quinta-feira, 30 de outubro de 2025

NOTÍCIA: O LADO OBSCURO DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO - FRAGMENTO - MUGGAH, R.; FOLLY, M. - COM GABARITO

 Notícia: O lado obscuro do modelo de desenvolvimento brasileiro – Fragmento

        [...]       

        Uma das principais causas da migração forçada no Brasil são as barragens, especialmente aquelas destinadas à construção de usinas hidrelétricas (UHEs). O Instituto Igarapé analisou os custos socioeconômicos de cerca de 80 barragens construídas no Brasil desde os anos 2000. Após avaliar os dados, o Instituto estima que entre 150 e 240 mil brasileiros foram forçados a deixar suas casas em função da instalação dessas barragens. E é possível que cerca de 75 mil outras pessoas sejam forçadas a abandonar seus lares por conta de 11 novas usinas e centrais hidrelétricas que podem ser construídas nos próximos anos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMpvQaC4levocyJf7xUgUuDMSeDDDq-d-1HNsjr0Zv4jdbCCmd-a2TGKc8RKc8xjVegxoQVef9rdo8kDjfuVSdp8t3aoL5EUgNH40KGztg3sHg_WFZj7RhBSdv0T7GgnqVOuLTVB9aG0SpSM-mzQhEcs-pEZprM17P3GFwxek0MqclXUlxpjRuJpLBaXg/s320/IMIGRA%C3%87%C3%83O.jpg
 É indiscutível que usinas hidrelétricas desempenham um papel central no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro. Desde meados da década de 1970, mais de 60% da oferta interna de energia é sustentada pela energia hidráulica. Embora, por um lado, o investimento estatal na construção de grandes centrais hidrelétricas tenha reduzido drasticamente a dependência externa de energia, por outro, teve custos econômicos, sociais ambientais muito elevados.

        Tome-se, como exemplo, o caso de Itá, uma das maiores hidrelétricas brasileiras. Estabelecida no ano 2000 no rio Uruguai, a usina gera 1.450 Megawatts (MW) de energia por ano. O reservatório de 140 Km2 teve impacto sobre 11 municípios de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Estima-se que a usina provocou o deslocamento de 11 a 17 mil pessoas. A mobilização e os protestos contrários à construção da UHE Itá levaram, inclusive, à consolidação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), que atua em defesa de pessoas afetadas por esses empreendimentos.

        [...]

        Ainda que o deslocamento de populações ocasionado pela instalação de hidrelétricas não seja um fenômeno recente, o Brasil não possui nenhum órgão encarregado de prover proteção, compensação e reparação a essas pessoas. No Executivo, o deslocamento forçado resultante de projetos de infraestrutura tem sido monitorado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) e por órgãos equivalentes no âmbito estadual, no marco das condicionantes ambientais necessárias à emissão de licenças. Embora desempenhem trabalho importante, esses órgãos carecem de recursos, de pessoal e de formação técnica específica para responder aos desafios da migração forçada. Além disso, não possuem normativas ou protocolos próprios para conduzir análises de risco ou para propor e garantir medidas compensatórias, serviços básicos e reparação adequada às pessoas deslocadas.

        [...]

        A marca de uma sociedade avançada está na forma como trata suas populações mais vulneráveis. Embora o Brasil tenha se tornado um país urbanizado, são normalmente as populações rurais e comunidades indígenas – que dependem da terra para sobreviver – as que acabam forçadas a se deslocar em nome de um pretenso progresso sobre o qual não foram consultadas.

MUGGAh, R,; FOLLY, M. O lado obscuro do modelo de desenvolvimento brasileiro. Nexo, 16 set. 2017. Disponível em: www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/O-lado-obscuro-do-modelo-de-desenvolvimento-brasileiro. Acesso em: 2 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 414-415.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é uma das principais causas da migração forçada no Brasil, conforme o texto?

      Uma das principais causas da migração forçada são as barragens, especialmente aquelas destinadas à construção de usinas hidrelétricas (UHEs).

02 – De acordo com a estimativa do Instituto Igarapé, quantos brasileiros foram forçados a deixar suas casas devido à instalação de cerca de 80 barragens desde os anos 2000?

