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terça-feira, 21 de novembro de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: ADOLESCÊNCIA E IDENTIDADE - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

Adolescência e identidade
              
Rosely Sayão

  "Ser adolescente não é fácil e meus pais não percebem isso", disse-me uma garota de 15 anos, chorando.
 Concordo com ela, por vários motivos. De largada, eles foram considerados "aborrecentes", uma expressão que deve ser riscada do vocabulário, já que sugere que os jovens aborrecem os adultos com suas crises, mudanças de humor, rebeldias etc.
        Com sua presença, enfim.
        A quem considera os adolescentes desagradáveis, lembro que todo adulto já encarnou um, fato que costuma ser convenientemente esquecido. E lembro, também, que é preciso entender que deixar de ser criança significa, primeiramente, perder muita coisa.
        A ansiedade que os jovens sentem com as mudanças que ocorrem no corpo deles não é coisa pequena nesse mundo em que a aparência é tão valorizada, por exemplo. Mas hoje vou conversar sobre o processo de crise de identidade nessa fase.
        Os pais são o prolongamento da criança, já que tudo o que ela faz passa por eles. Perder esse apoio e referência tão fortes provoca vulnerabilidade e é trabalhoso porque significa construir e procurar sua própria identidade. Isso supõe testar capacidades, aprender a reconhecer limites e riscos, organizar sua relação com o grupo e reconhecer o que quer e o que pensa, entre outros processos.
        Passar por isso com a fragilidade que os adultos vivem nesse tempo só torna as coisas ainda mais difíceis. Essa é a crise de identidade, uma das passagens inevitáveis desse período.
        Para saber quem quer ser, o adolescente precisa saber quem são seus pais. Para chegar a um local desconhecido é preciso estar bem localizado, saber onde está e de onde veio, não é?
        O espírito da lei recentemente aprovada no Senado, que permite aos filhos adotados conhecer dados de seus pais biológicos, é esse. O problema é que esse conhecimento tem sido complicado porque muitos pais não dão rumo aos filhos.
        "Você escolhe, você é quem sabe, você decide" são expressões que os pais dizem com frequência a filhos pequenos acreditando que, com isso, lhes dão autonomia. Não. Desse modo, negam aos filhos o conhecimento de quem são e de onde estão e a própria condição de criança. "Sou praticamente um adulto", ouvi um garoto de nove anos dizer.
        Para tornar-se adulto, o adolescente precisa passar por sua crise dentro da família para conseguir se organizar fora dela. Por isso, os pais precisam "segurar a onda", apoiá-lo e se fazer presentes não fisicamente sempre que o filho precisar.
        A família precisa ser continente para o filho em crise, mas muitos pais estão "caindo fora", como dizem os jovens.
        Ser impotente para se relacionar com o filho adolescente parece uma epidemia e isso só agrega dificuldade à já difícil tarefa deles -como reclamou a garota citada-, que só colabora para o adiamento da aquisição de uma identidade.
        Um adolescente não pode ser como uma criança, assim como um adulto não pode ser como um adolescente. Precisamos encontrar soluções para esse duplo problema.

               ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?"
                                                                                                    (Ed. Publifolha)

  ENTENDENDO O TEXTO

01 – Agora, pesquise no dicionário o melhor sinônimo para as palavras em negrito. Não vale qualquer sinônimo, tem que ser um que tenha sentido com a frase do texto.
      - Identidade: Conjunto de caracteres pessoais que determinam que um indivíduo é único.

      - Vulnerabilidade: Suscetível de ser ferido, ofendido, atacado de maneira física ou moral.

      - Fragilidade: Fraco, indefeso.

    - Aquisição: Ato ou resultado de adquirir, de obter ou conseguir – Exemplo: A aquisição de conhecimento é o que de mais precioso podemos fazer por nós mesmos.

