segunda-feira, 13 de maio de 2024

CRÔNICA SOCIAL - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

 Crônica social

            Clarice Lispector

Era um almoço de senhoras. Não só a anfitrioa como cada convidada parecia estar satisfeita por tudo estar saindo bem. Como se houvesse sempre o perigo de subitamente revelar-se que aquela realidade de garçons mudos, de flores e de elegância estava um pouco acima delas - não por condição social, apenas isso: acima delas. Talvez acima do fato de serem simplesmente mulher e não apenas senhoras. Se todas tinham direito a esse ambiente, pareciam no entanto recear o momento da gafe. Gafe é a hora em que certa realidade se revela.
O almoço estava bem servido, inteiramente longe da ideia de cozinha: antes da chegada das convidadas haviam sido retirados todos os andaimes.

O que não impediu que cada uma tivesse que perdoar um pequeno detalhe, a bem dessa entidade: o almoço. O detalhe a perdoar de certa mente no seu penteado, o que lhe dava um desses sobressaltos que pressagiam catástrofe. Havia dois garçons. O que servia esta senhora ficou-lhe invisível o tempo todo. E não se acredita que ele tivesse visto o rosto dessa senhora. Sem a possibilidade de se conhecerem jamais, suas relações se estabeleciam através de periódicos toques no penteado. E ele sentia. Através do penteado sentia-se aos poucos odiado e ele mesmo começou a sentir cólera.

Supõe-se que cada conviva teve sua pequena veia de sangue no meio do grande almoço. Cada uma deve ter tido, por um momento ao menos, esse aviso urgente e pungente de um penteado que pode desabar - precipitando o almoço em desastre.

A anfitrioa usava de uma ligeira autoridade que não lhe ficasse mal. Às vezes, porém, esqueça que a observavam e tomava expressões um pouco surpreendentes. Como seja, um ar de cansaço excitado e de decepção. Os então como em certo momento - que pensamento vago e angustiado passou-lhe pela cabeça? - olhou inteiramente ausente a vizinha da direita que lhe falava. A vizinha lhe disse: "A paisagem lá é soberba!" E a anfitrioa, com um tom de ânsia, sonho e doçura, respondeu pressurosa:

- Pois é... é mesmo... não é?

Quem dentre todas aproveitou melhor foi a senhora X, convidada da honra que, sempre convidadíssima por todos, já reduzira o almoço a apenas almoçar. Entre gestos delicados e grande tranquilidade, devorou com prazer o cardápio francês - mergulhava a colher na boca, e depois olhava-a com muita curiosidade, resquícios da infância.

Mas em todas as outras convidadas, uma naturalidade fingida. Quem sabe, se fingissem menos naturalidade ficassem mais naturais. Ninguém ousaria. Cada uma tinha um pouco de medo de si própria, como se se achasse capaz das maiores grosserias mal se abandonasse um pouco. Não: o compromisso fora o de tornar o almoço perfeito.

E nem havia como se abandonar, a menos que fosse admitido o ocasional silêncio. O que seria impossível. Mal um assunto vinha por acaso e natural, era truculentamente que todas lhe caíam em cima, prolongando-o até às reticências. Como todas o exploravam no mesmo sentido - pois todas estavam a par das mesmas coisas - e como não ocorreria uma divergência de opinião, cada assunto era de novo uma possibilidade de silêncio.

A senhora Z, grande, sadia, com flores no corpete, 50 anos, recém-casada. Tinha o riso fácil e emocionado de quem casou tarde. Todas pareciam em cumplicidade achá-la ridícula. O que aliviava um pouco a tensão. Mas ela era um pouco claramente ridícula demais, não devia ser essa a sua chave - se a nossa vizinha do lado nos desse tempo de procurar qualquer chave que fosse. Não dava tempo: falava.

