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domingo, 29 de julho de 2018

CONTO: ESTA CASA É MINHA - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

Conto: Esta casa é minha

        Paula e Beto moravam com os pais num apartamento. E queriam ter quintal.
        Adoravam sair para passear nos fins de semana. Iam à casa dos avós, ao parque, ao cinema.
       Às vezes faziam uns passeios de carro até mais longe. Ao sítio do tio. Ou por uma estrada comprida que ia dar numa praia quase deserta. Onde passavam o dia todo.
   Um domingo, nessa praia, enquanto Paula e o irmão brincavam, o pai ficou conversando com um pescador ao lado de uma canoa, debaixo de uma árvore.
  Voltando para casa, contou aos filhos:
        — Vocês me viram falando com o Zé Juca? Pois é, estou pensando em comprar aquele terreno que ele tem na beira da praia…
        Um terreno? Qual? Onde? Pra que?
        Depois de tanta pergunta e resposta, Paula nessa noite sonhou com o que o pai contou: iam ter uma casinha entre as árvores, em frente ao mar. Como se a praia e a mata fossem um quintal imenso. Só deles.
        Outro domingo foram para lá de novo. Desta vez, Paula e Beto já olhavam tudo com olhos de quem é dono.
        Um bando de maritacas fazia um barulhão nas árvores. Um caxinguelê deu uma corridinha assustada pelo chão, de um tronco para outro. Uma cambaxirra saltitante e um bem-te-vi barulhento voavam pra lá e pra cá. Na areia um caranguejo amarelo fazia um buraco. E no alto de uma árvore um bando de micos guinchava e fazia macaquices.
        Para todos eles, Paula e Beto gritavam:
        — Aqui vai ser minha casa!
        E assim foi durante alguns meses.
        Eles sempre iam pra lá.
        Os pais ficavam vendo a obra enquanto as crianças brincavam naquela praia maravilhosa. Muitas e muitas vezes. Só eles, uns pescadores, um monte de bichos.
        Peixes mariscos e siris no mar. Lagartinhos nas pedras. Micos e caxinguelês nas árvores, formigas e besouros na terra, abelhas e borboletas nas flores, todo tipo de passarinho no céu.
        Para todos eles, Paula e Beto iam anunciando:
        — Esta casa é minha!
        Quando a casa ficou pronta, a família começou a ir pra lá todo fim de semana.
        E foi se instalando. Cheia de ideias.
        — Vamos ter um cachorro.
        — E um gato.
        — Vamos limpar esse mato em volta da casa para fazer um gramado!
        — Vamos trazer uns postes de luz para iluminar o jardim e o quintal!
        — Vamos cimentar o chão lá atrás para fazer uma churrasqueira!
        Como se a mãe, o pai, Paula e Beto, todos estivessem contando:
        — Esta aqui é minha casa!
        Estavam tão animados que nem reparavam nas mudanças.
        Nunca mais o caxinguelê tinha aparecido. Devia ter medo de cachorro.
        O gato devia ter dado sumiço nos lagartos.
        Os guinchos dos micos vinham de árvores cada vez mais distantes.
        Caranguejinho amarelo fazendo buraco? Agora só na areia da praia.
        Aquelas frutinhas do mato, que passarinho comia, também acabaram quando o mato ficou longe. E vinha menos passarinho cantar no quintal.
        Mas a família nem reparava.
        Traziam amigos para o fim de semana. Faziam churrasco. Ligavam o som do carro em volume bem alto.
        De noite, acendiam as luzes todas, ligavam ventilador e ar-condicionado. Nem ouviam mais o barulhinho do mar na hora de dormir.
        Mas um dia o pai teve uma proposta de trabalho em outra cidade. Iam ter de se mudar e morar por lá por um ano ou dois.
        Ficar um tempão longe da casinha da praia. Do seu cheiro de mar, seu barulho de ondas, sua passarada.
        Iam sentir muita saudade. Deixaram o cachorro e o gato com amigos na cidade. E pediram ao Zé Juca para tomar conta de tudo na praia. Direitinho. Para que, quando voltassem, pudessem dizer com alegria:
        — Esta casa é minha!
