segunda-feira, 11 de maio de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): JOÃO VALENTÃO - NANA CAYMMI - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): João Valentão

                                 Composição Dorival Caymmi

João Valentão é brigão
Pra dar bofetão
Não presta atenção e nem pensa na vida
A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Mas tem seu momento na vida
É quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo pra noite chegar
É quando se ouve mais forte
O ronco das ondas na beira do mar
É quando o cansaço da lida da vida
Obriga João se sentar
É quando a morena se encolhe
Se chega pro lado querendo agradar
Se a noite é de lua
A vontade é contar mentira
É se espreguiçar
Deitar na areia da praia
Que acaba onde a vista não pode alcançar
E assim adormece esse homem
Que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo do que sua terra.

                                                        Composição: Dorival Caymmi
Entendendo a canção:

01 – Como o eu lírico descreve João Valentão?
      Aparentemente como um homem rude e truculento, quando entra em contato com as coisas da natureza, se transforma em uma pessoa dócil, “que nunca precisa dormir pra sonhar”.

02 – Que versos o eu lírico se mostra um homem sensível?
      “Que nunca precisa dormir pra sonhar / Porque não há sonho mais lindo do que sua terra”.

03 – Em que pessoa verbal o eu lírico fala de João Valentão?
      Ela usa a terceira pessoa do singular (ele).

04 – Quem são os personagens que aparecem na canção?
      João Valentão e sua amada.

05 – O título é sempre o primeiro a levantar expectativas quanto ao conteúdo do texto. A partir dele fazemos uma série de suposições iniciais que depois podem ser modificadas ou confirmadas. Que emoções e ideias foram despertadas pela leitura da letra dessa canção? Comente.
      Pelo título parece contar história de um homem valente, mas no final nos surpreende mostrando ser uma pessoa sensível.
      OBS.: Em 17 de agosto de 2008 morreu Dorival Caymmi e seu filho Dori Caymmi declama “João Valentão” no enterro do pai.
“E assim adormece esse homem / Que nunca precisa dormir pra sonhar / Porque não há sonho mais lindo do que sua terra”.


POEMA: PARA REPARTIR COM TODOS - THIAGO DE MELLO - COM GABARITO

Poema: PARA REPARTIR COM TODOS
              Thiago de Mello

Com este canto te chamo,
porque dependo de ti.
Quero encontrar um diamante,
sei que ele existe e onde está.

Não me acanho de pedir
ajuda: sei que sozinho
nunca vou poder achar.
Mas desde logo advirto:
para repartir com todos.

Traz a ternura que escondes
machucada no teu peito.

Eu levo um resto de infância
que meu coração guardou.
Vamos precisar de fachos
para as veredas da noite,
que oculta e, às vezes, defende
o diamante

Vamos juntos.
Traz toda a luz que tiveres,
não te esqueças do arco-íris
que escondeste no porão.
Eu ponho a minha poronga,
de uso na selva, é uma luz
que se aconchega na sombra.

Não vale desanimar,
nem preferir os atalhos
sedutores que nos perdem,
para chegar mais depressa.

Vamos achar o diamante
para repartir com todos.
Mesmo com quem não quis vir
ajudar, pobre de sonho.
Com quem preferiu ficar
sozinho bordando de ouro
o seu umbigo engelhado.

Mesmo com quem se fez cego
ou se encolheu na vergonha
de aparecer procurando.
Com quem foi indiferente
e zombou das nossas mãos
infatigadas na busca.

Mas também com quem tem medo
do diamante e seu poder,
e até com quem desconfia
que ele exista mesmo.

E existe:
o diamante se constrói
quando o procuramos juntos
no meio da nossa vida
e cresce, límpido, cresce,
na intenção de repartir
o que chamamos de amor.
                                 MELLO, Thiago de. Mormaço na floresta. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1981. p. 55-6.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 66-9.

Entendendo o poema:

01 – A quem o poeta se dirige?
      Ao leitor.

02 – Com que finalidade?
      O poeta convida todos para ajudá-lo a encontrar um diamante.

03 – Que advertência ele faz?
      Ele adverte que o diamante deve ser repartido com todos.

