domingo, 30 de novembro de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: PATRIMÔNIO IMATERIAL - IPHAN - COM GABARITO

 Artigo: Patrimônio Imaterial

        Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras, e santuários que abrigam práticas culturais coletivas). A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEbA31HMGvlq_87P6rLKNcTr8HPWOSXwlCL6CPsFUtQduxtKM_K2t3NSx1dWJPwiUr74fRy3F6ZO8jM9ZU7EqIC-BMqryaaGbljNnPSYj3UZjnLH4AlikzlcJD0bk44f3c_2v432R_Or5Qnq6Ngr5xc_2Tjkvx6NjSZudyJt-3pxEZXU66fo_HMOOARx4/s320/MA_Bumba_BoideGuimaraes_Edgar_Rocha_2_1.jpg


        Nesses artigos da Constituição, reconhece-se a inclusão, no patrimônio a ser preservado pelo Estado em parceria com a sociedade, dos bens culturais que sejam referências dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. O patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

        A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) define como patrimônio imaterial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. Esta definição está de acordo com a Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, ratificada pelo Brasil em março de 2006.

        Para atender às determinações legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento e à preservação desses bens imateriais, o Iphan coordenou os estudos que resultaram na edição do Decreto nº 3551, de 4 de agosto de 2000 – que instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e criou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) –, e consolidou o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC).

        Em 2004, uma política de salvaguarda mais estruturada e sistemática começou a se implementada pelo Iphan a partir da criação do Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI). Em 2010 foi instituído pelo Decreto nº 7387, de 9 de dezembro de 2010, o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), utilizado para reconhecimento e valorização das línguas portadoras de referência à identidade, ação e memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Patrimônio Imaterial. Iphan. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234. Acesso em: 24 jul. 2018.

Fonte: Da escola para o mundo. Roberta Hernandes; Ricardo Gonçalves Barreto. Ensino Fundamental – Anos finais. Projetos integradores 8º e 9º anos. Ed. Ática. São Paulo, 1ª edição, 2018. p. 53.

Entendendo o artigo:

01 – De acordo com a Constituição Federal de 1988 (Artigos 215 e 216), o que significa a ampliação da noção de patrimônio cultural em relação aos bens imateriais?

      A Constituição de 1988 ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial. Essa inclusão garante que o Estado, em parceria com a sociedade, preserve bens culturais que sirvam de referência aos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

02 – O texto define os bens culturais imateriais como práticas e domínios da vida social. Cite pelo menos quatro categorias em que essas manifestações podem se manifestar.

      As manifestações imateriais podem se manifestar em: Saberes, ofícios e modos de fazer; Celebrações; Formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; Lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas).

03 – Qual é a dinâmica de transmissão e recriação do patrimônio imaterial, e o que ele gera nas comunidades e grupos?

      O patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração e é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, interação com a natureza e história. Esse processo gera um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

04 – Qual é o principal decreto que o Iphan coordenou para criar instrumentos de reconhecimento e preservação de bens imateriais, e o que esse decreto instituiu?

      O principal decreto é o Decreto nº 3551, de 4 de agosto de 2000. Ele instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e criou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), consolidando também o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC).

05 – Qual instrumento legal foi instituído em 2010 e com qual finalidade específica ele é utilizado?

      Foi instituído o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), pelo Decreto nº 7387, de 9 de dezembro de 2010. Ele é utilizado para o reconhecimento e valorização das línguas portadoras de referência à identidade, ação e memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

 

NOTÍCIA: AMPLIAR DENSIDADE DE POLINIZADORES AUMENTA PRODUÇÃO AGRÍCOLA - FRAGMENTO - DIAS.H - COM GABARITO

 Notícia: Ampliar densidade de polinizadores aumenta produção agrícola – Fragmento

        Estudo comprova que o maior número de polinizadores em pequenas propriedades melhora rendimento de culturas

        Promover a biodiversidade pode ser um caminho sustentável para ampliar a oferta de alimentos no mundo, principalmente a produção vinda de pequenos agricultores. Um estudo [...] comprova que a diferença de produtividade entre pequenas áreas agrícolas com baixa e alta produção poderia ser melhorada 24%, em média, somente com o aumento do número de visitantes florais (polinizadores). Em grandes propriedades, para a melhora ocorrer, deve-se diversificar também as espécies desses visitantes. [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOfscRlgi0weZj6RkSsGOEwgjJXh5Xxx9D_38wAuuhmqZI5bDPRhveUxL_wryZiS-n7qwvzdLWnLxeJ3Tm9fOQ8DqQl9k7zBaPq2OeuZBF6Ys7hXkDLXf-yZbJWJv6ZhaQblvIenAuvr2QKpg8iZn609-dU0o4oiawjsxJ9P3u7imq7XCYJpKLONUw1fU/s320/ABELHAS.jpg


        Os polinizadores são os “responsáveis” por levar o pólen de uma flor para a outra para que ocorra a fecundação da planta. Eles podem ser de variados tipos, desde animais até mesmo o vento. No entanto, a maioria e os mais frequentes são os insetos, principalmente as abelhas.

        [...]

        “Algumas espécies de plantas necessitam da presença do polinizador para que o fruto e a semente sejam formados. Se você não tiver o polinizador, a planta não gera o fruto ou o gera, mas com uma eficiência muito menor, então, essas plantas são chamadas de dependentes de polinizador”, explica Antônio Saraiva, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP, coordenador do NAP BioCamp e um dos autores do estudo.