        Quando finalmente voltaram, quase levaram um susto.
        O mato tinha crescido de novo e chegava bem perto da casa.
        Havia uma colmeia numa árvore. Um ninho de cambaxirra na varanda. Uma casa de joão-de-barro no telhado. Formigas na cozinha. Sapo no jardim. Uma família de lagartos instalada numas pedras atrás da churrasqueira.
        As lâmpadas do poste estavam queimadas e o Zé Juca nem trocou por outras novas.
        — Zé Juca, tinha lâmpada nova em casa. Por que você não trocou?
        — Ué, mas pra quê se quem tirou as lâmpadas do poste fui eu…
        O pai viu que não estavam queimadas mesmo, tinham sido tiradas.
        — E por quê?
        — Por causa das tartarugas. Primeiro veio a mãe, nadando de longe, como ela faz todo o ano. Botou um monte de ovos na areia. Aí passou um tempão, todo dia o sol chocava os ovos. Já estava na hora dos filhotes nascerem. Então eu tirei as lâmpadas, para eles não acharem que era a luz da Lua no mar, senão eles entravam no quintal em vez de ir para a água…
        O pai resmungou com a explicação, e reclamou ainda mais:
        — Zé Juca, eu não pedi para você tomar conta da casa? Cuidar de tudo… Como é que você deixou ficar desse jeito?
        — Mas eu cuidei, Doutor. Só que eu tomei conta de todas as casas, não só da sua.
        O pai ficou meio zangado. O pescador devia estar maluco.
        — Aqui só tem uma casa. Esta aqui, que é minha.
        Mas Paula, que tinha ido até o quintal e voltado, de repente entendeu tudo e falou:
        — Tem não, pai. Vem ver. Tem uma porção. Vem ver.
        As crianças puxaram os pais pelas mãos e foram mostrando.
        — Psiu! Não faz barulho! Fica ouvindo.
        Eles ouviram. As maritacas gritando. Os micos guinchando. As abelhas zunindo.  Um monte de passarinhos cantando. Ao fundo, o vento nas folhas. E o mar, onda-vai-onda-vem, batendo na areia e nas pedras.
        — Ouviu?
        — Ouvi, o que é que tem?
        — Não entendeu o que eles estão dizendo?
        Todos pararam para prestar atenção. E aos poucos foram ouvindo:
        — Esta casa é minha!
        Todos diziam isso. Não assim, em língua de gente. Mas em língua de bicho — cantorias e zumbidos, guinchos e gritos. Coisas que não são palavras, mas são o jeito de falar em passarinhês e abelhês, em miquês e maritaquês. Mas que querem dizer a mesma coisa.
        — Esta casa é minha!
        Até em silêncio, tudo em volta queria dizer a mesma coisa. Cada um com seu jeito: o caxinguelê que corria pela árvore, o caranguejinho amarelo que deixava rastro na areia, a tartarugona que levantava a cabeça na espuma da onda, o bando de gaivotas que mergulhava no mar, as formigas, o bando de gaivotas que mergulhava no mar, as formigas que trabalhavam enfileiradas por cima da pedra, o vento, o mar. Até o mato que chegava mais perto do jardim se inclinava sobre o gramado ou se espichava para o sol.
        A família foi prestando atenção e ouvindo de cada um:
        — Esta casa é minha!
        De repente, Paula começou a responder:
        — Mas esta casa é minha também!
        Beto entrou na brincadeira:
        — É… A gente é vizinho, sabia?
        O pai falou;
        — Esta casa é nossa!
        E a mãe comentou:
        — Ainda bem que o Zé Juca tomou conta de todas as casas, de todo mundo…
        E, agora que eles aprenderam a ouvir a linguagem de todos os vizinhos, tomam sempre o maior cuidado. Porque sabem que fizeram a casa deles no quintal dos outros. Um quintal grande, com lugar para todos os que sabem ouvir sempre:
        — Esta casa é minha!
Ana Maria Machado. Esta casa é minha
São Paulo, Editora Moderna, 2009.
Entendendo o conto:
01 – Qual é o foco narrativo do livro ''Esta casa é minha''?
      Ana Maria Machado, escreveu esta obra para crianças, portanto, o foco narrativo está em terceira pessoa porque é a escritora quem conduz a narrativa.