04 – Segundo o poeta, a busca é longa, difícil e não há como simplifica-la. Em que estrofe aparece essa ideia?
      Na 5ª estrofe.

05 – Na sexta estrofe, fala-se dos que foram convidados para a busca e não aceitaram o convite. O poeta classifica-os em alguns tipos. Quais?
      O que não tem sonhos ou expectativas (“... falto de sonho”); o egoísta (“... preferiu ficar sozinho...”); o que se dá por vencido; o indiferente; o medroso; e o desconfiado.

06 – Depois de assegurar que o tal diamante existe, o poeta explica de que se trata. Trata-se de uma pedra, de um objeto material? Explique sua resposta.
      Não, trata-se da solidariedade que deveria unir todos os homens; da construção de uma sociedade mais justa, voltada para o bem comum, sustentada pela intenção de repartir o amor.

07 – Esse diamante já existe ou se constrói à medida que os homens o procuram?
      A segunda alternativa é a verdadeira.

08 – Portanto, o que mais vale para o poeta: o encontro do diamante ou a sua procura?
      Pelo texto percebe-se que a procura é mais importante que o encontro do próprio diamante.

09 – Considerando a maneira como interpretamos o poema, o que seriam os “atalhos/sedutores que nos perdem/para chegar mais depressa” (5ª estrofe)?
      Se a solidariedade é o objetivo da busca, a metáfora “atalhos sedutores” pode referir-se a egoísmo, ausência de ética, falta de amor ao próximo, pressa na realização individual quando esta se sobrepõe à coletiva.

10 – “Eu levo um resto de infância / que meu coração guardou”. Na sua opinião, por que o poeta faz referência à infância?
      A infância é quase sempre idealizada como época de pureza, inocência, disponibilidade, resistência à corrupção do meio e sinceridade.

11 – “(...) não te esqueças do arco-íris / que escondeste no porão”.
a)   O termo destacado está empregado em sentido próprio ou figurado?
O termo está empregado em sentido figurado.

b)   Se aceitasse o convite do poeta, que arco-íris você levaria para a jornada?
Resposta pessoal do aluno.

12 – O poeta escolheu o diamante e não outra pedra preciosa par construir sua metáfora. Que características desta pedra justificariam a escolha?
      A resistência, a transparência e a beleza.

13 – No seu poema-convite, que pronome o poeta utiliza para dirigir-se ao leitor? Esse pronome é de uso comum na sua região?
      O poeta emprega o pronome de segunda pessoa do singular (tu).

14 – A árvore simbólica que resulta da dança da fita, o diamante de que trata o poema e a ideia de sonho da epígrafe tem um ponto em comum. Qual?
      Dependem da participação de todos.


ENTREVISTA: O VOVÔ MALUQUINHO - ANDRÉA CAPELATO - COM GABARITO

Entrevista: O vovô maluquinho
                    Andréa Capelato

            O menino maluquinho, a mais conhecida criação de Ziraldo, completa 18 anos e já faz parte do imaginário brasileiro

        Enquanto o Menino Maluquinho atinge a sua maioridade – embora nas páginas do livro continue tendo 11 anos –, seu criador se prepara para comemorar 50 anos de carreira no ano que vem. Também ele, embora já avô de quatro netos, continua na contramão do tempo. Ziraldo Alves Pinto, 65 anos, desenha e escreve um Brasil diferente, que parece sair direto das suas lembranças da infância nos anos 40 no interior de Minas.
        Há inocência, alegria e otimismo de sobra no Brasil de Ziraldo. Seu traço econômico e preciso e suas histórias com enredos sentimentais têm uma rara empatia com a emoção das crianças. A obra do artista resiste à modernidade globalizada e cosmopolita, trazendo ao universo infantil os valores da tradição, da família, do interior. Aquele interior onde aprendeu a ler o mundo. O filho mais velho de dona Zizinha e de seu Geraldo desde cedo foi estimulado a gostar dos livros, que eram seus presentes preferidos. Podia também desenhar onde quisesse, até nas paredes da casa.
        Desde seu primeiro emprego de ajudante de empório, aos nove anos, Ziraldo já fez de tudo: foi aprendiz de tipografia, auxiliar de cartório, bancário, publicitário, redator, funcionário do Ministério da Cultura... Mas o seu destino seria mesmo divertir a criançada. “Sem perceber, acabei me preparando para isso a toda”, afirmou certa vez. Criador de A Turma do Pererê, de Flicts, de O Menino Maluquinho, de Uma Professora Bem Maluquinha e de mais de 60 outros títulos já publicados, Ziraldo é um dos maiores sucessos de literatura infantil desde Monteiro Lobato: mais de três milhões de exemplares vendidos. Na opinião dele, a escola deveria se preocupar mais em ensinar o aluno a gostar da leitura do que em passar os conteúdos curriculares. “Ler é mais importante do que estudar”, não se cansa de repetir.
        Na entrevista a seguir que concedeu a Pais&Teens em maio deste ano, ele fala sobre isso e também sobre a sua visão da adolescência. Aliás, Ziraldo ainda nos deve o Menino Maluquinho adolescente.

