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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES):CÁLICE - (CALE-SE) - CHICO BUARQUE E MILTON NASCIMENTO - COM GABARITO

MÚSICA: (Atividades) CÁLICE - (CALE-SE)
Chico Buarque e Milton Nascimento
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça 

ANÁLISE DAS METÁFORAS DA MÚSICA CÁLICE 

“Cálice” uma das músicas mais panfletárias do Chico Buarque, somando-se o fato dele ter como parceiro a genialidade do Gil, fizeram uma grande obra. A análise é extensa por conta de que todos os versos vêm imbuídos de metáforas usadas para contar o drama da tortura no Brasil no período da ditadura militar

01 – Levando em consideração o sentido metafórico do poema, no que tange ao título da canção, podemos inferir que.
a) O título remete ao sangue de cristo, uma vez que nas liturgias cristãs o cálice ofertado simboliza o sangue de Jesus.
b) Remete a agonia de Jesus no calvário.
c) É uma expressão totalmente ambígua, pois não tem nada a ver com o sentimento do calvário.
d) A ambiguidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo do verbo calar, remete à atuação da censura durante o regime.
e) Todas as alternativas estão corretas.

02 – Em relação ao sentido metafórico do verso: “Pai, afasta de mim esse cálice”.
a) Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância;
b) Remete a impossibilidade de aceitar aquele quadro social;
c) O verso denuncia os métodos de torturas e repressão;
d) Significa a imposição de ter que aguentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro;
e) O “eu lírico” está admitindo a dificuldade de aceitar passivamente as imposições.

03 – “De vinho tinto de sangue” na bíblia, esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é:
a) O vinho ofertado nas liturgias cristãs.
b) O sangue de Jesus.
c) O sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.
d) O sangue dos políticos envolvidos nas mortes.
e) A sena de violência entre os mortos e feridos.

04 – Relacione os versos com seus respectivos sentidos atribuídos na música de Chico Buarque.
(A) Como beber dessa bebida amarga.
(B) Tragar a dor.
(C) Engolir a labuta.
(D) Mesmo calada a boca resta o peito.
(E) Esse silêncio todo me atordoa
(F) Atordoado, eu permaneço atento
(G) Outra realidade menos morta;
Relacione
(B) aguentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro.
(F) mesmo sobre tortura o “Eu lírico” permanece em estado de alerta como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por vir.
(D) mesmo tendo a liberdade cerceada, resta o desejo escondido e inviolável dentro do peito.
(A) remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma desumana.
(G) o “Eu lírico” remete anseia por uma realidade na qual os homens não tivessem sua individualidade e seus direitos anulados.
(E) tal verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o silencio das vítimas, fazendo-as perderem os sentidos.
(C) Aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva.

 05 – “Silêncio na cidade não se escuta”. A palavra silêncio está implicitamente relacionada à:
a) censura                              
b) a falta de pessoas pelas cidades devido ao Estado de sítio decretado pelo governo;
c) as mortes ocorridas durante esse período;
d) a ignorância dos ditadores em relação ao cidadão comum;
e) todas as respostas estão corretas.

06 – Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas descrenças naquele regime político e rebaixa a figura da “pátria mãe” a condição de puta. O verso que remete a essa afirmativa seria:
a) De que me vale ser filho da santa;
b) De muito gorda a porca já não anda;
c) Quero inventar meu próprio pecado;
d) Atordoado, eu permaneço atento;
e) Melhor seria ser filho da outra.

07 – “Silêncio na cidade não se escuta”. A figura destacada na frase é?
a) hipérbole
b) antítese
c) paradoxo
d) perífrase
e) hipérbato

08 – O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta. A frase que melhor expressa esta ideia é:
a) Atordoado eu permaneço atento;
b) Quero lançar um grito desumano;
c) Essa palavra presa na garganta;
d) Esse pileque homérico do mundo;
e) Tanta mentira tanta força bruta.