        Por isso, a quantidade de visitas do polinizador à planta reflete na produtividade. No estudo, os pesquisadores identificaram a relação entre o aumento da produção nas pequenas propriedades agrícolas (aquelas com até 2 hectares) por causa da densidade de visitantes. Para as áreas maiores, apenas a quantidade de visitantes florais não aumentou a produtividade, mas sim a diversificação das espécies visitantes.

        [...]

        Segurança alimentar

        O estudo alerta que muitos sistemas de produção agrícola têm negligenciado a importância do polinizador. “Há um estímulo para práticas de manejo da produção relacionadas principalmente ao solo, mas praticamente se esquece da importância da polinização. E a pesquisa comprova que, somente com o aumento dos polinizadores, temos um incremento de 24% na produção das pequenas propriedades”, destaca Saraiva.

        A produtividade dos pequenos agricultores tem um impacto direto na questão da segurança alimentar. A pesquisa publicada na Science indica que há mais de 2 bilhões de pessoas em países em desenvolvimento dependentes da produção de alimentos vindas das pequenas propriedades.

        O professor Saraiva lembra ainda para os cuidados com a preservação dos polinizadores, que em sua maioria são as abelhas. Estudos apontam para a relação entre o desaparecimento delas e o uso indiscriminado de agrotóxicos.

        [...].

Fonte: DIAS, H. Agência USP de notícias, 22 jan. 2016. Disponível em: http://www.usp.br/agen/?p=226663. Acesso em: 22 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 306.

Entendendo a notícia:

01 – Segundo o estudo, qual é o caminho sustentável para ampliar a oferta global de alimentos, especialmente para pequenos agricultores?

      Promover a biodiversidade e o aumento do número de visitantes florais (polinizadores).

02 – Qual foi o aumento médio de produtividade que o estudo comprovou ser possível nas pequenas propriedades agrícolas apenas com o aumento da densidade de polinizadores?

      A produtividade poderia ser melhorada em 24%, em média.

03 – O que é necessário diversificar, além da quantidade de visitantes, para que a produtividade melhore em grandes propriedades?

      Deve-se diversificar as espécies desses visitantes (polinizadores).

04 – Segundo o professor Antônio Saraiva, o que acontece com as plantas dependentes de polinizadores se eles estiverem ausentes?

      A planta não gera o fruto e a semente, ou os gera, mas com uma eficiência muito menor.

05 – O texto menciona que os polinizadores podem ser de vários tipos. Qual é o tipo mais frequente e importante mencionado?

      Os insetos, principalmente as abelhas.

06 – Por que o aumento da produtividade nas pequenas propriedades é considerado uma questão importante para a segurança alimentar?

      Porque mais de 2 bilhões de pessoas em países em desenvolvimento dependem da produção de alimentos vindas dessas pequenas propriedades.

07 – Qual é a principal ameaça à preservação dos polinizadores (especialmente as abelhas) citada no texto, em relação às práticas agrícolas?

      O uso indiscriminado de agrotóxicos.

 

NOTÍCIA: PEIXES AJUDAM NA DISPERSÃO DE SEMENTES - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Notícia: Peixes ajudam na dispersão de sementes – Fragmento

        Estudo revela importância do pacu na conservação da vegetação das matas de galeria no Pantanal 

        Um estudo realizado no Pantanal revela a importância dos peixes para a conservação da vegetação ciliar. Cientistas descobriram que o pacu e outras espécies são responsáveis pela dispersão das sementes de um quarto das espécies de plantas que ocorrem nas margens de rios e mananciais. O estudo mostra que os ecossistemas aquático e terrestre estão muitos mais interligados do que se imaginava.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi82eQdfUSL8qtXzR_C7N5RJtVo-J0D-BOjfNvJZ4Gb3U9Nf-rHsdlH5UVM9EMFN5tU3F04VvMmEUqPYx8wEPjvw3625zhuowNelF5TGo__4bCUZrXG95l-vFk-3dPb1ddM83A_8O8gRqpi7uc9AHmFUUKZmGfvIt5CdO9FDKYwE7sngeNxDkpHAIMRGnk/s320/SEMENTES.jpg


        O pacu, peixe nativo das bacias dos rios Paraná-Paraguai, é um importante dispersor de sementes da vegetação ciliar, principalmente em épocas de cheias, quando alguns frutos estão fora do alcance de outros animais.

        A equipe de Mauro Galetti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, analisou o papel do pacu (Piaractus mesopotamicus), peixe nativo da bacia dos Rios Paraná-Paraguai, na dispersão de sementes. O objetivo da pesquisa era analisar as relações ecológicas entre essa espécie e as plantas que ela pode dispersar.

        [...]

        Após coletar espécimes de peixes de rios do Pantanal, os pesquisadores analisaram o estômago e o intestino dos animais para verificar os principais frutos ingeridos e quais deles poderiam ter suas sementes dispersas. O estudo concluiu que o pacu é um dos principais responsáveis pela dispersão das sementes da palmeira tucum (Bactris glaucescens).

