quarta-feira, 13 de junho de 2018

FÁBULA: AS DUAS PULGAS - SIMONI AQUINO - COM GABARITO

Fábula: As duas pulgas
           Simoni Aquino

   Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:
     -- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.
       E elas contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de voo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:
       -- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam voo rapidamente.
       E elas contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou por quê:
       -- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.
        E um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar.
         Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha:
         -- Ué, vocês estão enormes!  Fizeram plástica?
         -- Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.
         -- E por que é que estão com cara de famintas?
         -- Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar.  E você?
         -- Ah, eu vou bem, obrigada.  Forte e sadia.
         Era verdade. A pulguinha estava viçosa e bem alimentada. Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer:
         -- Mas você não está preocupada com o futuro?  Não pensou em uma reengenharia?
         -- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.
         -- O que as lesmas têm a ver com pulgas?
         -- Tudo.  Eu tinha o mesmo problema que vocês duas.  Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução.  E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me deu o diagnóstico.
         -- E o que a lesma sugeriu fazer?
         -- “Não mude nada.  Apenas sente no cocuruto do cachorro.  É o único lugar que a pata dele não alcança”.

        MORAL: Talvez você não precise de uma reengenharia radical para ser mais eficiente. Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de reposicionamento.
                                                                                         Por Simoni Aquino.
Entendendo a fábula:
01 – Escreva o que você entendeu desta narrativa.
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Você concorda com a moral que o autor escreveu? Justifique sua reposta.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Escreva a mensagem que você tira deste texto para melhorar nos estudos.
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Vamos analisar esta narração com diálogo.
a)   Quem contou os fatos?
O narrador.

b)   O narrador é também personagem? Justifique sua resposta.
Não. Ele é apenas o narrador da fábula.

c)   Quem são as personagens do texto?
As pulgas, a mosca, a abelha, o pernilongo, a lesma e o cachorro.

05 – Este texto apresenta características do gênero:
(  ) poema.
(  ) lenda.
(X) fábula
(  ) crônica.
Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Passar esta narrativa para o discurso indireto (não aparece a fala das personagens diretamente).
      Resposta pessoal do aluno.



