunicação, a fala das personagens torna-se incompreensível.

07 – O principal tema do texto é:
a)   A clareza das ideias.
b)   A incoerência das ideias.
c)   A incerteza das ideias.
d)   A vaguidão das ideias.
e)   A consistência das ideias.

08 – Leia o texto:
        “-- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
        -- Junto com as outras?”
        A vaguidão dessa passagem do texto acontece principalmente pelo uso de:
a)   Substantivos.
b)   Artigos.
c)   Preposições.
d)   Conjunções.
e)   Pronomes.

09 – As duas mulheres se entendem porque:
a)   São amigas.
b)   Falam de fatos que ambas conhecem.
c)   São patroa e empregada.
d)   Falam de fatos incompreensíveis.
e)   Têm uma relação comercial.

10 – No trecho: “-- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.” As palavras grifadas são, respectivamente:
a)   Artigo / substantivo / substantivo.
b)   Artigo / adjetivo / advérbio.
c)   Pronome / pronome / substantivo.
d)   Pronome / adjetivo / substantivo.
e)   Artigo / pronome / pronome.

11 – Quais são as palavras utilizadas no texto para substituir as coisas ou pessoas?
      Isso, outras, alguém, aquele, ele, outro.

12 – Transcreva dois exemplos de vocativo, Justificando:
      Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
      Olha, o homem está aí.

13 – Que mensagem o texto lhe transmitiu?
      O autor faz uma sátira a partir das ideias de que as mulheres falam muito e que só elas se entendem, para percebermos a importância de se construir um texto claro, compreensível e que transmita a ideia que se deseja passar ao leitor.


TEXTO: COMO EXPLICAR O AMOR - COM GABARITO

Texto: Como explicar o amor


     Contam que, uma vez, se reuniram os sentimentos e qualidades homens em um lugar da terra.
    Quando o aborrecimento havia reclamado pela terceira vez, a loucura, como sempre tão louca, lhes propôs:
        -- Vamos brincar de esconde-esconde?
        A intriga levantou a sobrancelha intrigada e a curiosidade, sem poder conter-se perguntou: esconde-esconde como é isso?
        -- É um jogo, explicou a loucura, em que eu fecho os olhos e conto de uma a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará meu lugar para continuar o jogo. O entusiasmo dançou seguido pela euforia.
        A alegria deu tantos saltos que acabou convencendo a dúvida e até mesmo a apatia, que nunca se interessava por nada.
        Mais nem todos quiseram participar.
        A verdade preferiu não esconder-se para que? se no final a encontravam?
        A soberba opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era a ideia não tivesse sido dela) e a covardia preferiu não ariscar-se.
        -- Um, dois, três, quatro… começou a contar a loucura.
        A primeira a esconder-se foi a pressa, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho.
        A fé subiu ao céu e a inveja se escondeu atrás da sombra do triunfo, que com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.
        A generosidade quase não conseguiu esconder-se, pois cada local que encontrava lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos, se era um lago cristalino era ideal para a beleza; se era a copa de uma árvore era perfeito para a timidez; se era o vou de uma borboleta melhor para a volúpia; se era uma rajada de vento magnífico para a liberdade, e assim, acabou escondendo-se em um raio de sol.
        O egoísmo, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início, ventilado e cômodo, mas apenas para ele.
        A mentira escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris), e a paixão e o desejo, no centro dos vulcões.
        O esquecimento, não me recordo onde, escondeu-se, mas isso não é o mais importante.
        Quando a loucura estava lá pelo 999.999, o amor ainda não havia encontrado um local se esconder, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder –se entre as flores.
        -- Um milhão – contou a loucura, e começou a busca.
        A primeira a aparecer foi a pressa apenas a três passos de uma pedra. Depois escutou-se a fé discutindo com deus no céu sobre zoologia.
        Sentiu-se vibrar a paixão e o desejo nos vulcões.
        Em um descuido encontrou a inveja, e claro, pode deduzir onde estava o triunfo.
        O egoísmo não teve que procurá-lo. ele sozinho saiu em disparada de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
        De tanto caminhar, a loucura sentiu sede, e ao aproximar-se de um lago descobriu a beleza.
        A dúvida foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado esconder-se.
        E assim foi encontrando a todos.
        O talento entre a erva fresca; a angustia em uma cova escura:
        A mentira atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano); e até o esquecimento, a quem já havia esquecido que estava brincando de esconde – esconde.
        Apenas o amor não aparecia em nenhum local. A loucura procurou atrás de cada árvore, em baixo de cada rocha do planeta, e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou em roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito.
        Os espinhos tinha ferido o amor nos olhos. A loucura não sabia o que fazer para desculpar-se chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia.
        Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra. O amor é sego é a loucura sempre o acompanha.