        A pesquisa apontou ainda que, no Pantanal, os peixes são responsáveis pela dispersão de pelo menos 25% das espécies de plantas típicas das matas de galeria, ou seja, vegetação das margens de rios e de mananciais. De acordo com Camila Donatti, na época de cheias os peixes podem alcançar frutos de árvores aos quais outros potenciais dispersores não têm acesso.

        “Durante essa época do ano, as árvores nas áreas alagadas do Pantanal chegam a ficar alguns metros sob a água”, afirma a ecóloga. “Além disso, o pacu pode dispersar as sementes rio acima, o que não aconteceria se o fruto caísse na água e fosse levado correnteza abaixo.”

        [...]

        A equipe também descobriu que há uma relação entre o tamanho dos peixes e sua capacidade de dispersão. Segundo Donatti, os peixes maiores não precisam quebrar os frutos para ingeri-lo e, dessa forma, mantêm um número maior de sementes intactas em seu estômago.

        “A lei brasileira permite a pesca de pacus com mais de 40 centímetros de comprimento, exatamente os principais dispersores das sementes”, lamenta a pesquisadora. “A pesca no Pantanal já está provavelmente afetando a dispersão de sementes de plantas com frutos relativamente grandes, que são dificilmente levadas por outras espécies de animais”.

        A relação de mutualismo entre plantas e peixes é uma das mais ameaçadas atualmente. Além da pesca, fatores como a poluição dos rios e a introdução de espécies exóticas de peixes também podem afetar as espécies de plantas negativamente.

        Donatti afirma que não basta preservar espécies em isolamento: é preciso considerar também as interações ecológicas entre elas. “Nesse caso, a lei ambiental brasileira se concentra apenas nas populações de peixes, e esquece de outras espécies com que eles interagem”, completa. 

Fonte: Igor Waltz. Peixes ajudam na dispersão de sementes. Ciência Hoje On-line, 16/04/2008. Disponível em: http://cienciahoje.org.br/peixes-ajudam-na-dispersao-de-sementes. Acesso em: 22 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 258-259.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o principal achado do estudo realizado no Pantanal em relação aos peixes e à vegetação?

      O estudo revela a importância dos peixes (como o pacu) para a conservação da vegetação ciliar (matas de galeria) e mostra que os ecossistemas aquático e terrestre estão interligados.

02 – O pacu é um dispersor de sementes particularmente importante em qual época do ano e por qual motivo específico?

      Ele é importante principalmente em épocas de cheias, pois os frutos ficam fora do alcance de outros animais e o pacu consegue alcançá-los sob a água.

03 – Segundo a pesquisa, qual a porcentagem das espécies de plantas típicas das matas de galeria (vegetação ciliar) que têm suas sementes dispersas pelos peixes no Pantanal?

      Os peixes são responsáveis pela dispersão de pelo menos 25% (um quarto) das espécies de plantas típicas.

04 – Cite um benefício adicional da dispersão de sementes feita pelo pacu em áreas alagadas, que não seria possível se os frutos caíssem e fossem levados pela correnteza.

      O pacu pode dispersar as sementes rio acima, contrariando o fluxo natural da água.

05 – Que relação a equipe de pesquisadores descobriu existir entre o tamanho dos peixes e sua capacidade de dispersão de sementes intactas?

      Peixes maiores são melhores dispersores, pois não precisam quebrar os frutos para ingeri-los, mantendo um número maior de sementes intactas no estômago.

06 – Que consequência negativa a pesquisadora Camila Donatti lamenta em relação à legislação brasileira de pesca e à conservação das plantas?

      Ela lamenta que a lei permite a pesca de pacus com mais de 40 cm (os principais dispersores de sementes grandes), o que está afetando a dispersão dessas plantas.

07 – Além da pesca, quais são outros dois fatores que atualmente ameaçam a relação de mutualismo entre plantas e peixes no Pantanal?

      Os outros fatores são a poluição dos rios e a introdução de espécies exóticas de peixes.

sábado, 29 de novembro de 2025

NOTÍCIA: SOL, PRIMEIRA FONTE DE LUZ E DE ENERGIA - MARIANA CASTRO ALVES - COM GABARITO

 Notícia: SOL, primeira fonte de luz e de energia

        Ele já foi venerado como deus em várias culturas antigas, como nas civilizações Inca e Asteca no período da América pré-colombiana. Dá nome para um dos dias da semana nas línguas inglesa (Sunday) e alemã (Sonntag). Também foi motivo de acalorados debates científicos e religiosos quando, no século XVII, Galileu Galilei, retomando a teoria de Nicolau Copérnico, afirmou que o Sol estava no centro do Universo, revolucionando a Física, a Astronomia e toda a ciência com o chamado sistema heliocêntrico.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj31k9YJitt9f-PNmryoI5-HI2JRIwsBdR1yMddhtW4m3QtODZSAWAmtCsw_RtfA8GyNvtoKrun0PamiYbiyPg9G3TdVAjSMh0pjVgyozMbSn3S5uqYwamokMJ8B_jEFH6j2LZ58Ocaeh296NeXltbm2b1zbhp9TVW1iFqEw118TqS5GIqFqLTz3jfTNNI/s320/pngtree-icon-of-sun-png-image_6484830.png 


        O Sol é a principal fonte de energia da Terra. Seu calor aquece o planeta e promove a formação de padrões climáticos, o aquecimento dos mares, a formação de correntes oceânicas e o movimento da atmosfera. Sua energia é responsável direta ou indiretamente por todas as formas de vida. além de manter a água no estado líquido, permite que ocorre a fotossíntese, que virou poema na música de Caetano Veloso: “Luz do sol / Que a folha traga e traduz / Em verde novo / Em folha, em graça / Em vida, em força, em luz...”. Esse processo – em que organismos como plantas e algas produzem oxigênio usando água e dióxido de carbono – é fundamental para toda a cadeia alimentar. Mas, além da fotossíntese, a energia solar pode ser capturada de outras maneiras, para outras finalidades.