O pior é que uma das convidadas só falava francês. O que fazia com que a senhora Y estivesse em dificuldades. A desforra vinha quando a estrangeira dizia uma daquelas frases que, como resposta, podem ser exatamente repetidas, apenas com uma mudança de entonação. "Il n'est pas mal", dizia a estrangeira. Então a senhora Y, segura de que estaria falando certo, repetia enfim a frase, bem alto, cheia de espanto e do prazer de quem pensou e descobriu: "Ah, il n'est pas mal, il n'est pas mal." Pois, como disse outra convidada sem ser estrangeira e a propósito de outra coisa: "C'est le tan qui fait la chamon."

Quanto à senhora K., vestida de cinza, estava sempre disposta a ouvir e a responder. Sentia-se bem em ser um pouco apagada. Descobriria que sua melhor era a da discrição e usava-a com certa abundância. "Desse modo de ser que arranjei ninguém me tira", diziam seus olhos sorridentes e maternais. Arranjara mesmos sinais para a sua discrição, como a história dos espiões que usavam distintivos de espiões. Assim, vestia-se claramente com roupas chamadas discretas. Suas joias eram francamente discretas. Aliás, as discretas formam uma corporação. Elas se reconhecem a um olhar, e, louvando uma a outra, louvam-se ao mesmo tempo.

A conversa começou sobre cachorros. A conversa final, na hora do licor, não se sabe por que tendência ao círculo perfeito, tratou de cachorros. A doce anfitrioa tinha um cão chamado José. O que nenhuma da corporação das discretas faria. O cachorro delas se chamaria Rex, e, ainda assim, em algum momento discreto, elas diriam: "Foi meu filho quem deu o nome." Na corporação das discretas usa-se muito falar dos filhos como de adoráveis tiranos das casas. "Meu filho acha este meu vestido horrível." "Minha filha comprou entradas para o concerto mas acho que não vou, ela vai com o pai." De um modo geral uma dama pertencente à corporação das discretas é convidada por causa de seu marido, homem de altos negócios, ou de falecido pai, provavelmente jurista de nome.

Levantam-se da mesa. As que dobram ligeiramente o guardanapo antes de se erguer é porque assim foram ensinadas. As que o deixam negligentemente largado têm uma teoria sobre deixar guardanapos negligentemente largado.

O café suaviza um pouco a copiosa e fina refeição, mas o licor mistura-se aos vinhos anteriores, dando uma vaguidão arfante às convidadas. Quem fuma, fuma: quem não fuma, não fuma. Todas fumam. A anfitroa sorri, sorri, cansada. Todas enfim se despedem. Com o resto da tarde estragada. Umas voltam para a casa com a tarde partida. Outras aproveitam o fato de já estarem vestidas para fazer alguma visita. Só Deus sabe, se não de pêsames. Terra é terra, come-se, morre-se.

De um modo geral o almoço foi perfeito. Será preciso retribuir em breve. Não.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNChdrIIUeCOEgClnZzXlxmlqL-7VjUC68PZL9D_CHFXTh8WqkvsJ15hreDUS3V4CyNFXp6z83PkqEEiHxe3uY4opqt4fpSEE_QKpUVM2rkhLVJ-w8zsKWRCERYecKVGfgg57CIiohJ1zu7oLN51V7pxIbXKVwlXywAKeeKTBXIjUca7TVaVHRzN1FRm4/s1600/SENHORAS.jpg
Entendendo o texto

01. Qual é a atmosfera predominante descrita na crônica durante o almoço das senhoras?

A atmosfera predominante é de tensão e artificialidade, onde cada detalhe é cuidadosamente mantido para sustentar uma ilusão de perfeição.

02. Como as convidadas parecem se comportar durante o almoço?

As convidadas parecem se comportar de maneira tensa e preocupada, tentando manter uma fachada de naturalidade e elegância, mas com medo constante de cometer uma gafe.

03. Qual é o papel da anfitriã nesse contexto social?

A anfitriã tenta liderar e controlar o ambiente, mas ocasionalmente mostra sinais de cansaço e descontentamento.