CONTO: O EMPRÉSTIMO - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

Conto: O Empréstimo
                                       Machado de Assis

        Vou divulgar uma anedota, mas uma anedota no genuíno sentido do vocábulo, que o vulgo ampliou às historietas de pura invenção. Esta é verdadeira; podia citar algumas pessoas que a sabem tão bem como eu. Nem ela andou recôndita, senão por falta de um espírito repousado, que lhe achasse a filosofia. Como deveis saber, há em todas as coisas um sentido filosófico. Carlyle descobriu o dos coletes, ou, mais propriamente, o do vestuário; e ninguém ignora que os números, muito antes da loteria do Ipiranga, formavam o sistema de Pitágoras. Pela minha parte creio ter decifrado este caso de empréstimo; ides ver se me engano.
        E, para começar, emendemos Sêneca. Cada dia, ao parecer daquele moralista, é, em si mesmo, uma vida singular; por outros termos, uma vida dentro da vida. Não digo que não; mas por que não acrescentou ele que muitas vezes uma só hora é a representação de uma vida inteira? Vede este rapaz: entra no mundo com uma grande ambição, uma pasta de ministro, um Banco, uma coroa de visconde, um báculo pastoral. Aos cinquenta anos, vamos achá-lo simples apontador de alfândega, ou sacristão da roça. Tudo isso que se passou em trinta anos, pode algum Balzac metê-lo em trezentas páginas; por que não há de a vida, que foi a mestra de Balzac, apertá-lo em trinta ou sessenta minutos?
        Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nunes, à rua do Rosário. Os escreventes deram ainda as últimas penadas: depois limparam as penas de ganso na ponta de seda preta que pendia da gaveta ao lado; fecharam as gavetas, concertaram os papéis, arrumaram os livros, lavaram as mãos; alguns que mudavam de paletó à entrada, despiram o do trabalho e enfiaram o da rua; todos saíram. Vaz Nunes ficou só.
        Este honesto tabelião era um dos homens mais perspicazes do século. Está morto: podemos elogiá-lo à vontade. Tinha um olhar de lanceta, cortante e agudo. Ele adivinhava o caráter das pessoas que o buscavam para escriturar os seus acordos e resoluções; conhecia a alma de um testador muito antes de acabar o testamento; farejava as manhas secretas e os pensamentos reservados. Usava óculos, como todos os tabeliães de teatro; mas, não sendo míope, olhava por cima deles, quando queria ver, e através deles, se pretendia não ser visto. Finório como ele só, diziam os escreventes. Em todo o caso, circunspecto. Tinha cinquenta anos, era viúvo, sem filhos, e, para falar como alguns outros serventuários, roía muito caladinho os seus duzentos contos de réis.
        -- Quem é? perguntou ele de repente olhando para a porta da rua.
        Estava à porta, parado na soleira, um homem que ele não conheceu logo, e mal pôde reconhecer daí a pouco. Vaz Nunes pediu-lhe o favor de entrar; ele obedeceu, cumprimentou-o, estendeu-lhe a mão, e sentou-se na cadeira ao pé da mesa. Não trazia o acanho natural a um pedinte; ao contrário, parecia que não vinha ali senão para dar ao tabelião alguma coisa preciosíssima e rara. E, não obstante, Vaz Nunes estremeceu e esperou.
        -- Não se lembra de mim?
        -- Não me lembro...
        -- Estivemos juntos uma noite, há alguns meses, na Tijuca... Não se lembra? Em casa do Teodorico, aquela grande ceia de Natal; por sinal que lhe fiz uma saúde... Veja se lembra do Custódio.
        -- Ah!
        Custódio endireitou o busto, que até então inclinara um pouco. Era um homem de quarenta anos. Vestia pobremente, mas escovado, apertado, correto. Usava unhas longas, curadas com esmero, e tinha as mãos muito bem talhadas, macias, ao contrário da pele do rosto, que era agreste. Notícias mínimas, e aliás necessárias ao complemento de um certo ar duplo que distinguia este homem, um ar de pedinte e general. Na rua, andando, sem almoço e sem vintém, parecia levar após si um exército. A causa não era outra mais do que o contraste entre a natureza e a situação, entre a alma e a vida. Esse Custódio nascera com a vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho. Tinha o instinto das elegâncias, o amor do supérfluo, da boa chira, das belas damas, dos tapetes finos, dos móveis raros, um voluptuoso, e, até certo ponto, um artista, capaz de reger a vila Torloni ou a galeria Hamilton. Mas não tinha dinheiro; nem dinheiro, nem aptidão ou pachorra de o ganhar; por outro lado, precisava viver. Il faut bien que je vive, dizia um pretendente ao ministro Talleyrand. Je n'en vois pas la nécessité, redarguiu friamente o ministro. Ninguém dava essa resposta ao Custódio; davam-lhe dinheiro, um dez, outro cinco, outro vinte mil-réis, e de tais espórtulas é que ele principalmente tirava o albergue e a comida.
        Digo que principalmente vivia delas, porque o Custódio não recusava meter-se em alguns negócios, com a condição de os escolher, e escolhia sempre os que não prestavam para nada. Tinha o faro das catástrofes. Entre vinte empresas, adivinhava logo a insensata, e metia ombros a ela, com resolução. O caiporismo, que o perseguia, fazia com que as dezenove prosperassem, e a vigésima lhe estourasse nas mãos. Não importa; aparelhava-se para outra.