        Pais&Teens – Dá para contar um pouco sobre a sua adolescência?

        Ziraldo – Ah, não vou contar não. Ou melhor, deixa eu simplificar. Eu era um menino que gostava de desenhar. A minha lembrança mais antiga sou eu desenhando; deitado no chão e desenhando. Eu era o menino que sabia desenhar, que sabia tudo sobre a guerra, que gostava de ficar na sala ouvindo a conversa dos adultos. E que, logo que aprendeu a ler, não parou mais. Fiz o grupo escolar e o ginásio em Caratinga, no interior de Minas. Depois, vim para o Rio de Janeiro, fui adolescente no Rio com férias em Caratinga para descobrir a alegria que pode te dar o olhar da mulher...

        Pais&Teens – Como chegou à carreira de cartunista? Quando se decidiu por essa vocação?

        Ziraldo – Vim vindo. De pequeno eu já sabia o que queria. É preciso ter vocação e obstinação. Vocação só é pouco. Ah, sim: é bom também ter talento.

        Pais&Teens – Para que público você gosta mais de criar?

        Ziraldo – Eu gosto de desenhar, de ilustrar, de pintar e de escrever. Não necessariamente nesta ordem. Ultimamente ando gostando muito mais de escrever. Mas escrever é mais difícil do que desenhar, muito mais envolvente, muito mais perigoso... Escrever para criança, para quem gosta de carinho, é muito gratificante.
        [...]

        Pais&Teens – Como você vê a questão dos limites e da disciplina para o adolescente de hoje, tanto na família como dentro da escola?

        Ziraldo – Todo mundo precisa de limite. Todo mundo precisa de regra, todo mundo tem de saber que a cada direito corresponde um dever. Não há possibilidade de convivência sem que se observem estes princípios tão politicamente corretos. Quando o adolescente descobre o mundo, ele o descobre por seus próprios instintos. E tem força, sabedoria, talento, disposição, neurônios, razões, energia bastantes para mudar tudo! “Saiam da frente que, finalmente, chegou o que detém a verdade!” De fato, o ser humano nasce criança, vai formando sua personalidade (ou melhor, vai construindo uma personalidade cujo alicerce já está no útero), vai sendo impactado pelo meio onde vive, e aí mergulha na adolescência: o saboroso inferno da existência. E a adolescência é o inferno. Mas o inferno é que é bom – imagine que chatice deve ser o céu! Aquela paz, aquelas pombinhas voando, aquelas flores, aquela brisa, aquela monotonia, aquela Suíça. [...] E aí o adolescente olha os pais, os amigos dos pais, os professores, os adultos à sua volta e descobre que não encontra ali qualquer modelo de futuro que o fascine. Depois, passa. Não tem importância. A vida de adulto não é tão babaca quanto o adolescente pensa que vai ser. Pode ser um grande barato, também. Quando ele emerge da adolescência e entra na idade adulta – o que pode acontecer aos 18 anos, aos 20, ou 25, aos 30, ou nuca – ele descobre que pode ser um adulto tão feliz quanto foi na adolescência, em companhia dos amigos, sem os pais por perto. Mas ele só conseguirá isto se tiver sido uma criança feliz. Está no Menino Maluquinho.

