quinta-feira, 9 de março de 2017

LENDA: A MANDIOCA, O CORPO DE MANDI - LEONARDO BOFF - COM GABARITO

LENDA– A MANDIOCA, O CORPO DE MANDI
                 Leonardo Boff

           Em tempos muito antigos, a filha de um chefe indígena apareceu misteriosamente grávida. O chefe quis punir quem desonrara a filha. Para saber quem era, pressionou-a fortemente com ameaças e severos castigos Devia revelar o nome. Tudo em vão. A filha negou que tivesse tido relações sexuais com alguém. E permanecia inflexível nessa sua negação.
            O chefe resolveu então matá-la, para vingar a honra e para dar uma lição a todas as moças da tribo. Porém, eis que lhe apareceu em sonho um homem branco, dizendo:
            - Não faça isso. Não mate a sua filha. Ela é inocente. Jamais teve relação com algum homem.
            O cacique ficou temeroso e resolveu atender à voz do homem branco. Desistiu de sacrificar a filha.
            Após nove meses, nasceu uma linda menina. Sua pele era branca como a nuvem mais branca. Mandi era seu nome. Todos ficaram intrigados e amedrontados quando viram a cor de sua pele. Ninguém tinha nascido com essa cor em toda a história da tribo.
            Os olhares de todos se cruzavam, comparando o castanho-dourado de suas peles com a alvura da linda menina.
             - É um triste presságio. Desgraças virão sobre nossa tribo e sobre nossas plantações – comentavam os mais idosos.
              Juntos, foram ao cacique. E sem meias palavras disseram:
              - Por favor, faça desaparecer essa sua netinha. Ela vai nos atrair desgraças sobre desgraças.
               Ele, no entanto, lembrando a voz do homem branco, nada disse. Olhou com os olhos perdidos ao longe e, depois, olhou firme para cada rosto dos que falaram. Tomado de compaixão, havia decidido interiormente não atender aos pedidos dos velhos.
                Mas veio-lhe uma ideia inspirada. Certa feita, no silêncio de uma noite especialmente estrelada, ainda de madrugada, foi ao rio. Levou consigo a netinha Mandi. Ela olhava ao redor, assustada, sem nada entender. Lavou-a cuidadosamente nas águas claras do rio, enquanto suplicava as forças dos espíritos benfazejos. No dia seguinte, reuniu a tribo e disse com voz forte, para não tolerar objeções.
               - Os espíritos recomendaram que Mandi fique entre nós e que seja bem tratada por todos da tribo.
              Os índios, ainda em dúvida, obedeceram e acabaram se resignando. Com o passar do tempo, Mandi foi crescendo com tanta graça que todos esqueceram o mau presságio e acabaram apaixonados por ela. O cacique estava orgulhoso e feliz.
              Mas um dia, sem ter adoecido ou mostrado dores, a menina, inesperadamente morreu. Foi um lamento geral. Os mais idosos choravam em meio a grandes soluços. O cacique estava inconsolável. Não comia nem bebia. Só chorava. Os parentes, vendo o quanto o avô-cacique amava Mandi, disseram:
              - Vamos enterrá-la lá na maloca dele. Assim ele se consolará.
              Em vão. Ele, inconsolável, fechou-se em sua dor e não fazia senão chorar. Chorava dia e noite, sobre a sepultura de sua querida netinha. Tantas e tantas foram as lágrimas que, surpreendentemente, do chão brotou uma plantinha.
                Os pássaros vinham bica-la e ficavam inebriados, para o espanto de todos. Mas, certo dia, uma coisa espantosa aconteceu: a terra se abriu. Apareceram à mostra belas raízes de uma planta, nascida do pranto do avô. Os índios, alvoroçados, correram para fora da maloca e chamaram a todos, dizendo:
              - Olhem que coisa maravilhosa! Essas raízes são negras por fora, parecem até sujas, mas dentro são alvíssimas.
               Respeitosos e com as mãos nervosas, colheram essas raízes, quebraram suas pontas e se certificaram de que eram realmente alvíssimas. Pareciam a pele de Mandi.
               Começaram a comê-las e viram que eram deliciosas. Foi então que fizeram uma associação inspirada:
               - Seriam aquelas raízes a vida de Mandi que se manifestava?
               Nunca mais deixaram de comer essas raízes. E foi assim que elas  se tornaram o principal alimento dos índios Tupi-Guarani, das demais tribos e da maioria dos brasileiros, sendo transformadas em farinha, beijus e cauim. Chamaram então as raízes de Mandioca, que significa “a casa de Mandi”, ou também “corpo de Mandi”.