        Agora, por exemplo, leu um anúncio de alguém que pedia um sócio, com cinco contos de réis, para entrar em certo negócio, que prometia dar, nos primeiros seis meses, oitenta a cem contos de lucro. Custódio foi ter com o anunciante. Era uma grande ideia, uma fábrica de agulhas, indústria nova, de imenso futuro. E os planos, os desenhos da fábrica, os relatórios de Birmingham, os mapas de importação, as respostas dos alfaiates, dos donos de armarinho, etc., todos os documentos de um longo inquérito passavam diante dos olhos de Custódio, estrelados de algarismos, que ele não entendia, e que por isso mesmo lhe pareciam dogmáticos. Vinte e quatro horas; não pedia mais de vinte e quatro horas para trazer os cinco contos. E saiu dali, cortejado, animado pelo anunciante, que, ainda à porta, o afogou numa torrente de saldos. Mas os cinco contos, menos dóceis ou menos vagabundos que os cinco mil-réis, sacudiam incredulamente a cabeça, e deixavam-se estar nas arcas, tolhidos de medo e de sono. Nada. Oito ou dez amigos, a quem falou, disseram-lhe que nem dispunham agora da soma pedida, nem acreditavam na fábrica. Tinha perdido as esperanças, quando aconteceu subir a rua do Rosário e ler no portal de um cartório o nome de Vaz Nunes. Estremeceu de alegria; recordou a Tijuca, as maneiras do tabelião, as frases com que ele lhe respondeu ao brinde, e disse consigo que este era o salvador da situação.
        -- Venho pedir-lhe uma escritura...
        Vaz Nunes, armado para outro começo, não respondeu: espiou para cima dos óculos e esperou.
        -- Uma escritura de gratidão, explicou o Custódio; venho pedir-lhe um grande favor, um favor indispensável, e conto que o meu amigo...
        -- Se estiver nas minhas mãos...
        -- O negócio é excelente, note-se bem; um negócio magnífico. Nem eu me metia a incomodar os outros sem certeza do resultado. A coisa está pronta; foram já encomendas para a Inglaterra; e é provável que dentro de dois meses esteja tudo montado, é uma indústria nova. Somos três sócios, a minha parte são cinco contos. Venho pedir-lhe esta quantia, a seis meses, - ou a três, com juro módico...
        -- Cinco contos?
        -- Sim, senhor.
        -- Mas, Sr. Custódio, não disponho de tão grande quantia. Os negócios andam mal; e ainda que andassem muito bem, não poderia dispor de tanto. Quem é que pode esperar cinco contos de um modesto tabelião de notas?
        -- Ora, se o senhor quisesse...
        -- Quero, decerto; digo-lhe que se se tratasse de uma quantia pequena, acomodada aos meus recursos, não teria dúvida em adiantá-la. Mas cinco contos! Creia que é impossível.
        A alma do Custódio caiu de bruços. Subira pela escada de Jacó até o céu; mas em vez de descer como os anjos no sonho bíblico, rolou abaixo e caiu de bruços. Era a última esperança; e justamente por ter sido inesperada, é que ele supôs que fosse certa, pois, como todos os corações que se entregam ao regime do eventual, o do Custódio era supersticioso. O pobre-diabo sentiu enterrarem-se-lhe no corpo os milhões de agulhas que a fábrica teria de produzir no primeiro semestre. Calado, com os olhos no chão, esperou que o tabelião continuasse, que se compadecesse, que lhe desse alguma aberta; mas o tabelião, que lia isso mesmo na alma do Custódio, estava também calado, girando entre os dedos a boceta de rapé, respirando grosso, com um certo chiado nasal e implicante. Custódio ensaiou todas as atitudes; ora pedinte, ora general. O tabelião não se mexia. Custódio ergueu-se.
        -- Bem, disse ele, com uma pontazinha de despeito, há de perdoar o incômodo...
        -- Não há que perdoar; eu é que lhe peço desculpa de não poder servi-lo, como desejava. Repito: se fosse alguma quantia menos avultada, não teria dúvida; mas...
        Estendeu a mão ao Custódio, que com a esquerda pegara maquinalmente no chapéu. O olhar empanado do Custódio exprimia a absorção da alma dele, apenas convalescida da queda que lhe tirara as últimas energias. Nenhuma escada misteriosa, nenhum céu; tudo voara a um piparote do tabelião. Adeus, agulhas! A realidade veio tomá-lo outra vez com as suas unhas de bronze. Tinha de voltar ao precário, ao adventício, às velhas contas, com os grandes zeros arregalados e os cifrões retorcidos à laia de orelhas, que continuariam a fitá-lo e a ouvi-lo, a ouvi-lo e a fitá-lo, alongando para ele os algarismos implacáveis de fome. Que queda! e que abismo! Desenganado, olhou para o tabelião com um gesto de despedida; mas, uma ideia súbita clareou-lhe a noite do cérebro. Se a quantia fosse menor, Vaz Nunes poderia servi-lo, e com prazer; por que não seria uma quantia menor? Já agora abria mão da empresa; mas não podia fazer o mesmo a uns aluguéis atrasados, a dois ou três credores, etc., e uma soma razoável, quinhentos mil-réis, por exemplo, uma vez que o tabelião tinha a boa vontade de emprestar-lhos, vinham a ponto. A alma do Custódio empertigou-se; vivia do presente, nada queria saber do passado, nem saudades, nem temores, nem remorsos. O presente era tudo. O presente eram os quinhentos mil-réis, que ele ia ver surdir da algibeira do tabelião, como um alvará de liberdade.
        -- Pois bem, disse ele, veja o que me pode dar, e eu irei ter com outros amigos... Quanto?
        -- Não posso dizer nada a este respeito, porque realmente só uma coisa muito modesta.
        -- Quinhentos mil-réis?
        -- Não; não posso.
        -- Nem quinhentos mil-réis?