      O Instituto estima que entre 150 mil e 240 mil brasileiros foram forçados a deixar suas casas.

03 – Qual a importância da energia hidráulica no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro, desde meados da década de 1970?

      Desde meados da década de 1970, mais de 60% da oferta interna de energia no Brasil é sustentada pela energia hidráulica.

04 – Cite o caso de uma das maiores hidrelétricas brasileiras e qual o movimento social se consolidou em protesto à sua construção.

      O caso citado é o da UHE Itá, estabelecida no Rio Uruguai. A mobilização contrária levou à consolidação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens).

05 – O Brasil possui um órgão encarregado de prover proteção, compensação e reparação às pessoas deslocadas pela instalação de hidrelétricas?

      Não. O Brasil não possui nenhum órgão específico encarregado de prover proteção, compensação e reparação a essas pessoas.

06 – Qual órgão federal é mencionado como responsável por monitorar o deslocamento forçado resultante de projetos de infraestrutura, no âmbito das condicionantes ambientais?

      O monitoramento tem sido feito pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) e por órgãos estaduais equivalentes.

07 – Que grupos populacionais são frequentemente as mais vulneráveis a serem forçadas a se deslocar em nome do desenvolvimento?

      São normalmente as populações rurais e comunidades indígenas, que dependem da terra para sobreviver.

 

CONTO: O PARAÍSO SÃO OS OUTROS - FRAGMENTO - VALTER HUGO MÃE - COM GABARITO

 Conto: O PARAÍSO SÃO OS OUTROS – Fragmento

           Valter Hugo Mãe

        [...]

        Eu adoraria ver jacarés, ursos brancos ou cobras de dez metros. Uma vizinha da nossa rua tem uma vaidosa galinha d'Angola. Eu gosto de animais e mais ainda dos esquisitos e invulgares, até dos que parecem feios por serem indispostos. Os bichos só são feios se não entendermos seus padrões de beleza. Um pouco como as pessoas. Ser feio é complexo e pode ser apenas um problema de quem observa.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHWdTukLACHo4Yw4nz8VJuy-r_Y6tgsuJ_s8uf3V-WTvEKhUwBYu9iOesPk4_78Ddi5RrsrIPYJhC03Pw9_ZhbkA22Q2Ga2iwytny62AKxM7NExBz7Wl4-ohln6cr3ZXd_6J2ydqx76MOWoEVxqYu8UVjb81KEberbdKqohad9apmk5DLgRZchdYQ3wzI/s320/BELEZA.jpg


        Eu uso óculos desde os cinco anos de idade. Estou sempre por detrás de uma janela de vidro. Não faz mal, é porque eu inteira sou a minha casa. Sou como o caracol, mas muito mais alta e veloz. A minha mãe também acha assim, que o corpo é casa. Habitamos com maior ou menor juízo.

        O jacaré é um bicho indisposto, eu sei. Gosto muito dele, mas não devo chegar perto. Nunca vi, já disse. Tenho pena. Talvez seja pior para o jacaré, por não o amar. Eu gosto dele mas não sei se constrói. Estou a ser sincera. Ainda tenho que ler sobre isso. Talvez os bichos ferozes construam coisas às quais não sabemos dar valor. É importante pensarmos no valor que cada coisa ou lugar tem para cada bicho. Só assim vamos compreender a razão de cada coisa ser como é. Depois de entendermos melhor, a beleza comparece.

        [...].

MÃE, Valter H. O paraíso são os outros. Porto: Porto Editora, 2014. p. 13.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 52.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal ideia que o narrador desenvolve sobre a beleza, tanto em relação aos animais quanto às pessoas?

      O narrador estabelece que a beleza é subjetiva e complexa, sendo primariamente um problema de perspectiva. Ele afirma que os bichos (e, implicitamente, as pessoas) "só são feios se não entendermos seus padrões de beleza." Portanto, o que é percebido como feio ou "indisposto" pode ser apenas uma falha de compreensão ou um "problema de quem observa."

02 – Qual metáfora o narrador e sua mãe utilizam para descrever o corpo, e o que ela implica sobre a forma como o indivíduo se relaciona com o mundo?

