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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

TEXTO/RELATO: PEQUENO RELATO DE UM PINGUIM DE GELADEIRA - REGINA CHAMLIAN

 Texto/Relato: Pequeno relato de um pinguim de geladeira

                       Regina Chamlian

        Nunca esqueci o instante em que mãos pouco amistosas agarraram-me e, sem maiores explicações, me encerraram numa caixa de papelão.

        Esse gesto significou para mim o fim de uma era de felicidade.

        Ali, naquela cozinha, sobre a geladeira, ouvi conversas, projetos, sonhos, presenciei almoços e jantares, discussões, cenas de amor.

        Ali, sobre a geladeira, teci meus próprios projetos e sonhei com o Ártico onde, com outros pinguins de porcelana, eu nadava no gelo.

        Mas o calor e o ronco do motor sempre me chamavam de volta à realidade da casa e sua rotina.

        Durante anos foi assim.

        Houve momentos em que desejei falar com os habitantes humanos da casa. Eu me iludi, pensei que também fizesse parte da família. Até que os fatos revelaram a verdade. De uma hora para outra, passei a ser odiado, olhado com desprezo, rejeitado brutalmente. E fui afastado do convívio dos homens.

        O longo período em que passei no interior daquela caixa de papelão me transformou numa criatura medrosa, insegura, sujeita a crises nervosas e ataques de choro. No começo, pensava ser o único pinguim de geladeira a sofrer essa violência. Não suspeitava que um verdadeiro pogrom havia sido levantado contra nós, um anátema fora lançado contra nossa espécie. Estávamos sendo completamente banidos da decoração dos lares.

        Mais tarde vim a saber que, muitos dos meus pares, nascidos na mesma fábrica que eu, quebraram-se, partiram-se em mil pedaços, perderam uma asa, uma costela, um bico, um olho. Depois, foram jogados no lixo.

        Por quê?

        O que motivou tanta perseguição?

        Descobri, escutando fiapos de conversas através das paredes de papelão: pinguim em cima de geladeira tinha saído de moda. Pior: éramos sinônimo de mau-gosto, o exemplo perfeito do kitsch. Ninguém queria ser visto conosco, ninguém queria nos acolher.

        Tive sorte de me manter inteiro.

        Então, nem sei quanto tempo depois, a caixa de papelão foi aberta, mãos amistosas (e desconhecidas) pegaram-me com cuidado, acariciaram meu corpo esmaltado e ouvi: "Que lindo. E como está perfeito."

        O resto, vocês já devem ter imaginado.

        Levaram-me para a cozinha e lá me instalaram.

        É onde estou agora, na cozinha, sobre a geladeira.

        Ouço conversas, projetos, sonhos.

        Presencio almoços e jantares, discussões, cenas de amor.

        Às vezes, sonho com o Ártico.

        Uma imensa geladeira desliza nas águas geladas daqueles mares.

        E pinguins quebrados, sem bicos, sem olhos, sem asas, nadam em volta de minha embarcação branca.

        De repente, alguém abre a geladeira, pega uma garrafa de coca cola e fecha a porta rudemente, com o pé.

        Assustado, volto à realidade da casa e sua rotina.

        Estou aqui, sozinho agora, na cozinha, sobre a geladeira.

        Mas, até quando?

                Regina Chamlian. Contos e outras prosas. Revista Crioula. Maio de 22008. N° 3.

Entendendo o texto/relato:

01 – A respeito do texto é possível afirmar que:

a)   É narrador em 3ª pessoa.

b)   É baseado em fatos reais.

c)   É um texto jornalístico.

d)   É uma experiência vivida por um personagem fictício.

02 – Os relatos de experiência se caracterizam por apresentar uma situação inicial, um clímax e um desfecho. Qual dessas sequências representa a ordem cronológica linear dessa estrutura no texto?

a)   Caixa de papelão – geladeira – geladeira.

b)   Geladeira – caixa de papelão – geladeira.

c)   Caixa de papelão – geladeira – caixa de papelão.

d)   Geladeira – geladeira – caixa de papelão.

