sexta-feira, 9 de março de 2018

TEXTO: O SOLDADO AMARELO - FRAGMENTO DE VIDAS SECAS - GRACILIANO RAMOS - COM GABARITO

Texto: O soldado amarelo
            Graciliano Ramos


   [...] Desembaraçou o cabresto, puxou o fação, pôs-se a cortar as quipás e as palmatórias que interrompiam a passagem.
        Tinha feito um estrago feio, a terra se cobria de palmas espinhosas. Deteve-se, percebendo rumor de garranchos, voltou-se e deu de cara com o soldado amarelo que, um ano antes, o levara à cadeia, onde ele aguentara uma surra e passara a noite. Baixou a arma. Aquilo durou um segundo. Menos: durou uma fração de segundo. Se houvesse durado mais tempo, o amarelo teria caído esperneando na poeira, com o quengo rachado. [...]
        O soldado, magrinho, enfezadinho, tremia. E Fabiano tinha vontade de levantar o facão de novo. Tinha vontade, mas os músculos afrouxavam. [...]
        Tinha medo e repetia que estava em perigo, mas isto lhe pareceu tão absurdo que se pôs a rir. Medo daquilo? Nunca vira uma pessoa tremer assim. Cachorro. Ele não era dunga na cidade? Não pisava os pés dos matutos, na feira? Não botava gente na cadeia? Sem-vergonha, mofino.
        Irritou-se. Por que seria que aquele safado batia os dentes como um caititu? Não via que ele era incapaz de vingar-se? Não via? Fechou a cara. A ideia do perigo ia-se sumindo. Que perigo? Contra aquilo nem precisava fação, bastavam as unhas. Agitando os chocalhos e os látegos, chegou a mão esquerda, grossa e cabeluda, à cara do polícia, que recuou e se encostou a uma catingueira, o infeliz teria caído.
        Fabiano pregou nele os olhos ensanguentados, meteu o facão na bainha. Podia mata-lo com as unhas. Lembrou-se da surra que levara e da noite passada na cadeia. Sim senhor. Aquilo ganhava dinheiro para maltratar as criaturas inofensivas. Estava certo? O rosto de Fabiano contraía-se, medonho, mais feio que um focinho. Hem? Estava certo? Bulir com as pessoas que não fazem mal a ninguém. Por quê? Sufocava-se, as rugas na testa aprofundavam-se, os pequenos olhos abriam-se, escondia-se por trás da árvore. E Fabiano cravava as unhas nas palmas calosas. [...] Durante um minuto, a cólera que sentia por se considerar impotente foi tão grande que recuperou a força e avançou para o inimigo.
        A raiva cessou, os dedos que feriam a palma descerraram-se – e Fabiano estacou desajeitado, como um pato, o corpo amolecido.
        Aquela coisa arriada e achacada metia as pessoas na cadeia, dava-lhes surra. Não entendia. Se fosse uma criatura de saúde e muque, estava certo. Enfim, apanhar do governo não é desfeita, e Fabiano até sentiria orgulho ao recordar-se da aventura. Mas aquilo... Soltou uns grunhidos. Por que motivo o governo aproveitava gente assim? Só se tinha receio de empregar tipos direitos. Aquela cambada só servia para morder as pessoas inofensivas. Ele, Fabiano, seria tão ruim se andasse fardado? Iria pisar os pés dos trabalhadores e dar pancada neles? Não iria. [...]
        Aprumou-se, fixou os olhos nos olhos do polícia, que se desviaram. Um homem. Besteira pensar que ia ficar murcho o resto da vida. Estava acabado? Não estava. Mas para que suprimir aquele doente que bambeava e só queria ir para baixo? Inutilizar-se por causa de uma fraqueza fardada que vadiava na feira e insultava os pobres! Não se inutilizava, não valia a pena inutilizar-se. Guardava a sua força.
        Vacilou e coçou a testa. Havia muitos bichinhos assim ruins, havia um horror de bichinhos assim fracos e ruins.
        Afastou-se inquieto. Vendo-o acanalhado e ordeiro, o soldado ganhou coragem, avançou, pisou firme, perguntou o caminho. E      Fabiano tirou o chapéu de couro.
        Governo é governo.
        Tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao soldado amarelo.
                                                 Graciliano Ramos. Vidas secas. São Paulo:
                                                                                  Record, 1982, p. 99-107.
Interpretação do texto:
01 – Qual foi a primeira reação de Fabiano ao encontrar o soldado amarelo?
      Fabiano baixou a arma. Aquilo durou um segundo. Menos: durou uma fração de segundo. Se houvesse durado mais tempo, o amarelo teria caído esperneando na poeira, com o quengo rachado.