02 – Quem é o autora do texto?
      Ana Maria Machado.

03 – Em que lugar se passa a história?
      Na praia.

04 – Quem são as personagens?
      Paula, Beto, o pai, a mãe e Zé Juca.

05 – Em que lugares Paula e Beto costumavam ir passear no final de semana?
      Iam a casa dos avós, ao parque, ao cinema, no sítio dos tios e na praia.

06 – Qual o desejo que eles dois tinham?
      Ter uma casa com quintal grande.

07 – Que animais habitavam a praia onde eles costumavam ir?
·        Um bando de Maritacas.
·        Uma Cambaxirra.
·        Um bem-te-vi.
·        Um caranguejo amarelo.
·        Um bando de micos.

08 – Que notícia o pai deu para as crianças ao voltarem da praia?
     “— Vocês me viram falando com o Zé Juca? Pois é, estou pensando em comprar aquele terreno que ele tem na beira da praia…” 
     
09 – Que animais habitavam o terreno onde eles iriam construir a casa?
      “Peixes mariscos e siris no mar. Lagartinhos nas pedras. Micos e caxinguelês nas árvores, formigas e besouros na terra, abelhas e borboletas nas flores, todo tipo de passarinho no céu.”

10 – Que mudanças ocorreram durante a construção da casa?
      Os animais foram desaparecendo.  
 
11 – Por que a família precisou mudar novamente de cidade?
      Porque o pai recebeu uma proposta de serviço em outra cidade.  
   
12 – O que o pai de Paula e Beto pediu a Zé Juca antes de viajar?
      Para que ele tomasse conta de tudo na praia.

13 – Que surpresa a família teve ao voltar para a casa da praia?
      O mato tinha crescido de novo. E os animais tinha voltado para a casa.

14 – Na sua opinião, o pescador tomou conta direitinho da casa? Por que?
      Resposta pessoal do aluno.

15 – O que a família compreendeu ao ouvir os sons dos animais da casa?
      Que eles tinham arrumado novos vizinhos. Que as aves e os bichos tinham retornado.




segunda-feira, 9 de julho de 2018

CONTO: MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

CONTO: Menina Bonita do Laço de Fita


        Era uma vez uma menina linda, linda.
      Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
        A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
        Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas.
        Ela ficava parecendo uma princesa das terras da África, ou uma fada do Reino do Luar.
        E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
        E pensava:
        -- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
        Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
        -- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
        A menina não sabia, mas inventou:­
        -- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
        O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela.
        Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
        Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
        -- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
        A menina não sabia, mas inventou:
        -- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
        O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi.
        Mas não ficou nada preto.
        -- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
        A menina não sabia, mas inventou:­
        -- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
        O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
        Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
        -- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
        A menina não sabia e ... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
        -- Artes de uma avó preta que ela tinha...
        Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos. E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
        Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
        Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha.
        Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
        E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
        -- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
        E ela respondia:
        -- Conselhos da mãe da minha madrinha...
                                                                   Ana Maria Machado.
Entendendo o texto:
01 - QUAL É O TÍTULO DO TEXTO?
      O título do texto é “Menina bonita do laço de fita”.

02 – QUEM É O AUTOR?
      A autora é Ana Maria Machado.

03 – QUANTOS E QUAIS SÃO OS PERSONAGENS QUE APARECEM?
      Os personagens são a menina, o coelho branco, a mãe, a coelha escura e os filhotinhos.

04 – QUAL ERA O SONHO DO COELHINHO BRANCO?
      O sonho do coelhinho branco era ter filhotes pretinhos como a menina.

05 – QUAL ERA A PERGUNTA QUE O COELHO SEMPRE FAZIA PARA A MENINA?
      A pergunta que o coelho sempre fazia para a menina era “Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?”

06 – ELA DISSE A VERDADE? POR QUÊ?
      Ela mentiu para o coelhinho várias vezes, inventando diferentes justificativas para sua cor. Mas a verdade era que a cor dela vinha de seus pais.

07 – COM QUEM O COELHO SE CASOU?
      O coelho se casou com uma coelhinha pretinha.

08 – QUAIS FORAM AS CORES DOS SEUS FILHOTES?
      Nasceram filhotes de várias cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha.


sexta-feira, 15 de junho de 2018

FÁBULA: JABUTI SABIDO COM MACACO METIDO - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