03 – Quem é o protagonista, ou participante da ação?

      O pinguim, que é o narrador.

04 – Descreva os lugares onde ocorreu o fato.

      Em cima da geladeira e dentro de uma caixa de papelão.

05 – Em que pessoa os verbos pronomes são empregados predominantemente?

      Em 1ª pessoa.

06 – Quais são os elementos básicos da narrativa do relato?

      A sequência dos fatos, pessoas, tempo, espaço.

 

terça-feira, 25 de setembro de 2018

RELATO DE VIAGEM - AMYR KLINK - COM GABARITO

 Relato de viagem 

        O que você vai ler

        O trecho do relato de viagem que você vai ler foi escrito pelo navegador brasileiro Amyr Klink, que já realizou diversas façanhas, como passar um ano inteiro na Antártida e dar a volta ao mundo pela rota mais difícil: a circum-navegação em torno do continente antártico. O texto a seguir faz parte de um livro chamado Cem dias entre céu e mar, em que Amyr Klink relata uma viagem de travessia do Atlântico Sul. O navegador percorreu 7 mil quilômetros, da Namíbia (África) à cidade de Salvador (Brasil), entre 10 de junho e 19 de setembro de 1984. Foi a primeira vez que um homem cruzou sozinho o Atlântico Sul em um barco a remo de 6 metros de comprimento. 
        Durante a travessia, Amyr registrou, dia após dia, os desafios enfrentados e os pensamentos a respeito do que viu.

        Partir 

        A situação a bordo era desoladora. O vento ensurdecedor, o mar difícil, roupas encharcadas, muito frio e alguns estragos. Pela frente, uma eternidade até o Brasil. Para trás, uma costa inóspita, desolada e perigosamente próxima. Sabia melhor que ninguém avaliar as dificuldades que eu teria daquele momento em diante. Estava saindo na pior época do ano, final de outono, e teria pela frente um inverno inteiro no mar. 
[...] 
        Finalmente, meu caminho dependeria do meu esforço e dedicação, de decisões minhas e não de terceiros, e eu me sentia suficientemente capaz de solucionar todos os problemas que surgissem, de encontrar saídas para os apuros em que porventura me metesse. 
        Se estava com medo? Mais que a espuma das ondas, estava branco, completamente branco de medo. Mas, ao me encontrar afinal só, só e independente, senti uma súbita calma. Era preciso começar a trabalhar rápido, deixar a África para trás, e era exatamente o que eu estava fazendo.
[...] 
        Não estava obstinado de maneira cega pela ideia da travessia, como poderia parecer - estava simplesmente encantado. Trabalhei nela com os pés no chão, e, se em algum momento, por razões de segurança, tivesse que voltar atrás e recomeçar, não teria a menor hesitação. Confiava por completo no meu projeto e não estava disposto a me lançar em cegas aventuras. Mas não poder pelo menos tentar teria sido muito triste. Não pretendia desafiar o Atlântico - a natureza é infinitamente mais forte do que o homem -, mas sim conhecer seus segredos, de um lado ao outro. Para isso era preciso conviver com os caprichos do mar e deles saber tirar proveito. E eu sabia como.
[...]
        Uma foca solitária 