BOFF, Leonardo.O casamento entre o céu e a terra. Rio de Janeiro: Salamandra, 2001p..18-20
1)    Para que fenômeno da natureza esse texto traz uma explicação?
O texto traz uma explicação para o surgimento da mandioca.

2)    Com suas palavras, reconte como surgiu esse alimento de acordo com o imaginário do povo indígena tupi-guarani.
Resposta Pessoal

3)    O texto começa com a expressão Em tempos muito antigos. É possível dizer exatamente quando ocorreu essa história?
Não.

4)    É possível identificar onde a história se passa?
Não é possível identificar o espaço exato onde se passa a narrativa. Sabe-se que é em uma comunidade indígena, mas não se sabe onde ela fica.

5)    No texto ocorre algum acontecimento fantástico, isto é, que não pode ser comprovado, que não existe de fato? Qual?
O fato de a vida de Mandi se manifestar nas raízes que brotavam da terra.

6)    Copie do texto três palavras que demonstrem relação com a identidade e a cultura do povo indígena que a criou.
Cacique, beijus, cauim, maloca, mandioca.

7)    Em sua opinião, essa história contém algum ensinamento? Qual?
Resposta Pessoal.

8)    Na região onde vive, há alguma história semelhante a essa? Qual
Resposta Pessoal.

MÚSICA(ATIVIDADES): QUE PAÍS É ESTE- RENATO RUSSO - COM GABARITO

 Música(Atividades):QUE PAÍS É ESTE

                                    RENATO RUSSO
Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
        
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

No Amazonas
E no Araguaia ia, ia
Na Baixada Fluminense
No Mato grosso
E nas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papeis
Documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Terceiro mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão

Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
                                              Composição: Renato Russo.
Entendendo a canção:

01 – De que país fala a música? Que país é esse, afinal?
      A canção fala do Brasil e seus desmandos.

02 – A que tipo de sujeira você acha que a música se refere? 
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Mesmo tal música sendo composta há mais de 30 anos, podemos afirmar que ela continua atual? Justifique sua resposta:
      Sim. Porque pouco se mudou de lá pra cá. Total falta de interesse dos órgãos públicos e até mesmo da população.

04 – Qual é o significado da palavra sujeira?
      Sujeira pode significar lixo ou algo que causa nojo, que incomoda.

05 – De que maneira você interpreta o sentido da palavra “sujeira” na letra da canção que acabou de ler?
      Na letra da canção, a palavra sujeira não quer dizer somente lixo, ela é comparada ao desrespeito à lei, à corrupção.

06 – Você sabe o que é constituição?
      Constituição é o conjunto de leis que rege um país. São as leis que os habitantes de um país devem seguir.

07 – O trecho da canção fala que “ninguém respeita a Constituição”.  Em sua opinião, qual é o significado dessa frase?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: que muitas pessoas não seguem as leis do país.

08 – Você acredita no futuro de uma nação em que há “sujeira pra todo lado” e em que “ninguém respeita a Constituição”? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Em sua opinião, “que país é este” retratado na canção?
      Resposta pessoal do aluno.



10-  Reflita sobre o verso “Ninguém respeita a Constituição” no contexto da canção. Qual é a sua opinião sobre essa afirmação? Por que você acha que isso acontece?
Resposta pessoal

11-   Para você, que país é este em que vivemos? Como você o enxerga e o entende?
Resposta pessoal.





