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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

ENTREVISTA: ZIRALDO ENTREVISTA MAURÍCIO DE SOUSA - ABZ DO ZIRALDO - COM GABARITO

 Ziraldo entrevista Mauricio de Sousa


no ABZ do Ziraldo

 Ziraldo: Vamos começar o programa que hoje é um programa completamente diferente, completamente diferente, e vocês vão entender por quê. Porque eu… eu… eu vou contar aqui, na companhia dele, a biografia de um sujeito muito importante na minha vida, na vida do Brasil inteiro. Realizou um milagre fantástico na história cultural do Brasil e eu… eu acompanho a vida dele praticamente desde que ele começou. É uma das mais antigas amizades da minha vida. Ele se chama Mauricio de Sousa. Pããããã!

Mauricio de Sousa: (risos )

Z: Mauricio de Sousa, que coisa fantástica, hein? Olha quanta coisa aconteceu nesses 50 anos na sua vida! Aí está o Mauricio de Sousa, criador deste universo que faz parte da história de… contemporânea do Brasil. Tem também as… as coisas didáticas que o Mauricio faz que as pessoas encomendam, escola, institutos, é… tudo. É muito… muita coisa didática, inclusive pro mundo inteiro! Esta aqui é uma história, né?

MS: É… essa é do…

Z: Conta a história da… da… da descoberta da América ééé para uma revista do Vietnã. É uma coisa impressionante. Mauricio, vamo começar a contar. Mauricio de Sousa nasceu em…?

MS: Santa Isabel, estado de São Paulo!

Z: O que é isso?! Mogi das Cruzes, rapaz.

MS: Não, não, nasci em Santa Isabel, uma cidade pequena, perto de Mogi das Cruzes…

Z: Hã…

MS: Minha família viajou para Santa Isabel, nasci lá…

Z: Mas chegou a morar em Santa Isabel?

MS: Lá ela ficou uns tempos lá, até eu ficar taludinho e poder mudar pra Mogi das Cruzes, onde eu me criei.

Z: Você já desenhava na infância e o tempo todo obsessivamente, naturalmente…?

MS: Eu me lembro da infância desenhando, pintando, rabiscando. Papai era poeta, ele tinha umas… livros, uns cadernos de poesia muito bonitos e eu adorava, quando ele saía, pegar o caderno dele e ilustrar as poesias dele. Z: Ah…!

MS: Ilustrar daquele jeito estragando o caderno dele, né? (risos)

Z: (risos)

MS: Daí o meu pai, muito sabido…

Z: Deixou você, deixou…

MS: Olhou… falou: “ah, você gosta disso?” Saiu, comprou um caderno igual o dele, lápis, tudo mais e me deu falando: “esse aqui é seu, esse aqui é meu. Agora cê usa o seu”.

Z: (risos)

[…]

MS: Quandooo eu tava pra fazer o Bidu, um colega meu, Lourenço Diaféria, jornalista, tava fazendo uma revista e ele falou “Mauricio, eu tô precisando de uma página com charges pra minha revista. Cê pode fazer uma pra mim?” Falei: “eu posso fazer”. Fui pra casa e desenhei umas charges com um cachorrinho, que era parecido com o Bidu, né?, daí ele falou “me traz amanhã tudo pronto”. No dia seguinte, eu levei, peguei o material pra levar pra ele, pra vender, né, e esqueci no táxi o desenho. Falei: “ih, Lourenço, esqueci no táxi! Mas me dá mais 24 horas”. Fui pra casa, desenhei de novo as charges. No que você desenha de novo, você sabe disso, você melhora, você já tá dominando mais…

Z: Claro, claro…

MS: … a técnica e o personagem e tudo mais.

 Transcrição de entrevista concedida por Mauricio de Sousa a Ziraldo. Disponível em: (parte 1) e (parte 2). Acesso em: 31 jul. 2018. (Fragmentos).

1.   O que torna a entrevista feita por Ziraldo semelhante a uma biografia?

Assim como em uma biografia, as perguntas conduzem o entrevistado a contar uma parte da história de sua vida.