      A metáfora utilizada é que o corpo é uma casa. O narrador se compara a um caracol, que carrega sua casa. Essa imagem implica que o indivíduo é um ser que habita a si mesmo, e a relação com o mundo se dá sempre a partir desse espaço interno ("eu inteira sou a minha casa"). A mãe acrescenta que se habita essa casa "com maior ou menor juízo," sugerindo a importância da consciência e da sabedoria na gestão do próprio ser.

03 – O narrador menciona que usa óculos desde cedo e que está "sempre por detrás de uma janela de vidro." Como esse detalhe pode ser interpretado simbolicamente, além de seu sentido literal?

      Simbolicamente, os óculos e a "janela de vidro" reforçam a ideia de mediação e observação. O narrador vê o mundo através de um filtro. Isso pode sugerir tanto uma necessidade de correção da visão para enxergar o mundo com clareza, quanto uma distância reflexiva ou uma barreira protetora entre o "eu-casa" e o exterior, enfatizando sua postura contemplativa.

04 – Na reflexão sobre o jacaré, o narrador expressa uma dúvida: "Eu gosto dele mas não sei se constrói." O que essa dúvida sugere sobre o critério de valor que o narrador aplica, e como ele tenta resolver essa questão?

      A dúvida sobre o jacaré "construir" sugere que o critério de valor do narrador está ligado à utilidade ou à capacidade criativa de um ser. Ele tenta resolver essa questão elevando o critério: propõe que, talvez, os bichos ferozes construam coisas às quais os humanos não sabem dar valor. A resolução, portanto, é a necessidade de compreensão e empatia, valorizando o que "cada coisa ou lugar tem para cada bicho" antes de julgar seu valor.

05 – Qual é a condição final que o narrador estabelece para que a beleza de algo ou alguém possa ser revelada?

      A condição final é a compreensão. O narrador afirma: "Depois de entendermos melhor, a beleza comparece." Isso significa que a beleza não é uma qualidade inerente e imediata do objeto, mas sim o resultado de um processo de reflexão, entendimento e valorização da razão de ser de cada coisa.

 

POEMA: O ILUSIONISTA - JOSÉ ANTÔNIO FORTE - COM GABARITO

 Poema: O ilusionista

          José Antônio Forte

Era um grande ilusionista

Engolia três rosas pequeninas

E em seguida tirava da boca

Um quilômetro de serpentinas.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVuOr99niis-25TL9hEGZqh_7pc5PZ7RpDUIshQkKRnJMsWE7AN_2x-plWCAOzt0U4wl3Oo74mPspqo2hhae8t1YUKnfkY2yMXywObBfWg7EprZIuG_D6vc5Zbq81vwWSft8cRnwJBOvooSMbjQTUE1uxX5yH3-R9MDTXREg1MFBK5xdPQ6Jz08sQqcxQ/s320/ROSAS.jpg

Uma noite

Chegou ao meio do circo

E disse: respeitável público

De meninas e meninos

Hoje quero fazer-vos uma surpresa.

 

Atenção!

Mastigou as tais três rosas pequeninas

Muito bem mastigadas

Abriu a boca e em vez de serpentinas

saíram três pombas encarnadas.

 

Uma foi para o Brasil

A outra voou para a China

A terceira mais pequena

Não saiu de Portugal.

 

E o ilusionista?

Deitou a língua de fora

E foi-se embora

Mais nada?

O respeitável público

De meninas e meninos

Deu uma grande gargalhada

Fim desta história encantada.

FORTE, Antônio José. O ilusionista. In: VARANDA, Maria de Lourdes; SANTOS, Maria Manuela (Sel.). poetas portugueses de hoje e de ontem: do século XIII ao XXI – para os mais novos. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 33.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 94.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o truque habitual do ilusionista, e o que ele faz de diferente na "surpresa" que apresenta ao público, gerando uma quebra de expectativa?

      O truque habitual do ilusionista era engolir "três rosas pequeninas" e tirar da boca "Um quilômetro de serpentinas." A quebra de expectativa ocorre quando, no dia da "surpresa," em vez das serpentinas, saem "três pombas encarnadas" de sua boca após mastigar as rosas, substituindo o objeto inanimado por seres vivos.