MÚSICA(ATIVIDADES): MUROS E GRADES/ ENGENHEIROS DO HAWAII - COM GABARITO

 MUROS E GRADES
                                                      ENGENHEIROS DO HAWAI

          Nas grandes cidades do pequeno dia a dia
          O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia
          Então erguemos muros que nos dão a garantia
          De que morreremos cheios de uma vida tão vazia
          Nas grandes cidades de um país tão violento
          Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
          Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
          E nada nos protege de uma vida sem sentido
          Um dia super
          Uma noite super
          Uma vida superficial
          Entre as sombras
          Entre as sobras
          Da nossa escassez
          Um dia super
          Uma noite super
          Uma vida superficial
          Entre as cobras
          Entre escombros
          Da nossa solidez
          Nas grandes cidades de um país tão irreal
          Os muros e as grades
          Nos protegem de nosso próprio mal
          Levamos uma vida que não nos leva a nada
          Levamos muito tempo pra descobrir
          Que não é por aí... não é por nada não
          Não, não pode ser... é claro que não é
          Será?
          Meninos de rua, delírios de ruína
          Violência nua e crua, verdade clandestina
          Delírios de ruína, delitos & delícias
          A violência travestida faz seu trottoir
          Em armas de brinquedo, medo de brincar
          Em anúncios luminosos, lâminas de barbear
          (Refrão)
          Viver assim é um absurdo, (como outro qualquer)
          Como tentar o suicídio (ou amar uma mulher)
          Viver assim é um absurdo (como outro qualquer)
          Como lutar pelo poder (lutar como puder)

                   GESSINGEER, Humberto e LICKS, Augusto. Muros e grades. Em:
                   ENGENHEIROS DO HAWAII. Várias variáveis. Rio de Janeiro: BMG, 1991. Faixa 9.
         
1)    Quando leu o título “Muros e grades”, você construiu uma ideia sobre o assunto que seria tratado na letra da canção. Sua ideia inicial se confirmou? Qual é o tema principal dessa canção?
Resposta: O tema principal é a violência e o medo com o qual vivemos nas grandes cidades.

2)    Alguns sons se repetem ao longo da canção. Que efeito é produzido pelas repetições?
Resposta: A repetição do fonema produzido pela letra “s”, sobretudo no refrão, reforça a expressividade dos versos e valoriza a sonoridade, a musicalidade da canção.

3)    Mesmo não tratando de maneira explícita, a letra da canção faz pensar em um tipo de moradia e um estilo de vida. Que tipos são retratados na canção?
Resposta: O texto remete às moradias das grandes cidades e ao estilo de vida em que as pessoas se isolam em suas casas para se sentir protegidas.

4)    Você conhece moradias como essas? Elas estão presentes em seu bairro? Em sua opinião, o que leva as pessoas a viverem desse modo?
Resposta Pessoal.

5)    Em sua opinião, como o verso “morreremos cheios de uma vida tão vazia” pode ser interpretado?
Resposta Pessoal.

6)    Nessa letra, os autores fazem críticas ao modo como vivemos e convivemos atualmente. Que críticas seriam essas? Justifique sua resposta com trechos da letra.
Resposta: A crítica a respeito da vida sem sentido, em que nos isolamos em casas com muros e grades e não nos relacionarmos com o próximo, sendo superficiais. Trechos que expressam essa crítica.
“Então erguemos muros que nos dão a garantia/ De que morreremos cheios de uma vida tão vazia”, “Um dia super /Uma noite super / Uma vida superficial”, Mas o quase tudo quase sempre é quase nada”/ “ E nada nos protege de uma vida sem sentido”, entre outros.

7)    É possível perceber quando essa letra de canção foi escrita? Por quê?
Resposta: A canção é contemporânea, pois o tema é bastante atual. Ela faz parte do álbum Várias variáveis, lançado em 1991.