        -- Nem isso, replicou firme o tabelião. De que se admira? Não lhe nego que tenho algumas propriedades; mas, meu amigo, não ando com elas no bolso; e tenho certas obrigações particulares... Diga-me, não está empregado?
        -- Não, senhor.
        -- Olhe; dou-lhe coisa melhor do que quinhentos mil-réis; falarei ao ministro da justiça, tenho relações com ele, e ...
        Custódio interrompeu-o, batendo uma palmada no joelho. Se foi um movimento natural, ou uma diversão astuciosa para não conversar do emprego, é o que totalmente ignoro; nem parece que seja essencial ao caso. O essencial é que ele teimou na súplica. Não podia dar quinhentos mil-réis? Aceitava duzentos; bastavam-lhe duzentos, não para a empresa, pois adotava o conselho dos amigos: ia recusá-la. Os duzentos mil-réis, visto que o tabelião estava disposto a ajudá-lo, eram para uma necessidade urgente, - "tapar um buraco". E então relatou tudo, respondeu à franqueza com franqueza: era a regra da sua vida. Confessou que, ao tratar da grande empresa, tivera em mente acudir também a um credor pertinaz, um diabo, um judeu, que rigorosamente ainda lhe devia, mas tivera a aleivosia de trocar de posição. Eram duzentos e poucos mil-réis; e dez, parece; mas aceitava duzentos...
        -- Realmente, custa-me repetir-lhe o que disse; mas, enfim, nem os duzentos mil-réis posso dar. Cem mesmo, se o senhor os pedisse, estão acima das minhas forças nesta ocasião. Noutra pode ser, e não tenho dúvida, mas agora...
        -- Não imagina os apuros em que estou!
        -- Nem cem, repito. Tenho tido muitas dificuldades nestes últimos tempos. Sociedades, subscrições, maçonaria... Custa-lhe crer, não é? Naturalmente: um proprietário. Mas, meu amigo, é muito bom ter casas: o senhor é que não conta os estragos, os consertos, as penas-d'água, as décimas, o seguro, os calotes, etc. São os buracos do pote, por onde vai a maior parte da água...
        -- Tivesse eu um pote! suspirou Custódio.
        -- Não digo que não. O que digo é que não basta ter casas para não ter cuidados, despesas, e até credores... Creia o senhor que também eu tenho credores.
        -- Nem cem mil-réis!
        -- Nem cem mil-réis, pesa-me dizê-lo, mas é verdade. Nem cem mil-réis. Que horas são?
        Levantou-se, e veio ao meio da sala. Custódio veio também, arrastado, desesperado. Não podia acabar de crer que o tabelião não tivesse ao menos cem mil-réis. Quem é que não tem cem mil-réis consigo? Cogitou uma cena patética, mas o cartório abria para a rua; seria ridículo. Olhou para fora. Na loja fronteira, um sujeito apreçava uma sobrecasaca, à porta, porque entardecia depressa, e o interior era escuro. O caixeiro segurava a obra no ar; o freguês examinava o pano com a vista e com os dedos, depois as costuras, o forro... Este incidente rasgou lhe um horizonte novo, embora modesto; era tempo de aposentar o paletó que trazia. Mas nem cinquenta mil-réis podia dar-lhe o tabelião. Custódio sorriu; - não de desdém, não de raiva, mas de amargura e dúvida; era impossível que ele não tivesse cinquenta mil-réis. Vinte, ao menos? Nem vinte. Nem vinte! Não; falso tudo, tudo mentira.
        Custódio tirou o lenço, alisou o chapéu devagarinho; depois guardou o lenço, concertou a gravata, com um ar misto de esperança e despeito. Viera cerceando as asas à ambição, pluma a pluma; restava ainda uma penugem curta e fina, que lhe metia umas veleidades de voar. Mas o outro, nada. Vaz Nunes cotejava o relógio da parede com o do bolso, chegava este ao ouvido, limpava o mostrador, calado, transpirando por todos os poros impaciência e fastio. Estavam a pingar as cinco, enfim, e o tabelião, que as esperava, desengatilhou a despedida. Era tarde; morava longe. Dizendo isto, despiu o paletó de alpaca, e vestiu o de casimira, mudou de um para outro a boceta de rapé, o lenço, a carteira... Oh! a carteira! Custódio viu esse utensílio problemático, apalpou-o com os olhos; invejou a alpaca, invejou a casimira, quis ser algibeira, quis ser o couro, a matéria mesma do precioso receptáculo. Lá vai ela; mergulhou de todo no bolso do peito esquerdo; o tabelião abotoou-se. Nem vinte mil-réis! Era impossível que não levasse ali vinte mil-réis, pensava ele; não diria duzentos, mas vinte, dez que fossem...
        -- Pronto! disse-lhe Vaz Nunes, com o chapéu na cabeça.
        -- Quer ver?
        E o tabelião desabotoou o paletó, tirou a carteira, abriu-a, e mostrou-lhe duas notas de cinco mil-réis.
        -- Não tenho mais, disse ele; o que posso fazer é reparti-los com o senhor; dou-lhe uma de cinco, e fico com a outra; serve-lhe?
        Custódio aceitou os cinco mil-réis, não triste, ou de má cara, mas risonho, palpitante, como se viesse de conquistar a Ásia Menor. Era o jantar certo. Estendeu a mão ao outro, agradeceu-lhe o obséquio, despediu-se até breve, - um até breve cheio de afirmações implícitas. Depois saiu; o pedinte esvaiu-se à porta do cartório; o general é que foi por ali abaixo, pisando rijo, encarando fraternalmente os ingleses do comércio que subiam a rua para se transportarem aos arrabaldes. Nunca o céu lhe pareceu tão azul, nem a tarde tão límpida; todos os homens traziam na retina a alma da hospitalidade. Com a mão esquerda no bolso das calças, ele apertava amorosamente os cinco mil-réis, resíduo de uma grande ambição, que ainda há pouco saíra contra o sol, num ímpeto de águia, e ora habita modestamente as asas de frango rasteiro.