02 – Fabiano tinha certeza do que deveria fazer? Como conclui-se isso?
      Ele não tinha certeza, tinha vontade de levantar o facão, mas tinha medo e repetia que estava em perigo.
      Conclui-se pela frase: “Tinha vontade, mas os músculos afrouxavam. [...].

03 – Como você entende a frase dita por Fabiano: “Governo é governo”, logo após ele decidir ensinar o caminho ao soldado amarelo?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Escreva, com suas palavras, uma frase com o mesmo significado da frase da questão anterior.
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Fabiano se sentia injustiçado?
      Sim. Foi preso por desacato ao soldado amarelo... mesmo sem intenção.

06 – Observe a frase final do capítulo: “Tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao soldado amarelo”. As ações destacadas indicam quais sentimentos de Fabiano em relação ao soldado amarelo? Explique.
      Por ter complexo de inferioridade, submete-se às autoridades e aos poderosos. E conformado com a vida que ele e sua família têm e atribui isso ao destino.

07 – No texto, há várias palavras pouco conhecidas, algumas típicas da região Nordeste. Mesmo sem conhecer exatamente o significado de todas as palavras, podemos perceber o significado de algumas delas, a partir do texto. Observe o trecho;
“[...] Desembaraçou o cabresto, puxou o fação, pôs-se a cortar as quipás e as palmatórias que interrompiam a passagem. [...] Tinha feito um estrago feio, a terra se cobria de palmas espinhosas. [...]”
        As palavras destacadas são plantas, animais ou pedras? justifique sua resposta.
      São plantas:
      - Quipás: É uma planta da família das cactáceas, comum na caatinga nordestina.
      - Palmatórias: Planta cactácea do Brasil = Palmilha –do-Papa.
      - Palmas: Palmeira ou espécime das Palmáceas.

08 – No texto, há várias palavras típicas da região Nordeste. Pesquise no dicionário as palavras abaixo:
- Garranchos: galho fino de árvore, graveto.
- Quengo: nuca, parte traseira da cabeça.
- Dunga: indivíduo corajoso, valentão.
- Mofino: infeliz, azarento, caipora.
- Látegos: açoite de corda ou de correia.
- Catingueira: nome de uma árvore.
- Arriada: zueira, sarro, uma brincadeira.
- Achacada: adoentado, enfermo, combalida.
- Acanalhado: acafajestado, próprio de canalha.

09 – No texto, há momentos em que a linguagem focaliza as ações de Fabiano e as reações do soldado amarelo; há passagens em que a linguagem parece brotar de dentro do personagem. Nestas, o narrador continua presente, mas é como se registrasse apenas os pensamentos que passavam pela cabeça do personagem! que recurso usou o narrador para relatar o que a personagem pensava?
      O narrador é onisciente conta a história em 3ª pessoa e às vezes, permite certas intromissões narrando em 1ª pessoa. Ele conhece tudo sobre o enredo, sobe o que passa no íntimo das personagens, conhece suas emoções e pensamentos.

10 – “Agora dormia na bainha rota, era um troço inútil, mas tinha sido uma arma”. Por que o facão ora é uma arma ora é um troço inútil?
      Era arma quando pensou em usá-la para ferir o soldado amarelo e um troço inútil quando a guardou na bainha.

11 – Qual é o modo de citação do discurso de Fabiano na frase “Governo é Governo”? Justifique sua resposta.
      O modo de citação é o discurso direto, pois o discurso do personagem por meio do autor é feita de modo objetivo e direto.

12 – Nas cinco últimas linhas do texto, o narrador relata que Fabiano transformou em subserviência a sua raiva contra o soldado amarelo – cite a passagem em que a própria fala de Fabiano Traduz essa reação de submissão.
        “Fabiano tirou o chapéu de couro.
        Governo é governo.
        Tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao soldado amarelo.”


