quinta-feira, 10 de março de 2022

CRÔNICA: CARTILHA BRASILEIRA - PEDRO BIAL - COM GABARITO

 Crônica: Cartilha Brasileira

              Pedro Bial

        Queridas filhas, vocês chegam ao Brasil depois de amanhã. Vocês, meninas, são um tipo muito especial de brasileirinhas. Pois aqui vocês vieram ao mundo, nasceram em dias de sol tropical, e receberam as primeiras lufadas de vento direto do Oceano Atlântico. Só que bem pequeninas ainda, vocês foram para o hemisfério norte, foram morar na Inglaterra, ou como se diz por aqui, nas Oropas...

        Agora, vocês terão de aprender o que é o Brasil bem rapidinho... É verdade que nós vínhamos em todas as férias, e é verdade também que vocês sempre adoraram. Brasil era sinônimo de farra, biquíni, praia, vovô, vovó, tio, tia, primo, prima... Uma delícia...

        Lembro daquela vez em que uma amiga minha perguntou a uma de vocês, bem novinha ainda, o que achava do Brasil. A resposta foi um sorriso encantado, feliz, e palavras contentes sobre brincadeira, carnaval, sol e mar... Aí, a mesma amiga fez outra pergunta: e lá na Inglaterra, como é? A resposta: lá, você precisa saber bem as regras...

        No Brasil, esse negócio de regras muda toda hora, e na maioria dos casos vale para alguns e não para todos...

                                                 *

        Em primeiro lugar, tenham paciência. Principalmente, porque vocês vêm morar no Rio de Janeiro, onde parece que a primeira solução de qualquer problema é o adiamento. Mas, com tolerância e esquecendo a pressa, as coisas acabam se resolvendo.

        Porque, na batata mesmo, o número de pessoas que gostaria de resolver as coisas, de melhorar a cidade é maior, bem maior do que o número de preguiçosos e aproveitadores. Os brasileiros trabalham muito.

                                                 *

        Sorte, vocês chegarem agora em julho. Pode até ser que vocês usem um daqueles cardigans de primavera londrina neste inverno carioca. Mas, depois, preparem-se; é quente, muito quente por aqui.

                                                 *

        Será difícil para vocês entender como um país rico desse jeito tem tanta gente pobre na rua. Vocês vão ter que estudar um bocado de História do Brasil, e mesmo assim vai ser duro chegar a uma conclusão.

        Uma pista: lembram aquela revolução na França, que vocês estudaram, em que no fim da história os reis perdiam suas cabeças na guilhotina? Lembram que depois daquela sangueira toda, os franceses deixaram de ser "súditos" e passaram a ser "cidadãos"? Pois é, meus amores, aqui nunca teve nada disso não...

                                                  *

        Por isso, também, vocês terão de ser mais cuidadosas na rua. Aqui, tem muito assalto e até sequestros. Em certas partes da cidade, vocês nunca irão, ou só irão se eu estiver junto. Acho que vocês até vão gostar de conhecer uma favela, ver como as pessoas vivem no maior sufoco e mantêm uma alegria de viver difícil de encontrar naquela prosperidade europeia.

        Na verdade, a vidinha de vocês vai ser bem diferente. Vocês vão andar de carro para cima e para baixo, em todos os lugares vocês se verão cercadas por grades e guaritas de segurança, como se dois países ocupassem o mesmo lugar ao mesmo tempo. Num país, vocês vão curtir mordomias que aí na Inglaterra a gente nem sonhava. Só que, em volta da gente, sombras de perigo estarão rondando. Mas, não é para ter medo não... É tudo gente, e se, por acaso, vocês se virem numa situação meio cabeluda, não esqueçam: quem parece tão ameaçador é humano também, e só nos resta negociar. Negociar pela própria vida.

        Mas, pode deixar que nada de mal vai acontecer.

                                                     *

        Vocês vão ter que acordar mais cedo para ir à escola, por causa do trânsito. É cada jam que vocês nem imaginam...