02 – No contexto do poema, as pombas que saem da boca do ilusionista e voam para diferentes lugares (Brasil, China, Portugal) podem ter um significado simbólico. Qual é esse significado?

      As pombas encarnadas (vermelhas ou coloridas) simbolizam uma liberdade mágica e universal que se espalha pelo mundo. O fato de cada uma voar para um lugar distante (Brasil, China) e uma ficar em Portugal (lugar do autor e possivelmente do público) sugere que a arte da ilusão, a poesia ou o encantamento do momento ultrapassam fronteiras e alcançam lugares amplos, mas também se fixam no local de origem.

03 – Após a realização do truque especial, qual é a atitude final do ilusionista, e como ela se contrapõe à grandiosidade do espetáculo?

      A atitude final do ilusionista é de desprendimento ou desapego em relação à performance. Ele simplesmente "Deitou a língua de fora / E foi-se embora." Essa simplicidade, quase irreverência, se contrapõe à grandiosidade mágica do truque (fazer pombas voarem pelo mundo), sugerindo que o artista se contenta em cumprir sua arte e não busca aplausos prolongados ou mistificações.

04 – Qual é a reação do "respeitável público / De meninas e meninos" ao final do poema, e o que ela confirma sobre o sucesso do ilusionista?

      A reação do público é uma "grande gargalhada." Essa reação confirma o sucesso do ilusionista não apenas em surpreender, mas principalmente em encantar e divertir. O riso é a prova máxima do deslumbramento e da alegria gerados pela "história encantada," mostrando que o objetivo da arte (a ilusão) foi plenamente alcançado.

05 – Considerando a linguagem simples, o tema mágico e a conclusão que remete ao público infantil ("meninas e meninos"), a que gênero literário o poema se aproxima e qual é o seu principal propósito?

      O poema se aproxima do gênero narrativo-infantil ou da poesia narrativa com tom de fábula/conto, especialmente pelo uso do "Fim desta história encantada" na conclusão. Seu principal propósito é celebrar a magia e a surpresa no cotidiano, utilizando a figura do ilusionista como um meio de resgatar o encantamento e a alegria simples que a arte proporciona ao público.

 

terça-feira, 21 de outubro de 2025

FILME(ATIVIDADES): NARRADORES DE JAVÉ - DIREÇÃO: ELIANE CAFFÉ - COM GABARITO

 ATIVIDADES SOBRE O FILME: NARRADORES DE JAVÉ


Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBUTiZIIc1HKZB17BSvroXXRH9U-ufOXmxScVIW7djtGI-5NbF_FPItNPeJPsfr1Uwrd49cLXh6eUFIbECcCbyKpOac83eXbN4MKk9xrDe3-3xmdw27TXi7ygqnDXSOPGmhuiyTvToAYr6309spLkP7vBnrA4JiszRtOarznXJihL9EARFR16nn7b53bM/s320/narradores-de-jave-plano-critico_eliane_caffe.jpg

01.Qual é a principal ameaça que o povoado de Javé enfrenta no início do filme?

    a. Um conflito por terras com fazendeiros vizinhos.

    b. construção de uma barragem que irá inundar a cidade para criar uma hidrelétrica.

    c. Um surto de doença que exige a evacuação de todos os moradores.

    d. Uma seca prolongada que destrói as plantações.

 02. Quem é o personagem principal, encarregado de escrever a história de Javé para tentar salvar o povoado?

    a.  Vianez, o vizinho que trabalha como datilógrafo.

    b.  O 'Professor', o único morador com nível superior.

    c. Antônio Biá, um morador que possui cadernos e é visto como o mais 'letrado'.

    d.  Deodora, uma das moradoras mais antigas e com melhor memória.

 03. Qual é a principal fonte de informação que Antônio Biá utiliza para 'escrever' a história de Javé?

     a. Documentos oficiais encontrados na sede da prefeitura.

     b. Cartas e diários antigos de seus próprios antepassados.

     c.  Relatos e memórias contados oralmente pelos moradores mais velhos.

     d. Pesquisa em livros de história regional de bibliotecas da capital.