ALVES, Mariana Castro. Sol, primeira doente de luz e de energia. Revista Pré-Univesp, nº 61, dez. 2016 / jan. 2017.

Fonte: Da escola para o mundo. Roberta Hernandes; Ricardo Gonçalves Barreto. Ensino Fundamental – Anos finais. Projetos integradores 8º e 9º anos. Ed. Ática. São Paulo, 1ª edição, 2018. p. 36.

Entendendo a notícia:

01 – Em quais civilizações antigas o Sol já foi venerado como um deus, e em quais idiomas ele deu nome a um dia da semana, segundo o texto?

      O Sol já foi venerado como deus nas civilizações antigas Inca e Asteca (na América pré-colombiana). Ele deu nome a um dia da semana nas línguas inglesa (Sunday) e alemã (Sonntag).

02 – Qual debate científico e religioso o Sol motivou no século XVII, e quem foram os principais nomes envolvidos nessa teoria?

      O Sol motivou o debate sobre o sistema heliocêntrico, quando Galileu Galilei, retomando a teoria de Nicolau Copérnico, afirmou que o Sol estava no centro do Universo, revolucionando a Física e a Astronomia.

03 – Além de ser responsável por todas as formas de vida, quais são os principais fenômenos terrestres que o calor do Sol ajuda a promover ou formar?

      O calor do Sol promove a formação de padrões climáticos, o aquecimento dos mares, a formação de correntes oceânicas e o movimento da atmosfera.

04 – Qual processo biológico fundamental para a cadeia alimentar é permitido pela energia solar, e quais são os insumos (o que é usado) para que ele ocorra?

      O processo fundamental é a fotossíntese. Para que ele ocorra, organismos como plantas e algas produzem oxigênio usando água e dióxido de carbono.

05 – Qual é a condição essencial da água que a energia solar ajuda a manter no planeta, sendo crucial para a vida?

      A energia solar ajuda a manter a água no estado líquido.

 

TEXTO: A CROSTA TERRESTRE - TEIXEIRA, W. - COM GABARITO

 Texto: A crosta terrestre

        Vivemos sobre a crosta terrestre, a camada mais superficial do planeta.

        As rochas e o solo, que formam essa camada, parecem não se modificar ao longo do tempo, mas sofrem transformações constantemente. Tais mudanças ocorrem naturalmente, por ação da água, dos ventos e dos seres vivos, por exemplo, ou como consequência dos impactos ambientais de atividades humanas, como a extração de minerais, as plantações e as criações de animais.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivIFb_EHrL5LqJC5o1M3lm1GxIrQpn617vSrEdFmlr1T-l4-fcNiQChXNXx4-IwHMVEnPPXd_OAxyNMATGeR4k5Z3pOVRhDqPGtshT3AUNjfbQTjTTL1sfgJy8Ly62CjUmKPodMVzuZdqP1U6AoZlXqWFiJv9YiC1EtdbBw_93EfZZ0nCsNXWCYUZHpMI/s320/estrutura_int_terra.jpg


        As rochas e o solo são recursos naturais de grande importância para os seres vivos. Os minerais, matéria-prima de diversos materiais de construção e de muitos produtos que nos cercam, são extraídos das rochas. O solo, por sua vez, é o local onde crescem as plantas, que são a base de muitas cadeias alimentares. Portanto, os animais, inclusive os seres humanos, dependem do solo para viver.

        É preciso conhecer as características das rochas e do solo, seus processos de formação e as transformações pelas quais esses recursos passam para compreender o impacto no ambiente de seu uso pelos seres humanos.

        I – A composição da crosta terrestre

        A crosta terrestre é formada em grande parte por rochas, compostas de um ou mais minerais.

        Vimos que a Terra é formada por três camadas, núcleo, manto e crosta terrestre. Entre elas a crosta terrestre é a camada mais superficial, formada por diferentes tipos de rochas.

        As rochas e os minerais

        Os minerais são materiais geralmente sólidos, homogêneos e de ocorrência natural. Entre os minerais mais comuns há o ferro, o alumínio e o diamante.

        As rochas são compostas da união natural de minerais. Algumas são formadas por um único tipo de mineral, como é o caso do calcário, rocha composta apenas de calcita. Mas a maioria delas é um agregado de diferentes minerais. O granito, por exemplo, é formado principalmente por três minerais: o quartzo, o feldspato e a mica.

        Além da extração de minerais, as rochas apresentam diversos outros usos, como na construção civil e nas artes plásticas.

        Minérios

        Ao longo da história, a utilização dos inerais e rochas pelos seres humanos foi se tornando cada vez mais frequente e diversificada. Atualmente, fazemos uso direto ou indireto de quase todos os minerais conhecidos.