  02 – O texto aborda uma questão que é real na vida de qualquer ser humano. Especificamente, a questão abordada é:
Assinale a alternativa correta.
( ) A transição da fase de criança para a adolescência.
( ) O relacionamento entre pais e filhos.
(X) A crise de identidade , uma das passagens inevitáveis nesse período.
( ) As crises de rebeldia e a mudança de humor.

  03 – Que argumentos a autora utiliza para mostrar que “ser adolescente não é fácil.”? 
      Diz que a expressão “aborrecentes” deve ser riscada do vocabulário e que os jovens tem suas crises, mudança de humor, rebeldias, etc.     

 04 – Que conselho ela dá a quem considera os adolescentes desagradáveis? 
      Ela lembra que todo adulto já encarnou um adolescente, e que este fato costuma ser convenientemente esquecido.

  05 – A autora diz que “deixar de ser criança significa perder muita coisa”. O que você considera ter perdido ao passar para a adolescência? 
      Resposta pessoal do aluno.

  06 – Das coisas perdidas, de que você sente mais falta? 
      Resposta pessoal do aluno.

  07 – Dar liberdade, poder de escolha aos filhos pequenos é uma forma de dar-lhes autonomia? Explique utilizando os argumentos do texto.
      Não. Desse modo, negam os filhos o conhecimento, de quem são e de onde estão e a própria condição de criança.

        Ler bem e interpretar um texto é uma habilidade que você está adquirindo com muita propriedade e sucesso. Mas não é tudo, você precisa saber usar a gramática na sua fala e escrita. Vamos lá, reveja seus estudos e faça as questões propostas.

  08 – Assinale a opção em que houve erro no emprego do pronome pessoal em relação ao uso culto da língua:
a) Ele entregou um texto para mim corrigir.
b) Para mim, a leitura está fácil.
c) Isto é para eu fazer agora.
d) Não saia sem mim.
e) Entre mim e ele há uma grande diferença.

  09 – (UF-MA) Identifique a oração em que a palavra certo é pronome indefinido:
a) Certo perdeste o juízo.
b) Certo rapaz te procurou.
c) Escolheste o rapaz certo.
d) Marque o conceito certo.

  10 – (ITA-SP) – O plural de terno azul-claro e terno verde-mar é:
       a)   Ternos azuis-claros; ternos verdes-mares
       b) Ternos azuis-claros; ternos verde-mares
       c)   Ternos azul-claro; ternos verde-mar
       d)  Ternos azul-claros; ternos verde-mar
       e)  Ternos azuis-claros; ternos verde-mar.


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: PRESSIONAR CRIANÇAS PARA QUE SEJAM BONS ALUNOS RESULTA EM DESÂNIMO - ROSELY SAYÃO -COM GABARITO


Artigo de Opinião: Pressionar crianças para que sejam bons alunos resulta em desânimo