 04. Qual grande revelação sobre Antônio Biá é feita ao longo do filme e complica sua missão?

     a. Ele havia perdido todos os seus cadernos com a história de Javé.

     b. Ele não sabe escrever, apenas desenhar letras e guardar anotações.

     c. Ele era um forasteiro que havia roubado a ideia de outro historiador.

     d. Ele era o principal interessado na construção da barragem.

 05. O filme explora o contraste entre a História Oficial (escrita, registrada) e a Memória Popular (oral, contada). Qual é a principal crítica que essa oposição sugere?

     a. A história contada oralmente é sempre mais verdadeira que a escrita.

     b. Que a escrita sempre deturpa as histórias de forma negativa.

     c. A memória popular, por não ser registrada, é frequentemente ignorada e desvalorizada pelas autoridades.

     d. Que a história é inútil para salvar as comunidades pobres.

 06. Para dar mais 'peso' e 'importância' à história de Javé, os moradores acabam inserindo um elemento que eles admiram. Que evento lendário eles tentam incorporar?

    a.  A descoberta de ouro em abundância nas margens do rio.

    b. A fundação da cidade por um líder religioso milagroso.

    c.  A visita do Imperador Dom Pedro II ao povoado.

    d.  A passagem e a morte de um grande líder cangaceiro na região.

07. Qual é o papel da personagem Deodora no processo de criação da história de Javé?

     a. Ela é uma das principais 'narradoras', fornecendo lendas e detalhes sobre o passado.

     b. Ela serve como a secretária de Antônio Biá, organizando todos os documentos.

    c.  Ela é a líder que convoca a reunião para decidir quem vai escrever a história.

    d.  Ela é a pessoa que tenta convencer os moradores a não contarem a verdade.

 08. O que a união dos moradores, contando suas histórias e memórias, revela sobre a comunidade de Javé?

   a. A grande diferença entre a versão da história de cada morador, gerando discórdia.

   b. Que a única forma de sobrevivência é a mudança para as grandes cidades.

   c.  Que eles não tinham um passado relevante e precisavam inventar tudo.

   d.  A força da memória coletiva e o valor da tradição oral para a identidade de um povo.

 09. No final do filme, a história de Javé é enviada para os órgãos competentes. O que acontece com a cidade após a entrega da história?

   a.  A cidade é imediatamente salva e transformada em um museu histórico.

   b.  Apesar das invenções, a história alcança seu objetivo de dar um novo significado à cidade e preservar a narrativa popular.

   c.  A história é considerada uma fraude e o povoado é evacuado e inundado.

   d. Antônio Biá é preso por falsificar documentos históricos.

 10. Qual é a principal contribuição do personagem Vianez para que Antônio Biá pudesse cumprir sua missão de salvar Javé?

  a. Ele datilografava e registrava as histórias que Antônio Biá ditava, servindo como o 'escritor' da obra.

  b.  Ele convenceu o governo a adiar o projeto da barragem por meio de cartas de protesto.

  c.  Ele era o especialista em história antiga que revisava os fatos narrados.

  d.  Ele descobriu documentos antigos que provavam a fundação original de Javé.

 

 

 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

MITO: OS MENINOS QUE VIRARAM ESTRELAS - SÁVIA DUMONT - COM GABARITO

 Mito: Os meninos que viraram estrelas

        Sávia Dumont

        Quem vai ao Mato Grosso se encanta com o céu estrelado. Conta-se por lá que as estrelas nasceram da amizade entre uns indiozinhos e um beija-flor, que sempre os acompanhava em suas estripulias.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPX2ucZghxMEGzPvZ_Wec1QPHfe_Fv81ia0nNheXmyG6_V3wIGOgKPa_r7eT9QpO8jlAo8_KbEBqQXU0Edvt_TzNZuAijjmmbnC3p587xApp-VTo-Ef2Or9LNJWbB-nh6qz4qeo1l3nHGrwK5JUSWO2uC3DCtNgCNWLY1ymZ-ceMdUwiMsexAKEkUnVaU/s320/CEU.jpg


        Certo dia, as índias da tribo foram colher milho para fazer comidas gostosas para seus maridos, que estavam caçando. Depois de debulhar as espigas, cantando despreocupadas, puseram os grãos para secar ao sol. Enquanto o milho secava foram se banhar no rio.