09 – “Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me engano”. Através desta mensagem o “Eu lírico” admite:
a) dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime;
b) as torturas e prisões geralmente ocorriam na calada da noite;
c) que tudo era reprimido;
d) por viver em um regime repressor as decisões eram tomadas de forma clandestina;
e) todas as alternativas estão corretas.

10 – Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras, uma das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto. Essa ideia está implícita nos seguintes versos:
a) Esse silêncio todo me atordoa;
b) Essa palavra presa na garganta;
c) Silêncio na cidade não se escuta;
d) Quero lançar um grito desumano, que é uma maneira de ser escutado;
e) Outra realidade menos morta.

11 –O porco é o símbolo da gula, e está entre os sete pecados capitais, retomando a temática da religiosidade o “Eu lírico” afirma: “ De muito gorda a porca já não anda”. Além da simbologia religiosa a frase acima também faz referência a:
a) a inoperância dos governantes frente ao regime;
b) ao sistema ditador, que, de tão corrupto e ineficiente, já não funcionava;
c)  as atitudes cruéis dos ditadores que não tinham piedade de seus desafetos;
d) as intensas prisões ocorridas;
e) todas as alternativas estão corretas.

12 – “De muito usada a faca já não corta”. A afirmativa acima traz implícita a seguinte conclusão a respeito daquele momento político:
a) inoperância e desgaste de uma ferramenta política utilizada à exaustão;
b) apelo que sejam diminuídas as dificuldades;
c) que o instrumento mais usado para assassinar os “delinquentes” era uma faca;
d) o instrumento usado para punir os prisioneiros políticos não funcionava como antes.
e) Nenhuma alternativa está correta.

13 – “Como é difícil, pai, abrir a porta”. A porta simboliza.
a) entrada para o regime de escuridão;
b) saída de um regime violento;
c) um novo tempo;
d) todas as alternativas estão corretas;
e) as alternativas b e c estão corretas.

14 – “Quero inventar o meu próprio pecado”. Subtende-se que com esses versos o “eu lírico”.
            a) expressa a vontade de libertar-se das imposições;
            b) almeja definir por si só seus erros, sem que os outros apontem;
            c) defende a criação de suas próprias regras;
            d) deseja urgente uma real liberdade;
            e) todas as alternativas estão corretas.

15 – “Quero perder de vez tua cabeça/minha cabeça perder teu juízo”. Nos versos acima, encontra-se implícita a(s) seguinte(s) mensagem(s).
            a) desejo pelo próprio juízo e não o do opressor;
            b) quer decapitar a cabeça da ditadura;
            c) deseja libertar-se do juízo imposto pelo regime militar;
            d) almeja ser dono de suas próprias ideias.
            e) todas as alternativas estão corretas

domingo, 23 de julho de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): MEU CARO AMIGO- CHICO BUARQUE - ANÁLISE - COM GABARITO


Meu caro Amigo foi antes de tudo uma espécie de desabafo de Chico e Francis Hime – instrumentista brasileiro renomado a quem também é creditada a autoria do clássico. Escrita, seguindo a linha da sutileza para burlar os olhos atentos dos generais, a canção trata-se de uma carta- canção em homenagem ao já falecido dramaturgo Augusto Boal, que vivia no exílio em Lisboa. Faz parte do disco de título quase igual “Meus caros amigos”. A seguir, a controvertida letra:

MEU CARO AMIGO

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui ‘tá preta
Muita mutreta pra levar a situação

Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando, que, também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão.

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra ‘tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui ‘tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando, que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão.

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra ‘tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui ‘tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente ‘tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando, que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão.

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra ‘tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui ‘tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo pessoal
Adeus.
                                         Hime, Francis & Buarque, Chico. In: Buarque, Chico.
                                  Meus caros amigos, LP Philips 6349 189, 1976. L. B, f. 5.

1 – A leitura atenta do texto e a observação de seus inúmeros detalhes permite-nos descobrir muita coisa sobre o emissor da mensagem. Caracterize-o a partir do que o texto nos fornece.
     O emissor da mensagem trabalha em linguagem coloquial, retratando uma situação opressiva e difícil, à qual sobrevive com sacrifício. É curioso notar como Chico Buarque se refere a sua esposa (Marieta) e a seu parceiro (Francis), na letra.