        Pais&Teens – E como seria o Menino Maluquinho na adolescência? A história termina antes...

        Ziraldo – O Menino Maluquinho vai ser um adolescente como quase todos, dono do mundo, consumista, egoísta, perplexo, injustiçado, incompreendido, profundamente infeliz, intensamente feliz, inconstante, desajeitado, mal-amado, bem-amado, indeciso, chato, rimbaudianamente só [referência a Rimbaud, poeta francês que escreveu até os 19 anos]. Ou não.

        Pais&Teens – Você tem manifestado ideias novas sobre as prioridades da Educação. Qual seria o principal papel da escola na formação do adolescente?

        Ziraldo – Outro dia fizeram um fórum aí em São Paulo para saber como se faz um país com a educação. Só se fará um país verdadeiro para o próximo milênio se conseguirmos fazer do Brasil um país de leitores. Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê. Vi isto escrito no prédio de uma velha livraria do Rio, quando era menino; continuamos sendo um país que mal fala, mal ouve, mal vê. Como poderemos escolher um futuro sem dominar o código de compreensão das coisas, que é ler e escrever? [...] A criança tem de ler como quem ouve e escrever como quem fala. Tem de ser capaz de escrever tudo o que pensa e ler tudo o que lhe dizem. O resto vem por acréscimo. Atenção: a escola tem de ensinar a gostar de ler!
                                                   Pais&Teens, jul. 1998.
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 154-9.

Entendendo a entrevista:

01 – Releia: “Enquanto o Menino Maluquinho atinge a sua maioridade – embora nas páginas do livro continue tendo 11 anos [...]”.
a)   O que significa alguém atingir a maioridade?
Completar 18 anos.

b)   O Menino Maluquinho atingiu a maioridade, mas nas páginas do livro continua tendo 11 anos. Como se explica isso?
É porque a história O Menino Maluquinho já existe a mais de dezoito anos.

02 – Na época em que a entrevista foi publicada, quem se preparava para completar cinquenta anos de carreira no ano seguinte?
      Ziraldo, o criador da personagem.

03 – Quem é o vovô maluquinho a que o título do texto se refere? Que trecho permite concluir isso?
      O próprio Ziraldo. “Também ele, embora já avô de quatro netos, continua na contramão do tempo.

04 – Reúna-se com um colega e releiam este trecho: “Seu traço econômico e preciso e suas histórias com enredos sentimentais têm uma rara empatia com a emoção das crianças”.
O que vocês entendem por “traço econômico”? Para responder, observem a figura do Menino Maluquinho, prestando atenção na forma como é desenhado.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A expressão se refere ao traçado simples e sem excesso de detalhes de Ziraldo, que consegue representar as figuras e as cenas utilizando o mínimo de linhas.

05 – Leia:
“Fiz o grupo escolar e o ginásio em Caratinga, no interior de Minas. Depois, vim para o Rio de Janeiro [...]”
“Outro dia fizeram um fórum aí em São Paulo para saber como se faz um país com a educação.”
Com base nas informações contidas nesse trechos, responda:
a)   Onde Ziraldo se encontrava quando deu a entrevista? Que trecho permite chegar a essa conclusão?
No Rio de Janeiro. “[...] vim para o Rio de Janeiro [...]”.

b)   Por que Ziraldo diz “aí em São Paulo”? Quem, provavelmente, se encontrava em São Paulo?
Pode-se deduzir que a entrevistadora se encontrava em São Paulo no momento da entrevista.

06 – Releia um trecho da resposta de Ziraldo à quarta pergunta: “Saiam da frente que, finalmente, chegou o que detém a verdade!”
a)   Quem, de acordo com a visão de Ziraldo, acredita deter a verdade?
O adolescente.

b)   Você concorda com a visão de Ziraldo sobre o adolescente?
Resposta pessoal do aluno.