Texto extraído do livro "Contos: uma antologia", Cia. das Letras –
São Paulo, 1998, introdução e notas de John Gledson.

Entendendo o conto:
01 – O conto em pauta ilustra situações possíveis de serem vividas por qualquer um de nós. No caso, como se sair de situações delicadas. 
a)   Que situação é essa que envolve Vaz Nunes e Custódio?
O pedido de um empréstimo.

b)   Quem são os envolvidos?
Vaz Nunes e Custódio.

02 – Para você até que ponto o tabelião Vaz Nunes responde aos anseios de Custódio com sinceridade? Ou foi estratégia para fugir da situação? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – No final do conto, Custódio consegue 5000 réis emprestados quando, ao início, desejava 5 contos ou 5.000.000 réis. Como você explicaria a nova reação de Custódio?
       Custódio aceitou os cinco mil-réis, não triste, ou de má cara, mas risonho, palpitante, como se viesse de conquistar a Ásia Menor. Era o jantar certo.   
   
04 – É possível estabelecer relações entre o caso e situações que vivemos atualmente. Cite um exemplo e comente.
      Resposta pessoal do aluno.

TEXTO: COM TODAS AS CORES - FLAVIA TORRES - COM GABARITO

Texto: Com todas as cores

        A alimentação saudável é aquela que tem nutrientes de todos os tipos. Os alimentos devem ser, de preferência, naturais e preparados com muito cuidado para preservar todas as suas propriedades.
        “Nenhum alimento, isoladamente, fornece tudo de que uma pessoa precisa consumir para ter um crescimento saudável”, alerta Sônia Tucunduva, nutricionista da USP (Universidade de São Paulo). Cada alimento desempenha uma função no organismo.
        Por isso é importante ter um prato bem colorido, com proteínas, carboidratos e vitaminas, entre outros. Mas os alimentos devem ter qualidade e ser consumidos nas quantidades certas, sem excessos, e em ambientes calmos.
        “Quando orientadas, as crianças são capazes de selecionar e de comer bons alimentos”, diz.