        O aproveitamento de cada mineral está relacionado a suas propriedades físicas, como a transparência, a cor, o brilho e a dureza (resistência ao ser riscado). Variedades do mineral quartzo, por exemplo, são utilizadas na produção de vidro, por serem transparentes, incolores, duras e terem um brilho vítreo. Outras propriedades também possibilitam o uso desse mineral na fabricação de instrumentos ópticos (como lentes de lupas e de óculos) e mecanismos de relógios.

        Os minerais e as rochas de importância econômica para uma sociedade são chamados de minérios. A atividade de extração mineral é chamada de mineração e deve ser realizada segundo determinadas regras, pois pode causar grandes impactos ambientais.

        II – Tipos de rocha

        As rochas podem ser ígneas, sedimentares ou metamórficas.

        Rochas ígneas

        As rochas ígneas também são chamadas magmáticas. Elas são formadas pelo resfriamento do dogma.

        Existem dois tipos de rochas ígneas, que diferem pelo local onde o magma se resfriou.

        As rochas ígneas vulcânicas formam-se na superfície se resfria rapidamente. É como se formam a pedra-pomes e o basalto.

        As rochas ígneas plutônicas são formadas quando o magma se resfria lentamente abaixo da superfície terrestre. É o caso do granito.

        As rochas ígneas são amplamente utilizadas na construção civil, em pisos, revestimento de paredes, tampos de pias de banheiros e de cozinhas, em calçamentos de ruas e como componente do concreto. Esse tipo de rocha também pode ser esculpido e transformado em objetos artísticos ou de decoração. A pedra-pomes, por ser porosa e com superfície áspera e abrasiva, é utilizada para a esfoliação da pele e para o polimento de objetos, por exemplo.

        Rochas sedimentares

        As rochas sedimentares são formadas pelo acúmulo e pela compactação de sedimentos, que são, em geral, fragmentos de outras rochas. Esses fragmentos são formados pelo processo de intemperismo. O intemperismo corresponde a ação de fatores climáticos como mudanças de temperatura, chuva e ventos, que alteram a cor, a textura, a composição ou a forma do que é exposto a ele, por exemplo, as rochas. Os fragmentos podem ser transportados pela ação dos ventos ou das águas.

        São exemplos de rochas sedimentares: o arenito, formado por sedimentos que desprenderam do granito, o varvito e o calcário.

        Os arenitos podem ser utilizados como revestimento de calçadas, pisos e paredes. Já os calcários são usados na agricultura, para o tratamento do solo, e na construção civil, como matéria-prima para a fabricação de cal e cimento. As rochas sedimentares também estão relacionadas com importantes fontes de energia, já que nelas são encontrados depósitos de combustíveis fósseis, como o petróleo.

        Os fósseis e as rochas sedimentares

        Os fósseis são restos de seres vivos ou vestígios de suas atividades, que ficaram preservados em rocha, ou materiais como âmbar ou gelo. A fossilização é um evento raro e conserva principalmente as partes duras dos organismos, como ossos, dentes, conchas, carapaças e troncos.

        A formação de um fóssil pode acontecer quando um organismo morto (ou partes dele) é soterrado por sedimentos, impedindo a ação de microrganismos decompositores e de outros agentes, como a água da chuva e do vento, que causam a deterioração do material. Ao longo do tempo, novas camadas de sedimentos vão se acumulando, formando uma rocha sedimentar em meio à qual fica preservado o vestígio daquele ser vivo.

        Nesse tipo de fossilização, a matéria orgânica do ser vivo é gradualmente substituída por minerais. Há também outros processos pelos quais fósseis podem ser formados. Por exemplo, a parte dura do organismo pode não ser preservada, mas deixar marcas na rocha que se formou ao seu redor.

        Rochas metamórficas

        Desde o início da formação da Terra, as rochas sofrem modificações. As rochas metamórficas são formadas pela transformação de qualquer tipo de rocha em estado sólido, como as ígneas, as sedimentares e as próprias metamórficas. Essa transformação acontece quando, em partes profundas da crosta terrestre, as rochas são submetidas a altas pressões e temperaturas, produzindo, então, novas texturas e novos minerais, alterando a composição original da rocha.

        O granito (rocha ígnea), por exemplo, quando está sob altas pressões e temperaturas em camadas profundas da crosta terrestre, pode se transformar em gnaisse, uma rocha metamórfica.

        Além do gnaisse, a ardósia e o mármore também são exemplos de rochas metamórficas. Elas são amplamente empregadas na construção civil como revestimento de pisos, paredes e bancadas de pias, bem como na confecção de tampos de mesas e esculturas.

        Outro exemplo de rocha metamórfica é a pedra-sabão, muito usada na fabricação de utensílios de cozinha e de decoração e também por artistas em esculturas.

Fonte: TEIXEIRA, W. et al. (Org.). Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 230-238.

Entendendo o texto:

01 – O que é a crosta terrestre e quais elementos a formam em sua maior parte?

      A crosta terrestre é a camada mais superficial do planeta, formada em grande parte por rochas e solo.

02 – Quais são os principais agentes naturais que causam transformações nas rochas e no solo da crosta terrestre?

      As transformações ocorrem naturalmente por ação da água, dos ventos e dos seres vivos.

03 – Qual a importância das rochas e do solo para os seres vivos, de acordo com o texto?