POEMA: O ANALFABETO POLÍTICO - BERTOLD BRECHT - COM GABARITO

Poema: O analfabeto político

       
        O pior analfabeto é o analfabeto político.
        Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
        Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
        O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo [...].
                                                                                                       Bertold Brecht.
                                                            Atribuído a Bertold Brecht. Disponível em:
                                                  http://www.culturabrasil.org/brechtantologia.htm
Interpretação do texto:
01 – Segundo o poema, quem é o analfabeto político?
      É aquele que não interessa pela vida política.

02 – Você conhece algum “analfabeto político” como foi descrito no texto?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato dependem de decisões políticas.”

A partir da leitura do trecho acima, marque a opção que reflete o estado desse homem não politizado.
a) Desolação e descrença.
b) Alienação e indiferença.
c) Insatisfação e acomodação.
d) Preocupação e ingenuidade.
e) Desamparo e incompreensão

04 – A dimensão política do ser humano se constrói, constitui-se e alarga-se num longo processo de aprendizado, desde os pequenos espaços sociais até os mais complexos contextos. Sabendo-se que esse caminhar possibilita o grande desafio para o efetivo exercício da cidadania. Assinale a alternativa que ratifica esta assertiva.
a) Compreender que a cidadania se conquista politicamente da forma plena, mesmo numa sociedade dividida em classes.
b) Saber que existe uma política democrática que viabiliza mudanças econômicas, políticas, educacionais e acreditar nelas.
c) Reconhecer o aparato estatal e a tradição política conservadora do país e, ainda assim ter expectativa de que aconteçam mudanças qualitativas na sociedade.
d) Ter conhecimento legal e ser cônscio de que na sociedade democrática é assegurado o direito de todos à liberdade de pensamento, à manifestação de opinião, à associação, ao credo, de modo que a luta por esses direitos seja uma consequência da consciência de sua garantia.
e) Ser indiferente às questões políticas que perpassam e estão inseridas em todos os âmbitos de desenvolvimento da sociedade, admitindo que só a política partidária influencia as ações politizadas.

05 – No poema, fatos da vida cotidiana, como o preço do feijão e do remédio, dependem de decisões políticas. Você imagina que tipo de decisão política influencia esses aspectos? Quem toma essas decisões?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Faça uma lista com outros itens da vida cotidiana que também dependem de decisões políticas.
·        Pegar ônibus: valor da passagem – abastecer o carro – gasolina controlada pelas decisões políticas.
·        No trabalho: leis trabalhistas – regime –horário.
·        Ao fazer compras de qualquer coisa, há a política de impostos.
·        Ao assistir algum filme ou espetáculo; eles estão debaixo de leis (de liberação ou censura).
·        Os serviços que são oferecidos como água, esgoto, energia elétrica e telefonia, gás, enfim tudo dependem de decisões políticas.   
  
07 – Quais as consequências da ignorância política, segundo o poema?
      Nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

08 – Você concorda com o que o poema afirma sobre quem não se interessa por política? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Há alguma relação com as afirmações do poeta alemão e a realidade política no Brasil de hoje? Explique.
      Da definição brechtiana de analfabeto político, a única característica que sobrevive nos dias atuais é o proclamado e contraditório ódio à política. De resto (e por causa das transformações sociais, culturais e tecnológicas que experimentamos), o analfabeto político dos dias atuais é bem diferente daquele dos tempos de Brecht.

10 – A partir da reflexão sugerida pelo poema de Berthold Brecht, “O Analfabeto Político”, é CORRETO afirmar que:
a)   O desinteresse pela política tem consequências econômicas e sociais que afetam todos as pessoas, tanto as que participam ativamente da política como aquelas que se abstêm.
b)   Todas as pessoas deveriam participar diretamente da política institucional: quer dizer, se candidatar a algum cargo eletivo, já que vivemos em uma democracia participativa.
c)   Brecht sugere que as pessoas analfabetas não se interessam por política e por isso são culpados pelo surgimento de problemas sociais, como prostituição, corrupção e altos preços de alimentos.
d)   A política é, como mostra Brecht, uma atividade altamente especializada que deve ser exercida apenas por profissionais – sobretudo economistas, que conseguirão tomar as melhores decisões.
e)   O envolvimento de pessoas analfabetas na política – que podem votar e se candidatar a cargos eletivos – é o responsável pela situação crítica que enfrentamos e pela corrupção.

11 – Quais os três adjetivos dados ao político no final desse texto? E qual foi dado aos empresários?
      Adjetivos do político: vigarista, pilantra e corrupto.
      Adjetivo do empresário: lacaio (homem sem dignidade).