2 – O modo como o emissor se dirige ao receptor demonstra que tipo de relação eles mantêm? Explique.
     O tom coloquial da mensagem permite identificar uma relação de certa intimidade entre o emissor e o seu “caro amigo”.

3 – Há um verso no texto capaz de resumir toda a mensagem transmitida. Aponte-o.
     “Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui ‘tá preta”.

4 – O referente da mensagem transmitida no texto é um objeto ou uma situação?
     Uma situação difícil e opressiva.

5 – Ao longo do texto, o emissor faz referência a vários canais de comunicação. Quais são eles?
     A fita – que seguirá por meio de um portador –, o telefone, o correio e o disco.

6 – A canção foi escrita numa linguagem descontraída, bastante coloquial. Aponte exemplos de palavras e expressões que confirmem essa afirmação.
     O aluno pode apontar diversas palavras e expressões para ratificar a afirmação: “’tão jogando futebol”; “tem muito  samba”; “a coisa aqui ‘ preta”; “mutreta”; “pra”; “a gente” e muitas outras.

7 – Imagine que você é o emissor e o diretor de seu colégio, o receptor. Como você transmitiria a mensagem contida nos versos:
“Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça?”
     O aluno deve reelaborar a mensagem, tornando-a adequada a uma situação formal.

8 – O emissor agora é seu professor e o receptor é você. Como seria transmitida a mensagem contida em:
“É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro?”
     O aluno deve reelaborar a mensagem, adaptando-a ao tipo de relação que mantém com o professor.

9 – A mensagem contida nos versos
“Muita careta pra engolir a transação
E a gente ‘tá engolindo cada sapo no caminho”
Vai ser transmitida em rede nacional de rádio e televisão num discurso proferido pelo Presidente da República. Como você a redigiria?
     O aluno deve reelaborar a mensagem, tornando-a altamente formal.

10 – Aponte a passagem do texto em que o emissor sugere que pode ter problemas para enviar sua mensagem. Que tipo de problemas você acredita que ele teria de enfrentar?
     “Se me permitem...”. Verificar o aluno tem conhecimento da existência da censura em algumas fases da história do Brasil.

11 – A canção “Meu caro amigo” foi gravada em 1976. Ela fala da situação do Brasil na época. Se você tivesse de remeter uma canção a um amigo seu que está fora do país nos dias de hoje, ela falaria de um país muito diferente? Por quê? (Sugestão: você pode procurar outras canções que falam do Brasil atual e apresenta-las a seus colegas, comentando-as com eles).
     Aproveitar a questão para observar a visão que cada aluno tem da realidade brasileira atual.


12 – O referente da mensagem transmitida no texto é um objeto ou uma situação?
      Uma situação difícil e opressiva.

13 – Ao longo do texto, o emissor faz referência a vários canais de comunicação. Quais são eles?
       A fita – que seguirá por meio de um portador –, o telefone, o correio e o disco.

14 – A canção foi escrita numa linguagem descontraída, bastante coloquial. Aponte exemplos de palavras e expressões que confirmem essa afirmação.
·        Tão jogando futebol.”
·        Tem muito samba.”
·        “A coisa aqui preta.”
·        Mutreta”.
·        Pra”.
·        A gente” e muitas outras.

15 – Aponte a passagem do texto em que o emissor sugere que pode ter problemas para enviar sua mensagem. Que tipo de problemas você acredita que ele teria de enfrentar?
      “Se me permitem...”.

16 – A canção “Meu caro amigo” foi gravada em 19776. Ela fala da situação do Brasil na época. Se você tivesse de remeter uma canção a um amigo seu que está fora do país nos dias de hoje, ela falaria de um país muito diferente? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Aproveitar a questão para observar a visão que cada aluno tem da realidade brasileira atual.
  
