quinta-feira, 13 de maio de 2021

SONETO: A VALSA - CASIMIRO DE ABREU - COM GABARITO

 SONETO: A VALSA

     Casimiro de Abreu

Tu, ontem,

Na dança

Que cansa,

Voavas

Co'as faces

Em rosas

Formosas

De vivo,

Lascivo

Carmim;

Na valsa

Tão falsa,

Corrias,

Fugias,

Ardente,

Contente,

Tranquila,

Serena,

Sem pena

De mim!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

 

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

- Não negues,

Não mintas...

- Eu vi!...

Valsavas:

- Teus belos

Cabelos,

Já soltos,

Revoltos,

Saltavam,

Voavam,

Brincavam

No colo

Que é meu;

E os olhos

Escuros

Tão puros,

Os olhos

Perjuros

Volvias,

Tremias,

Sorrias,

P'ra outro

 

Não eu!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

- Não negues,

Não mintas...

- Eu vi!...

Meu Deus!

Eras bela

Donzela,

Valsando,

Sorrindo,

Fugindo,

Qual silfo

Risonho

Que em sonho

Nos vem!

Mas esse

Sorriso

Tão liso

 

Que tinhas

Nos lábios

De rosa,

Formosa,

Tu davas,

Mandavas

A quem?!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

- Não negues,

Não mintas...

- Eu vi!...

Calado,

Sozinho,

Mesquinho,

Em zelos

Ardendo,

Eu vi-te

Correndo

 

Tão falsa

Na valsa

Veloz!

Eu triste

Vi tudo!

Mas mudo

Não tive

Nas galas

Das salas,

Nem falas,

Nem cantos,

Nem prantos,

Nem voz!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

- Não negues

Não mintas...

- Eu vi!

Na valsa

 

Cansaste;

Ficaste

Prostada,

Turbada!

Pensavas,

Cismavas,

E estavas

Tão pálida

Então,

Qual pálida

Rosa,

Mimosa

No vale

Do vento

Cruento

Batida,

Caída

Sem vida,

No chão!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

 

Quem dera

Que sintas!....

- Não negues

Não mintas,

- Eu vi!

ABREU, Casimiro de. A valsa. In: GONÇALVES, Magaly Trindade; THOMAS DE AQUINO, Zina. Antologia de antologias - 101 poetas brasileiros "revisitados". São Paulo: Musa, 1995. p. 228-230.

FONTE: Andrea Ebert/Arquivo da editora.

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.127-128.

Entendendo o texto

1.   Os versos desse poema são bem curtos. Ao ler em voz alta o poema, que tipo de ritmo se pode perceber (rápido, lento, cadenciado)? Que sensação a leitura em voz alta desse poema provoca?

Provocam um ritmo rápido e cadenciado, que lembra a sonoridade e os movimentos de uma valsa.

2.   Que relação essa sensação pode ter, em sua opinião, com o sentido do poema e com a situação que ele procura descrever? Explique.

          Resposta pessoal.

3.   Explique o recurso que Casimiro de Abreu utilizou para representar sensorialmente o tema indicado no título do poema.

Utilizou o uso de uma cadência de palavras, que ao declamarmos a poesia somos levados pelo “ritmo ternário “do poema igual os passos de uma valsa ( 1,2,1,)

4.   O poeta  apresentou  seus versos com forma de quê?

         embalo das rimas,

         jogos de sons,

        repetições,

        frases curtas e diretas,

        pleonasmos.

5.   Como o poema está dividido?

          Possui 155 versos breves, com métrica dissilábica ( 2 ) e acento regular e divididos em estrofes combinadas de 25 versos cada uma.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): CHOVENDO NA ROSEIRA - ANTONIO CARLOS JOBIM - COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES): CHOVENDO NA ROSEIRA

                                                        Antônio Carlos Jobim

Olha está chovendo na roseira

Que só dá rosa mas não cheira

A frescura das gotas úmidas

Que é de Betinha,

Que é de Paulinho,

Que é de João,

Que é de ninguém

 

Pétalas de rosa espalhadas pelo vento

Um amor tão puro carregou meu pensamento

Olha um tico-tico mora ao lado

E, passeando no molhado,

Adivinhou a primavera

 

Olha que chuva boa, prazenteira,

Que vem molhar minha roseira

Chuva boa, criadeira,

Que molha a terra,

Que enche o rio,

Que lava o céu,

Que traz o azul

 

Olha o jasmineiro está florido!