12 – Você acha que a política interfere em sua vida? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

quinta-feira, 8 de março de 2018

MÚSICA: ANNA JÚLIA - LOS HERMANOS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Música: Anna Júlia
                                            Los Hermanos
Quem te vê passar assim por mim
Não sabe o que é sofrer
Ter que ver você, assim, sempre tão linda
Contemplar o sol do teu olhar, perder você no ar
Na certeza de um amor
Me achar um nada
Pois sem ter teu carinho
Eu me sinto sozinho
Eu me afogo em solidão

Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia

Nunca acreditei na ilusão de ter você pra mim
Me atormenta a previsão do nosso destino
Eu passando o dia a te esperar
Você sem me notar
Quando tudo tiver fim, você vai estar com um cara
Um alguém sem carinho
Será sempre um espinho
Dentro do meu coração

Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia

Sei que você já não quer o meu amor
Sei que você já não gosta de mim
Eu sei que eu não sou quem você sempre sonhou
Mas vou reconquistar o seu amor todo pra mim

Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia, Júlia, Júlia.

Entendendo a canção:

01 – De que fala esta canção?
      Conta uma história real sobre uma menina, Anna Júlia Werneck, na época estudante de jornalista da PUC, por quem o então produtor da banda era apaixonado.

02 – Na canção Anna Júlia onde tem vocativo e aposto?
      Vocativo: O nome da canção “Anna Júlia”.
      Aposto: (é um termo que explica outro termo da oração) – ... onde vai estar com um cara, um alguém sem carinho.

03 – Cite as figuras de linguagem encontradas nos seguintes versos:
a)   “Contemplar o sol do seu olhar”.
Prosopopeia.

b)   “Eu me afogo em solidão.”
Metáfora.

c)   “Sei que você já não quer o meu amor
Sei que você já não gosta de mim.”
Anáfora.

04 – Como eu poético se mostra na primeira estrofe?
      Se mostra um cara apaixonado, e que toda vez que ela passa por ele o faz sofrer por amor. Se acha um nada e sempre fala que nunca vai ter novamente o amor de Anna Júlia.

05 – Em que versos o eu poético fala que nunca acreditou na ilusão e nem a previsão de ter ela com ele e nem do destino deles?
      “Nunca acreditei na ilusão de ter você pra mim
       Me atormenta a previsão do nosso destino.”

06 – Nos versos:
      “Quando tudo tiver fim, você vai estar com um cara
       Um alguém sem carinho
       Será sempre um espinho
       Dentro do meu coração.”

O que o eu poético quis dizer?
      Que não suporta ver outro alguém com sua amada e muito menos ver Anna Júlia sofrer.

07 – Que interpretação podemos fazer da terceira estrofe (última parte)?
      O eu poético fala que ele sabe que Anna Júlia não quer o amor dele e que ela não gosta dele e que ele não é quem ela sempre sonhou, mas ele vai reconquistar o seu amor.





FILME(ATIVIDADES): PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS - SINOPSE - ATIVIDADES PARA SALA DE AULA COM GABARITO

FILME(ATIVIDADES):   Percy Jackson e o ladrão de Raios


 Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6R5l3zREnLj36hGIQYPZEiLm6MqasJypbvuCjMw0jjzLfBgYKQ9BvbDlMAQv9HbtXx8ovMSkMDZEc4rIyjrm6u7jlfF38g-7Hi_JTvB-H_PJgWPP6rNitYT9ZQDGADlGDLBSS6c060qutoWUwUVbf-Ddod1esCDP0ETMNnBOIdY2GwX6fHUx5YGWp/s355/Percy_Jackson_&_the_Olympians_-_The_Lightning_Thief.jpg