                                                     *

        Ah!, vocês vão estranhar um pouco os modos de outras meninas. Aqui, desde cedo, as garotas são incentivadas a se comportar como mulheres. Não só na maneira de vestir ou andar. Nos programas infantis na televisão, as crianças aprendem umas danças quase pornográficas. Danças que aí na Inglaterra vocês nunca veriam, danças que não sairiam de casas noturnas, vedadas a menores de dezoito anos.

                                                   *

        Vai ser duro dizer adeus aos amiguinhos aí de Londres. A gente, que xingou tanto os ingleses, agora se dá conta de como fomos bem recebidos na ilha britânica. Depois que aprendemos as tais regras, foi muito bom, não foi? Vamos sentir saudades da televisão daí, e teremos que nos acostumar com a quantidade estúpida de anúncios da telinha daqui.

                                                   *

       Vocês nem se dão conta, mas o tempo em que vivemos na Inglaterra nos fez brasileiros melhores.

        E, nesses últimos tempos, os brasileiros andam gostando de cuspir na própria bandeira, adoram falar mal do Brasil, como se isto aqui não tivesse jeito mesmo. Nós, que aprendemos como os europeus valorizam a sua nacionalidade, vamos ver se ensinamos aos amigos, como é que se trata a própria pátria: com amor e dedicação! (...)

                                                   *

        E principalmente, meninas, aqui vocês são muito importantes. O Brasil precisa de moças como vocês, inteligentes e esforçadas. Lá, na Europa, vocês sabem, os jovens terminam a escola e não têm muito o que fazer, ou melhor, têm que brigar muito para fazer alguma coisa e têm aquela sensação de que tudo já foi feito. A Europa é velha...

        Aqui, tudo ainda está por fazer.

        Bem-vindas!

        E, por favor, escrevam logo a vossa cartilha brasileira, para que eu, burro velho, possa aprender por vossos olhinhos tão lindos a ver um país que ainda não foi inventado.

Julho/96. Crônicas de repórter. 5. ed. Rio de Janeiro, Objetiva Reportagem, 1996. p. 15-9.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 152-5.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Tropical: dos trópicos, regiões quentes do mundo.

·        Lufadas: golpes de vento, rajadas.

·        Hemisfério: cada uma das metades do globo terrestre.

·        Regras: leis.

·        Adiamento: ato de deixar para depois.

·        Tolerância: aceitação.

·        Guilhotina: instrumento utilizado para decapitação.

·        Súditos: pessoas submetidas à vontade de outrem.

·        Cidadãos: pessoas que têm seus direitos civis e políticos garantidos.

·        Prosperidade: riqueza.

·        Jam: congestionamento de tráfego.

·        Pornográficas: imorais.

·        Vedadas: proibidas.

02 – As palavras usadas na carta do pai saudoso caracterizam os “dois mundos” por ele comparados – O Brasil e a Inglaterra. Faça um levantamento das palavras e expressões que indicam os hábitos, o clima e a sociedade de cada país.

     No Brasil – Hábitos: farra; carnaval; adiamento; tolerância; grades; guaritas; trânsito; danças quase pornográficas. Clima: biquíni; sol tropical; lufadas de vento direto do oceano Atlântico; quente, muito quente. Sociedade: trabalham muito; assaltos; sequestros; favela; viver num sufoco; modos diferentes; regras que não valem para todos; garotas incentivadas a se comportar como mulher.

      Na Inglaterra – Hábitos: televisão melhor; valorizam a nacionalidade; jovens não vão a casas noturnas antes dos dezoito anos. Clima: mais frio. Sociedade: regras que valem para todos; jovens tem que brigar muito para fazer alguma coisa; pois quase tudo já foi feito.

03 – Por que as filhas do narrador são “um tipo muito especial de brasileirinhas”?

      Porque elas nasceram aqui no Brasil, mas, bem pequenas, viajaram para a Inglaterra e lá viveram até julho de 1996.

04 – As meninas passavam as férias no Brasil. Como elas viam o nosso país?

      Elas o viam de modo muito positivo, como uma festa.

05 – Segundo o texto, qual é a diferença entre o Brasil e a Inglaterra?

      No Brasil as regras mudam rapidamente e não tem valor geral. Na Inglaterra não mudam e valem para todos.