E o riachinho de água esperta

Se lança em vasto rio de águas calmas

Ah! você é de ninguém

Ah! você é de ninguém

 

JOBIM, Antônio Carlos. Chovendo na roseira. Intérprete: Edu Lobo. In: Edu & Tom. [S.l.]: Universal, 1981. 1 CD. Faixa 3.

FONTE: Mauricio Pierro/Arquivo da editora.

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.117 e 120. 

Glossário:

jasmineiro: planta cuja flor é o jasmim.

prazenteiro: que tem ou revela prazer; alegre, festivo.

Entendendo o texto

1. Podemos afirmar que a descrição é o modo de organização textual que predomina. O que é descrito?

Resposta pessoal. Sugestão: São descritos prioritariamente os elementos que compõem um jardim sob a chuva.

2. A chuva é um dos elementos centrais da canção. Faça um levantamento das palavras empregadas para caracterizar explicitamente a chuva e a água.

Para chuva: boa, prazenteira, criadeira; para água: esperta (água esperta), calmas (águas calmas).

3. Pela leitura da letra da canção, a chuva sobre a roseira é vista como algo positivo ou negativo? Explique com base nas palavras que você indicou na questão 2.

Resposta pessoal. Sugestão: A chuva é vista como algo positivo, conforme o provam as palavras boa, prazenteira e criadeira.

4.Como você classificaria essas palavras que caracterizam água e chuva?

As palavras são da classe dos adjetivos.

5.E para você, a chuva é algo positivo ou negativo? Por quê?

Resposta pessoal.

6.Ao descrever o jardim sob a chuva, o autor da canção Chovendo na roseira ressaltou os aspectos da natureza e procurou associá-los à vivência amorosa.

a) Indique o verso em que, explicitamente, faz-se menção ao amor.

"Um amor tão puro carregou meu pensamento".

b) Que característica tem o amor mencionado pelo eu lírico da canção?

O amor é caracterizado como puro.

c) Que relação é possível estabelecermos entre rosa (roseira), chuva e amor?

Resposta pessoal. Sugestão: Uma relação onde o amor é o sentimento que desencadeia no eu lírico a observação e a descrição positiva dos elementos do jardim observado.

 

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): EU GOSTO DELA - EMICIDA - COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES): EU GOSTO DELA

                                                Emicida

Bem leonina, menina, mandona

Linda, sabe da sina, mina valentona

Fina, cheia de razão, rainha, foliona

Ela descortina o novo e bota fim na zona

Teu olhar ilumina, abomina o cafona

Amazona e bailarina, toda bonitona (pá)

Ela é purpurina, skinny e pakitona (tá bem)

9 da matina, um café na poltrona (ó)

Dona da rotina, mamãe corridona

Defina efeito sanfona, se acha esquisitona

Cafeína, Maracujina, moça respondona

Feiona em dia ruim, mas sempre bela dona

Maestrina do lar e popstar, Madona

Sou fina dança, opina, sorri e faz carona

Quer ser minha pequenina e pro mundo grandona

Meu negócio da China, caipira, brigona

 

Eu gosto tanto dela, a ponto de querer

tá perto, pronto

Não tem outro jeito de me ver sorrir

É louco o efeito dela aqui

Eu gosto tanto dela, a ponto de querer

tá perto, pronto

Não tem outro jeito de me ver sorrir

É louco o efeito dela aqui

 

Grita igual buzina em dia nervosona

Santa sem batina, ganha tranquilona

Hipnotiza a retina, flash, figurona

Estrela maior do show, se precisar, machona

Fria igual neblina, alegre e fanfarrona

Brilha igual platina, prima, sabichona

Ave de rapina e musa pras telona

 

No ritmo, atina e lá vai corona

Ela é paz pra Palestina, fé pra Babilônia

Respeito, disciplina, boba e brincalhona

Estriquinina a TPM, vira felizona

Ela abre o circo, ela recolhe a lona

Diz que tá gelatina e malha pegadona

Vira destaque da piscina, satisfeita mona

Messalina, corajosa, do lar e chorona

Faz tudo quando quer

Eita, mulher durona!