04. Como a crônica retrata as relações entre as convidadas e os garçons?

As relações entre as convidadas e os garçons são distantes e estranhas, marcadas por interações mínimas e mal-entendidos.

05. Qual é a ironia presente na maneira como as senhoras interagem entre si durante o almoço?

A ironia está na artificialidade e na tensão subjacentes às interações, onde a busca por perfeição contrasta com a inevitável inadequação e insegurança.

06. Como a crônica retrata a preocupação das senhoras com a aparência e o comportamento social?

As senhoras demonstram uma preocupação constante com sua aparência e comportamento, temendo uma possível ruptura da fachada cuidadosamente mantida.

07. Qual é o contraste entre a convidada especial, senhora X, e o restante das convidadas?

Senhora X parece desfrutar genuinamente do almoço, contrastando com as outras que estão mais preocupadas com as formalidades sociais.

08. Que tipo de conversas predominam durante o almoço?

As conversas predominantes parecem ser superficiais e triviais, com destaque para assuntos como cachorros, mantendo-se dentro de um escopo seguro e compartilhado.

09. Como a crônica utiliza detalhes como a maneira de dobrar os guardanapos para transmitir nuances sociais?

A crônica utiliza esses detalhes para ilustrar as regras não ditas e as expectativas sociais que permeiam o evento, revelando a complexidade por trás de gestos aparentemente simples.

10. Qual é a mensagem central transmitida pela crônica em relação às convenções sociais e à natureza humana?

A crônica destaca a fragilidade das convenções sociais e a inevitabilidade das imperfeições humanas, sublinhando a tensão entre a busca pela perfeição e a realidade da natureza humana com suas falhas e inseguranças.

 

 

 

 

domingo, 12 de maio de 2024

CARTA: CARTA ABERTA À MÃE DOS MEUS IRMÃOS - RITA LISAUSKAS - COM GABARITO

 Carta: Carta aberta à mãe dos meus irmãos

Por Rita Lisauskas – 11/11/2014 | 15h22

Atualização: 24/11/2022 | 14h00

        Você não me conhece, mas deveria. Meu nome é Samuel, tenho 4 anos, e sou irmão dos seus filhos. Eu sou um menino bem legal, viu? Eu adoro brincar com o Lucca de luta e o Rapha adora cuidar de mim. O dia que meus irmãos estão na minha casa é um dia muito feliz. Eu fico esperando pelos fins-de-semana em eles ficam com a gente. E pergunto todos os dias para meu pai e para minha mãe quando eles vão chegar. Eu choro quando eles não aparecem. Eu sinto muita saudade dos meus irmãos, viu? Faz quase um mês que não os vejo. E sinto que meu papai e mamãe também sofrem muito cada vez que não podem estar com eles. Eu queria te pedir, olha, deixa meus irmãos passarem mais tempo lá em casa? Vê-los semana sim e semana não é muito pouco porque a saudade é grande. E quando você não deixa que eles venham no dia que meu pai estava esperando a gente fica muito tempo sem se ver. Eu ganhei uma ambulância de presente no dia das crianças e queria muito mostrar para os meus irmãos amanhã. Mas ouvi meu pai contando para minha mãe que eles não vêm de novo. Eles estavam tristes. Meu pai chorou.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOhI08k4amBxzAZoG70H6iDBfWYCovh-Jdmzn_1VrOADU_3U1q9epVnbtyfa15DE9zMWhEHw9VKxb2RfOYL9jRkekbXpubYzSCGpbM5D43I-RMCBhiIo1fEroS9IddA33cYKduCt1oO86kZK8Ko9LUpj_wtWF004snaNvGryF7UtDM81-4UGg6QHMAiIU/s320/CARTA.jpg


        Semana passada foi aniversário do meu irmão. Perguntei para minha mãe se o Lucca ia me chamar para a festa dele. Fiquei esperando porque eu adoro uma festa. No meu aniversário de 3 anos o Lucca brincou muito comigo no pula-pula. O Rapha não porque ele já é grande e não cabia. Mas ele me carregou no colo e tiramos fotos com os super-heróis. Mas eu nunca fui nas festas de aniversário dos meus irmãos. Queria entender o porquê. Já perguntei para minha mãe, mas ela meio que muda de assunto. Meu pai também nunca foi convidado. O jeito é a gente fazer outra festa para eles na nossa casa, mas o aniversário do Lucca passou e como ele não vai ficar com a gente de novo não teremos como fazer a festa. Minha mãe já tinha até pensado no bolo e nos docinhos.