07 – Em duas das perguntas a entrevistadora associou o tema da adolescência à escola. Por quê?
      Porque o espaço escolar está – ou deveria estar – muito presente na vida do adolescente. Muitos das questões vividas pelos adolescentes relacionam-se com a vida na escola.

08 – Na opinião de Ziraldo, “ler é mais importante do que estudar” e a principal preocupação da escola deveria ser ensinar o aluno a gostar de ler. Converse com seus colegas: vocês concordam com Ziraldo? É possível ensinar a gostar de uma coisa (de ler, neste caso)?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Esse texto foi tirado de uma revista chamada Pais&Teens. O que significa a palavra teen (se não souber, consulte um dicionário de inglês)? A quem, provavelmente, se dirige essa revista?
      Teen significa “adolescente”.

10 – O texto “O Vovô Maluquinho” pode ser dividido em duas partes. Quais são elas?
      Apresentação do entrevistado e entrevista.

11 – Esse texto também poderia ser observado em relação à linguagem empregada, pois há trechos com linguagem mais formal – mais próxima da norma-padrão – e trechos com linguagem mais informal.
a)   Que trechos apresentam uma linguagem mais próxima da norma-padrão? Cite pelo menos uma frase que comprove sua afirmação.
A apresentação e as perguntas. “A obra do artista resiste à modernidade globalizada e cosmopolita, trazendo ao universo infantil os valores da tradição, da família, do interior”.

b)   Que trechos trazem marcas da oralidade, isto é, expressões e construções próprias da linguagem oral? Cite pelo menos um trecho que comprove essa afirmação.
Essas marcas se encontram principalmente nas respostas de Ziraldo, dando a impressão ao leitor de o estar ouvindo falar. “Ah, não vou contar não”, “Vim vindo. De pequeno eu já sabia [...]”, “A vida de adulto não é tão babaca quanto o adolescente pensa [...]”, “Pode ser um grande barato [...]”.

EDITORIAL: O CLONE - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

Editorial: O clone

        Começou. Anteontem, dia 25 de novembro de 2001, a empresa norte-americana Advanced Cell Technology (ACT) anunciou a criação do primeiro clone humano, num evento mais voltado para a mídia do que para o progresso da ciência.
        Embora a notícia tenha dado margem, como era de esperar, a ácidas polêmicas, todos sabiam que era uma questão de tempo até que alguém se arriscasse a fabricar um clone de ser humano. Assim como é uma questão de tempo até que alguém consiga implantá-lo num útero, dando assim origem a um bebê. Como é frequente no campo das ciências, a técnica avança mais rapidamente do que a definição sobre o que é ou não ético.
        De um lado, o Vaticano e outros setores conservadores já se posicionaram claramente contra qualquer tipo de clonagem. De outro, proprietários e investidores de empresas de biotecnologia defendem o “direito” de cientistas de decidir livremente o que pesquisar e como. É provavelmente de algo entre esses dois polos que vai surgir uma proposta que seja considerada aceitável por setores expressivos da sociedade. A comunidade científica já se inclina por aprovar a clonagem terapêutica (com o objetivo de desenvolver células que, em princípio, poderão ser usadas para tratar várias doenças) e por rejeitar, pelo menos por ora, qualquer tipo de clonagem reprodutiva (que visa a produzir um ser humano completo).
        Os debates científicos, filosóficos e jurídicos estão abertos e será a partir deles que as sociedades encontrarão uma fórmula para determinar o que é aceitável. É preciso, portanto, aprofundar as discussões, que, por sua complexidade e relevância, serão extremamente longas e difíceis.
        Vários países já criaram leis para regular biotecnologias e outros devem segui-los. Leis são necessárias, mais aprova-las está longe de resolver o assunto. Técnicas em constante evolução e a própria dificuldade de impor leis nesse campo são obstáculos de difícil superação.
                       Folha de São Paulo, 27 nov. 2001. Opinião, p. A2.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 233-4.

Entendendo o editorial:

01 – Todo editorial tem como princípio básico expor uma opinião sobre um assunto. Qual é o assunto posto em questão pelo editorialista?
      A discussão sobre o que é ou não ético em relação a fabricação de clone humano.