        Acordei no dia seguinte sobressaltado, dolorido após o esforço feito na véspera. Mal me lembrava de ter deitado para dormir. Encaixado no fundo da popa, eu não sentia o movimento do barco e só via o horizonte e as estrelas passando rápido pela janelinha. Mas, ao me levantar para ir ao trabalho, percebi que o mar piorara bastante durante a noite. Paciência! Agora era comigo mesmo. Tinha um imenso e desconhecido oceano pela frente que na verdade me atraía, e para trás, gravada na memória, uma fase dura, da qual não sentia a mínima saudade. 
        E comecei a remar. Remar de costas, olhando para trás, pensando para frente. Eu queria me afastar o mais rapidamente possível da costa africana. Avançava com dificuldade, devido às ondas que me molhavam a cada cinco minutos, mas não podia parar. Cada centímetro longe dessa região era de fundamental importância. 
        Sopram ali, o ano todo, ventos implacáveis, que movem as dunas do deserto da Namíbia e carregam a areia fina, deixando os diamantes à flor da superfície. Diamantes da mais alta qualidade (gem quality), lavados pelo mar e polidos pela areia, e em tal extensão que sua exploração é fortemente controlada e delimitada. 
        É a "zona proibida dos diamantes", que isola toda a costa até Walvis Bay e onde qualquer embarcação que se aproxima não tarda a ser apreendida. Nenhum veículo, por terra, ou ar, que ultrapasse seus limites pode sair dali. Por mar, a mesma coisa. Por outro lado, qualquer aproximação, ainda que de emergência, é impraticável, pois não existe em enorme extensão de litoral um único abrigo ou enseada acessível, ou livre de arrebentação. 
        Ao mesmo tempo, eu navegava na região que detém o recorde do maior número de naufrágios junto à costa, em tempo de paz, até 1945, de todo o continente africano. Não sem razão. Zona de ressurgência fria, com turbulências térmicas e ondas acima da altura média para sua latitude, a navegação por essas águas é dificultada por fenômenos anormais surgidos com as bruscas variações de temperatura.
[...] 
        De fato, nada colaborava para que eu achasse normal a paisagem à minha volta. Ondas completamente descontroladas, águas escuras, tempo encoberto, um barulho ensurdecedor. Por onde andariam as tranquilas águas azuis do Atlântico de que tanto ouvi falar? Sem dúvida, longe da África. 
[...]
        No fim do dia, ao me levantar para amarrar os remos e jogar a biruta no mar, antes de ir dormir, olhei para o horizonte e, em vez de mar, como imaginava, o que vi? As dunas do deserto! Durante a noite, enquanto dormia, o barco derivara de volta e eu me encontrava novamente junto à costa. 
[...] 
        Naquela mesma noite fui acordado diversas vezes por ondas que golpeavam o barco com impressionante violência. O mar parecia ter enlouquecido e não havia mais nada que eu pudesse fazer a não ser permanecer deitado e rezar. Choques tremendos, um barulho assustador, tudo escuro; adormeci. E acordei, deitado no teto, quase me afogando em sacolas e roupas que me vieram à cabeça. Tudo ao contrário: eu havia capotado. Indescritível sensação. Estaria sonhando ainda? 
        Não. Alguns segundos, outra onda e tudo voltava à posição normal em total desordem! 
        Mal tive tempo de analisar o que se passou, e o mundo deu novamente uma volta completa, tão rápida que nem cheguei a sair do lugar. Lembrei-me da blusa verde, que ganhei da Anne Marie, solta no cockpit, e dos remos - estariam ainda inteiros no seu lugar? Impossível descobrir naquele momento. Precisava tirar a água primeiro. Não havia tempo para pensar. Sem que eu parasse um minuto de acionar a alavanca da bomba, o dia começou a nascer e pude então perceber o tamanho da encrenca. 
[...] 
Amyr Klink. Cem dias entre céu e mar. 3. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995. p. 21-22 e 47-50.
Glossário

Arrebentação: choque das ondas ou lugar onde elas se quebram. 
Biruta: aparelho para indicar a direção do vento. 
Cockpit: local destinado aos pilotos de carros de corrida ou em algumas embarcações. 
Derivar: desviar da rota. 
Desolador: que apresenta aparência de isolamento, desamparo e aflição. 
Enseada: pequena baía na costa do mar, que serve de porto a embarcações. 
Hesitação: indecisão, dúvida. 
Inóspito: desfavorável à vida; difícil. 
Latitude: distância de um ponto do globo terrestre em relação à linha do Equador. 
Obstinado: inflexível; que defende uma opinião ou propósito, mesmo quando contrários à razão; teimoso. 
Popa: parte de trás de uma embarcação. 
Ressurgência: movimento ascendente de águas profundas para a superfície. 
Sobressaltado: bastante agitado; inquieto.