        Os curumins observavam tudo aquilo loucos para que o milho secasse logo e eles pudessem comer afinal os quitutes prometidos. Mas não tiveram paciência de esperar. Pediram à avó, já bem velhinha, que fizesse logo um bolo para eles. Tanto insistiram que a vovó fez o bolo, devorado por eles num abrir e fechar de olhos.

        O papagaio tagarela, que a tudo assistia, ameaçava:

        -- Vou contar tudo para as índias. Vou contar que vocês usaram o milho e encheram a barriga com o que era guardado para os guerreiros... Vou contar tudo – repetia.

        Com medo de levar uns bons cascudos, os curumins foram correndo se esconder na mata.

        Assim que as índias retornaram à aldeia, o papagaio deu com a língua no bico. Contou o acontecido tintim por tintim. As mães dos meninos ficaram furiosas e prometeram uma surra bem dada quando eles aparecessem.

        Sabendo o que os esperava, os indiozinhos passaram a tarde emendando um no outro os cipós da floresta. Agarraram-se então na corda comprida que fizeram e pediram ao amigo beija-flor que pegasse a ponta do cipó no bico e voasse o mais alto que pudesse. E lá se foi a avezinha, levando para o céu o cipó apinhado de meninos.

        As índias, desesperadas, chamavam o beija-flor de volta. Mas quanto mais elas chamavam, mais alto ele voava.

        À medida que iam subindo, os meninos choravam, e cada lágrima que caía virava uma estrela solta no ar. Fascinados, os curumins continuaram a brincadeira e não voltaram mais para a aldeia. Ficaram morando no céu.

        Fez-se um colar imenso de estrelas. Quando a saudade bate forte, mãe e filhos trocam olhares. Dizem que em cada estrela que brilha desvenda-se um segredo do universo.

ENTENDENDO O TEXTO

01. Qual fenômeno natural o mito se propõe a explicar, conforme a tradição contada na região do Mato Grosso?

a. A origem do rio.

b. O surgimento das estrelas no céu.

c. O motivo por que os papagaios são tagarelas.

d. A razão pela qual as índias se banham no rio.

02. Na narrativa, a palavra "curumins" é utilizada para se referir a qual grupo de personagens?

a. Os maridos das índias que estavam caçando.

b. Os meninos, filhos das índias.

c. Os guerreiros que iriam comer o milho.

d.  As índias que colheram o milho.

03. Qual foi o ato de desobediência que desencadeou o conflito e a fuga dos curumins?

a. Eles roubaram as ferramentas de caça dos guerreiros.

b. Eles pegaram os cipós da floresta sem permissão.

c. Eles não esperaram o milho secar e fizeram a avó preparar um bolo com o alimento reservado aos guerreiros.

d. Eles se esconderam na mata logo que as índias foram se banhar no rio.

04. O papagaio tagarela, ao ameaçar os meninos, afirmou: "Vou contar tudo para as índias. Vou contar que vocês usaram o milho e encheram a barriga com o que era guardado para os guerreiros...". Qual figura de linguagem ou característica narrativa o papagaio representa neste mito?

a. Um objeto inanimado (sem vida).

b. Um recurso para indicar o tempo da história.

c. Um ser vivo com característica humana (fala e delação).

d. O personagem principal da história.

05. A expressão "deu com a língua no bico", usada para descrever a atitude do papagaio quando as índias voltaram, significa que ele:

a. Ficou calado e não contou nada.

b. Começou a falar muito rapidamente, sem parar.

c. Contou o acontecido, delatando os meninos.

d. Quebrou o bico ao tentar falar.

06. Qual material os indiozinhos usaram para construir o meio que os levaria para o céu?

a. Fios de cabelo.

b. Os restos do milho.

c. Um cipó que emendaram um no outro.

d. Cordas feitas de couro de animal.