        Já perguntei para minha mãe porque não moro com eles. Mas lá na minha escola tem outras crianças que não moram com os irmãos, então acho que isso é normal, acontece. Mas os meus amigos estão com os irmãos sempre. Eu não. Quando entro no carro para levar o Rapha e o Lucca de volta para casa depois de apenas uma tarde juntos, meu coração dói. E quando eu chego na casa onde eles moram com você e com a vovó deles eu fico gritando no portão, porque não sei quando vou ver meus irmãos de novo. Às vezes minha mãe não deixa eu ir levá-los porque meu pai contou para ela que eu já chorei na porta da casa de vocês: eu queria entrar e não entendi direito porque não podia. Se meus irmãos vem à minha casa porque eu não posso ir à casa deles? Às vezes não entendo esse mundo dos adultos. Queria te dizer de novo que eu sou um menino legal. E que gosto muito dos seus filhos, então você pode gostar de mim também, se um dia quiser me conhecer. Mas se não quiser, eu entendo. Só não entendo direito essa coisa de ficar muito tempo longe dos meus irmãos.

LISAUSKAS, Rita. Carta aberta à mãe de meus irmãos. Publicado em 11 out. 2014. Disponível em: http://vida-estilo.estadão.com.br/blogs/ser-mae/carta-aberta-a-mae-dos-meus-irmaos/. Acesso em: 28 set. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 185-6.

Entendendo a carta:

01 – Em uma primeira leitura, a expressão “à mãe de meus irmãos”, no título da carta, pode provocar algum estranhamento.

a)   Explique por que isso pode acontecer.

A expressão pode parecer estranha porque, a princípio, a palavra “irmãos” leva a supor uma mesma mãe.

b)   A quem a expressão se refere?

À outra esposa do pai, com quem teve dois filhos, os meios-irmãos do autor da carta.

02 – As observações de Samuel permitem ao leitor construir uma imagem da família do menino.

a)   Como essa família está organizada?

O texto retrata uma família em que o pai teve dois relacionamentos: de um primeiro nasceram Lucca e Rapha, que vivem com a mãe e a avô; de um outro, nasceu Samuel.

b)   Explique como se caracteriza a relação entre os adultos dessa família.

A relação é tensa, pois a mãe de Lucca e Rapha cria dificuldades para o convívio deles com o pai, sua nova esposa e seu outro filho, Samuel.

03 – A produção de uma carta supostamente escrita por um menino é uma estratégia da jornalista para discutir um tema que a interessa.

a)   Que tema é esse?

A autora pretende discutir as relações familiares na atualidade, em que muitas pessoas têm mais de um relacionamento amoroso e as crianças convivem não apenas com seu pai, sua mãe e seus irmãos, mas também com os demais cônjuges e seus filhos. Essas relações muitas vezes envolvem tensões e brigas.

b)   Que relação existe entre o tema da carta e o blog em que foi publicada?

O blog está voltado para questões relativas ao convívio familiar e à educação das crianças.

c)   A autora está interessada em levar ao público uma análise da sociedade. Transcreva no caderno a passagem do texto em que o foco se desloca de uma família específica para as famílias em geral.

“[...] Mas lá na minha escola tem outras crianças que não moram com os irmãos, então acho que isso é normal, acontece. Mas os meus amigos estão com os irmãos sempre. [...]”

04 – Para que a carta parecesse autêntica, verdadeira, a autora procurou imitar a maneira de pensar de um menino de 4 anos. Dê exemplos de argumentos que comprovem essa afirmação.