02 – Quem são os representantes das opiniões que se posicionam em polos opostos sobre esse assunto?
      De um lado, a Igreja e setores conservadores, e, de outro, os empresários e investidores de empresas de biotecnologia.

03 – O que o editorialista defende?
      Defende que é preciso aprofundar as discussões em diferentes campos do conhecimento – científico, filosófico e jurídico – para se chegar a uma fórmula que determinará o que é aceitável para as sociedades.

04 – Qual é a opinião exposta nesse editorial sobre as medidas tomadas em vários países para regular a clonagem?
      O autor considera que as leis criadas para regulamentar a biotecnologia não podem resolver o problema, porque as técnicas evoluem muito rapidamente e as leis não conseguem acompanha-las.

05 – Das posições encontradas na sociedade sobre o tema, com qual você concorda? Justifique ou apresente a sua proposta.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Escolha um editorial publicado num jornal da sua região. Leve-o para a classe. Escreva em poucas linhas qual é o ponto de vista do editorialista e como ele o defende.
a)   Troque seu texto com o de um(a) colega. Leia-o e depois leia o editorial a que ele se refere.
Resposta pessoal do aluno.

b)   Analise o texto do(a) colega, observando se ele(a) soube delimitar bem o ponto de vista apresentado no editorial, bem como a clareza na exposição dos argumentos.
Resposta pessoal do aluno.

TEXTO:PADRÕES DE BELEZA LEVAM ADOLESCENTES A FAZER DIETA SEM NECESSIDADE - ALESSANDRA PEREIRA E BETO GOMES - COM GABARITO

Texto: Padrões de beleza levam adolescentes a fazer dieta sem necessidade
          
      Alessandra Pereira e Beto Gomes

        “Eu morria de medo de engordar. Não tomava café da manhã e não almoçava. À noite, comia só um prato de salada. Fui internada por causa de uma anemia, mas fugi do hospital porque achava que iria ganhar peso com o soro.” A declaração é da estudante M. C. R., 16 anos, 1,65 m e hoje com 52 kg – medidas que estão longe de incluí-la em qualquer faixa de obesidade. O caso de M. tem suas particularidades. Mas situações de distorção de imagem como a vivida por ela são comuns na adolescência. Uma pesquisa da psicóloga da Unifesp Denise Belloto de Moraes mostrou que muitas adolescentes tem exagerado na busca do corpo perfeito. O estudo foi realizado com 138 meninos e 178 meninas entre 10 e 19 anos de um colégio particular de São Paulo. Cerca de 40% das garotas achavam-se gordas e faziam dieta. “Muitas meninas se impõem comportamentos de risco, na expectativa de serem amadas e aceitas socialmente”, analisa Denise. “Quanto maior a insatisfação, mais distorcida é a imagem do próprio corpo.” A psicóloga verificou que, na verdade, apenas 12% do total de garotas avaliadas estavam com peso acima do considerado ideal, o que indica que pelo menos 28% faziam regime sem necessidade. Na busca por um padrão de estética qe julgam ser o ideal, as adolescentes se submetem a regimes severos, que podem trazer uma série de problemas. “Na adolescência, as dietas sem indicação medica podem causar a carência de nutrientes como ferro e cálcio, retardar o crescimento e afetar o ciclo menstrual”, afirma o pediatra Fábio Ancona Lopez, orientador da pesquisa. Foi o que aconteceu com a estudante M. R. Na época em que teve de ser internada, ela estava pesando 40 g. Desmaiava frequentemente, mas nem os alertas do corpo serviam para que mudasse sua rotina alimentar. “Me sentia fraca, com os olhos fundos, mas tinha medo de ficar sozinha”, lembra. Esses hábitos começaram depois que sua mãe faleceu, no final do ano passado, e fizeram parte do cotidiano dela durante os cinco meses seguintes. Abalada com a perda, M. tentou suprir sua carência afetiva com o apoio dos amigos. Para ser aceita pelo grupo, achava que não poderia ganhar peso. “Acreditava que as pessoas não iriam se aproximar de mim se eu ficasse gorda”, conta ela. A solução só veio com a ajuda de uma psicóloga, amiga da família. Seis sessões bastaram para que M. se desse conta de que precisava mudar. Passou a alimentar-se regularmente. E hoje come de tudo. “Me sinto melhor e mais valorizada. Mas ainda acho que estou um pouco gordinha”, exagera.