        O QUE NÃO PODE FALTAR NO SEU PRATO

Carboidratos: Fornecem energia para o corpo se movimentar. Os carboidratos estão no pão, no milho, no arroz, nos biscoitos e nas batatas. Se você ingerir quantidades certas de carboidratos, evita que o organismo utilize a proteína como fonte de energia, deixando-a desenvolver o papel de construtora. Em excesso, os carboidratos são prejudiciais à saúde, provocando a obesidade.

Fibras: Não são digeridas, mas têm a importante função de ajudar o alimento a se movimentar no intestino. Encontramos fibras nas frutas, nas verduras e nos cereais integrais.

Gorduras: Fornecem ao organismo uma fonte concentrada de energia, que pode ser armazenada. Além de contribuir para o sabor, o aroma e a textura dos alimentos, as gorduras mantêm a temperatura do corpo. É importante comer a quantidade certa de gordura, pois, em excesso, ela pode causar problemas, como doenças no coração.

Proteínas: São como tijolos que compõem as paredes da casas do organismo, pois constituem os músculos, os ossos, a pele e as células do sangue. As proteínas podem ser de origem animal (carnes, ovos e leite) e de origem vegetal (feijão, lentilha e ervilha).

Vitaminas e minerais: Esses nutrientes auxiliam todas as reações químicas (atividades) do organismo. Alguns deles são importantes para o crescimento. Cálcio, ferro, fósforo e sódio são exemplos de minerais. As vitaminas são identificadas por letras (A, B, C, D e E, entre outras). Eles são encontrados em maior quantidade nos grãos, nos vegetais e nas frutas.

                Flavia Torres. Folhinha, pág. F7. In:
Folha de São Paulo, 2/2/2002.
Entendendo o texto:
01 – Qual é o assunto tratado pelo texto?
      O assunto tratado pelo texto é a classificação dos alimentos que proporcionam uma alimentação saudável.

02 – Somente a leitura do título possibilita identificar o assunto do texto? Por quê?
      Não. Porque é preciso ler o texto todo para compreender que o título; Com todas as cores, se refere aos vários tipos de alimentos que fazem pare de uma alimentação saudável.

03 – Em sua opinião, esse texto foi escrito com que objetivo?
      Esse texto foi escrito com o objetivo de dar ao leitor informações de como se alimentar de maneira saudável.

04 – No texto, aparecem alguns trechos entre aspas (“”). Releia um deles.
        “Nenhum alimento, isoladamente, fornece tudo de que uma pessoa precisa consumir para ter um crescimento saudável (...)”
        Explique o uso das aspas nesse trecho.
      Foram usadas aspas para indicar a citação feita pela nutricionista Sônia Tucunduva.

05 – Releia o trecho abaixo:
        “(...) é importante ter um prato bem colorido, com proteínas, carboidratos e vitaminas, entre outros.”
        Para você, o que a autora do texto quis dizer com a expressão prato bem colorido?
      Com essa expressão a autora alerta para a necessidade de diversificar os alimentos que estão ingeridos. Mas ela continua a frase e ressalta que a refeição precisa ser composta de proteínas, carboidratos e vitaminas, que estejam presentes em alimentos com qualidade e consumidos nas quantidades certas.

06 – De acordo com o texto, assinale se as sentenças abaixo são verdadeiras ou falsas.
(V) Devemos consumir, de preferência, alimentos naturais.
(V) A alimentação deve ser diversificada, porque um alimento, isoladamente, não fornece tudo o que uma pessoa precisa consumir.
(F) As refeições não devem ser feitas em ambientes calmos.

07 – Esse texto trouxe alguma informação que você ainda não conhecia? Qual?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Liste, no espaço abaixo, alguns alimentos que você costuma comer diariamente.
      Resposta pessoal do aluno.

 09 - Agora, com base nas informações do texto, responda:
a)   Sua alimentação é mais rica em carboidratos, proteínas, fibras, gorduras ou vitaminas e minerais?
Resposta pessoal do aluno.

b)   Você acha que precisa melhorar sua alimentação de algum modo? Por quê?
Resposta pessoal do aluno.