      A argumentação destaca referências de uma criança, como o desejo de participar de festas infantis ou de mostrar um brinquedo, além de indicar, várias vezes, que o autor não consegue entender o porque das atitudes dos adultos.

05 – A autora poderia ter optado por abordar o mesmo tema e discutir a proposta usando outros gêneros textuais, como um artigo de opinião, por exemplo.

a)   Com a produção de uma carta, o que ela pôs em destaque?

A autora destacou a perspectiva da criança, que, por não ser capaz de compreender a natureza das relações entre os adultos, sofre com as ações praticadas por eles.

b)   Considerando que a carta também deve ser entendida como um texto dirigido pela blogueira a seus leitores, qual seria o objetivo dessa produção textual?

O objetivo seria levar os leitores a refletir sobre a condição das crianças que vivem em famílias em conflito.

NOTÍCIA: ESCADARIA DE SANTOS VIRA PISTA PARA DOWNHILL - METRO-SANTOS - COM GABARITO

 Notícia: Escadaria de Santos vira pista para downhill

          Aventura. Corrida de bicicletas acontece no Monte Serrat. Atletas de vários países terão de descer 415 degraus em alta velocidade

        Descer de bike 415 degraus em alta velocidade não é tarefa fácil. Porém, atletas de diversos países estão em Santos a partir de hoje para encarar esse desafio. A competição de downhill urbano, já consagrada no Monte Serrat, abre o calendário do circuito mundial City Downhill World Tour, que reúne os melhores atletas do mundo em cinco etapas ao longo do ano. As atividades seguem até domingo, quando acontece a final, às 11h, com transmissão ao vivo para 140 países.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUXFr16PiBcN4MKKCSn5YcfJGiDJiDNOiHR4tfz0Ej2ECQ03ZE6EFn4ga9htV1ib3-1IE6gZoDLNvo18qCYO4FeBWTgn3h-IZ_ie7LG3NFD8eZ5Gm7grkEg_pPlUgxVMzqlwXrMaq1phZmFWm9g4UCYqy7aZyPchq3obUT_u-EAc1qOAiuTw4C1O9bMW0/s320/MONTE.jpg


        Na tarde de ontem, o eslovaco Filip Polc, que é líder absoluto, com quatro vitórias nos últimos cinco anos, inspecionou as rampas no Monte Serrat. Polc é dono do recorde da pista, 55.284 segundos, obtido em 2014.

        Walace Miranda, campeão em 2008 e 2009, Markolf Berchtold, vencedor em 2003, continuam sendo as apostas brasileiras em busca do título.

        Para conquistar o troféu, os atletas terão que descer 415 degraus em um percurso de aproximadamente 850 metros de extensão, altitude de 147 metros – o que equivale a um prédio de 56 andares. No meio do trajeto, rampas e vãos tornam a descida ainda mais técnica.

        Para quem quiser assistir à competição, a entrada é gratuita. Basta chegar cedo e se acomodar ao longo das escadarias para ver tudo bem de perto.

Metro-Santos, 20 fev. 2015. Esporte, p. 11. Disponível em: issuu.com/metro_brazil/docs/20150220_br_metro-santos/11?e=0. Acesso em: 24 set. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 172-3.

Entendendo a notícia:

01 – O downhill não é uma modalidade esportiva conhecida por todos. Quais informações fornecidas pelo título principal e pala linha-fina – que promovem o primeiro contato do leitor com a notícia – o ajudam a saber do que se trata?

      O título principal associa a palavra “pista”, que remete à ideia de corrida, a “escadaria”, e a linha-fina esclarece que haverá uma corrida de bicicletas descendo degraus.

02 – Que dados da notícia revelam que o esporte atrai muitos interessados?

      O fato de ser praticado por atletas de vários países, de haver um campeonato mundial e de a competição ser transmitida ao vivo para 140 países.

03 – Escreva no caderno uma expressão do primeiro parágrafo responsável por informar que a disputa da modalidade em Santos não é uma novidade.

