CRÔNICA: O
PRIMEIRO PÊLO
Elias, aquele pedacinho de gente, com a
cara mais atrevida deste mundo, plantou-se diante do pai, que lia o jornal.
-- Pai, eu
já sou um homem!
Como o pai
não desse sinal de ter ouvido, repetiu:
-- Pai, eu
já sou um homem!
-- Você sempre foi, meu filho. Desde
que nasceu – respondeu, afinal o pai.
-- Isso eu
sei. Quero dizer, agora já sou grande.
-- Não me parece que você tenha
crescido muito de ontem para hoje ... – disse o pai, olhando o garoto de alto a
baixo.
-- É que eu sou ... eu sou ...
-- Já sei. Você quer dizer que se
tornou adulto.
-- É, é isso mesmo.
-- E por que o senhor meu filho acha
que se tornou adulto de ontem para hoje?
-- O senhor está vendo aqui? – E
apontava um pontinho preto no queixo. – Está vendo?
-- Não vejo nada. Venha mais perto.
Ahnn! Será que estou vendo um pelinho aí?
-- É o meu fio de barba, pai. Eu já sou
um homem.
-- Ora, meu filho! É apenas um fio, e
um fio não faz uma barba toda. Aliás, lembra-se de sua avó, minha mãe? A vovó
tinha uma verruguinha no queixo e três fios de barba. Veja bem: três fios. Nem
por isso ela dizia que era homem!
-- Mas eu já sou um adul... Isso que o
senhor disse. Por isso, preciso de aumento de mesada, quero chegar tarde em
casa e levar a chave da porta.
-- É uma pena, é uma pena ... lamentou
o pai, balançando a cabeça.
-- Pena porque ia dar-lhe um presente
agora que você completa doze anos. Mas ... Preciso mudar de presente.
-- Mudar, pai?
-- Claro, quando você era menino, ia
ganhar uma bicicleta dessas que você sempre quis. Mas, sendo um homem, vou dar
a você um aparelho de barba.
O garoto apoiou-se num pé, depois no
outro, profundamente pensativo. Ah! Ia perder aquela sonhada bicicleta!
Resolveu:
-- Pai, vamos fazer uma coisa. Eu deixo
pra ficar homem mais tarde e o senhor me dá a bicicleta, certo?
-- Certo – concordou o pai. – E peça à
sua mãe para tirar esse pelinho daí com uma pinça. Não fica bem um menino com
barba de homem.
Mário Donato
Entendendo o texto:
01 – O texto conta uma
conversa entre duas pessoas. Quais são elas?
O pai e o Elias.
02 – Para afirmar que já é
um homem, Elias dirige-se ao pai com segurança, com humildade ou com medo?
Justifique com citações do texto.
Segurança.
03 – Ao responder que o
filho era homem desde que nasceu, o pai referia-se ao aspecto físico,
psicológico ou social?
Físico.
04 – Por que Elias achava
que já era adulto?
Por causa de um
fio de barba.
05 – O fato de ser adulto,
segundo Elias, dava-lhe alguns direitos. Quais?
Aumentar a mesada, chegar mais tarde e
levar a chave da porta.
06 - Por que Elias resolveu
“deixar para ficar homem mais tarde”?
Para poder ganhar
a bicicleta, que era o seu sonho.
07 – Baseado no que acabou
de ler, destaque o assunto principal do texto.
a) O primeiro dia
de aula de Elias.
b) O primeiro pelo que
nasceu em Elias.
c) A história da bicicleta
que Elias ganhou.
d) O dia que Elias não foi à
escola.
08 – Qual a finalidade desse
tipo de texto?
a) Narrar uma história.
b) Anunciar algo.
c) Divertir o público.
d) Descrever algo.
09 – Leia a frase: “— Pai,
eu já sou um homem! Como o pai não desse sinal de ter ouvido, repetiu:”. Agora,
pinte os quadros onde aparecem os sinais de pontuação utilizados no texto acima,
na ordem em que eles aparecem.
a) , . ! . ! ?
b) , . _ , . ?
c) _ , ! , :
d) . ? ! _
10 – Leia: “— E por que o
senhor meu filho acha que se tornou adulto de ontem para hoje?”. Qual a função
do ponto “?” utilizado no final da
frase?
a) Finalizar.
b) Pergunta.
c) Exclamar.
d) Pausar.
11 – Leia a frase no quadro
abaixo, preenchendo de forma correta as pontuações que faltam no texto.
“E por que o senhor meu filho acha que se tornou
adulto de ontem para hoje? – O senhor está vendo
aqui? E apontava um pontinho preto no queixo. – Está vendo?”