Sinopse:
        O arteiro Percy Jackson está encrencado na escola, mas esse nem de longe é seu maior desafio. Estamos no século 21, mas os deuses do Olimpo saem das páginas dos livros de mitologia grega de Percy e entram em sua vida. Ele descobre que seu pai verdadeiro é Poseidon, deus dos mares, o que significa que Percy é um semideus – metade humano, metade deus. Ao mesmo tempo, Zeus, rei de todos os deuses, acusa Percy de roubar seu raio, a primeira e verdadeira arma de destruição em massa.
        Agora, Percy tem de se preparar para a maior aventura de sua vida, e os riscos não poderiam ser maiores.
        Com nuvens de tempestade sinistras encobrindo o planeta e com sua vida ameaçada, Percy viaja até um enclave especial, um campo de treinamento para mestiços, onde aperfeiçoa seus recém-descobertos poderes para evitar uma guerra devastadora entre os deuses. É lá que ele conhece dois outros semideuses: a guerreira Annabeth, que procura sua mãe, a deusa Atena; e seu amigo de infância e protetor, Grover, um corajoso sátiro cujas habilidades ainda não foram testadas.
        Grover e Annabeth unem-se a Percy numa incrível odisséia transcontinental, que os leva para 600 andares acima da cidade de Nova York (o portal para o Monte Olimpo) e para o famoso letreiro de Hollywood, sob o qual arde o fogo do Mundo dos Mortos.
        O destino da humanidade depende do resultado dessa jornada, bem como a vida da mãe de Percy, Sally, que ele terá de resgatar das profundezas do submundo.

Entendendo o filme:

01 – Como vivia Percy Jackson antes de saber quem realmente era?
      Vivia sendo expulso das escolas, com sua mãe e Gabe seu padrasto que cheirava a esgoto.

02 – Quem era seu amigo de todas as horas?
      Grover. 

03 – Por que todos se preocupavam com ele? Para que tanta proteção?
      Porque ele é um meio-sangue, os monstros sentem o cheiro dos meio-sangues e tentam matá-lo. 

04 – Descreva com detalhes a reação que Percy teve ao se deparar com a Fúria.
      Sentiu medo claro, pois imagina sua ''professora'' vira um monstro, mas graças ao Sr Brunner (quiron) lhe deu uma caneta que se transforma em espada chamada contracorrente e Percy destruiu a Fúria. 

05 – Quais personagens se encontram logo no início da história e sobre o que falam?
      A Fúria, Quiron, Grover, Percy, etc.

06 – Na mitologia grega, como era chamado um filho nascido de um deus do Olimpo com um ser humano?
      Semideus. 

07 – Quem era o pai de Percy Jackson e que poderes ele herdou de seu pai?
      Seu pai é Poseidon.
Percy pode entrar na água e não se molhar, tornando objetos secos ao tocá-los. 
Percy tem controle sobre a água, sendo capaz de manipulá-la.
Quando está na água, Percy ganha mais energia, força e fica curado de seus ferimentos involuntariamente.
 
Percy pode respirar embaixo d'água.Percy pode convocar o poder do mar mesmo distante.
Percy pode criar bolhas de água, e pode usá-las para flutuar.

08 – Quem era o ladrão de raios e porque aconteceu esse roubo?
      Luke, porque queria entregar o raio a Cronos só que falhou, sendo pego por Ares que usou o raio para tentar causar uma grande guerra no Olimpo que também falhou, sendo pego por Percy que devolveu o raio a Zeus.

09 – Como a história se finaliza? Faça um breve resumo da parte final.
      A profecia se cumpre pois Luke traiu Percy com um escorpião só que Percy sobreviveu e Percy sabia que Cronos estava tentando voltar e que isso tinha a ver com a grande profecia que podia envolver ele.

10 – Comente o que achou da história e da produção do filme.
      Resposta Pessoal.

TEXTO: AS PALAVRAS - JEAN-PAUL SARTRE - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