      A expressão “já consagrada no Monte Serrat”.

 

POEMA: NUNCA NÃO SER NINGUÉM NEM NADA - PAULO HENRIQUES BRITTO - COM GABARITO

 Poema: Nunca não ser ninguém nem nada

             Paulo Henriques Britto

Nunca não ser ninguém nem nada,

porém deixar-se estar no tempo

como se a vida fosse água,

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuLcFNpRmUZAdXONfFIXKiQL3lNjSTdZ0WdyeilzFQ445nk2GRTEMr0xtVxe6F6lu3EUVhwBJLJGxzm0KnQ2UmWYytFeoT7dncnUsTGz58VYIoF7DHU7tlAb7HNZw1AdGBVVyy6x3rTUjJ0Bu4K3C-3MFxJZulD_RT2mX6-GS9h2UEjudDMoNlbCm6b-w/s320/NINGUEM.jpg

como quem boia à flor da água

sem rumo, sem remo, sem nada

além de sono, tédio e tempo,

 

senhor de todo o espaço e o tempo,

munido só de pão e água

e, sem precisar de mais nada,

 

beber sua água enquanto é tempo.

E, depois, nada.

BRITTO, Paulo Henriques. Macau. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 25.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 134.

Entendendo o poema:

01 – O primeiro verso do poema é construído a partir de uma negação. Transforme-o em um conselho ou recomendação ao leitor. Para isso, suprima o advérbio não e inicie sua frase com o antônimo de nunca.

      Sempre ser alguém e tudo.

02 – A conjunção adversativa porém (segundo verso) introduz uma nova ideia que modifica o que é dito pelo eu lírico no primeiro verso. Que ideia é essa?

      Embora o eu lírico defenda que é preciso sempre ser alguém e procurar ser tudo (na vida), isso deve ser feito de maneira natural e leve (sem prepotência ou arrogância).

03 – Como você já estudou, a rima não é o único recurso sonoro presente em um poema. Repetições de palavras, de frases e de versos – denominadas recorrências – também são recursos comuns nesse gênero textual.

a)   Anote no caderno as palavras que se repetem no poema de Britto.

No poema, há repetições das palavras “nada”, “tempo” e “água” no final dos versos (com exceção da última estrofe, em que aparece a palavra “água” no meio do penúltimo verso) e da palavra “sem”, no segundo verso da segunda estrofe e no último verso da terceira estrofe.

b)   Você observa alguma regularidade nessas recorrências?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: o poeta faz um jogo que consiste em variar a ordem em que as palavras aparecem no final dos versos.

c)   Que função têm essas recorrências para a construção dos sentidos do poema?

Há varias possibilidades de respostas. Sugestão: Mesmo repetidas, as palavras “nada”, “tempo” e “água” surgem e ressurgem ganhando novos sentidos em cada estrofes.

 

POEMA: A UMA SENHORA NATURAL DO RIO DE JANEIRO, ONDE SE ACHAVA ENTÃO O AUTOR - BASÍLIO DA GAMA - COM GABARITO

 Poema: A uma senhora natural do Rio de Janeiro, onde se achava então o autor

               Basílio da Gama

Já, Marfiza cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Qu'inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje-__tkzEaBV-IReOOeHkp68HGqOGrKzctAWZSeCAYX4FH8UfmsLzXOT7L_GdthMBb-RelVYeTlLK-XLWvn9cKsLUYC4Ehk4H5hVRvbSapQX0pDGYiFi4ZodMkO42NbBt4I3Uuu3JKP2lpzP1R7gS2uqjpjriqKzL2I5Z3oYSX1O2LLQVRm9JtMjk32nY/s1600/olhos.jpg



Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d'oiro converte-se em prata.

Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos,
Por que me negas hoje esta ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco, a flor dos anos.

GAMA, Basílio da. In: CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: das origens ao Romantismo. 13. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. p. 119.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 133-4.