06 – Como você entendeu este conselho: “Em primeiro lugar, tenham paciência. Principalmente porque vocês vem morar no Rio de Janeiro, onde parece que a primeira solução de qualquer problema é o adiamento”.

      Segundo o texto, no Rio de Janeiro os problemas são resolvidos “esquecendo a pressa”.

07 – De acordo com o texto, por que há tantos pobres num país tão rico?

      Porque nunca houve no Brasil uma revolução como a francesa e, por isso, os brasileiros continuam sendo súditos, não cidadãos.

08 – Dois problemas que os moradores das grandes cidades brasileiras enfrentam aparecem no texto. Quais são eles?

      Os problemas de trânsito e a violência.

09 – O texto apresenta críticas à televisão brasileira. Quais são elas?

      A televisão incentiva as meninas a comportarem-se como mulheres e “tem uma quantidade estúpida de anúncios”.

10 – Qual é a lição que as meninas aprenderam dos ingleses?

      Que devemos tratar a pátria com amor e dedicação.

11 – Como você entendeu o último parágrafo do texto?

      Resposta pessoal do aluno.

CRÔNICA: FUTEBOL DE MENINO - ARMANDO NOGUEIRA - COM GABARITO

 Crônica: Futebol de menino

               Armando Nogueira

        Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto.

        E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: “Eu jogo na linha! eu sou o Lula!; no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe”. Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha.

        Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro joga sem camisa.

        Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.

        Em compensação, num racha de menino ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quica no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.

        Aqui, nessa pelada inocente é que se pode sentir a pureza de uma bola. Afinal, trata-se de uma bola profissional, uma número cinco, cheia de carimbos ilustres: “Copa Rio-Oficial”, “FIFA – Especial”. Uma bola assim, toda de branco, coberta de condecorações por todos os gomos (gomos hexagonais!), jamais seria barrada em recepção do Itamaraty.

        No entanto, aí está ela, correndo para cima e para baixo, na maior farra do mundo, disputada, maltratada até, pois, de quando em quando, acertam-lhe um bico, ela sai zarolha, vendo estrelas, coitadinha.

        Racha é assim mesmo: tem bico, mas tem também sem-pulo de craque como aquele do Tona, que empatou a pelada e que lava a alma de qualquer bola. Uma pintura.

        Nova saída.

        Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.

        O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar.

        Em cada gomo o coração de uma criança.

Bola na rede. Rio de Janeiro, José Olympio, s.d.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 221-223.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Pelada: jogo de bola entre crianças ou amadores.

·        Gandula: apanhador de bola (quando ela sai do campo).

·        Afeto: carinho, sentimento amoroso.

·        De estalo: de repente.

·        Vaquinha: coleta de dinheiro.

·        Condecorações: medalhas oferecidas como recompensa.

·        Confundir: trocar a identidade, misturar.

·        Hexagonais: de seis ângulos.

·        Quicar: pular.

·        Zarolha: estonteada.

02 – Encontre no texto palavras relacionadas com o futebol.

      Pelada, bola, jogo na linha, no gol, jogo, se escalando, time, camisa, Maracanã, título, Gérson, pés, gandula, quica, FIFA, racha, gomo, bico, sem-pulo, craque, empatou, saída, campo, traves.

03 – Dê palavras cognatas, que pertençam à mesma família destas:

a)   Velho: velhice, envelhecer, velhote.

b)   Universo: universal, universalmente, universalidade.

c)   Confundir: confusão, confundido, confuso.

d)   Tempo: temporal, temperatura, tempestade.

e)   Bola: bolada, boleiro, bolaço.

04 – Existem muitas expressões com a palavra bola. Vamos ver se você conhece o significado de todas que mencionamos:

a)   Dar bola: dar confiança, dar atenção.

b)   Estar com a bola cheia: sentir-se prestigiado.

c)   Pisar na bola: cometer um engano, “dar um mancada”.

d)   Trocar as bolas: enganar-se.

e)   Ruim de bola: amalucado.

05 – O texto apresenta acontecimentos em dois momentos. Quais são eles?

      O primeiro momento é a pracinha sem a pelada. No segundo momento narra-se o jogo dos meninos no mesmo lugar.

06 – Qual a posição do narrador em relação ao acontecimento principal do texto?