                                                                        Autor desconhecido.
Entendendo o texto:
01 – Qual o título do texto?
      Como explicar o amor.

02 – Quando os sentimentos se reuniram qual foi o primeiro a reclamar?
      O aborrecimento.

03 – Quem não sabia como brincar de esconde-esconde?
      A curiosidade.

04 – Quem explicou como brincar de esconde-esconde?
      A loucura.

05 – Qual sentimento que dançou? E foi seguido por que outro?
      O entusiasmo seguido pela euforia.

06 – A alegria deu tantos saltos que convenceu outros sentimentos, quais?
      A alegria convenceu a duvida e ate a apatia.

07 – Qual o sentimento que não quis se esconder?
      A verdade, a soberba e a covardia.

08 – Que sentimento achou o jogo tonto?
      A soberba.

09 – Onde escondeu-se o amor?
      O amor escondeu-se em baixo de uma linda roseira.

10 – Qual os sentimentos que andam juntos? E por quê?
      O amor e a loucura, pois durante o jogo enquanto a loucura procurava o amor ela achou que ele estava embaixo de uma planta e pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito. Os espinhos tinha ferido o amor nos olhos. A loucura não sabia o que fazer para desculpar-se chorou, rezou, implorou, pediu perdão e ate prometeu ser seu guia.




CRÔNICA: OS FILHOS DO LIXO - LYA LUFT - COM GABARITO

Crônica: Os filhos do lixo
                    
                            Lya Luft


        Há quem diga que dou esperança; há quem proteste que sou pessimista. Eu digo que os maiores otimistas são aqueles que, apesar do que vivem ou observam, continuam apostando na vida, trabalhando, cultivando afetos e tendo projetos. Às vezes, porém, escrevo com dor. Como hoje.
        Acabo de assistir a uma reportagem sobre crianças do Brasil que vivem do lixo. Digamos que são o lixo deste país, e nós permitimos ou criamos isso. Eu mesma já vi com estes olhos gente morando junto de lixões, e crianças disputando com urubus pedaços de comida estragada para matar a fome.
        A reportagem era uma história de terror – mas verdadeira, nossa, deste país. Uma jovem de menos de 20 anos trazia numa carretinha feita de madeiras velhas seus três filhos, de 4, 2 e 1 ano.
        Chegavam ao lixão, e a maiorzinha, já treinada, saía a catar coisas úteis, sobretudo comida. Logo estavam os três comendo, e a mãe, indagada, explicou com simplicidade: "A gente tem de sobreviver, né?".
        Não sei como é possível alguém dizer que este país vai bem enquanto esses fatos, e outros semelhantes, acontecem. Pois, sendo na nossa pátria, não importa em que recanto for, tudo nos diz respeito, como nos dizem respeito a malandragem e a roubalheira, a mentira e a impunidade e o falso ufanismo. Ouvimos a toda hora que nunca o país esteve tão bem. Até que em algumas coisas, talvez muitas, melhoramos.
        Mas quem somos, afinal? Que país somos, que gente nos tornamos, se vemos tudo isso e continuamos comendo, bebendo, trabalhando e estudando como se nem fosse conosco? Deve ser o nosso jeito de sobreviver – não comendo lixo concreto, mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo bem. Pois, se nos convencermos de que isso acontece no nosso meio, no nosso país, talvez na nossa cidade, e nos sentirmos parte disso, responsáveis por isso, o que se poderia fazer?

Entendendo a crônica:

01 – Assinale a alternativa que NÃO contém uma característica comum ao texto lido:
a) É argumentativo.
b) Trata de uma questão relevante em termos sociais, sustentando a opinião do autor.
c) As justificativas das posições elencadas pela autora reiteram o caráter argumentativo do texto.
d) A autora sustenta seu ponto de vista em bases sólidas, embora não emita opinião permitindo que o leitor a forme.
e) O texto oferece uma análise mais detalhada e reflexiva de uma notícia veiculada pela mídia.

02 – “Eu mesma já vi com estes olhos”. Assinale a alternativa que contém a melhor análise do significado da expressão:
a) O trecho contém um termo que repete desnecessariamente uma ideia já retratada.
b) A redundância do termo ‘já vi com estes olhos’ é legítima para conferir à expressão mais vigor e clareza.
c) A construção ‘eu mesma já vi’ é irrepreensível em seu emprego e constitui um pleonasmo vicioso.
d) ‘vi com estes olhos’ deixa a desejar a confirmação da ideia que desejou reiterar.
e) ‘eu mesma’ contém um fenômeno chamado tautologia que se configura pela repetição desnecessária de dois termos que se excluem.

03 – Pelo termo ‘ufanismo’, entende-se:
a) orgulho exagerado.
b) corrupção
c) falta de patriotismo
d) ocultação da verdade
e) imitação do estrangeiro.