        Padrão estético – A distorção da imagem que as adolescentes costumam fazer do próprio corpo, segundo Denise Belloto, ocorre por dois motivos principais. Nessa fase, a produção hormonal está a pleno vapor e as transformações são percebidas facilmente. No caso da mulher, as mudanças mais nítidas são o crescimento dos seios e da região glútea. Além disso, existe uma forte pressão sociocultural por um padrão estético feminino que valoriza as formas mais esguias. “As mulheres são as mais pressionadas. Basta olhar as revistas voltadas para o público adolescente. A maioria aborda a beleza feminina, com dicas de saúde questionáveis e modelos magérrimas estampadas na capa”, comenta a psicóloga. A realidade do universo masculino é diferente. A pesquisadora observou que a relação entre a imagem que os garotos avaliados tinham do próprio corpo e os números registrados pela balança era inversa: 24% apresentavam sobrepeso ou obesidade, e 17% se submetiam a regimes. “Os garotos têm uma relação mais saudável e de menos culpa com o alimento. Eles conseguem ser aceitos socialmente com outras habilidades, como a prática de esportes e o sucesso profissional”, analisa a psicóloga. Além disso, Denise destaca a diferença entre o crescimento biológico do homem e da mulher na adolescência. “Enquanto ela ganha mais tecido adiposo com os seios e as nádegas, o homem tem uma tendência maior para desenvolver a parte muscular”, explica.

        Espaço aberto – Para aliviar a preocupação das meninas com o ganho de peso nessa fase, Denise Belloto sugere a criação de planos e programas preventivos dentro dos colégios. [...] “Esse é um problema sério, que atinge boa parte das adolescentes. Por isso, é importante conscientizá-las dos prejuízos que uma dieta inadequada pode gerar. Não basta investir apenas em programas de reeducação alimentar.”
       Jornal da Paulista. Publicação da Escola Paulista de Medicina. Set. 2001, ano 14. n. 159.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 204-8.

Entendendo o texto:

01 – Qual o assunto do texto lido?
      O texto trata da distorção de autoimagem que acomete adolescentes, fato responsável por adesão a dietas alimentares desnecessárias e, muitas vezes, prejudiciais à saúde.

02 – O primeiro parágrafo do texto é narrativo. Qual é a função desse parágrafo no conjunto do texto?
      Ilustrar, com um caso, o assunto tratado.

03 – “Eu morria de medo de engordar.” Que figura de estilo ocorre nessa passagem?
      Hipérbole.

04 – “... fugi do hospital porque achava que iria ganhar peso com o soro”. Identifique causa e consequência, nesse período.
      Causa – achava que iria ganhar peso. Consequência – fugi do hospital.

05 – Veja como se identifica o índice de massa corpórea (IMC) de uma pessoa: IMC = peso (kg)
                                  altura² (m)
        O resultado desse cálculo enquadra os indivíduos nestas categorias:
         IMC (kg/m²)                   -           Classificação
         < 20                                            Abaixo do peso.
         20 – 25                                       Saudável.
         30 – 40                                       Obeso.
Ø 40                                          Obesidade mórbida.
PRADO, F. C. do. RAMOS, Jairo. VALLE, J. R. do. Atualização terapêutica; manual prático de diagnóstico e tratamento. 19 ed. Porto Alegre, Artes Médicas, 1999. (Adaptado).

Agora, reveja as medidas da estudante M.:

         Altura: 1,65 m. Peso: 52 kg.

A que conclusão você chega?
      Com índice de massa corpórea igual a 19,10, a estudante está abaixo do peso; magra, portanto. Logo, não se justifica, pela lógica, seu desejo de emagrecer.

06 – O que significa a expressão “distorção da imagem”?
      O termo refere-se ao ato de alguém se enxergar de modo muito diferente do que é.