                                                                     Rosely Sayão

Pesquisas apontam aumento na taxa de suicídio entre os jovens brasileiros, e o fenômeno é mundial. Por esse motivo, alguns países têm se preocupado com a depressão em crianças e jovens. A Academia Americana de Pediatria, por exemplo, recomendou que os médicos devem sempre procurar sinais dessa doença nos mais novos. Sinal amarelo piscando.
Precisamos pensar com atenção na saúde mental de nossas crianças e de nossos jovens. Mas parece que nem as famílias e nem as escolas têm essa questão como importante: ambas são criadoras de muitas causas que podem afetar negativamente a qualidade de vida emocional de quem elas deveriam cuidar. Vamos levantar alguns pontos que podem provocar pressão em demasia, ansiedade e medos de fracasso nas crianças e nos jovens.
Primeiramente, a pressão sobre a vida escolar. Nunca, nunca antes tivemos famílias e escolas tão empenhadas em fazer com que filhos e alunos tenham alta performance escolar, o que significa, é claro, boas notas, aprovação com destaque em exames e provas etc. Mas por quê?
Porque, de repente, decidimos que o bom rendimento escolar da criança é pré-requisito fundamental para um futuro profissional promissor. Posso assegurar-lhe que não é, por dois motivos bem simples. Primeiro: bom rendimento escolar não significa, necessariamente, bom aprendizado. Segundo: estamos um pouco atrasados nessa premissa, já que, hoje, ter estudos não garante nada, absolutamente nada em termos profissionais, e não apenas em nosso país. Agora, imagine crianças – inclusive as mais novas – e jovens pressionados até o limite para que sejam bons alunos. Só pode resultar em ansiedade, desânimo, receios etc. Junte a isso as acirradas competições às quais eles são submetidos, o bullying – que eu reputo à ausência de adultos na tutela dos mais novos –, as agendas lotadas de compromissos, as intermináveis lições de casa (muitas vezes motivos para brigas entre pais e filhos), a erotização precoce que promove busca infantil por um determinado tipo de beleza etc.
Uau! Se para um adulto essa mistura já pode ser explosiva para a sanidade mental, imagine, caro leitor, para crianças e adolescentes! E o que podemos fazer? Muita coisa! Deixar de confundir cobrança com pressão já pode ser um grande passo. Nossos filhos e alunos precisam ser cobrados a levar sempre adiante sua vida escolar. Mas precisamos ser mais compreensivos quando eles não conseguem, e ajudá-los no esforço que precisam investir para aprender, em vez de pressioná-los mais ainda.
As famílias podem e devem também ensinar os filhos a lidar com suas emoções. Sabe quando uma criança pequena pega algum objeto de vidro e os pais o ensinam a tomar cuidado porque é frágil e ela pode quebrar, mesmo sem querer? Podemos fazer a mesma coisa com os sentimentos que ela experimenta. Posso ilustrar isso que acabei de dizer com o seguinte exemplo: quando uma criança manifesta raiva, devemos ensiná-la que essa emoção e suas manifestações podem machucá-la e também os outros.
E a escola precisa se dar conta de que o ambiente escolar pode ser – e em geral é – neurotizante para muitas crianças! E não é por falta de conhecimento que não mudamos esse panorama.
Vamos cuidar da saúde mental de nossas crianças e jovens tanto quanto cuidamos de sua saúde física!

Adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2016/03/1747467-pressionar-criancas-ate-o-limite-para-que-sejam-bons-alunos-so-pode-resultar-em-ansiedade-edesanimo.shtml Acesso em 10 de março de 2016.

Em relação ao texto “Pressionar crianças para que sejam bons alunos resulta em desânimo”, é correto afirmar que

 a)  a pressão familiar e escolar para que os jovens em idade escolar obtenham um excelente desempenho intelectual, conforme pesquisas recentes, é a causa da depressão que tem afetado os jovens brasileiros massivamente, fato que culmina no suicídio.
 b)  a excessiva valorização do desempenho escolar acaba gerando alunos extremamente preocupados com o futuro profissional e que esquecem-se de aproveitar devidamente as fases da infância e da adolescência que antecedem a vida de adulto.
 c)  conforme pesquisas recentes, ao lado da pressão familiar e escolar, outros fatores como o bullying e a erotização precoce acarretam em crianças e adolescentes demasiadamente preocupados não só com o desempenho escolar mas também com a adequação da aparência a um determinado padrão de beleza, fatores que ocupam um ranking de primeira e segunda causas que mais geram suicídio entre jovens.
 d)  devido aos resultados de pesquisas que indicam um aumento na taxa de suicídio entre jovens brasileiros é importante que tanto as famílias quanto as escolas brasileiras preocupem-se com as cobranças e responsabilidades demasiadas que essas instituições direcionam às crianças e jovens em idade escolar.
 e)  em conformidade com a recomendação feita pela Academia Americana de Pediatria aos médicos e após o alerta das recentes pesquisas que identificam um significativo aumento na taxa de suicídios entre jovens, os pediatras brasileiros têm procurado por sinais de depressão em seus pacientes mesmo quando estes se apresentam para consultas de rotina.