Entendendo o texto:

01 – Com base nas informações do texto e da seção O que você vai ler, responda. 
a) O relato trata de que viagem?    
      De uma travessia do oceano Atlântico (Atlântico Sul). 

b) Quem está realizando a viagem?   
      Amyr Klink.

c) Quem está relatando essa viagem?   
      O próprio Amyr Klink.

d) Qual é o veículo utilizado na viagem? 
      Um barco a remo de 6 metros de comprimento.

e) Como é a região por onde Amyr Klink passou? 
      É uma região perigosa, com ressurgências e turbulências, ondas com altura acima da média e com variações de temperatura.

02 – O texto que você leu apresenta duas partes: em uma delas, Amyr Klink fala dos sentimentos dele em determinado momento da viagem e, em outra, apresenta uma situação de perigo que enfrentou. Quais os títulos dessas duas partes respectivamente? 
      A parte do texto em que o navegador revela medos, apreensões e certezas tem o título “Partir”. Na outra parte, o título é “Uma foca solitária”, em que Amyr Klink relata o momento em que o barco fica à deriva e capota.

03 – Releia a primeira parte do texto. Como Amyr Klink se sentia em relação à viagem a que se lançou? 
      Embora estivesse com medo, ele se sentia capaz de solucionar todos os problemas que surgissem, de encontrar saídas para os apuros em que porventura se metesse, sentia confiança em seu projeto, mas tinha consciência dos desafios, a serem superados.

04 – Amyr Klink planejou a viagem antes de realizá-la. Retire do texto um trecho. 
      “Não estava obstinado de maneira cega pela ideia da travessia, como poderia parecer – estava simplesmente encantado. Trabalhei nela com os pés no chão e, se em algum momento, por razões de segurança, tivesse que voltar atrás e recomeçar, não teria a menor hesitação.” 

05 – Na primeira parte do texto, Amyr Klink demonstra respeito à natureza. Transcreva a passagem que mostra a visão do autor sobre seu relacionamento com a natureza.
      “Não pretendia desafiar o Atlântico – a natureza é infinitamente mais forte do que o homem –, mas sim conhecer seus segredos, de um lado para o outro. Para isso era preciso conviver com os caprichos do mar e deles saber tirar proveito. E eu sabia como.”

06 – Releia o título da segunda parte do texto. Que significado ele tem, levando em conta o que foi relatado por Amyr Klink?   
      Esse título faz uma comparação do navegador com um animal marinho e indica que Amyr Klink estava navegando sozinho, tal como uma foca solitária. 

07 – Mesmo sabendo das dificuldades que enfrentaria na viagem, há situações, na segunda parte do texto, em que o autor se vê apreensivo e surpreso. 
a) De qual região era fundamental que Amyr Klink se afastasse rapidamente? Por quê? 
      Da costa africana, pois nessa região sopram ventos implacáveis o ano todo e porque se tratava de uma região recorde em naufrágios, de todo o continente africano até 1945. 

b) Qual perigo ele estaria correndo se não se afastasse logo dessa região? Justifique sua resposta. 
      A embarcação de Amyr Klink poderia ser aprendida se ele se aproximasse da “zona proibida dos diamantes”. Além disso, uma aproximação, mesmo que emergencial, seria impraticável, pois nessa região não existe um único abrigo ou lugar acessível para ancorar a embarcação que seja livre de arrebentação.

c) Como Amyr Klink se sente ao avistar as dunas do deserto da Namíbia? 
      Ele fica surpreso, pois não esperava que a embarcação mudasse de rota e ele, em vez de ver o mar, voltasse a ver a costa. 

d) Por que ele demonstra esse sentimento? 
      Após remar durante um dia inteiro, ele esperava ter alcançado o alto-mar, mas, ao avistar as dunas, compreendeu que ainda não tinha conseguido se afastar da costa africana. 

e) O que aconteceu com o barco que deixou o navegador totalmente incapacitado para agir? 
      Durante uma noite, o barco foi golpeado por ondas extremamente violentas e capotou. Só quando o barco voltou a posição normal o navegador pôde tomar as providências necessárias. 