      O narrador não participa do jogo. Ele apenas assiste ao acontecimento.

07 – Qual é o conflito presente no texto?

      É o conflito entre o “espantalho-gente” e os meninos jogadores de futebol.

08 – No conflito apresentado pelo texto, a quem se dirige a simpatia do narrador? Justifique sua resposta.

      A simpatia do narrador fica com os meninos do futebol. Basta observar a linguagem emotiva com que faz a narração e a atenção que dá ao jogo.

09 – Como a bola aparece no texto?

      A bola aparece como uma coisa viva, um bichinho. Ela tem qualidades humanas e até sangra.

10 – Resuma o texto.

      O narrador fala de uma pracinha onde, na véspera, acontecera uma pelada sensacional, mas que agora está vazia e sem graça. Um velho acabara com o jogo ao furar a bola com um canivete, deixando as crianças desoladas.

TIRA: MANOLITO - QUINO - FRASES INTERROGATIVAS - COM GABARITO

 Tira: Manolito


Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhF68w66-ooOziK4n41_xnCj2ldggHhXZtxfs7ArfhIoIjaI2yhyxCoBxvqD1uivecy4se9H2I_xScdPVhiw5UvcCrttFkotwwf6Rm7bjmx45sSG0KuatLuDm12k6jIwHQkvlTbNAEx6nfOXYiVaaTxBTWXbTDK9G7haD603pqyHg4wQuUblPqIOpnd=s283

Quino. A família da Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 33.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 193.

Entendendo a tira:

01 – No 1° quadrinho, por que foi empregado ponto de interrogação nas duas frases da fala de Miguelito?

      Porque ambas são frases interrogativas diretas.

02 – Por que o termo Manolito está isolado por vírgula?

      Porque esse termo exerce nessa frase a função de vocativo.

03 – Que termo do balão do 4° quadrinho exerce essa mesma função?

      Cretino.

04 – No 2° quadrinho, o que o ponto de exclamação da fala de Manolito indica?

      Indica o estado emocional dele naquela situação: indignação, raiva.

05 – Na fala de Manolito do 4° quadrinho, seria possível empregar a vírgula entre os termos a gente e cresce menos do umbigo para baixo? Justifique.

      Não, porque a gente é sujeito e cresce menos do umbigo para baixo é predicado, e não se emprega a vírgula entre o sujeito e o predicado.

TEXTO: DA PAGINAÇÃO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Texto: Da Paginação

           Mário Quintana

    Os livros [  ] poemas devem ter margens largas [  ] muitas páginas em branco [   ] suficientes claros nas páginas impressas, [   ] as crianças possam enchê-los [   ] poemas [   ] gatos, homens, aviões, casas, chaminés, árvores, luas, pontes, automóveis, cachorros, cavalos, bois, tranças, estrelas [   ] que passarão também a fazer parte dos poemas...

Mário Quintana. Poesias. 9. ed. São Paulo: Globo, 1994. p. 60.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 188.

Entendendo o texto:

01 – Observe estes trechos do texto:

        “Os livros [de] poemas...”

        “Enchê-los [de] poemas”.

        Neles falta a palavra que indica o assunto ou o conteúdo. Qual é essa palavra?

        A – com – de – em – para.

02 – No trecho “devem ter margens largas [e] muitas páginas em branco [e] suficientes claros”, o autor enumera elementos que um livro de poemas deve ter.

a)   Indique entre as palavra seguintes aquela que pode dar coesão ao trecho, nas duas situações:

Mas – ou – e – logo.

b)   A palavra que completa o trecho, unindo as palavras, indica adição ou oposição?

Indica adição.

03 – Releia este trecho do texto:

        “Os livros de poemas devem ter margens largas [...], [para que] as crianças possam enchê-los”.

        Nele falta uma expressão adequada para exprimir a finalidade de um livro de poemas ter margens largas. Que expressão é essa?

        Quando – à medida que – para que – se.

TEXTO: CARTAS DOS LEITORES - VIVIANE SENNA - COM GABARITO

 Texto: Cartas dos leitores

        Alguns jornais e revistas mantém uma seção destinadas as cartas dos leitores. Mas somente uma parte delas costuma ser publicada – a que contém as informações mais importantes –, uma vez que o espaço da seção é pequeno e as cartas recebidas são em grande quantidade. Os textos a seguir são cartas de leitores. Leia-as.