Eu gosto tanto dela, a ponto de querer

tá perto, pronto

Não tem outro jeito de me ver sorrir

É louco o efeito dela aqui

 

Eu gosto tanto dela, a ponto de querer

tá perto, pronto

Não tem outro jeito de me ver sorrir

É louco o efeito dela aqui

 

EMICIDA. Eu gosto dela. Intérprete: Emicida. In: Emicidio. Mixtape, selo: Laboratório Fantasma, 2010. 1 CD. Faixa 12.

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p. 118-119.

Glossário:

ave de rapina: designação comum a diversas aves carnívoras, como gaviões, águias, falcões e, por extensão de sentido, pessoa ambiciosa, exploradora.

descortinar: descobrir.

"estriquinina": referência a estricnina, substância estimulante do sistema nervoso central e usada como veneno.

messalina: mulher devassa, sensual; libertina.

mona: pessoa do sexo feminino, mulher; forma de tratamento entre homossexuais.

pakitona: provável referência às paquitas, garotas que faziam parte de um grupo de assistentes de palco e dançarinas de um extinto programa de TV.

skinny: palavra em inglês que significa 'muito magro'.

Entendendo a canção

1.   O verso "Ela abre o circo, ela recolhe a lona" o que o eu lírico quis dizer?

Ele quis dar a ideia de que esse ser amado, que é enaltecido e admirado ao longo de toda a letra, é pessoa disposta a ajudar ou a fazer tudo, mostra-se aplicada em muitas e diferentes tarefas.

A própria repetição do pronome ela contribui para reforçá-la como sujeito das ações verbais. Fim da observação.

      2.Identifique, na primeira estrofe, os trechos descritivos que compõem a figura feminina da canção.

        Leonina, menina, mandona, linda, valentona, fina, cheia de razão, rainha, foliona, amazona, bailarina, bonitona, purpurina, skinny, pakitona.

3.No texto da canção, há três comparações. Identifique-as.

        Grita igual buzina em dia nervosona, fria igual neblina, brilha igual platina.

    4. O que o eu lírico quer dizer quando fala que ela é "Meu negócio da China"?

"Negócio da China" tem o sentido de fazer um negócio muito lucrativo e, por analogia, pode ter o sentido de que a relação amorosa com o ser amado é valiosa, "lucrativa" afetivamente falando.

 5. Qual é o sentido do verso "É louco o efeito dela aqui"?

A palavra louco nesse contexto (de linguagem mais informal, menos elaborada, de gíria) assume o sentido de extraordinário, raro, incomum, o que pode levar à dedução de que a presença (o efeito) dela aqui é extraordinária.

6. Releia o texto atentando para as rimas no fim dos versos e procure explicar a linguagem empregada neste verso: "Ave de rapina e musa pras telona".

As rimas ocorrem com a terminação -ona das palavras no fim dos versos, e telona, que se refere à tela de cinema, rima com a palavra final dos demais versos.

7. Por que podemos dizer que a canção se focaliza uma mulher idealizada

Porque a letra da canção fala das características da mulher que conduzem a uma idealização.

8. Chamamos de vassalagem amorosa o fato de o eu lírico masculino colocar-se em posição subalterna à mulher, como um vassalo, um súdito. Comprove com um verso dessa canção.

O eu lírico confessa: "Eu gosto tanto dela, a ponto de querer tá perto, pronto / Não tem outro jeito de me ver sorrir".

9. Responda qual é o sentido conotativo destes termos destacados:

E o riachinho de água esperta (texto 2, verso 21)

Diz que tá gelatina [...] (texto 3, verso 37)

Esperta: que corre com vigor; gelatina, no contexto, significa flácida.

10. Você já ouviu a expressão efeito sanfona (texto 3, verso 10)? Esse termo é usado com sentido conotativo. Procure explicar o que ele significa.

O efeito sanfona, também conhecido como fenômeno do ioiô, ocorre quando o indivíduo perde peso por meio de dieta (incluindo atividades físicas ou não) e, pouco tempo depois, recupera o peso perdido. Nesse ritmo, a conformação corporal da pessoa sofre frequentes reduções e ganhos de peso. A palavra sanfona, em seu sentido denotativo, designa um "instrumento musical dotado de um fole pregueado que se comprime ou distende movimentando o ar, que, ao ser expelido, faz vibrar as lâminas metálicas da palheta [...]" (Dicionário Aurélio). Por analogia, a perda e o ganho de peso constantes são associados ao movimento típico da sanfona, daí o termo efeito sanfona.