07. O beija-flor, descrito como amigo dos curumins, teve um papel crucial na fuga. Qual foi a sua ação principal?

a. Ele voou muito rápido e distraiu as mães.

b. Ele quebrou o cipó para que os meninos não fossem para o céu.

c. Ele pegou a ponta do cipó no bico e voou o mais alto que pôde.

d. Ele trouxe comida para os meninos se acalmarem na mata.

08. De acordo com o mito, o que aconteceu com as lágrimas dos meninos enquanto subiam em direção ao céu?

a. Elas caíram no chão e viraram rios.

b. Elas viraram estrelas soltas no ar.

c. Elas viraram pedras preciosas.

d. Elas molharam o cipó, deixando-o escorregadio.

09. O que o narrador afirma ter se formado no céu após os meninos ficarem morando lá, sendo o resultado visual da transformação?

a. Um colar imenso de estrelas.

b. Um arco-íris gigante.

c. Uma nova tribo.

d. Um ninho gigante de beija-flor.

10. Qual sentimento, conforme o parágrafo final, é o responsável por fazer mãe e filhos "trocarem olhares" através das estrelas?

a. A alegria por terem escapado da surra.

b. A raiva pela desobediência.

c. A saudade que bate forte.

d. O medo de que o beija-flor volte.

 

 

CONTO: A CASA DA GRITARIA - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM QUESTÕES OBJETIVAS E GABARITO

 Conto: A Casa da Gritaria - Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        — Que barulhada! — exclamou Emília, ao aproximar-se da Casa das INTERJEIÇÕES. — Será algum viveiro de papagaios?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEOjq6s9iMzFzpGgSCA5SSftblFPqs_r_oyCPVHNKJ2175u0MsJvnu1qTm-ALBMHuVNVcDksmCBk3C4_wfw9cMgF6EH654zkBDX4KdY6A1XbycxwgwNH2LHOZ2btMUGKP3X4rkfETLSnWcuFp6rO7oQzpYeiaq2SUd2i_6LbfrQD9IxWYXj3-sPnNboQ/s320/1853567fab11a9187d1a36d210cdd8ad.jpg


        — São elas. Aquilo lá dentro parece um hospício, porque as Interjeições não passam de gritinhos.

        — Gritos de quê?

    — De tudo. Gritos de Dor, de Alegria, de Aplauso...

        A Casa das Interjeições parecia mesmo um viveiro de papagaios. Assim que entrou, Emília viu passarem correndo dois gemidinhos de DOR, as Interjeições Ai! e Ui! Logo em seguida viu, a dar pulos, três gritinhos de ALEGRIA: — Ah! Oh! Eh! Depois viu três de nariz comprido, as Interjeições de DESEJO: — Tomara! Oh! Oxalá! E viu três num entusiasmo doido — as Interjeições de ANIMAÇÃO: — Eia! Sus! Coragem! E viu quatro de APLAUSO, batendo palmas: — Viva! Bravo! Bem!

        Apoiado! E viu mais quatro com caras de horror e nojo, que eram as Interjeições de AVERSÃO: — Ih, Xi! Irra! Apre! E viu algumas de APELO, chamando desesperadamente alguém:

        — Olá! Psiu! Alô! E viu duas de SILÊNCIO, encolhidinhas, de dedo na boca: — Psiu! Caluda! E viu uma bem velhinha, de ADMIRAÇÃO — Cáspite! 

        — Que baitaquinhas! — comentou Emília, tapando os    ouvidos. — Já estou tonta, tonta...

        — E há ainda aqui — disse o Verbo Ser — esta pequena caixa com as ONOMATOPÉIAS, OU Interjeições IMITATIVAS de certos sons.

        Emília viu nessa caixinha as Onomatopeias Chape!, que imita o som do animal patinhando n'água. E viu Zás-Trás!, que imita movimento rápido. E viu também o célebre Nhoque!, muito usado por Pedrinho para imitar bote de cachorro bravo,  E viu Tchibum! — que imita barulho duma coisa que cai  n'água. E viu Trrrlin!, que imita som de esporas no assoalho,  E viu Tique-Taque, som de relógio. E ToqueToque, som de batida em porta. E viu Coin, Coin, Coin, som de Rabicó quando leva pelotadas do bodoque de Pedrinho.