TEXTO: AS PALAVRAS


        Eu ainda não sabia ler, mas já era bastante esnobe para exigir os meus livros. Meu avô foi ao patife de seu editor e conseguiu de presente Os contos do poeta Maurice Bouchor, narrativas extraídas do folclore e adaptadas ao gosto da infância por um homem que conservava, dizia ele, olhos de criança. Eu quis começar na mesma hora as cerimônias de apropriação. Peguei os dois volumezinhos, cheirei-os, apalpei-os, abri-os negligentemente na “pagina certa”, fazendo-os estalar. Debalde: eu não tinha a sensação de possuí-los. Tentei sem maior êxito trata-los como bonecas, acalentá-los, beijá-los, surrá-los. Quase em lágrimas, acabei por depô-los sobre os joelhos de minha mãe. Ela levantou os olhos de seu trabalho: “O que queres que eu te leia, querido? As fadas?” Perguntei, incrédulo: “As Fadas estão aí dentro?” A história me era familiar: minha mãe contava-a com frequência, quando me levava, interrompendo-se para me friccionar com água-de-colônia, para apanhar debaixo da banheira o sabão que lhe escorregara das mãos, e eu ouvia distraidamente o relato bem conhecido; eu só tinha olhos para Anne-Marie, a moça de todas as minhas manhãs; eu só tinha ouvidos para a sua voz perturbada pela servidão; eu me comprazia com suas frases inacabadas, com suas palavras sempre atrasadas, com sua brusca segurança, vivamente desfeita, e que descambava em derrota, para desaparecer em melodioso desfiamento e se recompor após um silêncio. A história era coisa que vinha por acréscimo: era o elo de seus solilóquios. Durante o tempo todo em que falava, ficávamos sós e clandestinos, longe dos homens, dos deuses e dos sacerdotes, duas corças no bosque, com outras corças, as Fadas; eu não conseguia acreditar que se houvesse composto um livro a fim de incluir nele este episódio de nossa vida profana, que recendia a sabão e a água-de-colônia.
        Anne-Marie fez-me sentar à sua frente, em minha cadeirinha; inclinou-se, baixou as pálpebras e adormeceu. Daquele rosto de estátua saiu uma voz de gesso. Perdi a cabeça: quem estava contando? o quê? e a quem? Minha mãe ausentara-se: nenhum sinal de conivência, eu estava no exílio. Além disso, eu não reconhecia sua linguagem. Onde é que arranjava aquela segurança? Ao cabo de um instante, compreendi: era o livro que falava. Dele saíam frases que me causavam medo: eram verdadeiras centopeias, formigavam de sílabas e letras, estiravam seus ditongos, faziam vibrar as consoantes duplas: cantantes, nasais, entrecortadas de pausas e suspiros, rica em palavras desconhecidas, encantavam-se por si próprias e com seus meandros, sem se preocupar comigo: às vezes desapareciam antes que eu pudesse compreendê-las, outras vezes eu compreendia de antemão e elas continuavam a rolar nobremente para o seu fim sem me conceder a graça de uma vírgula. Seguramente, o discurso não me era destinado. Quanto à história, endomingara-se: o lenhador, a lenhadora e suas filhas, a fada, todas essas criaturinhas, nossos semelhantes, tinham adquirido majestade, falava-se de seus farrapos com magnificência; as palavras largavam a sua cor sobre as coisas, transformando as ações em ritos e os acontecimentos em cerimônias. Alguém se pôs a fazer perguntas: o editor de meu avô, especializado na publicação de obras escolares, não perdia ocasião de exercitar a jovem inteligência de seus leitores. Pareceu-me que uma criança era interrogada: no lugar do lenhador, o que faria? Qual das duas irmãs preferiria? Por quê? Aprovava o castigo de Babette? Mas essa criança não era absolutamente eu, e fiquei com medo de responder. Respondi, no entanto: minha débil voz perdeu-se e senti tornar-me outro. Anne-Marie, também, era outra, com seu ar de cega superlúcida: parecia-me que eu era filho de todas as mães, que ela era mãe de todos os filhos. Quando parou de ler, retomei-lhe vivamente os livros e saí com eles debaixo do braço sem dizer-lhe obrigado.

                       SARTRE, Jean-Paul. As palavras. Trad. J.Guinsburg.
                         6. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984. p. 33-5.

Entendendo o texto:
01 – As “cerimônias de apropriação” de que fala o texto (primeiro parágrafo) constituem um tipo de leitura? Comente.
     SIM, a leitura sensorial. O aluno deve perceber que essa leitura ocorre sempre, cotidianamente, em sua vida de estudante.

02 – A história das Fadas tinha um papel na relação entre mãe e filho. Releia atentamente o primeiro parágrafo e explique esse papel.
     Era o momento em que mãe e filho se isolavam do mundo e se pertenciam mútua e exclusivamente. O filho se concentrava nas palavras da mãe e se sentia livre na companhia dela e das criaturas do conto de fadas.

03 – Por que o narrador nos diz que sua mãe “adormeceu” (segundo parágrafo)? Essa imagem se revela importante para o desenvolvimento da narrativa?
     Ela passa a ser um intermediário entre o livro e ele, a quem o texto era dirigido. Ela perde sua autonomia de modelar a história e passa a ser mero reprodutor da história contada pelo livro.

04 – O que significa a “voz de gesso” de que fala o texto?
     A voz de quem lê o que fala, diferente da voz de quem simplesmente fala.