Fábula: Jabuti sabido com macaco metido
             Ana Maria Machado


        Jabuti pode parecer bicho meio bobo, assim – pesadão, devagar – mas não é nada disso!
     Índio bem que sabe. Tanto sabe que conta um montão de histórias da esperteza de jabuti.
        E tanto conta que até muita gente, que nem é índio, aprendeu a contar também. Até casos inventados. Histórias feito está aqui.
      Diz que era uma vez um jabuti muito esperto que morava lá no meio da mata, na beira do rio.
        Na mata tinha bichos maiores (...), mais fortes (...), mais abraçadores (...), mais fedorentos (...).
        Mas não tinha bicho mais esperto que o jabuti.
        Uma coisa que acontece muito com quem não é esperto, imagine só... É justamente ficar “se achando” o mais esperto do mundo!
        E era isso que acontecia lá na mata. (...)
        Daí que resolveram fazer um concurso. Concurso bem concorrido, de ver quem era “o mais sabido”. E escolheram o homem para ser juiz. Mais exatamente um curumim, filhote de homem.
        Curumim chegou e viu os bichos todos reunidos. Foi logo começando e perguntando:
        -- Qual a esperteza de vocês?
        Cada um foi contando vantagem. (...) A raposa se gabava de que, uma vez, se fingiu de bicho-folhagem.
        Só o jabuti não dizia nada. Quando curumim perguntou a ele, foi desconversando:
        -- Não sei nada disso, não! ... Eu sou é muito bobo. Qualquer um me engana.
        Curumim logo viu que aquilo era mesmo disfarce danado de esperto, para ninguém prestar atenção nele. Ai, mudou de conversa e disse assim:
        - Só pode ser fruta! As melhores frutas da floresta! Quem ganhar escolhe quantas quiser.
        (...) Todos ficaram de acordo. Ai, curumim perguntou:
        -- “O que é, o que é, que fica acima do céu?
        A onça, que era mais forte, fez questão de responder antes de todo mundo. E gritou:
        -- Ovo! 
        Ninguém entendeu. Mas é que ela achava que toda pergunta que começa com “o – que – é – o – que – é?” tem a mesma resposta: ovo. (...).
        Se não fosse resposta da onça, todo mundo tinha caído na gargalhada.
        Mas, dela, o pessoal tinha um medo danado! Por isso, fizeram de conta que não tinham ouvido nada. Só curumim falou:
        -- (>>>) Está errado!
        Cada bicho foi dando uma resposta (...). Ninguém acertava. Até que o macaco disse:
        -- É Deus!
        E o jabuti disse:
        -- É o acento agudo do é.
        Ficou a maior discussão, uma achando que podia ser qualquer uma das duas respostas. Outros garantindo que só um tinha razão.
        E curumim falou, pedindo atenção:
        -- Vamos desempatar na escolha do prêmio. Quantas frutas você quer, macaco? Quantas você quer, jabuti?
        O macaco, muito guloso, logo propôs:
        -- Agora não quero nenhuma, que estou de barriga cheia. Vou guardar para amanhã de manhã. E ai vou querer todas as frutas que eu conseguir comer em jejum.
        O jabuti nem se apressou e foi com calma que falou:
        -- Quero uma.
        Todos se espantaram:
        -- Uma?
        Ele confirmou:
        -- Isso mesmo! Juntem todas as frutas que tiverem e contém todas. Uma é minha. Podem ficar com as outras.
        No dia seguinte, bem cedo, lá estava os bichos reunidos, na frente de uma pilha de frutas enorme. Tinha (...) tudo quanto é fruta boa que der para se imaginar. O macaco, que não comia desde a véspera, foi logo avisando:
        -- Eu começo!
        E começou mesmo, rindo, achando que depois que acabasse com todas as frutas que conseguisse comer, em jejum, não ia sobrar nada para o jabuti. Mas quando ia descascar a segunda banana para botar na pança, ouviu logo o jabuti com sua voz mansa:
        -- Pode ir parando ...acabou sua vez!
        -- Como acabou? Ainda estou começando ...
        -- Nada disso, você podia comer tudo o que conseguisse, em jejum. Só que agora não está mais em jejum, porque já comeu uma banana. Acabou.
        Foi uma gargalhada geral, todos rindo do guloso. O macaco foi embora, de cara feia, furioso.
        Curumim anunciou:
        -- Agora é a vez do jabuti. Vamos contar as frutas, para ele tirar a dele.
        E começou a contar:
        -- Uma, duas, três ...
        -- Pode ir parando – interrompeu o jabuti. – Deixa eu pegar a minha, essa ai que você chamou de uma.
        E pegou. Depois disse:
        -- Vamos, conte!
        Quando curumim recomeçou e disse de novo:
        -- Uma...
        O jabuti interrompeu outra vez:
        -- Uma? Então é minha...
        E assim foi até o fim. Curumim não conseguia contar, porque toda vez que ele dizia uma, o jabuti pegava a fruta para ele e dizia:
        -- É minha. Só quero uma.
        “De uma em uma.” Ficou com toda a pilha!
        Fruta de sobra, para ele dividir com os amigos e com toda a família.
        Moral: A falta de atenção e a derrota da pessoa.
                                                                           Ana Maria Machado
Entendendo a fábula:
01 – Para você, o que é ser esperto?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Por que o curumim foi escolhido para ser o juiz?
      Porque era filho de homem.

03 – O que fez o macaco perder o prêmio?
      Porque a partir da segunda banana, já não seria mais jejum.

04 – De que maneira o jabuti agiu para ganhar todo o prêmio?
      Toda vez que curumim falava uma, era a fruta do jabuti.