I – MISÉRIA

        É com sentimento dividido entre indignação e esperança que escrevo estas carta. A indignação por enxergarmos assim, tão claramente, as condições em que vive grande parte da nossa população. Mas fico otimista ao testemunhar um trabalho jornalístico de compromisso tão eficiente e concreto que não pode deixar de gerar mudanças (“O paradoxo da miséria”, 23 de janeiro).

Viviane Senna. Presidente do Instituto Ayrton Senna. São Paulo, SP (Veja, 30/1/2002.)

II – PESQUISADORES

        Hello, pessoal! Estou escrevendo pela primeira vez, mas já assino há algum tempo a CHC. Vocês arrasaram nas matérias do mês de agosto da CHC 116. Gostaria que vocês publicassem meu endereço, pois tenho um clube que pesquisa sobre o Projeto Genoma e a clonagem de seres humanos. Já temos alguns sócios e gostaríamos de muitos mais. Portanto, quem estiver interessado pode me escrever. Poderemos ser mais uma equipe de pesquisadores da ciência humana, OK?

Daniel Carlos Pereira. Umuarama, PR. Ciência Hoje das Crianças, jan./fev. 2002.

III – PIERCING

        E aí galera da Zá, beleza? Por que vocês não fazem uma reportagem sobre piercing?  Meus melhores amigos usam, meu irmão mais velho tem um na língua e eu estou louca para fazer um no queixo. O difícil é convencer minha mãe.

Helena de Oliveira, 13 anos, Praia Grande, SP. (Zá, n° 50).

IV – EDUCAÇÃO

        “Em artigo publicado em 228/22 (Mais educação, menos pobreza, Tendências/Debates, pág. A3), o ministério da Educação, Paulo Renato Souza, salienta as vantagens do projeto Bolsa-Escola, dando solução para os problemas da miséria, da educação e da segurança.

        Eu pergunto: com R$ 15 por mês – R$ 0,50 por dia, o que não dá para comprar nem duas canetas – as crianças que estão trabalhando vão poder deixar de trabalhar e só estudar?”

Renato Serrano. São José dos Campos, SP. (Folha de S. Paulo, 9/3/2002).

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 185-6.

Entendendo o texto:

01 – O leitor de revistas e jornais escreve para o editor de sua publicação preferida por diferentes razões: para elogiar, criticar ou comentar um artigo publicado, externar seu ponto de vista, fazer pedidos, etc.

a)   Qual das cartas de leitor elogia a publicação (revista ou jornal) ou alguma matéria publicada nela?

A de Viviane Senna.

b)   Qual delas apresenta uma opinião, uma crítica? Qual é o alvo da crítica?

A carta de Renato Serrano, Ele critica o ponto de vista do então ministro da Educação, Paulo Renato, segundo o qual o projeto Bolsa-Escola criaria condições para que as crianças trabalhadoras pudessem deixar o trabalho e ir para a escola.

c)   Na sua opinião, o que leva leitores como esses, identificados nas questões anteriores, a escreverem cartas para a revista ou jornal?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A vontade de interferir nos problemas sociais. Viviane Senna, por exemplo, acha importante que a sociedade continue sendo informada sobre temas como a miséria; Renato Serrano escreve para mostrar que, na opinião dele, as ideias do ministro não correspondem à realidade.

02 – Entre as cartas, duas apresentam pedidos.

a)   Quais são elas?

As cartas de Daniel Carlos Pereira e de Helena de Oliveira.

b)   Na sua opinião, que finalidade tinham os autores dessa cartas ao escrever para a revista ou o jornal?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Ambos tem interesses pessoais. Helena queria convencer a mãe, e Daniel quer material sobre clonagem.

03 – Observe a variedade linguística empregada pelos autores dessas cartas e leia no boxe abaixo com algumas informações a respeito das revistas e jornais em que as cartas foram publicadas. Que conclusões você tira a respeito da linguagem utilizada nas cartas do leitor?