2.   O que as torna diferentes?

Na biografia, um produtor conta a história de vida de uma pessoa pública ou, no caso da autobiografia, a figura pública conta sua própria história de vida. Na entrevista, essa história chega ao leitor por meio de uma interação (pergunta-resposta) entre o entrevistador e a pessoa pública.

3.   Embora seja uma situação de comunicação formal, essa entrevista se assemelha a um bate-papo entre amigos. Explique por quê.

Porque o entrevistador, com frequência, interrompe o entrevistado para completar ou reconduzir sua fala, e parece haver grande intimidade entre eles.

4.   Por ser uma transcrição, o texto mantém marcas que são típicas da fala. Cite duas delas.

Sugestão: Alongamento de vogais (“Quandooo eu tava pra fazer o Bidu […]”), marcadores conversacionais (“Esta aqui é uma história, né?”), repetições (“Porque eu… eu… eu vou contar aqui […]”) e encurtamento de palavras (“Cê pode fazer uma pra mim?”).

5.   Observe o que aconteceu com os turnos de fala entre as linhas 14 e 18.

a)    Que elemento usado por Ziraldo, no primeiro trecho, levou Mauricio a entender que deveria responder?

O marcador “né?”

b)    Era essa a expectativa do entrevistador? Justifique analisando sua reação.

Não, como mostra o fato de Ziraldo rapidamente interromper.

c)    Provavelmente a reação de Ziraldo ocorreu porque ele tinha planejado um roteiro para a conversa. Com o que ele queria começar?

Pela narrativa da infância do entrevistado.

6.   Releia, agora, as linhas 38 a 42. Ziraldo invade o turno conversacional de Mauricio. Qual é o objetivo dele ao fazer isso?

Participar da narrativa, ajudar a contar a história.

7.   desafio de escrita .Como já dissemos no início deste capítulo, os boxes “De quem é o texto?” são brevíssimas biografias. Usando as informações da entrevista, redija um desses boxes para apresentar Mauricio de Sousa.

 

    

           Sugestão de resposta: Mauricio de Sousa nasceu em Santa Isabel, próximo a Mogi das Cruzes, onde morou durante a infância. Começou a desenhar ilustrando poemas de seu pai, e hoje suas obras estão em vários lugares do mundo. Seu primeiro personagem foi Bidu e, quanto mais ele o desenha, mais aprimora seus traços.

       

domingo, 25 de novembro de 2018

DITADO DE PALAVRAS - SÉRIES INICIAIS - COM GABARITO


Ditado de palavras

·        Palavras com SS:
Carrossel – pássaro – passeio – girassol – osso – assado – travessão – massa – vassoura – passado – assembleia – profissão – massagista – impressão – pêssego – sossego – bússola – professor – travesseiro – interesse – ultrassom – gesso – sucesso – tosse – pessoa – passeata – assobio – progresso.

·        Palavras com Ç:
Taça – lençol – moça – seleção – palhaço – coleção – coração – louça – roça – cabeça – calçada – maçã – engraçado – aviação – poluição – lição – calça – paçoca – canção – força – linguiça – balanço – endereço – dança – carroça – açúcar – poço – laço – bagaço – pescoço – caroço – fumaça – lenço – almoço – pinça – aflição – licença – traição – festança – carniça – espaço.

·        Palavras com S ou Z:
Dezembro – dezesseis – crase – dengoso – divisão – fizer – casa – quase – esquisito – magazine – estudioso – trazer – repousar – camponesa – razoável – formosa – dúzia – bazar – globalizar – resolver – paraíso – razão – nasal – burguesa – atrasado – quiser – fazenda – viuvez – prisão – prazer – profetisa – gozação – batizar – limpeza – ozônio – milanesa – visita – japonesa – camisola – rezar.

·        Palavras com EX:
Exclamar – extraviar – externato – exposição – experiência – excursão – inexplicável – extração – exprimir – explosão – expedição – expediente – excluir – expressão – exagerar – exalar – exaltar – existir – exato – exausto – execução – êxito – exemplar – exercício – exército – expelir – exame – exportação – oxigênio – maxilar – anexo – oxigenada.

·        Palavras com R inicial:
Roda – revista – raposa – ruim – rio – rinoceronte – rosa – rima – rainha – risada – roupa – relógio – remédio – rancho – recado – repolho – rapaz – régua – rádio – rolha – rico.