05 – Quais bichos aparecem na história?
      O jabuti, a raposa, a onça e o macaco.

06 – O que significa a palavra curumim? Consulte o dicionário.
      Menino, rapaz índio.

07 – Nessa história, que bicho era mais temido?
      A onça.

08 – Complete a tabela com características de cada personagem de acordo com a história.
Personagem
Característica
Onça
Era a mais forte.
Macaco
Era o mais guloso. (Metido)
Jabuti
Era o mais esperto. (Sabido)
Curumim
Era homem.

09 – Você gostou dessa história? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.
        


sábado, 28 de abril de 2018

CRÔNICA: MÃE COM MEDO DE LAGARTIXA - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

CRÔNICA: Mãe com medo de lagartixa

        Era uma vez uma mãe que tinha medo de lagartixa. No resto, era valente: ficava sozinha, cantava no escuro, tomava sopa quente.
        Era mesmo corajosa: enfrentava barata, discutia com o chefe, tomava injeção toda prosa.
        De bicho de pena e de bicho de pelo, ela gostava muito. Filho dela podia ter cachorro, gato, coelho, periquito, curió, canário, porquinho da índia. Nem que fosse tudo ao mesmo tempo, ela não se incomodava, até animava, mais ainda inventava.
        Peixe e jabuti, também ela deixava como ninguém. E tinha aquário redondo com peixe vermelho e tinha varanda vermelha com jabuti redondo.       Se os filhos descobrissem macaco de asa, ela era capaz de deixar em casa.     
       Se para uma vaca encontrasse lugar, não ia ser ela quem ia atrapalhar.  
        Mas sapo? Minhoca? Perereca? Camaleão? Nem queria saber. Disfarçava e ia se esconder. Os filhos explicavam:
        __ Mamãe, que é que tem? Um bicho tão bonzinho, não faz nada, olha aí!
        Ela olhava. Mas não gostava.
        E aqueles lagartinhos nas pedras-do-sol?
        __ Um bichinho à toa, mãe deixava de ser boba!
        Mas aí ela era boba. Tão boba que, no caminho da praia, pelo meio de matinho ia pisando forte e falando alto, fazendo barulho só para assustar os lagartinhos – que saíam correndo, morrendo de medo de uma mulher tão grande e barulhenta.
        Mas o medo maior era o que a mãe tinha de lagartixa.

                                                                           Ana Maria Machado.

Entendendo o Texto
01 – Qual é o título do texto? E o autor?
      Mãe com medo de lagartixa. Ana Maria Machado.

02 – Qual era o maior medo da mãe? E sua mãe tem algum medo?
      Medo de lagartixa. Resposta pessoal do aluno.

03 – Quais os bichos que aparecem no texto?
      Cachorro, gato, coelho, periquito, curió, canário, porquinho da índia, peixe e Jabuti.   
  
04 – Você tem medo de alguma coisa? De quê?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Escreva como é sua mãe:
      Resposta pessoal do aluno.

06 – O texto fala...
(A) da lagartixa             
(B) do medo da mãe                
(C) dos bichos.

07 – “A mãe só tinha medo de lagartixa”. A afirmação acima é:
(X) verdadeira               (   ) falsa.

08 – Complete as frases com as palavras abaixo:
Mães – presente – beijos – cartão – bonita.

1 – Mamãe não é feia, ela é bonita.
2 – Vou dar para minha mãe no seu dia um presente.
3 – Comprei um cartão para colocar no presente.
4 – Vou cobri-la de mil beijos.
5 – Comemoramos no segundo domingo de maio o dia das mães.

09 – Marque com um X as frases afirmativas.
a) Ana Paula gosta de ler. (X)                            
b) Sandra não fez a tarefa. (    )
c) Carla fez o dever de casa. (X)                       
d) Júlia não fez bagunça hoje. (    )
e) Isabela gosta de pular corda. (X)                   
f) Não gosto de televisão. (    )

10 – Escreva C para encontro consonantal e V para encontro vocálico:
(C) genro                            (V) cavaleiro                          (C) grata
(V) baile                             (C) príncipe                            (V) juiz
(C) ladra                             (C) comadre                          (C) pente
(C) arco                              (V) avião                               (V) caixa.

11 – Separe as sílabas das palavras e classifique-as quanto ao número de sílabas: 
Passarinho: Pas-sa-ri-nho = polissílabas.            
Bala: Ba-la = dissílabas.
Árvore: Ár-vo-re = trissílabas.             
Cachorro: Ca-chor-ro = trissílabas.
Animal: A-ni-mal = trissílabas.              
Jornal: Jor-nal = dissílabas.