        Veja: revista semanal de circulação nacional, lida predominantemente por adultos da classe média, aborda os acontecimentos da semana.

        Zá: revista mensal, lida por crianças e pré-adolescentes; aborda temas variados relacionados aos interesses de seu público.

        Ciência Hoje das Crianças: revista bimestral, lida por crianças, pré-adolescentes e adolescentes; aborda temas de interesse científico e escolar.

        Folha de S. Paulo: um dos principais jornais diários de São Paulo e do país; lido predominantemente por setores da classe média.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Quando os autores das cartas são adultos e o órgão para a qual escrevem (jornal ou revista) tem um público adulto, a carta é escrita de acordo com a variedade padrão da língua; quando os autores são crianças ou adolescentes e a revista é dirigida a esse tipo de público, a linguagem apresenta informalidade e gírias, como “galera”.

04 – Troque ideias com os colegas e conclua: Quais são as características da carta de leitor?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É dirigida ao editor de um jornal ou revista com a finalidade de externar uma apreciação (positiva ou negativa) a respeito do perfil da publicação ou de alguma matéria publicada, opinar sobre as ideias de algum texto ou fazer algum tipo de solicitação. Apresenta estrutura semelhante à da carta pessoal, e a linguagem varia de acordo com a situação.

 

terça-feira, 8 de março de 2022

POEMA: A ESCOLA DA MESTRA SILVINA - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: A escola da mestra Silvina

            Cora Coralina


Minha escola primária...

Escola antiga de antiga mestra.

Repartida em dois períodos

para a mesma meninada,

das 8 às 11, da 1 às 4.

Nem recreio, nem exames.

Nem notas, nem férias.

Sem cânticos, sem merenda...

Digo mal – sempre havia distribuídos

alguns bolos de palmatória...

A granel?

Não, que a Mestra

Era boa, velha, cansada, aposentada.

Tinha já ensinado a uma geração

antes da minha.

 

A gente chegava “-- Bença, Mestra.”

Sentava em bancos compridos,

escorridos, sem encosto.

Lia alto lições de rotina:

o velho abecedário,

lição salteada.

Aprendia a soletrar.

 

Vinham depois:

Primeiro, segundo,

terceiro e quarto livros

do erudito pedagogo

Abílio César Borges –

Barão de Macaúbas.

E as máximas sapientes

do Marquês de Maricá.

 

Não se usava quadro-negro.

As contas se faziam

em pequenas lousas

individuais.

 

Não havia chamada

e sim o ritual

de entradas, compassadas.

“-- Bença, Mestra...”

 

Banco dos meninos.

Banco das meninas.

Tudo muito sério.

Não se brincava.

Muito respeito.

Leitura alta.

Soletrava-se.

Cobria-se o debuxo.

Dava-se a lição.

Tinha dia certo de argumento

com a palmatória pedagógica

em cena.

Cantava-se em coro a velha tabuada.

 

Velhos colegas daquele tempo...

Onde andam vocês?

 

A casa da escola inda é a mesma.

-- Quanta saudade quando passo ali!

Rua Direita, nº 13.

Porta de rua pesada,

escorada com a mesma pedra

da nossa infância.

[...].

Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. Global, s/d. p. 75-6.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 18-20.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Cânticos: canções.

·        Sapientes: sábios, cheios de sabedoria.

·        Palmatória: instrumento que se usava para bater nas mãos das crianças.

·        Ritual: cerimônia, atos que se repetem.

·        Debuxo: esboço, primeiro desenho.

·        A granel: à vontade; em grande quantidade.

·        Argumento: frase que objetiva convencer o ouvinte; no texto, avaliação, arguição.

·        Erudito: sábio; indivíduo que tem vasto e variado saber.

·        Pedagogo: professor, educador.

·        Escorada: amparada.

·        Máximas: frases que geralmente expressam normas de conduta.

02 – Qual o assunto do poema?

      O eu poético rememora sua escola primária, sua mestra, seus colegas de um tempo que há muito passou.

03 – Localize a escola no tempo. Justifique sua resposta.

      A escola é muito antiga usava-se palmatória: não se usava sequer quadro-negro; as meninas sentavam-se separadas dos meninos.