·        Palavras com R:
Moro – goleiro – barata – agora – barulho – amarelo – besouro – careca – querido – careta – tesoura – caroço – girafa – amora – jacaré – namorada – peru – farol – perereca – feira – parede – segurar – coruja – biruta – peru – xícara – aranha – figura – cenoura – garota – coroa – carimbar – urubu – pirulito – mamadeira – furo – baralho – fevereiro – cadeira – bailarina – xarope – direção.

·        Palavras com RR:
Arroz – macarrão – correr – bezerro – barriga – ferro – agarrar – guitarra – terreno – corrente – barril – carretel – curral – sorriso – berrar – correio – empurrar – barraca – arrumar – borracha – torre – carregar – serrote – guerra – corrida – errado – terra – aborrecido – burro – torrada – gorro – forro – marreco – ferradura – socorro – marrom – arruda – terremoto – gangorra – barrigudo – carruagem – amarrado.

·        Ditado de palavras:
Intenção – desfecho – diversidade – edifício – contexto – caverna – mensagem – construção – conhecer – tranquilidade – quarto – retrato – enfrentar – profissão – comprar – cachorro – criança – vizinha – quadrinho – dramatizar – retalhar – aproximar – guardar – telhado – preguiça – dinheiro – brasileiro – compadre – trapaça – enxada – estrela – socorro – espantalho – trapo – chuvarada – brincadeira – galinheiro – inteligência – pássaro – moleque – fogueira – tribo – pesca – primavera – cobra – fotografia – tarde – serrote – armário – sofá – outubro – verdade – dicionário – gramática – chuva – esquerda – aquarela – toalha – chocolate – aquário – orgulhoso – estudioso – pavão – pirâmide – picolé – riqueza – peteca – xícara – almoço – amizade – pêssego – chocalho – mostarda – lanchinho – tartaruga – tigre – espetáculo – chafariz – rapaz – xadrez – limpeza – comida – lanterna – saudade – palavra – caneta – televisão – trânsito – família – violência – anjo – oceano – felicidade – sozinho – caipira – socorro – vilarejo – chiclete – malandro – inútil – trabalho – calibre – machado – lixo – bicho – abacaxi – chinelo – faxina – chuva – chinês – telhado – espinho – espelho – chuchu – montanha – carretel – carroça – quinzena – fazenda – compadre – genro – estrada.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

RELATO PESSOAL: FÉRIAS NA ANTÁRTICA - LAURA, TAMARA E MARININHA KLINK - COM GABARITO

 Relato pessoal: Férias na Antártica 

                         Laura, Tamara e Marininha Klink 

 

        Nascemos numa família que gosta de viajar de barco, e muito. Crescemos enquanto nosso pai construía um novo veleiro, o Paratii 2. Pessoas que nunca tinham visto um barco antes também participaram da sua construção, que aconteceu devagar, longe do mar e com muito esforço. Quando ficou pronto, tornou-se famoso pelas viagens que fez e por ser um dos barcos mais modernos do mundo. Nossa mãe sabia que o barco era seguro e que poderia levar toda a nossa família. Então pediu para irmos todos juntos numa próxima vez e nosso pai concordou! Ficamos felizes porque, finalmente, não ficaríamos na areia da praia dando tchau. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGjWt1XB5crZaG2ATlaU50VNjihWNSy1wIWjrY4yzuc5gA1MrfJbT-tz3iG-JhrXgHFPpFm1Mzk3VfL9MM7d05oAN3xpALI3hWXr8xf7eqLOIqBdgY6duKSkPEuDU0aYCdA5Qj03zivczNxYjo5dL8SZkaNR3xSennOEodIx3iVmUFZJvl730b2xQOH4k/s320/barco_paratii_2_6.jpg


        Partimos para uma longa viagem e deixamos nossos avós com saudades. Viajamos para um lugar que muitas pessoas nem imaginam como é.

        Para chegarmos lá, balançamos para cima e para baixo, para um lado e para o outro, com movimentos nem um pouco agradáveis, nada parecidos com os que experimentamos em terra firme. 