      As rochas fornecem minerais, matéria-prima para diversos materiais. O solo é o local onde crescem as plantas, base de muitas cadeias alimentares, sendo fundamental para a sobrevivência dos animais, incluindo os seres humanos.

04 – O que são minerais e como as rochas são compostas? Cite um exemplo de rocha formada por um único mineral e um por múltiplos minerais.

      Minerais são materiais geralmente sólidos, homogêneos e de ocorrência natural. As rochas são compostas pela união natural de minerais. O calcário é um exemplo de rocha com um único mineral (calcita), e o granito é um agregado de diferentes minerais (quartzo, feldspato e mica).

05 – O que são minérios e qual é o nome da atividade de extração mineral?

      Minérios são os minerais e rochas de importância econômica para uma sociedade. A atividade de extração mineral é chamada de mineração.

06 – Quais são os três principais tipos de rochas e como as rochas ígneas são formadas?

      Os três tipos de rochas são ígneas, sedimentares e metamórficas. As rochas ígneas (ou magmáticas) são formadas pelo resfriamento do magma.

07 – Qual a diferença entre rochas ígneas vulcânicas e plutônicas? Cite um exemplo de cada.

      As ígneas vulcânicas formam-se na superfície quando o magma se resfria rapidamente (ex.: pedra-pomes e basalto). As ígneas plutônicas formam-se quando o magma se resfria lentamente abaixo da superfície terrestre (ex.: granito).

08 – Como são formadas as rochas sedimentares e o que é intemperismo?

      As rochas sedimentares são formadas pelo acúmulo e pela compactação de sedimentos (fragmentos de outras rochas). Intemperismo corresponde à ação de fatores climáticos (como mudanças de temperatura, chuva e ventos) que alteram a cor, a textura, a composição ou a forma das rochas expostas a ele.

09 – Qual a relação das rochas sedimentares com a energia e a biologia (paleontologia)?

      Elas estão relacionadas a importantes fontes de energia por conterem depósitos de combustíveis fósseis, como o petróleo. Também são o local onde são encontrados os fósseis (restos ou vestígios de seres vivos preservados).

10 – Como são formadas as rochas metamórficas e cite dois exemplos de rochas metamórficas e suas origens (se mencionadas).

      As rochas metamórficas são formadas pela transformação de qualquer tipo de rocha (ígnea, sedimentar ou outra metamórfica) em estado sólido, quando submetidas a altas pressões e temperaturas em partes profundas da crosta terrestre. Exemplos: Gnaisse (formado a partir do granito) e mármore.

 

CONTO: PASSEIO - JOÃO ANZANELLO CARRASCOZA - COM GABARITO

 Conto: Passeio

           João Anzanello Carrascoza

        Aconteceu que o pai, à mesa de jantar, disse de repente: Sábado vamos lá. A menina, mais rápida que o irmão, perguntou, Lá onde, pai?, e ele, Não posso falar, é surpresa, e o garoto, Fala, pai, aonde a gente vai?, e ele, já vendo a felicidade futura dos filhos, sorriu, enigmático, Sábado, à tarde!, e continuou a comer, como se nada tivesse acontecido – o mundo de sempre funcionando. Aquela era só a notícia, a hora de vivê-la seria adiante; a mãe, mesmo sem saber qual o plano do marido, disse, em seu auxílio, A semana passa depressa!, e, com efeito, já estavam em sua metade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm7mTCVDhlhxQStD9joZxFfmLQ5xgCtQmwzsUByvs4Num6YyM7Fb6IW-I2LeqdNddDMp7BfxrCyAov2-umnM3VX-aTRsdh6Vd-oNP3OjbzcCfmVPY_ImNe1Yo2aQXPjwJBHNCjz6qFSFaFuU4frUh_LC8BUM4rCoUMby2E6vY6aiFi4LP0F6F0oSh7N5k/s320/playcenter-4.jpeg


         Mas os filhos queriam tudo imediato da vida e ficaram atiçados, aquele “láˮ tinha sido vento em brasa, eles ardiam de curiosidade, o garoto mais, por ser menor; a menina, no seu canto, esperta, pensando, pensando, Vou descobrir! Fosse a praça, redonda, onde alugavam bicicleta e faziam piquenique; ou o parque, grande, de tanto verde, que não entrava de uma só vez em seus olhos; já estariam contentes. Mas lá, lá onde seria?

        Não podiam se conter, os dois estavam além dessa noite. E era hora de dormir. Como manter a calma com aquela alegria, ainda sem forma, lá na frente? Sonhavam sem sono em suas camas. Reviravam-se, igual, nas dobras do lençol e da imaginação.

        Sorriam no escuro, só sentindo essa dúvida boa, onde?, onde?. O pai era mesmo de revelar aos poucos, para que vissem tudo, devagar, na sua inteireza. O cansaço, contudo, pedia-lhes mais corpo. E ganhou. O garoto foi o primeiro a dormir: arquitetava desejos e fatos, mesclando-os quando, de súbito, já ressonava alto; a respiração forte, no sonho certamente ele corria, era a sede dos dias seguintes. A menina, em seguida: nos lábios, o som silente de umas palavras adivinhas: shopping, karaokê, Playcenter. O que seria? O passeio, misterioso! Mas como são grossas as camadas da certeza, a menina não podia penetrá-las e ficou só na sua superfície, inventando lugares menores, se comparados à realidade. Bocejou uma vez. Duas. Dormiu.