Entendendo o poema:

01 – Os dois quartetos do poema são estruturados a partir de uma figura de linguagem, o eufemismo. Transcreva dois exemplos de eufemismo, explicando o efeito de sentido produzido no soneto.

      Possibilidades de respostas: “usas comigo de cautelas”: utilizando esse eufemismo, o eu lírico afirma de maneira mais sutil que Marfiza tem recusado seus convites amorosos, mas que um dia se arrependerá de sua ingratidão. “Teus olhos deixarão de ser estrelas”: Os olhos de Marfiza perderão o brilho (sonhos, perspectivas, desejos, etc.) que, em geral, caracteriza a juventude.

02 – Depois de ler os dois quartetos, é possível compreender a pergunta que o eu lírico faz para Marfiza no primeiro terceto. Explique essa afirmação.

      A pergunta do eu lírico é uma demonstração de sua indignação diante das negativas de Marfiza e diante daquilo que ele considera óbvio: a passagem do tempo e o consequente e inexorável envelhecimento humano.

03 – Que preceito tipicamente árcade está presente de maneira direta no último terceto do poema?

      O carpe diem. A supervalorização de cada minuto da existência. Pelo fato de o dia de amanhã ser incerto, o poeta deveria gozar o momento presente.

04 – Qual é o sentimento predominante do autor em relação à senhora mencionada no poema?

      O autor demonstra esperança e um desejo de reconciliação com a senhora, apesar da sua aparente indiferença.

05 – Como o autor descreve a inevitabilidade do envelhecimento da senhora?

      O autor descreve que os olhos que hoje são estrelas um dia deixarão de brilhar, as faces belas murcharão e as tranças douradas se transformarão em prata devido ao passar do tempo.

06 – Qual é a principal crítica do autor em relação ao comportamento da senhora?

      O autor critica a senhora por negar-lhe uma relação no presente, quando ambos sabem que a juventude e a beleza são passageiras e estão destinadas a serem afetadas pelo tempo.

07 – Como o autor justifica sua solicitação à senhora?

      O autor justifica sua solicitação à senhora ao apontar que, dado o inevitável declínio da beleza com a idade, é sensato desfrutar do presente enquanto ainda são jovens e belos.

08 – Qual é a ênfase principal do autor no último verso do poema?

      No último verso, o autor enfatiza a transitoriedade da juventude e da beleza ("a flor dos anos") e a importância de aproveitar esse tempo efêmero enquanto ainda é possível.

 

POEMA: NÃO ERA SÓ UM CAVALO... - OSMAR RANSOLIN - COM GABARITO

 Poema: Não era só um cavalo...

             Osmar Ransolin

Era um monumento vivo

Dos andarengos da Ibéria

Que nesclou em cada artéria

Do rubro sangue nativo

O ancestral primitivo,

-- Cara limpa, lombo nu –

Que carregou o xirú

Pelas terras missioneiras

E que tombou nas fileiras

Das tropas de Tiarajú.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwv25wz3miihJiL4xvRGz6xLcLqaDvBf-ZF7Q-X1AdGPoIyJ88VDUB0tAcZ6mJBXWk2peJvonPQj7S0cd4kQNofPFEuIO26gxxdybpSjUz-64yecpgiFGaUsMJp2IPL2xFpqf_MzIQN8tIcPDFO4uA3WLBrmMW_F3DDzkbOJeSL6MiuyMoY3JGCR0DsUE/s320/CAVALO.jpg

Não era só um cavalo...

 

Era a própria imagem

Do Rio Grande açoriano,

Que alargou meridianos

Pelas rotas de passagem,

Era o cavalo selvagem

Rasgando campo e fronteira

Perdido na polvadeira

Ou entre a chuva e o vento,

E que invadiu sacramento

Com Dom Cristóvão Pereira.

 

Não era só um cavalo...

 

Era o esteio da lida,

Que a cada marcha tropeira

Se fez alma aventureira

Pra ofertar a própria vida,

E nesta saga sofrida

De desbravar o sertão,

Percorreu cada rincão

Desse Brasil continente,

Sustentando nossa gente

Pra erguer uma Nação.