ANÁLISE
Depois de anunciar que precisa contar ao destinatário “as novidades”, o autor lança os versos:
“Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol”.
Ora, o futebol, a predominância no Brasil de estilos como o samba e as (óbvias) variações climáticas não são exatamente novidades que mereçam ser destacadas em uma carta para um amigo distante.
Com uso da ironia, a mensagem passada é de que nada mudou no país desde a saída do exilado e que realmente “a coisa aqui tá preta”, como sugere um dos versos seguintes. Para “segurar esse rojão”, o eu-lírico (a voz que fala na letra) acaba buscando refúgio em meios de prazer momentâneo, como a “cachaça”, o “cigarro” e o “carinho”. Nesse contexto, a palavra “choro”, tida inicialmente como um estilo musical, assume outro sentido – representa a tristeza em relação à situação do país. E essa tristeza aparece disfarçada por uma suposta alegria, entremeada de “samba” e de “rock’n’roll”.
Além disso, quando ele se refere a seu lugar de origem como “Aqui na terra”, torna-se inevitável pensar em um “lá”, o local onde o destinatário da mensagem se encontra. Este lugar poderia ser um “céu” (em oposição a “terra”, com letra minúscula), reforçando a ideia de que a vida política e social do Brasil da época nem de longe lembrava a imagem idealizada de paraíso. Ou até mesmo o “espaço” (em oposição a “Terra”, planeta, com letra maiúscula), reforçando a ideia de que o amigo foi obrigado a sair do país, sumiu, ou, na linguagem informal, “foi pro espaço”.
Finalmente, na ultima estrofe, Chico Buarque cita nomes de pessoas reais: Marieta, sua esposa na época, Francis, o coautor da música, Cecília, a mulher de seu amigo. Consideramos, assim, um ato ilocutório representativo, sendo relacionado com a noção de verdade. É o discurso falando de si próprio, passando a ideia da realidade dentro de uma ficção, pois toda narrativa é ficcional porque supõe influências de quem narra.
Curioso é perceber que o artista, ao escolher a canção “Meu caro amigo” para dar nome ao disco, colocou-a no plural. Ou seja, apesar de a ideia original da canção ser mandar notícias a um determinado exilado, ela sai ainda mais do plano particular quando o álbum é batizado de “Meus caros amigos”. Isso porque havia mais “amigos” (exilados ou não) como Augusto Boal, vítimas da Ditadura. Assim, o próprio título do álbum reforça o caráter crítico que permeia não apenas esta, mas diversas de suas canções

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): APESAR DE VOCÊ /CHICO BUARQUE /DITADURA - COM GABARITO

MÚSICA(ATIVIDADES): APESAR DE VOCÊ
                                                                              CHICO BUARQUE
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu [...]
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar [...]
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria [...]

                         In Chico Buarque, letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 92.

1 -   A primeira estrofe faz um retrato do Brasil sob a ditadura. Para driblar a censura, a linguagem da canção deveria recorrer à conotação. Quais são as queixas contra ao regime anunciadas nessa estrofe?
     A primeira estrofe denuncia vários aspectos do autoritarismo do regime militar: abuso de autoridade (“você é quem manda”), a repressão ao debate político, à expressão de ideias (“falou, tá falado, não tem discussão” / “minha gente hoje anda falando de lado”), a tristeza do povo reprimido (“olhando pro chão”)

2 -      A partir da segunda estrofe, uma nova situação se apresenta
a)      A que situação o texto faz referência?
O texto alude a uma situação de liberdade, de felicidade, quando a repressão do regime
Militar chegasse ai fim.

b)      Cite uma metáfora que sintetize o espírito dessa nova situação.
“Galo insistir em cantar” é uma expressão metafórica para a situação de liberdade a que a estrofe faz alusão.

3 -     O título da música, Apesar de você, sugere, com meias palavras, o mesmo que a frase:
a)      A despeito do povo, a democracia voltará ao país
b)      Ainda que venha a sofrer, o povo prefere a liberdade política à ditadura
c)       Embora o governo tente impedir, a liberdade voltará a se instalar no pais.
d)      O povo se mantém alegre, mesmo sob o regime militar.