TEXTO: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DO MOLOQUE INVOCADO - FERNANDO BONASSI - COM GABARITO

Texto: Declaração Universal do Moleque Invocado


            Toda criança tem direito a uma surpresa por dia.
     Toda criança tem direito a aprender a língua que quiser, mesmo que seja a língua das borboletas, lobos, corujas, peixes, árvores, bolinhas de gude ou pedras. Atenção: língua de sogra também pode.
        Toda criança tem direito de inventar pelo menos três línguas secretas.
        Toda criança deve pedir desculpa quando pisar no pé de alguém sem quere. Quando alguém pisar no pé de alguém por querer, tem de explicar por que está fazendo isso, ué!
        Toda criança tem direito de ir ao dentista e não sentir dor. Assim também, todas as fábricas de doces ficam obrigadas a pesquisar novas coisas de comer deliciosas, cheias de cremes e delícias melequentas que nunca estraguem os dentes ou provoquem cáries, feridas na boca e dor de dente.
        Toda criança tem direito de comer pelo menos oito brigadeiros bem molinhos por semana.
                                      Fernando Bonassi. Declaração Universal do
                         Moleque Invocado. São Paulo. Cosac & Naify, 2001.
Entendendo o texto:

01 – O que você achou dos direitos que o autor propõe nesse texto: são bons ou ruins para as crianças?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Em sua opinião, toda criança deve mesmo ter direito a uma surpresa por dia? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Quem é o autor do texto? Explique como foi possível chegar a essa conclusão.
      O autor é Fernando Bonassi. É possível chegar a essa conclusão observando o crédito no final do texto.

04 – Na declaração, em meio a tantos direitos de toda criança, aparece um dever. Indique em que parágrafo do texto isso acontece.
      No quarto parágrafo.

05 – Para escrever esse texto, o autor se utilizou de um recurso: o humor. O que você achou de ele ter usado essa estratégia?
      Resposta pessoal do aluno.


POESIA: O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA - MANOEL DE BARROS - COM GABARITO

POESIA: O Menino Que Carregava Água Na Peneira
               Manoel de Barros

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair


correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o voo de um pássaro
botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
E algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos.

Manoel de Barros. Poesia Completa.
São Paulo: Leya Brasil, 2011.
Entendendo o texto:

01 – Releia: “Com o tempo aquele menino / que era cismado e esquisito...”. As palavras destacadas que atribuíam características ao menino pertencem à classe dos(das):
a) Substantivos.
b) Adjetivos.
c) Verbos.
d) Interjeições.

02 – As pessoas atribuíam essas características ao menino por que:
a) O menino gostava de despropósitos.
b) O menino era desconfiado.
c) O menino era estranho.
d) O menino não sabia ler.

03 - Releia: “você vai encher os vazios com as suas peraltagens …” a palavra que substitui a palavra destacada sem mudar o sentido do texto é:
a) Brincadeiras.
b) Fantasias.
c) Imaginações.
d) Lembranças.

04 – Que ação permitiu ao menino realizar seus despropósitos?
      O ato de escrever.

05 – Assim como nas narrativas existe um narrador, nos poemas também existe um ser que fala. Essa voz dentro do poema se chama.
      Eu lírico.

06 – Quando se diz que o menino “Carregava água na peneira”, pode-se afirmar que a expressão foi usada no:
a. Sentido real ou denotativo.
b. Sentido figurado ou conotativo.

07 - Releia: “A mãe disse que carregar água na peneira / Era o mesmo que roubar um vento e / Sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.” A expressão que permite a comparação entre carregar água na peneira e roubar um vento é:
a) O mesmo que.
b) Sair correndo.
c) Roubar um vento.
d) Mostrar aos irmãos.

08 – Releia:
“Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.”
        As palavras destacadas indicam que as ações do menino se localizam no tempo:
a) Presente.
b) Passado.
c) Futuro.

09 – Observe: “O menino fazia prodígios.
                         Até fez uma pedra dar flor!
                         A mãe reparava o menino com ternura.”
        A pontuação é um recurso utilizado na escrita para expressar sensações e sentimentos presente na nossa fala. O uso do ponto de exclamação revela:
a) Dúvida quanto ao futuro do menino.
b) Admiração pela proeza do menino.
c) Surpresa.
d) Advertência.

10 – Releia: “A mãe falou: meu filho você vai ser poeta.” O uso dos dois pontos indica:
a) A apresentação de uma dúvida.
b) A apresentação da fala mãe do menino.
c) A introdução de uma explicação.
d) A apresentação de uma certeza.