07 – “O caso de M. tem suas particularidades”. Uma dessas particularidades é revelada no texto. Qual?
      O abalo sofrido após a morte da mãe e a consequência exacerbação da necessidade de se sentir aceita pelos amigos, em quem buscou amparo afetivo.

08 – Segundo o texto, qual seria o motivo que leva muitas adolescentes a cometer exageros na busca do corpo perfeito?
      A necessidade de aceitação social e a necessidade de serem amadas.

09 – “Quanto maior a insatisfação, mais distorcida é a imagem do próprio corpo”. Que relação se estabeleceu entre as duas orações do período?
      Relação de proporcionalidade.

10 – Os resultados da pesquisa efetuada pela psicóloga mostram que meninas e meninos adolescentes relacionam-se de forma diversa com a imagem do próprio corpo. A pesquisa aponta uma causa biológica e uma sociocultural responsáveis por essa diferença entre o universo masculino e p feminino. Identifique-as.
      Biológica: nas meninas, aumenta o tecido adiposo durante a adolescência. Nos meninos, o muscular.
      Sociocultural: os meninos são mais bem aceitos por outras características além das físicas, como o desempenho profissional e a prática de esportes.

11 – “Basta olhar as revistas voltadas para o público adolescente. A maioria aborda a beleza feminina, com dicas de saúde questionáveis e modelos magérrimas estampadas na capa”, comenta a psicóloga.” Sua experiência com esse tipo de revista – ou a d garotas que você conhece – confirma a observação da pesquisadora? Você já fez algum tipo de regime baseado em indicações de revistas? Em caso de resposta afirmativa, conte como foi.
      Resposta pessoal do aluno.

12 – “Não tomava café da manhã e não almoçava”. Reescreva o período, sem alterar-lhe o sentido, substituindo a expressão destacada por uma única palavra de sentido equivalente.
      ... Nem almoçava.

13 – “... pelo menos 28% faziam regime sem necessidade.” Substitua a expressão destacada por uma única palavra que exerça a função de adjunto adverbial de modo.
      Desnecessariamente.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): BANDEIRA DO DIVINO - IVAN LINS - COM GABARITO

Música(Atividades): Bandeira do Divino

                                         Ivan Lins

Os devotos do Divino vão abrir sua morada
Pra bandeira do menino ser bem-vinda, ser louvada, ai, ai
Deus nos salve esse devoto pela esmola em vosso nome
Dando água a quem tem sede, dando pão a quem tem fome, ai, ai

A bandeira acredita que a semente seja tanta
Que essa mesa seja farta, que essa casa seja santa, ai, ai
Que o perdão seja sagrado, que a fé seja infinita
Que o homem seja livre, que a justiça sobreviva, ai, ai

Assim como os três reis magos que seguiram a estrela guia
A bandeira segue em frente atrás de melhores dias
No estandarte vai escrito que ele voltará de novo
E o Rei será bendito, ele nascerá do povo, ai, ai

                                       Composição: Ivan Lins / Vitor Martins

Entendendo a canção:

01 – De que fala a canção?
      Fala sobre a Festa do Divino, que faz parte do folclore brasileiro, e é uma manifestação religiosa.

02 – Que significa estes versos: “Deus nos salve esse devoto pela esmola em vosso nome / Dando água a quem tem sede, dando pão a quem tem fome, ai ai.”
      Isto acontece quando os devotos do Divino visitam a casa de uma pessoa, ela dá uma oferta e beija a bandeira. Eles cantam agradecendo e abençoando aquela família.

03 – Esta canção foi lançada em 1978, por um dos artistas mais importante na luta contra o regime militar, Ivan Lins. Usando metáforas naqueles dias difíceis, o que traduz a canção “Bandeira do Divino”?
      Traduz a angústia de um povo pobre e oprimido, mas que via na fé, esperança de dias melhores.

04 – Em que verso o poeta diz que Jesus nascerá do povo?
      “E o Rei será bendito, ele nascerá do povo, ai ai.”

05 – Na canção predomina a ação ou a reflexão? Comente.
      Predomina a reflexão.
      Nos leva a refletir sobre a fé de um povo e que ela traz a esperança de dias melhores, com fartura, liberdade e justiça.