        Fomos para um continente que não tem dono, bandeira ou hino, onde sentimos temperaturas abaixo de zero. Dizem que ali é tudo branco e só tem gelo, mas enquanto viajávamos fomos descobrindo muitas cores e diferentes tons de branco. 

        Sempre nos perguntam: "O que vocês fazem lá?" "Tudo!" é a nossa resposta. É um lugar muito especial chamado Antártica. E por que é tão especial assim? 

        [...] 

       Kit de sobrevivência

        Todo o lugar é especial e interessante para se começar uma história. Esta começa no nosso quarto. É lá que fica o armário onde fazemos nossas primeiras “escavações” para achar tudo o que precisamos levar [...]: luvas, gorros, capas, toucas grossas, roupas de tecido que grudam no corpo (segunda pele), botas, óculos escuros, protetor solar... Nada pode ser esquecido, porque na Antártica não tem nenhuma lojinha [...].

        Aprendemos com a nossa mãe que não existe tempo ruim; existe roupa inadequada. Ela nos contou que em uma de suas viagens para lugares frios, encontrou uma moça com seu bebê na rua. Acostumada a ver crianças passearem em dias ensolarados tipicamente tropicais, ela ficou impressionada ao ver um pequeno bebê passeando tranquilamente em seu carrinho pela rua coberta de neve, que mais parecia uma imensa “geladeira” [...]. Mas não havia com o que se preocupar, pois o bebê estava com a roupa certa para aquele inverno rigoroso.

        A preparação dessa viagem exige atenção com a segurança o tempo todo. Estar seguro na Antártica é diferente de estar seguro na cidade. [...] Na Antártica, ganhamos liberdade. Mas sempre temos que ter o cuidado de nos proteger do frio e da fome. Para enfrentar o que vem pela frente temos que estar sempre bem preparados.

Laura, Tamara, Marininha Klink. Férias na Antártica.2 ed. São Paulo: Peirópolis, 2014. (Fragmento adaptado).

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP325-327.

Entendendo o relato pessoal:

01 – Do que a família das irmãs Klink gosta?

a)   Ela gosta de bandeiras.

b)   Ela gosta de construções.

c)   Ela gosta de viajar de barco.

02 – Enquanto as irmãs Klink cresciam, o que o pai delas construía?

a)   Um navio.

b)   Um veleiro.

c)   Uma jangada.

03 – Quem acompanhou Amyr Klink em uma de suas viagens?

a)   Toda a família.

b)   Ninguém.

c)   Apenas a mãe.

04 – Para onde eles viajaram?

a)   Para a América Central.

b)   Para a Antártica.

c)   Para a Europa.

05 – Como esse lugar foi descrito pelas autoras do texto?

a)   Um lugar com lojas e grande circulação de pessoas.

b)   Um lugar sem pessoas, onde só havia gelo.

c)   Um continente que não tem dono, bandeira ou hino, com temperaturas abaixo de zero.

06 – Releia o trecho a seguir.

        “Todo o lugar é especial e interessante para se começar uma história. Esta começa no nosso quarto. É lá que fica o armário onde fazemos nossas primeiras “escavações” para achar tudo o que precisamos levar.”

a)   Onde começa a história das irmãs? Por quê?

Começa no quarto, porque é onde está tudo o que precisavam levar na viagem.

b)   O que elas pegaram no quarto para irem a esse lugar especial?

Luvas, gorros, capas, toucas grossas, roupas de tecido que grudam no corpo (segunda pele), botas, óculos escuros, protetor solar.

c)   Por que pegaram todas essas coisas?

Porque nada poderia faltar, já que não teriam onde comprar qualquer coisa.

d)   Que parte do texto comprova a sua resposta ao item c?

“Nada pode ser esquecido, porque na Antártica não tem nenhuma lojinha [...].”

07 – Releia o trecho a seguir.

        “Nascemos numa família que gosta de viajar de barco, e muito. Crescemos enquanto nosso pai construía um novo veleiro, o Paratii 2.”

·        Nesse trecho, duas palavras podem ser usadas como sinônimas uma da outra. Que palavras são essas?

Barco e veleiro.

08 – Leia o trecho abaixo com atenção às palavras destacadas.