11 – De acordo com a leitura do poema, explique o que possibilitou a comparação feita pela mãe do menino entre o gosto do filho em carregar água na peneira e o ofício de poeta.
      Resposta pessoal do aluno. (A resposta tem como elemento comparativo a imaginação).




TEXTO: PEIXE PARA O BEM DO CÉREBRO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: Peixe para o bem do cérebro


     Tem gente que não pode ouvir falar em óleo de fígado de bacalhau. Tudo bem que na vida existem coisas, digamos, mais saborosas. Mas, na maioria dos casos, a má impressão se deve a um trauma de infância, já que mães e avós obrigavam sua prole a mandar goela abaixo umas tantas colheradas do tal suplemento. A justificativa era vaga: “Faz bem”. E engula mais esta: elas estavam certas. Especialmente no que diz respeito à inteligência. Se não conheciam direito esse benefício, hoje a ciência explica.
       Claro, você não precisa recorrer ao óleo. Desde que acrescente algumas porções de peixe à sua dieta, está tudo certo. A medida é essencial para manter nada menos do que o cérebro em forma. Mas, tanto no óleo de fígado de bacalhau quanto em um sashimi de salmão ou numa sardinha bem temperada, os autores da proeza na massa cinzenta são os ácidos graxos ômega-3, encontrados principalmente em espécies de águas frias. “Esse tipo de gordura influencia o desempenho cognitivo”, aponta a pesquisadora Maria Aberg, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. […]
                                             Disponível em: http://saude.abril.com.br
 Entendendo o texto: 
01 – A finalidade do texto é:
      Informar sobre o benefício do consumo do peixe ao cérebro, no que tange ao desenvolvimento do cognitivo. Acima de tudo, apresenta-se a confirmação científica para algo já praticado pelas mães e avós.

02 – Não se percebe no texto registro da linguagem:
a) culta
b) regional
c) científica
d) informal

03 – Identifique e explique o emprego do sinal de aspas no texto:
      O sinal de aspas foi utilizado para a sinalização/diferenciação das falas que não pertencem à autoria do texto, a saber: “Faz bem” (proferida pelas mães e avós) e “Esse tipo de gordura influencia o desempenho cognitivo.”, (dita pela pesquisadora Maria Aberg).

04 – Em “Desde que acrescente algumas porções de peixe à sua dieta, está tudo certo.”, o sentido do conectivo evidenciado ficará alterado sensivelmente se for substituído por:
a) Mesmo que
b) Sob condição de que
c) A menos que
d) Contanto que

05 – O item abaixo em que o elemento destacado tem o seu valor semântico corretamente indicado é:
a) “[...] a má impressão se deve a um trauma de infância, já que mães e avós [...]”. (Explicação)
b) “A medida é essencial para manter nada menos do que o cérebro em forma.”. (Conclusão)
c) “Mas, tanto no óleo de fígado de bacalhau quanto em um sashimi de salmão”. (Comparação)
d) “[...] encontrados principalmente em espécies de águas frias.”. (Prioridade)

06 – Assinale a alternativa em que o emprego da crase é opcional:
a) “Mas, na maioria dos casos, a má impressão se deve à um trauma de infância [...]”.
b) “[...] já que mães e avós obrigavam sua prole à mandar goela abaixo [...]”.
c) “Especialmente no que diz respeito à inteligência.”.
d) “Desde que acrescente algumas porções de peixe à sua dieta, está tudo certo.”.

07 – Identifique os referentes dos termos sublinhados a seguir:
a) “[...] Umas tantas colheradas do tal suplemento.”.
      Refere-se ao óleo de fígado de bacalhau.

b) “E engula mais esta [...]”.
      Refere-se, de forma subentendia, à colherada.

c) “[...] elas estavam certas.”.
      Refere-se às mães e às avós.

d) “Se não conheciam direito esse benefício, hoje a ciência explica.”.
      Refere-se à inteligência.

e) “[...] os autores da proeza na massa cinzenta são os ácidos graxos ômega-3 [...]”.
      Refere-se ao cérebro.

08 – No contexto “Peixe para o bem do cérebro”, o termo destacado é:
a) um adjetivo
b) um advérbio
c) um substantivo
d) uma conjunção.