08 – Com base no texto lido, é possível imaginar as situações que o navegador enfrentou nessa fase da viagem? Por quê?   
      Sim, pois o texto dá muitas informações e descrições que nos possibilitam saber como era o barco e imaginar as condições climáticas, os principais perigos e quais desafios o navegador estava enfrentando. 

09 – Você acredita que Amyr Klink teve sucesso em sua travessia? Justifique sua resposta.   
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Se você fosse realizar uma viagem como essa de Amyr Klink, o que seria necessário saber? 
      Espera-se que os alunos mencionem a necessidade de conhecimentos marítimos e de navegação, fazer um planejamento da viagem, realizar uma pesquisa sobre a região a ser visitada, etc. 


quinta-feira, 12 de abril de 2018

RELATO: EUREKA: NO PÓLO DESCOBRI A TERRA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: Eureka: no Pólo descobri a terra


        Acordamos às 6 horas no dia 20 de abril para ir a Iqaluit. Às 8 horas já tínhamos lotado o ônibus com algumas toneladas de material e em poucos minutos estávamos no aeroporto. Partimos às 10 horas.
      Enquanto voávamos na direção norte, olhamos da janela do avião, vimos o terreno mudar constantemente. O número de árvores diminuía cada vez mais, os lagos iam ficando congelados.
        E o solo branco de neve.
     Depois de três horas de voo, descemos em Iqaluit, uma cidade de 3 mil habitantes, antigamente um povoado de esquimós.

 ANNE HEURSEL     Eureka: no Pólo descobri a terra.
                                                                        São Paulo. FTD 1992. Fragmento.

Entendendo o texto:
01 – Esse texto pertence ao gênero:
a) carta
b) conto
c) crônica
d) relato
e) sinopse.


02 – Em que pessoa verbal estão os verbos ( acordamos, tínhamos, estávamos ) no texto acima?
a) primeira pessoa do singular
b) segunda pessoa do plural
c) primeira pessoa do plural
d) terceira pessoa do plural.

03 – “ O número de árvores diminuía cada vez mais, os lagos iam ficando congelados..."
As palavras destacadas no trecho acima são classificadas, respectivamente:
a) substantivo, substantivo, advérbio
b) substantivo, substantivo, adjetivo
c) substantivo, advérbio, adjetivo
d) substantivo, substantivo, pronomes.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

RELATO DE VIAGEM: OS PIRATAS EXISTEM! HELOÍSA SCHURMANN - COM GABARITO

RELATO: OS PIRATAS EXISTEM!
                   Heloísa Schurmann


    Na nossa segunda volta ao mundo na trilha de Magalhães, (1997-2000)
Enfrentamos em nossa rota muitos perigos, ao passarmos por regiões onde aconteciam ataques de piratas. Fomos vítimas de uma tentativa, mas conseguimos fugir.
 Muitas pessoas, e mesmo navegadores sem conhecimento ou informações atualizadas, acham que o assunto é ficção, mas o perigo é real e está aumentando pelos mares do mundo. Os piratas atacam veleiros, barcos de mergulho e navios de carga. Mas o mais recente ataque foi a um navio de cruzeiro!
        Na semana passada, no dia 5 de novembro, o navio Seabourn Spirit navegava pelo noroeste da África, no oceano Índico, na costa da Somália quando foi atacado por dois pequenos barcos com piratas armados.
        O incidente ocorreu no início da manhã, por volta das 05:30. Os passageiros foram acordados com o barulho de tiros e explosões de granadas. O capitão Sven Erik Pedersen ordenou que todos os passageiros fossem imediatamente para o salão principal, na área interna do navio, para ficarem protegidos, longe da área aberta, exposta ao perigo. O capitão fez de tudo para evitar que os piratas subissem a bordo.
        A tripulação do navio iniciou imediatamente ações de proteção e ações evasivas utilizando armas sônicas, e os homens armados dos dois pequenos barcos não tiveram como subir a bordo. O navio, então, saiu da área de risco.
        O Seabourn Spirit tinha, no momento do ataque, 151 passageiros e 161 tripulantes. Destes, apenas um tripulante foi levemente ferido por estilhaços. O navio sofreu apenas arranhões na pintura e pequenos amassados que não comprometem sua estrutura.
        O cruzeiro estava se dirigindo para Mombasa, no Quênia, o último destino de um roteiro de 16 noites que saiu de Alexandria, no Egito. O último destino foi mudado para as ilhas Seicheles.
        Nesse mesmo local, em 1993, o veleiro Serenité de amigos nossos franceses, foi atacado por piratas e seu proprietário foi baleado e morreu ao tentar evitar o ataque e defender sua tripulação.
        As empresas que têm navios que passam por esta região deverão evitar estes locais por um bom tempo para a segurança de seus hóspedes.
                                     Heloísa Schurmann - Diário de Bordo – 8 de Novembro de 2005