        “Fomos para um continente que não tem dono, bandeira ou hino, onde sentimos temperaturas abaixo de zero.”

·        No trecho, o que significa a expressão “não tem dono”?

Significa que o continente não pertence a nenhum país.

09 – Reescreva o trecho a seguir no caderno substituindo “inverno rigoroso” por uma expressão do quadro abaixo com o mesmo sentido.

Inverno cheio de regras – inverno medroso – inverno rígido.

        “Mas não havia com o que se preocupar, pois o bebê estava com a roupa certa para aquele inverno rigoroso.”

      Inverno rígido.

10 – Copie as palavras abaixo no caderno, completando-as com s, ss, ç, sc, z, x.

Felizes – rigoroso – esforço – nascemos – grossas – existe – crescemos – balançamos – famoso – fazemos – interessante – exige.

 

 

 

 

 

terça-feira, 5 de junho de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: AO PERDEDOR, AS LATINHAS - ROGÉRIO MENEZES - COM GABARITO


Artigo de opinião: Ao perdedor, as latinhas


      Nem a mais visionária das mães-dinás poderia imaginar: o ofício de catador de latinhas tornou-se uma profissão como outra qualquer. Com os ecos da crise econômica se abatendo sobre todos nós, o zé-povinho precisa usar a criatividade para continuar vivo – ou, pelo menos, emitindo alguns, ainda que mínimos, sinais vitais. Resultado: à Lavoisier, o lixo metálico produzido pelas classes A, B, C e D ajuda a comprar brioches para alimentar a classe Z, aquele lumpesinato que cada vez aumenta mais de consistência e volume nas grandes e pequenas cidades do país.
        Carnaval é festa esperada com ansiedade por essa nova categoria de profissionais que os IBGEs da vida ainda não catalogaram. Nada mais justo: nesse período, de alto consumo de produtos armazenados em invólucros de alumínio, tiram o pé da lama. E o que se viu por aí, pelas ruas do país, foi um aguerrido exército, sempre à espreita para catar aquela latinha que, displicentemente, alguém acabou de jogar no chão.
        Não existe limitação de idade para o exercício da profissão de catador de latinhas. Também não exige formação específica, nem o ensino fundamental completo, nem rudimento de alfabetização. O básico para se tornar exímio profissional do setor é aquela condição humana que nos leva a fazer seja lá que diabo for para não virar comida de abutres.
        Salvador, no Carnaval, uma das maiores usinas de geração de latinhas de cerveja e refrigerantes do planeta, é a Meca, o lugar ideal, a cidade dos sonhos de todos esses valentes profissionais que vivem das sobras do lixo ocidental: a Las Vegas deles.
        Os catadores de latinhas podem ser família completa: pai, mãe e muitos filhos, todos imersos na faina diária de coletar o maior número possível de peças de alumínio para revenda. Ao final de suada semana de trabalho, podem faturar talvez R$5, talvez R$10, o que pode parecer pouco para gente como a gente, que está na base da pirâmide invertida, também conhecida como elite. Para eles, não. Serve ao menos para adiar a morte por fome, bala ou vício.
        No Carnaval de Salvador, o espaço nobre para os catadores de latinhas é aquele, virtual, criado entre a passagem de um bloco de trio e outro. Em ritmo de emboscada, espremidos entre as paredes dos prédios e a multidão que saracoteia ao redor, mergulham sem medo no lixo alumínio recém-jogado e enchem muitos sacos com as cobiçadas peças.
        Ser catador de latinhas pode parecer fácil, mas não é. O.k., não precisa de exame vestibular. Muito menos daquela série de documentos que se costuma exigir quando somos admitidos em algum emprego. Mas o exercício dessa profissão requer rapidez, agilidade, disposição física, fôlego e certo estoicismo. Afinal de contas, não deve ser muito reconfortante para o ego viver das sobras do lixo produzido por outros homens, aparentemente tão filhos de Deus quanto.
        De qualquer forma, não será de todo absurdo se, da próxima vez que perguntarmos a alguma criança da periferia das metrópoles o que gostaria de ser quando crescer, ouvirmos: “Quero ser catador de latinhas, tiô!”