        E, de súbito, já era o dia seguinte.

        E depois a noite desse dia.

        E logo outro dia.

        E a sua noite correspondente.

        No meio dessas horas todas, entre sol e sono, os dois irmãos reouviam, na memória, o anúncio do pai, Sábado vamos lá, e experimentavam a mesma feliz aflição, de saber já o quê e o quando, mas não o onde ainda encoberto. E como o eco retornava, também se reesqueciam, tinham as suas urgências. Mas aí, de repente, relembravam. O garoto rodeava o pai, Aonde a gente vai?, a menina jogava verde com a mãe, Na quermesse?, insistiam, insistiam, e nada. Melhor era viver sem expectativas a chegada do sábado.

        E esperaram assim, sem perceber, cuidando do que era próprio de sua idade ‒ os deveres da escola, o direito às brincadeiras. E o sábado chegou.

        Dia claro, o sol abriu cedo a manhã. Ninguém se lembrava do passeio, mas o passeio estava lá nas suas profundezas. Bastava atirar a primeira palavra para acordá-lo, e foi o pai — só podia ser ele — quem o fez no café da manhã, dizendo: Vamos sair às três!

        E aí o sorriso de um canto a outro da mesa, a curiosidade vívida das crianças, o mistério, enfim, com a sua hora do parto marcada.

        Ainda havia uma chance de descobrir, e o garoto não a deixou passar, Posso levar skate? O pai, Melhor não. A resposta já reduzia as opções, não era campo, praça, parque. A menina perguntou, Posso levar um gibi? O pai, Lá você não vai querer ler, e completou, só se for no caminho. E antes que replicassem, ele completou, é meio longe, vamos de ônibus! A mãe observava os filhos, também ignorava qual o programa, e achou prudente perguntar, Preparo uns lanches?, ao que o marido respondeu, Não, não precisa, a gente come lá!

        O mistério prosseguia. O pai com o novelo da surpresa só para ele. Então, cada um foi gastar com alguma coisa a leveza de seu sábado: o garoto com o cachorro no quintal, a menina com seus CDs, a mãe com as providências para o almoço. Assim, o devagar das horas passou depressa enquanto eles ocupavam as mãos e, sobretudo, a mente.

        E pronto: já era o tempo de ir.

        A mãe queria tirar umas dúvidas: Com que roupa? O marido, à porta do quarto, Confortável, e ela, Vestido ou calça jeans?, e ele, Vestido, e ela, Bolsa grande ou pequena?, e ele, Pequena, e ela, com um fiozinho de impaciência, Mas, afinal, aonde vamos?, e ele, Mais uns minutos e você saberá.

        Deu a hora combinada.

        Lá foi a família. O pai à frente, rebocando a mulher e os filhos até o ponto de ônibus. Esperaram em pé, o orgulho no olhar. Passou um, passou outro. Era o terceiro. O pai viu, É aquele, e acenou, vamos, vamos! O ônibus encostou e abriu a porta: entraram, rápidos, e se sentaram ao fundo. A realidade junto, generosa naquele instante, passeio iniciado. Os dois irmãos continuavam sem saber onde era lá, mas já provavam uma alegria modesta. E trataram de engordá-la: uma freada do ônibus os atirou um sobre o outro, e eis que riram, gargalharam. A mãe de olho, Cuidado, segurem firme!, o pai feliz também, era isso o que desejava, os filhos daquele jeito, o bom da diversão era ela toda ‒ o caminho.

        Primeiro, da janela, viram o bairro de sempre, Olha, olha, o supermercado, a igreja, a escola: tudo há muito conhecido, embora fosse um ver novo, com o contentamento. Depois, o ônibus os levou pela primeira vez a umas ruas nervosas, edifícios velhos dos dois lados, até desembocar numa praça cercada de árvores. Aí foram dar numa avenida de tráfego veloz, depois passaram por uns bairros bonitos; parecia outra cidade: casarões imponentes, alamedas, jardins. E essa outra cidade os via dentro do ônibus, à espera do que vinha. O garoto provocava a menina para aumentar a graça da viagem; o pai e a mãe sorrindo-se e, de repente, de mãos dadas, o vento suave nos cabelos.

        Então, uma sombra enorme cobriu a avenida por onde o ônibus seguia e, depois de sumir, deixou-a como antes. Logo à frente, puderam ver no céu o que era — Nossa! —, um avião. Rasante, planava quase a tocar os prédios: o ventre bojudo de metal, as asas estalando ao sol, o som trovejando atrás feito um rabicho. Admiradas, as crianças esticaram os olhos para ver no seu rever o avião, imenso, sumindo sobre os edifícios, era lá o seu pouso. Até então tinham visto os aviões só pequenos, no muito alto do céu, entre nuvens, sem os detalhes de agora e — descobriam, naquele momento — que eram, em verdade, sempre grandes. Tão despropositada era essa visão, que cutucaram o pai e a mãe perguntando o óbvio, se também tinham visto, como se o avião fosse um passarinho e só o olhar atento, de criança, pudesse percebê-lo na paisagem.