    

quarta-feira, 8 de março de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): SAUDOSA MALOCA- ADONIRAN BARBOSA - COM GABARITO

MÚSICA(ATIVIDADES): SAUDOSA MALOCA

                                               ADONIRAN BARBOSA
Si o senhor num tá lembrado
Dá licença de conta
Que aqui onde agora está
Esse edifício arto
Era uma casa véia
Um palacete assobradado
Foi aqui, seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mais um dia
Nóis nem pode se alembrá
Veio os homi cas ferramenta
O dono mandô derrubá
Peguemos todas nossas coisa
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada tauba que caía
Duía no coração
Mato Grosso quis gritá
Mas de cima eu falei:
Os homi tá cá razão
Nóis arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou:
“Deus dá o frio conforme o coberto”
E hoje nóis pega a paia nas grama do jardim
E pra esquecer nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida,
Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossas vida
Saudosa maloca, maloca querida,
Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossas vida.

            BARBOSA, Adoniran. Saudosa maloca. São Paulo: Continental, 1951.

1)     Que história é contada nesse texto?
Nessa música, o compositor conta a história de três pessoas que foram despejadas e viram o local onde moravam ser destruído. Elas hoje sentem saudade do lugar onde moravam e viveram dias felizes.

2)    Busque os significados das palavras saudosa e maloca no dicionário. Como você entende o título do texto?
Maloca é um tipo de moradia e saudosa, nesse contexto, é aquilo que inspira saudade. O título da música de Adoniram Barbosa refere-se ao modo como os personagens se identificavam com o local onde moravam e que foi destruído, daí a saudade que sentem.

3)     O registro desse texto é da linguagem formal ou informal? Justifique sua resposta.
Espera-se que os alunos percebam que o texto faz uso do registro informal e não foi escrito de acordo com a variedade padrão.

4)    Encontre no texto palavras ou expressões que representem a variedade social.
Possibilidades de resposta: si, conta, cas, mandô, fumos, nóis arranja, nas grama, paia, dim donde, entre outras.

5)     Você teve alguma dificuldade de compreender o texto? Por quê?
Espera-se que os alunos indiquem que não. O autor reproduz a forma de algumas pessoas falarem, muito comum no dia a dia. Por mais que essa forma fuja à norma-padrão, ela é facilmente compreensível.


domingo, 5 de março de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: PÉSSIMOS NÚMEROS - FRANCISCO PRACIANO - COM GABARITO

TEXTO: PÉSSIMOS NÚMEROS
                        Francisco Praciano

     Os dois maiores jornais de Manaus publicaram, no último final de semana, matérias relacionadas aos problemas da reprovação e do abandono escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental e, também, da distorção idade-série escolar no Amazonas.
     A taxa de abandono, que faz parte do conjunto de taxas de rendimento escolar, mede o percentual de alunos que deixaram de frequentar a escola em determinado ano. Já a taxa de distorção idade-série mede o percentual de alunos que possuem 2 anos ou mais acima da idade recomendada para a série em que o aluno está matriculado.
     De acordo, pois, com os dados publicados, temos que o Amazonas é o Estado brasileiro com maior índice de abandono escolar na 1ª série do ensino fundamental, 5,1% dos nossos alunos abandonam a escola nessa série. Em percentual esse número pode parecer pequeno, mas estamos falando de alguns milhares de alunos que abandonam a escola somente nessa série. Somos, também, o Estado com o quarto maior índice de reprovação na 1ª série (4,1% de reprovação) e o quarto pior resultado do país na questão da distorção entre a idade do aluno e a série em que ele está matriculado (35,4% dos estudantes em séries incompatíveis com suas idades).
     Dentre as várias causas para o abandono escolar nas séries iniciais, duas são bastante conhecidas e dependem, basicamente, do Poder Público: a escola que fica distante da casa do aluno e a falta de transporte escolar.
     Infelizmente, apesar de a construção do número necessário de creches e escolas sempre fazer parte das campanhas políticas, principalmente pelos candidatos às prefeituras municipais, tais promessas nunca são cumpridas. O comprometimento da educação das nossas crianças, por incompetência administrativa ou por qualquer outro motivo, é, sem dúvida nenhuma, um dos piores males que um administrador público pode causar à sociedade.