Entendendo o texto:

01 – O texto fala sobre aventuras vividas no mar.
a)   Qual é o ambiente onde essas aventuras são vividas? Descreva-o de acordo com as pistas que o texto oferece.
      Na Trilha de Magalhães. Enfrentamos em nossa rota muitos perigos, ao passarmos por regiões onde aconteciam ataques de piratas. Fomos vítimas de uma tentativa, mas conseguimos fugir.

02 – O texto cita duas referências do tempo em que esses episódios aconteceram.
a)   O que aconteceu entre os anos de 1997 e 2000?
A segunda volta ao mundo na Trilha de Magalhães.

b)   O que aconteceu em 5 de novembro?
Aconteceu um ataque de piratas com dois barcos pequenos armados.

c)   O fato que aconteceu no dia 5 de novembro é referente a que ano?
Aconteceu entre 1997 – 2000.

03 – O texto fala sobre diversas pessoas.
a)   Quem eram os personagens envolvidos no episódio que ocorreu entre 1997 e 2000?
A autora, os passageiros e a tripulação.

b)   Quem eram os personagens envolvidos no episódio que ocorreu em 5 de novembro?
O capitão Sven Erik Pederson, os passageiros e a tripulação.

04 – As aventuras narradas no texto são reais ou ficcionais? 
Retire do texto um trecho que comprove sua resposta.
      Reais.        Muitas pessoas, e mesmo navegadores sem conhecimento ou informações atualizadas, acham que o assunto é ficção, mas o perigo é real e está aumentando pelos mares do mundo. Os piratas atacam veleiros, barcos de mergulho e navios de carga. Mas o mais recente ataque foi a um navio de cruzeiro!

05 – Qual é a intenção dos piratas ao atacarem as embarcações?
      Roubar os bens, suas mercadorias e riquezas existente no navio.

06 – Leia o trecho abaixo, que foi retirado do 4° parágrafo:
" O incidente ocorreu no início da manhã, por volta das 05:30."
a)   A que incidente o trecho está se referindo?
Os passageiros foram acordados com barulho de tiros e explosões de granadas.

07 – O texto é narrado por Heloísa. No entanto, no 1° parágrafo ela usa várias palavras que dão ideia de que ela não estava sozinha ao vivenciar aquela experiência.
a)   Grife todas as palavras que confirmam essa afirmativa.
Nossa, enfrentamos, passarmos e fomos.

b)   Reescreva o 1° parágrafo como se você estivesse narrando a aventura de Heloísa e de sua família.
Resposta pessoal do aluno.