        O ônibus fez urna curva, pegou urna rua lateral e eis um novo redemoinho de excitação: no horizonte, vindo da esquerda, outro avião sobrevoava baixinho os edifícios e seguia rugindo para a mesma direção. O pai disse, É no próximo ponto!, e se levantou com a mãe. Os filhos o imitaram com atraso, flertando ainda o avião em seus pormenores, o bico, as asas…

        Saltaram do ônibus no meio de uma longa avenida. Atravessaram-na por uma passarela e, já do outro lado, caminharam algum tempo. Antes que o pai dissesse, os irmãos já sabiam. Era lá, o pleno passeio. O coração deles estremecia, com os primeiros encantos… Dali, podiam avistar a entrada principal do aeroporto, a torre de controle, um trecho da pista onde um avião taxiava lentamente, sem que soubessem se era sua partida ou chegada. Também não importava: só queriam vê-lo, com os olhos da certeza, aquele era o instante, sem o antes e o depois, o imediato real ‒ o avião, sólido, movia-se, mais e mais, fora da neblina do sonho. A família, igualmente, seguia devagarinho pela calçada, rumo ao seu destino.

        O pai, no comando, conduziu-os à área de desembarque. Gente e mais gente afluía de várias direções, com bolsas a tiracolo, mochila às costas, malas sobre carrinhos. O frenesi excitava e entontecia. A mãe se pôs entre os filhos, dando-lhes as mãos para que não se perdessem entre as pessoas. Chegaram a uma porta de vidro, que se abriu, automaticamente. Entraram. O pai, Vamos, é lá em cima, e seguiu para a escada rolante, margeando os guichês das companhias aéreas.

        Subiram, a curiosidade acelerada. Um andar mais calmo, e também eles num novo estado, acima. Ali, o mirante. Uma aglomeração de pessoas em frente à imensa janela panorâmica. Todas para ver além do vão do seu dia. Os irmãos achataram o nariz no vidro, como se quisessem transpô-lo. Latejava nos dois a felicidade, e era muita: até incômoda. Assistiam àquele trecho do mundo, inteiros, que tudo o mais era de força menor. O quadro se fazia e se refazia, móvel: dezenas de jatos estacionados com as portas abertas; ao redor, um ir e vir de tratores e ônibus, o sol atrás dos prédios, e, tocando a pista, agora pousava um avião, Olha lá, olha lá! Chegava, enfim, a hora máxima.

CARRASCOZA, João Anzanello. Passeio. Aquela água toda. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2018. p. 66-74.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 13-15.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

-- Frenesi: atividade, agitação interna.

-- Playcenter: nome de um parque de diversão que funcionou na cidade de São Paulo, de 1973 a 2012.

-- Silente: silencioso.

02 – Qual é a surpresa que o pai anuncia à família à mesa de jantar?

      O pai anuncia que no sábado eles iriam "lá", um lugar misterioso que ele não revela para manter a surpresa e atiçar a curiosidade dos filhos.

03 – Por que o mistério sobre o lugar do passeio desperta tanta curiosidade e aflição nas crianças?

      O mistério causa uma "feliz aflição" nas crianças porque elas sabiam o quê (o passeio) e o quando (sábado à tarde), mas não o onde, o que as faz sonhar acordadas e tentar, sem sucesso, adivinhar o destino.

04 – Que lugares a menina chega a imaginar que poderiam ser o destino do passeio?

      A menina chega a cogitar que o passeio poderia ser no shopping, no karaokê ou no Playcenter.

05 – Quais foram as dicas dadas pelo pai que ajudaram as crianças e a mãe a reduzir as opções do destino, pouco antes de saírem?

      O pai deu as seguintes dicas: Não era bom levar skate (eliminando campo, praça, parque). Não seria um lugar onde se gostaria de ler (gibi), exceto no caminho. Era meio longe, e eles iriam de ônibus. Não precisava preparar lanches, pois eles comeriam lá.

06 – Qual é o meio de transporte utilizado pela família para ir ao local misterioso?

      A família se dirige ao local de destino de ônibus.

07 – Durante a viagem de ônibus, o que acontece que aumenta a alegria e a diversão das crianças?

      Uma freada do ônibus atirou os dois irmãos um sobre o outro, o que os fez rir e gargalhar, percebendo que "o bom da diversão era ela toda ‒ o caminho".

08 – O que a família vê pela primeira vez de uma forma grandiosa e detalhada, o que os leva a questionar os pais?

      Eles veem um avião em voo rasante, com "o ventre bojudo de metal, as asas estalando ao sol", o que os faz descobrir que os aviões eram, na verdade, sempre grandes e não apenas pequenos pontos no céu como viam antes.

09 – Ao saltarem do ônibus e caminharem pela passarela, as crianças conseguem, finalmente, identificar qual é o destino. Que lugar é esse?

      O destino do passeio é o aeroporto.

10 – Qual é a primeira coisa que as crianças veem no aeroporto que lhes traz o "imediato real"?

      Eles avistam a entrada principal do aeroporto, a torre de controle e "um trecho da pista onde um avião taxiava lentamente".

11 – Onde o pai conduz a família para que todos possam assistir plenamente ao movimento do aeroporto e de seus aviões?

      O pai os conduz ao mirante, no andar de cima, em frente à imensa janela panorâmica, onde podiam ver a pista, os jatos estacionados e o pouso de um avião.