05 – “... era o livro que falava”. Comente essa frase, baseando-se nos dados que o texto oferece sobre a linguagem que o narrador então ouvia.
     O registro linguístico em que a história estava sendo contada fazia com que o narrador percebesse que não era mais a sua mãe a produtora do texto e modeladora da realidade nela contida: o texto estava pronto no livro.

06 – Em que consiste uma história “endomingada”? E o que significa dizer que “as palavras largavam a sua cor sobre as coisas”?
     O registro linguístico não era mais coloquial, mas sim formal. E a formalidade das palavras contagiava a história, que assumia ares mais cerimoniosos.

07 – Comente a ideia de que Anne-Marie tinha um “ar de cega superlúcida”.
     Era uma “cega superlúcida” porque não “via” nada, ou seja, não provinha mais dela a realidade contada na história; ainda assim, o livro concedia aa ela o total conhecimento sobre a história contada.

08 – É evidente no texto a surpresa que a palavra escrita traz ao narrador. Procure detectar as diferentes entre a experiência oral da linguagem e a experiência escrita baseando-se no que o texto nos diz. Concentre-se nas diferenças percebidas pelo narrador entre a narrativa oral e a narrativa escrita e na ideia expressa em: “... parecia-me que eu era filho de todas as mães, que ela era mãe de todos os filhos.”
     O aluno deve perceber que a história que fazia parte do cotidiano do narrador passou a ser mais impessoal, mais universal na forma que assumiu no livro.


TEXTO: A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER - PAULO FREIRE - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


TEXTO: A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER


       Rara tem sido a vez, ao logo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos.
    Aceitei fazê-lo agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.

        Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na descodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado – e até gostosamente – a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.
        A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me ouvia – e até onde não sou traído pela memória –, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós – à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores. A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das avencas de minha mãe –, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os “Textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto – em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber – se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles, nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.

                                          Freire, Paulo. A importância do ato de ler.
                                           12. ed. São Paulo, Cortez, 1986. p. 11-3.

Entendendo o texto:
01 – O texto, apesar de se apresentar na forma escrita, mantém algumas características da língua falada. Aponte as que você perceber e comente-as.
       O aluno deve perceber que, por ser a transcrição de uma palestra, o texto é a forma escrita de uma realidade falada. São índices da linguagem falada a colocação pronominal (“Me parece indispensável”, “Me vejo”), o uso de termos de referência imediata (“aqui”, “agora”).

02 – Na sua opinião, porque o texto aproxima a prática pedagógica da prática política?
     Educar é não apenas fornecer conhecimento formal, mas principalmente formar cidadãos. Daí a função política inerente à atividade educativa.

03 – Por que, segundo o texto, a leitura não se esgota na “descodificação pura da palavra escrita”?
     Porque ler é algo que se integra à “inteligência do mundo”, ou seja, à compreensão crítica do mundo.

04 – Comente a passagem “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não passa prescindir da continuidade da leitura daquele”.
     Aprende-se a compreender o mundo antes de se aprender a ler – aprender a ler não pode, portanto, ser um processo completo quando não se integra esse aprendizado ao da compreensão do mundo.

05 – Em que consiste a “leitura” do mundo de que fala o texto?
     Ler o mundo é apreender o significado daquilo que nos rodeia: o valor social e afetivo da nossa realidade.

06 – Explique o conceito de “palavramundo”.
     É a palavra que se aprende vinculada à experiência da realidade de que ela fala. A palavra em seu sentido efetivo e social pleno.

07 – Por que o texto apresenta as formas “re-crio” e “re-vivo” em lugar de “recrio” e “revivo”?
     O destaque gráfico dado aos prefixos busca enfatizar seu significado, muitas vezes diluído pelo uso constante das palavras.

08 – Quais são os “textos”, as “palavras” e as “letras” das primeiras “leituras” de Paulo Freire? Qual a importância dessas leituras para a formação e desenvolvimento da pessoa?
     O aluno deve perceber que, nesse caso, “textos”, “palavras” e “letras” são os dados da realidade que circundava a criança. Como pertencem à própria tomada de consciência do "eu" e do mundo, são elementos básicos na formação da pessoa.

09 – Você se recorda de suas primeiras “leituras”? Conte aos seus colegas, oralmente, uma experiência dessas leituras, expondo os “textos”, “frases” e “palavras” que você “leu”.
     Resposta pessoal.