segunda-feira, 13 de março de 2017

RELATO: MEU AMIGO MAIS ANTIGO - ZIRALDO ALVES PINTO - COM GABARITO

TEXTO: MEU AMIGO MAIS ANTIGO
               ZIRALDO ALVES PINTO

          Meu pai e minha mãe acreditavam que presente bom para filho era livro.
          Meus colegas de Grupo Escolar – era assim que se chamava a escola primária do meu tempo – não achavam isso, não. Eles gostavam era de carrinho, boneco de corda, bicicleta, piorras, bolas de futebol...
          Essas coisas é que eram presentes bons. Acreditavam que esse negócio de eu ganhar livro em lugar de brinquedo era golpe do meu pai que, coitado, não podia gastar dinheiro com brinquedos caros.
          Havia, porém, duas coisas que meus colegas de escola não sabiam. A primeira é que eu adorava livros, gostava mesmo de ganha-los de presente. Chegava a tremer de emoção enquanto abria o embrulho que papai trazia de suas viagens, tentando adivinhar a capa do livro que o embrulho escondia.
          A outra coisa é que meu pai, também, tinha lido livros que marcaram muito sua vida de menino.
          De um deles, especialmente, papai não se esquecera nunca. Ele tinha lido esse livro ali pelos 10 1 11 anos, na sua escola.
          Isso foi no começo dos anos 20, e ele lembrava que achou estranho encontrar um livro infantil, na escola, só para menino ler e não para estudar. Ele achava isso o máximo! E não se esquecia de que o livro se chamava “Narizinho Arrebitado”.
          Ele queria muito reencontrá-lo para dar pro seu filho de presente, talvez, para os dois lerem juntos e ele voltar um pouco à sua infância.
          Já havia bem mais de 20 anos que ele havia lido aquele livro e nunca mais tinha ouvido falar dele, perdido que vivia numa cidadezinha do interior do Brasil.
          Até que um dia cheguei da escola trazendo um livro que havia pedido emprestado na Biblioteca do Grupo Escolar. E o livro se chamava “Reinações de Narizinho”.
          Eu perguntei pro meu pai: “Não será esta menina aqui a sua Narizinho, pai?” E ele me perguntou: “Como é o nome do autor do livro?” Eu disse: “Um tal de Monteiro Lobato!”
          O rosto do meu pai se iluminou e, a partir desse dia, o Monteiro Lobato e eu ficamos amigos para sempre.

          Ziraldo Alves Pinto. Meu amigo mais antigo. Especial para a Folhinha,
               Publicado no jornal Folha de São Paulo, fornecido pela Folhapress.
                                                                                           São Paulo, 13 set. 1997.

1 – Em sua opinião, com que objetivo Ziraldo escreveu o relato da página anterior?
        Para falar sobre como ele gosta de ler livros desde a infância; destacar o prazer que um livro pode dar a um leitor e também para explicar que o gosto pelos livros era comum na família dele.

2 – O pai do escritor achou estranho encontrar um livro na escola que fosse só para a criança ler. Em sua opinião, por que isso pareceu estranho a ele?
        Porque, naquela época, não era comum encontrar livros de literatura para crianças.

3 – No texto “Meu amigo mais antigo”, o escritor Ziraldo relata um episódio real e marcante da vida dele. Que episódio é esse?
        A emoção que sentia ao ganhar seu presente preferido: um livro.

4 – Ziraldo expõe para o leitor quando ocorreram os fatos que narrou. Esses fatos ocorreram na infância ou já na ase adulta do autor? Que trecho do texto auxiliou em sua conclusão?
        Na infância do autor. O trecho do segundo parágrafo auxilia nessa conclusão ao citar que os amigos da escola primária gostavam de ganhar brinquedos, próprios da infância.

5 – Onde esse relato foi publicado? Com que objetivo, possivelmente, o relato de Ziraldo foi publicado?
        No suplemento Folhinha, do jornal Folha de São Paulo. Provavelmente para estimular, nos jovens que leem o suplemento, o gosto pela leitura.

6 – De acordo com o relato, Ziraldo e seus colegas de escola tinham gostos semelhantes ou diferentes em relação ao que mais gostavam de ganhar de presente? Justifique.
        Diferentes. Ziraldo gostava muito de ganhar livros e seus colegas preferiam ganhar brinquedos.

7 – Releia o último parágrafo do relato e copie a(s) afirmativa(s) que, em sua opinião, indica(m) o que Ziraldo quis dizer.
a)     Que ele se tornou leitor das obras de Monteiro Lobato.
b)    Que, assim como o pai, tornou-se fã de Monteiro Lobato.
c)     Que ficou amigo daquele autor porque o pai ficaria feliz com isso.