04 – Qual era o principal “recurso pedagógico” usado na escola de mestra Silvina?

      Era a palmatória, a violência, o medo da dor que fazia a criança estudar.

05 – Qual é a imagem da professora que ficou na memória do eu poético?

      A professora deixou até uma boa imagem: “a Mestra era boa, velha, cansada, aposentada”.

06 – Cite algumas das atividades realizadas pelos alunos em classe.

      Os alunos liam em voz alta, faziam contas em lousas individuais, estudavam máximas, soletravam, cantavam a tabuada em coro.

07 – Considerando os métodos de estudo descritos no poema, quais seriam as qualidades que a escola pretendia desenvolver no aluno?

      Obediência, memória, respeito, moralidade.

08 – Imagine como se sentiam os alunos nessa escola. Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

POEMA: CANÇÃO DA NUVEM E VENTO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Canção da nuvem e vento

             Mário Quintana


Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento Vento Vento!

In: Vera Aguiar, coord. Poesia fora da estante. Porto Alegre: Projeto, 1996. p. 64.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 199.

Entendendo o poema:

01 – Em todo o poema, predomina um sentimento.

a)   Qual é esse sentimento?

O medo.

b)   Esse sentimento tem por alvo elementos representados por quatro substantivos. Identifique-os.

Nuvem, vento, gesto e fala.

c)   Qual é a função sintática desses quatro substantivos?

Complemento nominal.

02 – Em alguns versos, ao repetir determinada palavra, o autor inicia-a com maiúscula. Que efeito de sentido tem esse recurso?

      Acentua, intensifica o sentido do substantivo. Por exemplo, em “Medo do vento Vento Vento”, reforça a ideia de um vento bastante forte.

QUADRO DE ANÚNCIO: MASP - COMPLEMENTO NOMINAL - COM GABARITO

 Quadro de anúncio: MASP


 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgXoQXr9yd1KlDNHuT7J4sAcX1nSDqe_KW1EK-iun5E7cc0nxNDEYHx3zENd0XUdXf8uV4FCE3hTgOIL1GLBHD75XMB7xH6b1wK_Qsum4dtRX-4B8fYGhA6McV23Wxdtc-fldAXJhn3NPkAc3di0KW6h9mMT6RL3HL4pdRCDILMWmeYAoMDpFKlXyxu=s246

        Não é de hoje que a Volkswagen do Brasil investe na cultura.

        Os mais recentes projetos que contam com seu apoio, o catálogo do acervo do MASP, a recuperação de partituras da música erudita brasileira e a dos estúdios da Vera Cruz visam construir um registro permanente da história da cultura brasileira. Nos últimos três anos, a Volkswagen já investiu R$ 20 milhões em patrocínios de espetáculos de música, exposições de arte, edição de livros de arte, cinema e documentários para a televisão.

Cultura. Investir é nossa obrigação.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 198.

Entendendo o quadro de anúncio:

01 – O complemento nominal representa o alvo de um movimento, um sentimento ou uma disposição expressa pelo substantivo, ao passo que o adjunto adnominal indica posse, especifica tipo ou atribui qualidades ao substantivo. Observando essa distinção, identifique no texto principal do anúncio:

a)   Um complemento nominal e um adjunto adnominal.

Complemento nominal: da memória; Adjunto adnominal: do MASP.

b)   O substantivo que cada um desses termos complementa ou acompanha.

O complemento nominal complementa o substantivo manutenção; o adjunto adnominal acompanha o substantivo memória.

02 – O anunciante é um importante fabricante de automóveis.

a)   Que palavra do texto principal do anúncio faz parte do campo semântico do universo automobilístico?

A palavra manutenção.

b)   Sabendo-se que MASP é a sigla do Museu de Arte de São Paulo, que sentido essa palavra passa a ter nesse contexto, quando associada ao complemento nominal?

Ela deixa de ter o sentido de “reparo” e assume o de “preservação”.

03 – Um anúncio tem por finalidade vender um produto. Troque ideias com um colega: É possível afirmar que esse anúncio ajuda a vender automóveis? Justifique.

      Sim, porque promove a marca da empresa, eleva a imagem que se tem dela e, indiretamente, ajuda a vender seus produtos.