 

Não era só um cavalo...

 

Era um herói da terra

Que a história não menciona,

E que o covarde abandona

No entrevero da guerra!

Que vendo a morte, não berra,

Porque engole o sofrimento

-- Soldado sem regimento

Da velha estirpe proscrita –

Que foi garupa pra Anita

E montaria de Bento.

 

Não era só um cavalo...

 

Era o Rio Grande em pelo!

E no horizonte da incerteza

Enfrentou a natureza

Neste último atropelo,

Tostado sem marca e selo

Pelo-duro, que se amansa,

Que na rédea é uma balança

E na vida é um regalo

Cavalo que é bom cavalo

Pro trabalho, e pras crianças.

 

E não era só um cavalo...

 

Era também um amigo,

E um amigo não fica pra trás...

 

Tu és símbolo do nosso amado

Rio Grande do Sul.

Osmar Ransolin

Entendendo o poema:

01 – O poema "Não era só um cavalo..." de Osmar Ransolin celebra qual aspecto da cultura e história do Rio Grande do Sul?

a)   A influência ibérica na região.

b)   A resistência dos povos missioneiros.

c)   A importância dos animais na formação da identidade gaúcha.

d)   O papel dos tropeiros na colonização.

02 – Segundo o poema, qual é a metáfora utilizada para descrever o cavalo?

a)   Monumento vivo.

b)   Imagem do Rio Grande açoriano.

c)   Herói da terra.

d)   Símbolo da lida tropeira.

03 – Qual personagem histórico é mencionado como tendo montado esse cavalo?

a)   Tiarajú.

b)   Dom Cristóvão Pereira.

c)   Anita Garibaldi.

d)   Bento Gonçalves.

04 – O poema destaca o papel do cavalo na formação do Brasil como:

a)   Um guia para exploradores europeus.

b)   Um meio de transporte vital para a colonização.

c)   Um símbolo de resistência indígena.

d)   Uma ferramenta de guerra durante os conflitos regionais.

05 – Como o cavalo é descrito em relação à sua resistência e papel na história?

a)   Um animal adaptado aos desafios da natureza.

b)   Um símbolo da fragilidade humana diante das adversidades.

c)   Uma figura lendária do folclore gaúcho.

d)   Um ser histórico esquecido pelas narrativas convencionais.

06 – Qual era a relação do cavalo com os tropeiros, de acordo com o poema?

a)   Era uma forma de sustento para os tropeiros.

b)   Representava a liberdade e a aventura nas longas jornadas.

c)   Simbolizava a resistência dos habitantes locais contra invasores.

d)   Foi uma arma utilizada nas batalhas pela independência.

07 – O poeta destaca o cavalo como um símbolo do:

a)   Trabalho árduo e da infância.

b)   Amor pela natureza e pela liberdade.

c)   Orgulho e identidade do Rio Grande do Sul.

d)   Sacrifício dos soldados na luta por independência.

08 – Como o poema descreve o papel do cavalo na formação da identidade gaúcha?

a)   Como um mero animal de carga.

b)   Como um símbolo de coragem e resistência.

c)   Como um elemento estrangeiro no contexto local.

d)   Como uma figura de autoridade na cultura regional.

09 – Quais são as características que o poema atribui ao cavalo que o diferenciam como um símbolo cultural?

a)   Lealdade e inteligência.

b)   Coragem e resistência.

c)   Agilidade e velocidade.

d)   Força e robustez.

10 – O poeta exalta o cavalo como um elemento fundamental para:

a)   O desenvolvimento econômico do Brasil.

b)   A integração entre os povos da América do Sul.

c)   A preservação das tradições gaúchas.

d)   O equilíbrio ambiental na região.

11 – Nos versos: “Que foi garupa pra Anita / E montaria de Bento”. A que personagens históricos do Rio Grande do Sul refere-se esses versos?

      Refere-se a Anita Garibaldi e Bento Gonçalves da Silva.