 Francisco Praciano. Disponível em: http://blogs.d24am.com/artigos/2011/07/19/pessimos-numeros/. Acesso em :23 mar.2015.

1 – O artigo de opinião de Eduardo Vasconcellos, que você leu na seção texto (página 166), foi motivado pela notícia do lançamento da campanha de proteção aos pedestres da prefeitura de São Paulo. Que notícias motivaram a escrita do artigo de opinião de Francisco Praciano?
As notícias relacionadas a problemas de reprovação e abandono escolar nas séries iniciais de Ensino Fundamental e de distorção idade-série escolar no Amazonas, publicadas nos dois maiores jornais de Manaus.

2 – Qual é a questão polêmica abordada pelo artigo de opinião “Péssimos números” e como o articulista se posiciona em relação a ela?
A questão polêmica envolve os “péssimos números” relacionados à educação no Amazonas, suas causas e as possíveis soluções para superá-los. O articulista atribui grande parte dessa responsabilidade ao poder público, identificando a distância das escolas e a dificuldade de transporte dos alunos como duas causas importantes do abandono escolar nas séries iniciais.

3 – O artigo de Francisco Praciano busca convencer o leitor sobre seu ponto de vista apelando mais para a razão ou para a emoção? Explique.
Para a razão. O articulista apresenta muitos dados objetivos para comprovar que a situação da educação no Amazonas é grave e exige maior atenção do poder público.

4 – No segundo parágrafo do artigo, os pronomes demonstrativos foram usados em três momentos para retornar informações. Identifique as expressões em que eles aparecem e explique que informações foram retomadas.
A expressão “nessa série” se refere à 1ª série do Ensino Fundamental, citada anteriormente, “esse número” se refere ao índice de 5,1% de alunos que abandonam a escola na 1ª série; “nessa série” se refere à 1ª série do Ensino Fundamental, novamente.

5 – Releia.
     Dentre as várias causas para o abandono escolar nas séries iniciais, duas são bastante conhecidas e dependem, basicamente, do Poder Público: a escola que fica distante da casa do aluno e a falta de transporte escolar.

a)     Quais são as causas apontadas pelo articulista para o abandono escolar nas séries iniciais?
Entre outras, a distância entre a escola e a casa dos alunos e a falta de transporte escolar.
b)    Que medidas o poder público deveria tomar para reverter esse quadro?
Aumentar a quantidade de escolas e garantir transporte escolar aos alunos.


sábado, 4 de março de 2017

TEXTO: SER BROTINHO - PAULO M.CAMPOS E TEXTO: SER GAGÁ - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO


  TEXTO I

 Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é muito mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.
                                                             (CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho.
     In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (org.). As cem melhores
 Crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.p.91.)
    
TEXTO II
  
  Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito mais! É saber que todos os amigos já morreram e os que teimam em viver são entrevados. É sorrir, interminavelmente, não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que a arcada.
                                                       (FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS,
 Joaquim Ferreira dos (org.). As cem melhores crônica brasileiras.                                                              Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.p.225.) 

     Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para definir as fases da vida, entre eles:
a)     Expressões coloquiais com significados semelhantes.
b)    Ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres humanos.
c)     Recursos específicos de textos escritos em linguagem formal.
d)    Termos denotativos que se realizam com sentido objetivo.
e)     Metalinguagem que explica com humor o sentido de palavras.

RESOLUÇÃO: Trata-se, em ambos os textos, de explicar, com ironia e humor, o sentido de expressões como “ser brotinho” e “ser gagá”. Resposta: E                 


POEMA: ESTE INFERNO DE AMAR - ALMEIDA GARRETT - COM GABARITO

       POEMA:  ESTE INFERNO DE AMAR
ALMEIDA GARRETT

Este inferno d amar – como eu amo!
Quem mo pôs aqui n´alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há de ela apagar?
                                                                                   Versos de Almeida Garrett.