Rogério Menezes, Revista Época de 19 de março de 2001.


Entendendo o texto:

01 – Assinale a ÚNICA alternativa que NÃO corresponde às ideias apresentadas pelo autor.
A) As pessoas são levadas a catar latinhas para não morrer de fome.
B) A luta pela sobrevivência nas cidades fez surgir uma nova profissão: catador de latinhas.
C) Catar latinhas é uma profissão rendosa, pois permite aos seus profissionais comprar brioches.
D) É humilhante precisar catar latinhas para sobreviver.

02 – Neste texto, o autor faz crítica a:
A) as pessoas que jogam latinhas de cervejas ou refrigerantes no chão, sujando as cidades.
B) a desigualdade social, fazendo com que algumas pessoas tenham que viver do lixo produzido por outras.
C) o alto consumo de bebidas durante o Carnaval, gerando um aumento excessivo de lixo metálico.
D) o fato de o zé-povinho catar latas na rua, atrapalhando a imagem do país no exterior.

03 – Assinale a ÚNICA alternativa em que a palavra ou expressão em destaque NÃO está adequadamente interpretada de acordo com seu sentido no texto.
A) “...pai, mãe e muitos filhos, todos imersos na faina diária de coletar o maior número possível de peças de alumínio...” (linhas 19-20) = trabalho
B) “Nem a mais visionária das mães-dinás poderia imaginar: o ofício de catador de latinhas tornou-se uma profissão...” (linhas 1-2) = videntes
C) “Resultado: à Lavoisier, o lixo metálico produzido pelas classes A, B, C e D ajuda a comprar brioches para alimentar a classe Z ...” (Linhas 4-5) = nada se perde, mas se transforma.
D) “...não será de todo absurdo se, da próxima vez que perguntarmos a alguma criança da periferia das metrópoles...” (linhas 33-34) = vizinhança.

04 – Assinale a ÚNICA alternativa em que as palavras ou expressões NÃO denunciam as condições sub-humanas dos catadores de latinhas:
A) profissionais que vivem das sobras do lixo ocidental.
B) categoria de profissionais que os IBGEs da vida ainda não catalogaram.
C) classe Z.
D) aguerrido exército.

05 – Comparando os textos de Rogério Menezes e de Machado de Assis, pode-se dizer que:
A) a paz significa a destruição das duas tribos; da mesma forma a luta de classes deve significar a destruição das classes sociais.
B) como perdedores, os catadores de latinhas devem ser suprimidos para que as pessoas de outras classes sociais sobrevivam.
C) os catadores de latinhas e a tribo derrotada na guerra merecem nosso ódio e compaixão.
D) a classe Z não será exterminada se conseguir sobreviver com o lixo produzido pelas outras classes.

06 – As expressões “Ao vencedor, as batatas” e “Ao perdedor, as latinhas” permitem-nos concluir que:
A) as batatas e as latinhas vazias são troféus de guerra.
B) vencedores e perdedores nunca ganham realmente.
C) as latinhas estão para as batatas assim como as tribos em guerra estão para as classes sociais na batalha do dia-a-dia.
D) as batatas e as latinhas garantem aos vencedores e perdedores a sobrevivência.

07 – Comparando os textos de Rogério Menezes e de Machado de Assis, pode-se dizer que:
A) a paz significa a destruição das duas tribos; da mesma forma a luta de classes deve significar a destruição das classes sociais.
B) como perdedores, os catadores de latinhas devem ser suprimidos para que as pessoas de outras classes sociais sobrevivam.
C) os catadores de latinhas e a tribo derrotada na guerra merecem nosso ódio e compaixão.
D) a classe Z não será exterminada se conseguir sobreviver com o lixo produzido pelas outras classes.

08 – As expressões “Ao vencedor, as batatas” e “Ao perdedor, as latinhas” permitem-nos concluir que:
A) as batatas e as latinhas vazias são troféus de guerra.
B) vencedores e perdedores nunca ganham realmente.
C) as latinhas estão para as batatas assim como as tribos em guerra estão para as classes sociais na batalha do dia-a-dia.
D) as batatas e as latinhas garantem aos vencedores e perdedores a sobrevivência.