        — Sim, senhor! — disse Emília, retirando-se. — São muito galantinhas, mas deixam uma pessoa atordoada. Lá no sítio usamos muito algumas destas interjeições, e ainda várias outras inventadas por nós. Tia Nastácia é uma danada para inventar Interjeições. Danada para tudo, aquela negra...

        E, mudando de tom:

        — Por que Vossa Serência não aparece por lá, um dia, para uma visita a Dona Benta? Por ser muito velho? Ora, deixe-se disso!... Estamos lá acostumados com a velhice. Dona Benta é velha e Tia Nastácia também. Cachorro bravo?... Oh, é bicho que nunca houve no sítio. Só temos Rabicó, que é um marquês que não morde, e a Vaca Mocha, que não tem chifre — e agora este Quindim, que é a pérola dos gramáticos.

        — E há ainda mais coisas por lá — continuou Emília, depois duma pausa. — Há os famosos bolinhos de Tia Nastácia, feitos de polvilho, leite, uma colherzinha de sal, etc. Depois ela frita. Quando Rabicó sente de longe o cheiro desses bolinhos, vem na volada. Mas não pilha um só. É comida de gente e não de... marquês.

        E finalizou, com uma piscadinha marota:

        — Dona Benta é viúva. Vá, que até pode sair casamento...

        O Verbo Ser olhava para Emília com os olhos arregalados. Ele não sabia a história da célebre torneirinha de asneiras...

Entendendo o conto:

01. No trecho, o que a personagem Emília pensa que a Casa das INTERJEIÇÕES poderia ser, ao ouvir a barulhada?

A. Um circo com animais.

B. Um asilo de velhinhos.

C. Uma fábrica de doces.

D. Um viveiro de papagaios.

 02. De acordo com o Verbo Ser, por que a Casa das Interjeições parece um hospício?

A. Porque as Interjeições não passam de gritinhos.

B. Porque as Interjeições são bichos selvagens e perigosos.

C. Porque as Interjeições estão doentes e precisam de cuidado.

D. Porque as Interjeições estão sempre cantando ópera.

 

03. Quais Interjeições são representadas no conto como 'gemidinhos de DOR'?

A. Tomara! Oh! Oxalá!

B. Ai! e Ui!

C. Olá! Psiu! Alô!

D. Viva! Bravo!

 

04. Qual é a classificação das interjeições 'Ih, Xi! Irra! Apre!', que Emília viu 'com caras de horror e nojo'?

A. Interjeições de AVERSÃO.

B. Interjeições de APLAUSO.

C. Interjeições de SILÊNCIO.

D. Interjeições de ANIMAÇÃO.

 

05. Qual a onomatopeia que, segundo o texto, imita o som de 'batida em porta'?

A. Tique-Taque.

B. Toque-Toque.

C. Trrrlin!

D. Chape!

 

06. O que as ONOMATOPÉIAS representam, de acordo com a explicação do Verbo Ser?

A. Interjeições Imitativas de certos sons.

B. Interjeições de Desejo.

C. Palavras que indicam nome de pessoas.

D. Gritos de Admiração.

 

07. Qual onomatopeia, listada no texto, representa o som 'que imita barulho duma coisa que cai n’água'?

A. Nhoque!

B. Chape!

C. Zás-Trás!

D. Tchibum!

 

08. Qual interjeição (ou grupo) é mencionada no texto como sendo 'bem velhinha' e expressando ADMIRAÇÃO?

A.Oxalá!

B. Cáspite!

C. Caluda!

D. Ai!

 

09. Ao final do trecho, o que Emília sugere ao Verbo Ser sobre Dona Benta?

A. Que ele deveria fazer os bolinhos de polvilho.

B. Que Dona Benta quer vender o Sítio.

C. Que ele faça uma visita para tentar um casamento com ela.

D. Que ele ajude a proteger o sítio do cachorro bravo.

 

10. Qual personagem do Sítio do Picapau Amarelo é chamado por Emília de 'a pérola dos gramáticos' no final do conto?

A. O Verbo Ser.

B. Quindim.

C. Tia Nastácia.

D. Rabicó.