 01-    Nos versos acima de Garrett, como em toda poesia, predomina a função poética da linguagem. Ao lado dela, destaca-se a função:

a)     Metalinguística da linguagem, com extrema valorização da subjetividade no jogo entre o espiritual e o profano.
b)    Apelativa da linguagem, num jogo de sentido pelo qual o poeta transmite uma forma idealizada de amor.
c)     Referencial da linguagem, privilegiando-se a expressão de forma nacional.
d)    Emotiva da linguagem, marcada pela não contenção dos sentimentos e pelo subjetivismo.
e)     Fática da linguagem, utilizada para expressar as ideias de forma evasiva, como sugestões.


RESOLUÇÃO: O eu lírico extravasa seus sentimentos e emoções, representados graficamente pela exclamação, as reticências e a interjeição “ai” no último verso. O subjetivismo também é marcado pela escolha lexical – “inferno de amar”, “que a vida destrói”, “atear” -, que denota descomedimento na expressão do sofrimento amoroso. Resposta: D

02 – Qual é o tempo verbal predominante na primeira estrofe e o que ele caracteriza? Justifique com exemplos do texto.
     É o presente, caracterizando um tempo de sofrimento: “inferno”, “consome”, “destrói”.

03 – Aos poucos, o poeta volta ao passado e o relembra. Descreva esse tempo. Em que contrasta com o presente?
     O passado era um tempo de sonho, de paz, de serenidade. Contrasta com o presente tormentoso, em que falta harmonia.

04 – Apesar de o passado ser pacífico e o presente tormentoso, qual dos dois tempos é mais sedutor? Por quê?
     O presente, porque o amor é a vida.

05 – A atmosfera do poema baseia-se na situação amorosa “que alenta e consome”. Explique essa situação e relacione-a ao título do texto.
     Na verdade, o par “amor / sofrimento” é a base do Romantismo. Em Este inferno de amar faz-se menção ao sofrimento causado pelo amor, que é, porém, razão de viver.

06 – A que episódio da biografia de Garrett parece estar associado o poema?
      O poema parece estar ligado ao caso amoroso de Garrett com a Viscondessa da Luz.

07 – A qual característica romântica corresponde a associação entre biografia e obra?
      Corresponde ao confessionalismo, à preocupação em produzir uma obra lírica que seja a expressão sincera dos sentimentos do autor.

08 – O poema exprime a confusão dos sentimentos do amante.
a)   Comente, a este respeito, o título do poema.
O título já exprime as contradições do sentimento, que é o tema do poema: O amor, condição de felicidade, é causa de sofrimentos, é um verdadeiro inferno para o sujeito lírico.

b)   Localize na primeira estrofe dois oximoros (paradoxos) que exprimem a confusão dos sentimentos.
“Esta chama que alenta e consome” e “Que é a vida – e que a vida destrói –”.

09 – O tom emotivo – como se o sujeito lírico não se contivesse e explodisse em confidências confusas, ou como se falasse sozinho, procurando entender seus sentimentos – motivou a pontuação excessiva do texto. Localize e transcreva:
a)   Uma frase exclamativa que exprime constatação perplexa de um sentimento.
“Como eu amo!”

b)   Uma frase interrogativa que exprime essa mesma perplexidade.
“Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?”

c)   Uma frase reticente que exprime a dúvida.
“Era um sonho talvez... – foi um sonho –”.

10 – O sujeito lírico evoca o tempo em que o amor era apenas um sonho. Os olhos de uma mulher despertaram-no, tornando o sonho realidade.
a)   Qual a diferença entre o sonho e a realidade do amor?
O sonho era doce e nele havia a paz; a realidade é o sofrimento, o “inferno”.

b)   Apesar dessa diferença, o poema termina com uma defesa do amor. Explique.
Apesar dos sofrimentos que causa, o amor é a condição da vida; o sujeito lírico afirma que só começou a viver quando o amor o despertou.